CONHECENDO O IRÃ
E DUBAI / ABU DHABI
Início de Janeiro de 2019. Viajamos eu e minha irmã
Renata (que é professora, como eu, só que na área de psicologia), pela Emirates, para conhecer o Irã e, na volta, aproveitamos, devido à
escala, para conhecer também as cidades de Dubai e Abu Dhabi, ambas nos
Emirados Árabes Unidos.
IRÃ
O Irã é uma nação com cerca de 90
milhões de habitantes; a religião da maioria é muçulmana, da corrente xiita,
apesar de que vem crescendo, sobretudo nas camadas mais populares a porcentagem
da população que se declara muçulmana da corrente sunita. O Irã é a antiga
Pérsia, uma civilização muito importante na história da humanidade durante a
antiguidade. Os iranianos são persas e não árabes: são culturas e etnias bem
diferentes! O idioma falado é o farsi (persa). No Irã é usado o alfabeto persa
que é uma modificação do alfabeto árabe, inclusive com a inclusão de algumas
letras a mais para se adaptar a língua farsi. Em termos religiosos esta nação é
islâmica (=muçulmana), mas em termos étnicos eles não são árabes, mas sim
persas, algo bem diferente e muito próximo do europeu em termos raciais. A
palavra “ariano” (muito usada pelos ideólogos nazistas para se referir aos
povos do norte da Europa) vem justamente de povos indo-iranianos ou indo-europeus
que se estabeleceram no planalto iraniano já no terceiro milênio antes de
Cristo e que posteriormente se espalharam e ocuparam também regiões da Europa,
sobretudo setentrional.
Uma das maiores fontes de riqueza do Irã é proveniente a exploração de Petróleo. A renda per capita do Irã (a partir de dados de 2017, em dólares norte-americanos=USD) é de cerca de USD 21.000,00. Para efeito de comparação, a renda per capita (pelo mesmo critério PPC=Paridade de Poder de Compra ou, em inglês, PPP=“Purchasing Power Parity”) do Brasil (a partir de dados de 2018) é de USD 16.000,00. Fonte: <https://data.worldbank.org/indicator/NY.GDP.PCAP.PP.CD?locations=IR-BR>.
Uma das maiores fontes de riqueza do Irã é proveniente a exploração de Petróleo. A renda per capita do Irã (a partir de dados de 2017, em dólares norte-americanos=USD) é de cerca de USD 21.000,00. Para efeito de comparação, a renda per capita (pelo mesmo critério PPC=Paridade de Poder de Compra ou, em inglês, PPP=“Purchasing Power Parity”) do Brasil (a partir de dados de 2018) é de USD 16.000,00. Fonte: <https://data.worldbank.org/indicator/NY.GDP.PCAP.PP.CD?locations=IR-BR>.
Em nossa viagem pelo Irã vistamos quatro cidades:
Teerã, Isfahan, Yazd e Shiraz. Os três trajetos entre estas quatro cidades nós
fizemos por meio de confortáveis ônibus que fazem o transporte usual entre
estas cidades.
Foto
– Renata passeando pela cidade de Teerã
Teerã, a capital do Irã, é uma
cidade gigantesca (em certo sentido, como São Paulo) com aproximadamente 9
milhões de habitantes. No dia seguinte que desembarcamos em Teerã, o primeiro
museu que conhecemos foi o Museu Ebrat, o Museu da Tortura, onde até o ano da
revolução islâmica de 1979, funcionava a prisão do regime do Xá Reza Pahlavi
que governava o Irã desde 1953 após um golpe patrocinado pelos Estados Unidos e
pelo Reino Unido depôs o governo democraticamente eleito do primeiro-ministro
Mossadegh. O motivo óbvio: o Irã tem a quarta maior reserva de petróleo
comprovada do mundo, o que obviamente aguça a cobiça de potências
imperialistas, como é o caso hoje dos Estados Unidos. Em Ebrat, antes da
revolução islâmica de 1979, eram torturados os oposicionistas ao regime do Xá
Reza Pahlavi.
O nome oficial do Irã desde 1979 é
República Islâmica do Irã. O Irã é uma república teocrática. Isto significa que
os poderes executivo, legislativo e judiciário são supervisionados por um corpo
de clérigos muçulmanos que elegem um Guia Supremo ou Líder Supremo que desde
1989 é o Aiatolá Khamenei (antes de 1989 era o Aiatolá Khomeini) que atua como
árbitro entre os poderes.
Uma lei do Irã obriga que todas as
mulheres (inclusive as turistas de qualquer país estrangeiro), em ambientes
públicos, a cubram seus cabelos com um lenço, o hijab (o véu). Em ambientes
privados (como dentro de casa ou no quarto de um hotel) não é necessário usar
este lenço. Esta obrigação bastante inconveniente, chata e que incômoda (para
dizer o mínimo) foi o que fez a Divina decidir não viajar para o Irã; assim foi
a minha querida irmã Renata quem acabou viajando comigo. Muitas mulheres acabam
usando o lenço o mais para trás possível deixando boa parte dos cabelos perto
da testa descobertos (é uma forma de resistência). Na nossa viagem, em diversos
momentos, sem querer a Renata acabava esquecendo de prestar atenção e o lenço
caia para trás deixando o cabelo descoberto; muitas vezes uma outra mulher que
estivesse por perto a avisava de que isto tinha acontecido, uma postura que a
minha irmã me explicou que reflete um sentimento de sororidade: a empatia e o
companheirismo existente entre mulheres que as ajuda a atingir um objetivo
comum. Para quem quiser saber mais a respeito, acho interessante ler o artigo
“Mulher e turista no Irã” disponível em: <https://sundaycooks.com/mulher-e-turista-no-ira/>.
Pelo wikipedia, além do Irã, a Arábia Saudita e a província de Achém na
Indonésia exigem o uso obrigatório do hijab pelas mulheres (sobre o cabelo) em
espaços públicos. Mais informações (do ponto de vista do islamismo) a este
respeito podem ser lidas no artigo “Por que as muçulmanas cobrem a cabeça?”
disponível em: <https://religiaodoislam.com.br/muculmanas-cobrem-cabeca/>.
Em qualquer país, dentro de mesquitas muçulmanas é obrigatório que as mulheres
cubram os seus cabelos com lenços como acontece também em Igrejas Ortodoxas
Russas que também são cristãs; leia mais a este respeito no artigo “Por que as
mulheres cobrem a cabeça em igrejas ortodoxas russas?” disponível no link: <https://br.rbth.com/estilo-de-vida/83214-mulheres-cobrem-cabeca-igreja-russa>.
A Igreja Católica Romana passou a permitir que as mulheres entrassem na Igreja
sem cobrir o cabelo após o Segundo Concílio do Vaticano que ocorreu entre 1962
e 1965.
A exigência do uso do lenço para
cobrir o cabelo é imposta pelas leis do país e fiscalizada pelo governo, mas
conta com o apoio de parte da população que é muito conservadora nos costumes e
muito religiosa, assim como vem acontecendo de modo crescente com parte da
população brasileira. De qualquer forma, como contraponto, é sempre bom lembrar
que a participação da mulher na política é MENOR no Brasil do que no Irã!
Fonte: <https://www.jcnet.com.br/noticias/internacional/2016/03/460465-participacao-feminina-na-politica-no-brasil-e-menor-do-que-no-ira.html>.
Aliás, para mostrar a nossa triste realidade no que diz respeito à igualdade de
gênero, um levantamento feito em 2018 mostra que em um ranking de 190 países
sobre a presença feminina em parlamentos, o Brasil ocupa a 152ª posição. Fonte:
<https://g1.globo.com/politica/noticia/em-ranking-de-190-paises-sobre-presenca-feminina-em-parlamentos-brasil-ocupa-a-152-posicao.ghtml>.
O objetivo aqui não é comparar a dificuldades que as mulheres têm em suas vidas
no Irã e no Brasil, mas é apenas mostrar como estamos ainda no Brasil atrasados
no que diz respeito à luta por direitos e oportunidades iguais para mulheres e
homens. Sim, é fundamental recordar que o Brasil foi o país que realizou um
impeachment (na verdade um verdadeiro golpe) sobre a primeira presidenta que
elegemos na nossa história (a Dilma) sem qualquer comprovação de que ocorreu
algum crime de responsabilidade por parte dela. Só para comprar, em 2019, o
Bolsonaro fez pelo menos uma besteira por dia, falou também dia sim outro
também tolices inimagináveis sem qualquer respeito ao cargo de presidente e
continua incólume! Lembremos: a Dilma foi afastada devido à alegação de ter
realizado “pedaladas fiscais”! O impeachment da Dilma foi um momento ridículo e
ao mesmo tempo trágico da história brasileira, que colocou em 2016 um traidor
como o Temer na cadeira de presidente da república e aplainou o terreno para a
ascensão da extrema-direita ultraconservadora e com características fascistas
ao governo federal com a eleição de 2018.
No Irã é comum adoçar o chá com uma
espécie de pirulito de açúcar cristalizado que é mergulhado nele de modo a que
os cristais de açúcar se soltem aos poucos.
Os algarismos usados no Irã são os
“verdadeiros” algarismos arábicos (os algarismos hindu-arábicos que usamos no
ocidente são uma modificação destes algarismos arábicos). Um relógio de
ponteiros mostrando os números de um a doze é útil para que possamos notar as
diferenças (e em alguns casos, como dos algarismos para um e nove, as
semelhanças).
Foto – No primeiro dia de passeio em
Teerã fomos também visitar a bela Biblioteca Nacional de Malek que apresentava
uma exposição muito interessante que incluía diagramas sobre o desenvolvimento
da História da Ciência.
Em seguida nos deslocamos até o
Museu Nacional do Irã com uma grande exposição sobre relíquias arqueológicas e
históricas do Irã.
Um outro ponto alto de qualquer
visita a Teerã é o Palácio Golestan, em especial a sua famosa Sala dos Espelhos
(“Hall of Mirrors”).
Visitamos também outros pontos
turísticos de Teerã, tais como o Museu da Paz (“Peace Museum”), o Parque Laleh,
o Museu do Tapete (“Carpet Museum”), a Torre Azadi, o Grande Bazaar e a Ponte
Tabiat ou “Nature Bridge” (uma bela passagem para pedestres).
Finalmente, no nosso último dia em
Teerã fomos visitar o Planetário da cidade, onde assistimos uma das sessões
regulares de exibição sobre as estrelas e o universo. Dentro do Planetário
havia uma “Tabela Periódica” na forma de um diagrama muito didático.
De Teerã nos deslocamos de ônibus
para Isfahan a terceira maior cidade do Irã (após Teerã e Mashhad, cidade
situada ao norte do país, próxima à fronteira com o Turcomenistão) com uma
população de aproximadamente 2 milhões de habitantes. Entre os séculos 16 e 17
sob a dinastia dos Safávidas, Isfahan tornou-se a capital da Pérsia naquela
época. Perto do hotel onde nos hospedamos ficava a bela Ponte “Si-o-se Pol”
sobre o Rio Zayandeh que estava seco, pois o inverno (do mês de janeiro em que
estávamos viajando pelo Irã) é uma estação seca e sem chuvas.
A grande praça central de Isfahan
chamada de Praça Naqsh-e-Jahan é o ponto de partida para conhecer Isfahan.
Em um canto desta Praça está a
Mesquita Shah (Mesquita do Imã Khomeini). Ao visitarmos esta Mesquita a Renata
interagiu com várias estudantes que estavam também realizando uma visita
monitorada por um professor: ela acabou sendo recebida com muito carinho pelas
meninas que a trataram como uma verdadeira celebridade, uma espécie de “pop
star”. Na verdade com o bloqueio econômico (intensificado pelo governo Trump)
dos Estados Unidos ao Irã, a nação iraniana recebe muito poucos turistas
ocidentais e aqueles como nós que decidem realizar uma viagem ao Irã são
recebidos de forma muito positiva até pelo caráter inusitado disto!
Em um dos lados da Praça
Naqsh-e-Jahan está a Mesquita Mesquita Sheikh Lotfollah e no lado aposto está o
Palácio Ali Qapu.
Visitamos o Bazaar, a Grande
Mesquita, o Palácio Chehel Sotun, o Hotel Abbasi (um antigo caravanserai ou
seja uma pousada muitas vezes no meio do deserto e em formato quadrangular onde
os viajantes podiam descansar de noite, inclusive abrigado os seus camelos) e a
Catedral Armênia Vank situada ao lado do Memorial do Genocídio Armênio que
aconteceu em 1915 quando a vizinha Armênia estava sob o domínio do Império
Turco-Otomano e no qual se estima que cerca de 1,5 milhão de armênios foram
mortos.
Então pegamos um ônibus e nos
deslocamos para a terceira cidade iraniana que visitaríamos: Yazd.
Yazd é uma cidade com cerca de 500
mil habitantes localizada em uma região bastante desértica no centro do Irã.
Pelo calor da cidade durante o verão (para nossa sorte estávamos viajando no
inverno) os prédios da cidade apresentam muitas torres apanhadores de ventos
(badgirs) que caracterizam a arquitetura desta cidade e funcionam canalizando
brisas para dentro dos prédios de modo a diminuir a temperatura dentro deles.
Em Yazd ficamos hospedados no Firoozeh
Traditional Hotel, um estabelecimento com uma arquitetura e mobiliário
tradicionais associados à cultura desta região desértica.
Em Yazd conhecemos a Torre do
Relógio, a Cidade Velha (“Old City”), a Grande Mesquita (Jameh Mosque), o Museu
da Água (“Water Museum”), o Complexo Amir Chakhmaq e o Jardim Dolat Abad.
Visitamos também o Templo Zoroastriano do Fogo
(Zoroastrian Fire Temple). É importante lembrar que o zoroastrianismo é uma
religião muito antiga que pode ter se originado há mais de 4 mil anos e que
precede não só o islamismo, mas também o cristianismo: é uma das mais antigas
religiões ainda existentes e praticadas por seres humanos. Ela é uma das
primeiras manifestações monoteístas e foi fundada pelo profeta Zoroastro na
antiga Pérsia. A crença do zoroastrianismo no paraíso, na ressurreição, no
juízo final e na vinda de um messias, acabaria por influenciar o judaísmo, o
cristianismo e o islamismo, as três grandes regiões abraâmicas (cuja origem
comum é reconhecida em Abraão) monoteístas atuais.
Frequentamos muitas lojas nas quais
belos gatinhos descansavam e encantavam nós turistas. Podemos dizer, como a
minha irmã brincou comigo, que estes são os verdadeiros "gatos
persas".
Então contratamos um motorista e
realizamos um passeio por alguns pontos turísticos no deserto que rodeia Yazd.
Primeiro fomos a uma cidade abandonada no deserto de
nome Kharanaq.
Depois visitamos o Templo do Fogo de
Chak Chak do zoroastrianismo.
Fomos também até a cidade de Meybod,
onde visitamos as ruínas do antigo Castelo Narin. Lá um grupo de mulheres
iranianas convidou gentilmente a Renata para tomar chá junto com elas: o povo
iraniano sempre foi muito gentil conosco ao longo de toda a nossa viagem!
Finalmente visitamos também uma
região do deserto muito bonita e com muitas dunas. Aliás, durante a viagem toda
a Renata mostrou uma conexão muito grande com os animais com os quais nos
deparávamos no passeio, principalmente gatinhos, mas também cachorros, camelos,
burrinhos, etc. Afagar um destes animais de estimação ajudava ela a ficar mais
tranquila! Aliás, afagar um bichinho de estimação ajuda qualquer um a ficar
mais calmo e a se conectar mais com a beleza do mundo de uma forma até, creio,
meio espiritual. Eu que tenho quatro vira-latas de estimação (que adotamos, eu
e a Divina) sei o quanto é gostoso e tranquilizador afagar o pelo e fazer
carinho em um deles... e eles obviamente também gostam muito! É o que chamo
brincando de “Street Dog Therapy” (Terapia com vira-latas). Por falar nisto, para não perder a
oportunidade é importante lembrar: NÃO compre animais de estimação! Adote um
animalzinho de algum abrigo... há muitos cachorros e gatos nestes abrigos, que
viviam na rua ou que foram abandonados e que estão precisando URGENTEMENTE de
alguém que os adote. Quem adota pode pensar que está fazendo um bem para o
animalzinho adotado, mas com o tempo vai perceber que fez na verdade um grande
bem a SI MESMO!
De Yazd nos deslocamos de ônibus
para Shiraz, a quarta e última cidade que visitaríamos no Irã nesta viagem. Na
viagem de ônibus para Shiraz aconteceu um incidente meio que inacreditável.
Antes de embarcar em Yazd colocamos nossas duas malas no compartimento de malas
do ônibus (como fazemos aqui no Brasil); ao chegarmos na rodoviária de Shiraz
fomos pegar as duas malas e a minha mala não estava mais no compartimento de
malas do ônibus (a mala da Renata estava ok). Em compensação tinha uma mala
mais ou menos da mesma cor que a minha, mas menor, mais leve e bem diferente
que nenhum passageiro pegou. Conclusão: alguém que desceu durante o trajeto da
viagem pegou a minha mala por engano (ou de propósito, pensei eu inicialmente,
meio desconfiado)! Todas as minhas roupas para a viagem (e outras coisas
importantes também) estavam nessa mala. Pensei na hora: isto vai estragar com a
parte final da viagem. Bom, daí apareceu um monte de gente para ajudar, além os
próprios funcionários da empresa de ônibus. Na mala que não tinha dono eles
acharam um número de celular para o qual eles ligaram: resumindo, um jovem
casal de iranianos desceu na entrada da cidade de Shiraz (alguns quilômetros
antes do ponto final na Rodoviária) e o marido acabou pegando a minha mala no
lugar da mala deles por engano, talvez por inexperiência em viagens! Um taxista
marcou com eles pelo telefone para nos encontrarmos exatamente no local em que
eles desceram do ônibus e me desloquei para lá com este taxista (a Renata ficou
na rodoviária) e destrocamos as malas minha e deles. Meu alívio foi imenso em
ter a minha mala com as minhas roupas e as minhas coisas de volta!
Shiraz (ou Xiraz) tem uma população de aproximadamente
1,3 milhões de habitantes. Uma das mais belas surpresas desta viagem foi
visitar a Mesquita Nasir Al Molk, conhecida pelos seus vitrais coloridos e pelo
jogo de luzes produzidos dentro dela pelos raios de luz que atravessam estes
vitrais.
Visitamos também o Restaurante Haft
Khan, onde a Renata fez uma amiga com a qual ela mantém contato por meio das
redes sociais.
Em Shiraz visitamos o Jardim Eram, o
Mausoléu do Poeta Hafez (um dos maiores poetas persas que vivei no século 14 e
cujas obras são encontradas nas casas de muitos iranianos) e a Biblioteca
Nacional.
Visitamos também a Fortaleza Arg-e
Karim Khan.
Ao lado da Fortaleza Arg-e Karim
Khan descobrimos um Relógio de Sol (Sundial) muito curioso, pois quem produz a
sombra que marca as horas é o nosso próprio corpo quando estamos posicionados
na posição certa dependendo da mês em que estamos durante o ano.
Um dos locais mais sagrados é o
santuário Shah Cheragh, um mausoléu (com um monumento funerário e uma mesquita)
onde estão enterrados os irmãos Ahmad e Muhammad. Os dois se refugiaram na
cidade de Shiraz durante a perseguição do Califado Abássida aos muçulmanos
xiitas no século 9. Como é um local de caráter muito religioso a Renata teve
que cobrir todo o corpo com uma espécie de lençol (ela ficou meio
fantasmagórica, parecia uma fantasminha ... rsrsrs...).
Depois de conhecer as principais
atrações da cidade de Shiraz, contratamos um motorista e fizemos um passeio
para conhecer a maior “joia” turística, arqueológica e histórica do Irã: as
ruínas das cidade de Persépolis. Situada a cerca de 70 km de Shiraz, as ruínas
de Persépolis são tombadas como patrimônio da humanidade pela UNESCO.
Persépolis (= “cidade dos persas”),
a capital cerimonial do Império Persa Aquemênida, teve a sua construção
iniciada em 512 a.C. pelo imperador persa Dario I; posteriormente seu filho
Xerxes I e seu neto Artaxerxes I ampliaram construção deste massivo complexo
suntuoso, até que em 330 a.C., o Imperador da Macedônia, Alexandre, o Grande,
ocupou e saqueou Persépolis, incendiando o Palácio de Xerxes. Conhecer
Persépolis foi uma experiência extraordinária! Passamos várias horas passeando
pelas ruínas!
De Persépolis, na tarde deste mesmo
dia, ainda visitamos duas outras atrações: primeiro visitamos a impressionante necrópole persa de Naqsh-e
Rostam (com tumbas esculpidas na forma de gigantescas cruzes em uma espécie de
penhasco).
Foto - Renata na necrópole persa de Naqsh-e Rostam
Depois estivemos nas ruínas de Pasárgada (que foi a
capital dos persas antes de Persépolis), onde provavelmente está enterrado
Ciro, o Grande, o Imperador Persa que reinou entre 559 e 530 a.C.
Na minha avaliação (do Ricardo) o
Irã tem que avançar muito para se tornar um país mais democrático, sobretudo na
questão de gênero e dos direitos das mulheres e de homossexuais, MAS, e este é
um importante MAS, não se consegue isto por meio do bloqueio econômico que os Estados
Unidos durante o governo Trump vem intensificando contra a economia iraniana,
muito menos por meio de agressões militares dos EUA contra o Irã e seu governo.
Acreditar que os objetivos destas ações dos Estados Unidos são nobres e visam
construir um estado democrático no Irã é o mesmo que acreditar no coelhinho da
Páscoa ou no Papai Noel. O bloqueio dos EUA contra Cuba e as ações militares
dos EUA no Iraque ou mesmo na Síria só fizeram piorar muito as condições de vida
nestas nações. A Síria em particular foi destruída por uma guerra civil insana fomentada
pelos EUA na ânsia de derrubar o governo naquele país! E na prática o que os EUA
conseguiram foi fortalecer o Estado Islâmico, um grupo fundamentalista religioso
extremado, mas que também tinha o mesmo objetivo dos norte-americanos: derrubar
o governo da Síria! O governo Trump nos EUA (tristemente com o apoio para isto
do governo Bolsonaro no Brasil, um governo com características muito próximas
do fascismo) tem agido para desestabilizar governos de nações que não estejam
alinhadas ideologicamente com os interesses econômicos norte-americanos numa
flagrante violação da mais básica soberania de cada nação no contexto mundial.
O que os EUA quer no Irã não é mais democracia, mas sim ter o controle da 4ª maior
reserva de petróleo do mundo, como tinha até antes da revolução islâmica de 1979!
EMIRADOS ÁRABES
UNIDOS (E.A.U.)
De Shiraz voamos de volta para Dubai, nos Emirados Árabes
Unidos, onde ficamos alguns dias. Os
Emirados Árabes Unidos ou E.A.U. (em inglês: United Arab Emirates ou U.A.E.)
são um pequeno, mas muito rico país localizado na Península Arábica, junto ao
Golfo Pérsico. Sua população estimada é de 9,6 milhão de habitantes. São sete
os emirados que compõe os E.A.U.: o maior e mais conhecido deles é Dubai,
enquanto o segundo maior que é a capital é Abu Dhabi. Conhecemos este dois
emirados (que são na verdade, duas cidades) nesta viagem. Pelos dados do Banco
Mundial (dados de 2018) a renda per capita dos E.A.U. (em dólares
norte-americanos=USD) são cerca de USD 75.000,00 (para efeito de comparação, a
renda per capita do Brasil é de cerca de USD 16.000,00). A origem de tanta
riqueza (e para uma nação com uma população relativamente pequena): petróleo!
Fonte: <https://data.worldbank.org/indicator/NY.GDP.PCAP.PP.CD?locations=AE>.
Os habitantes dos E.A.U. são árabes e não persas como ocorre com os habitantes
do Irã: estas são duas culturas e etnias muito diferentes, apesar de que, em
termos religiosos, em ambos os casos, na sua esmagadora maioria eles são
muçulmanos (seguidores da religião islâmica).
DUBAI
Dubai esbanja riqueza de muitas
formas diferentes. Mas para construir tudo que reluz em Dubai, como o prédio
mais alto do mundo (o Burj Khalifa) são necessários muitos trabalhadores que na
sua imensa maioria é constituída de imigrantes de países bem mais pobres da
Ásia ou da África e que veem, com razão, a possibilidade de trabalhar em Dubai
como uma porta de saída para a miséria.
No imenso Shopping Center que existe
em anexo ao prédio do Burj Khalifa há um grande aquário e uma réplica de
esqueleto de um Dinossauro; aliás havia até uma exposição com soldados da
“Stormtrooper” dos filmes da saga “Star Wars” (Guerra nas Estrelas).
Outro prédio belíssimo é o Burj Al
Arab, um hotel com a forma de uma vela de uma barco! Fomos conhecer este prédio
perto do horário do pôr do sol, quando ocorre uma revoada dos pássaros marinhos
que ficam pela região.
De noite fizemos uma linda caminhada
pelo centro de Dubai, o que foi ajudado pelo fato de estar noite de Lua cheia!
Passeamos pelo Museu de Dubai, pelo Distrito Histórico, ao lado do Rio “Dubai
Creek” e perto das Torres Apanhadoras de Vento (Badgirs) que serve para
refrescar os ambientes fechados durante o verão escaldante da região (não
sofremos com isso, pois estávamos viajando no inverno de Dubai, que está no
Hemisfério Norte e por isso ocorre no mês de janeiro).
Um outro passeio que fizemos foi
para conhecer a Mesquita Jumeirah, a única mesquita de Dubai que permite a
entrada de ocidentais não muçulmanos, acompanhados de uma guia que dá uma
verdadeira aula sobre a história e as características do islamismo.
Estivemos também na Palm Jumeirah
(Palmeira Jumeirah), uma ilha artificial imensa construída no formato de uma
palmeira. Para entrar na Palm Jumeirah pegamos um monorail (um bondinho). Na
estação final deste monorail está o Hotel Atlantis com sua arquitetura
espetacular.
Perto de Palm Jumeirah fica a “Dubai
Marina”, uma região que deu para perceber que é muito rica mesmo!
Em nosso passeio por Dubai fomos
também até uma praia pública, onde pudemos até nos aproximar de alguns
simpáticos camelos que estavam por lá!
ABU DHABI
Em um de nossos dias que estivemos
em Dubai nos transportamos por cerca de 140 km para o sul e fomos conhecer Abu
Dhabi, a segunda maior cidade dos Emirados Árabes Unidos e a capital desta
nação. Abu Dhabi também se revelou uma cidade esbanjando riqueza por todos os
lados, justapondo o moderno e o tradicional em sua arquitetura.
Conhecer o Irã e as cidades de Dubai
e Abu Dhabi nos Emirados Árabes Unidos foi uma experiência única e
inesquecível, pois nos permitiu acessar culturas fascinantes e bastante
diferentes das nossas.
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VIAJANDO PELO
CÁUCASO E POR CATAR
Julho de 2018. Viajamos pela Qatar Airways para conhecer
os três países da região mais ao sul do Cáucaso (Geórgia, Azerbaijão e Armênia)
e na volta ainda ficamos alguns dias em Doha no Qatar para conhecer este país
árabe. O Cáucaso é o nome que se dá a uma cordilheira existente na região
compreendida entre o Mar Negro e o Mar Cáspio, ao sul da Rússia. As três
repúblicas do Cáucaso fizeram parte da antiga União Soviética.
GEÓRGIA
Dos três países do Cáucaso, a Geórgia é aquele que fica
mais ao norte, inclusive com uma extensa fronteira com a Rússia. A Geórgia tem
uma população de cerca de 3,7 milhões de habitantes e uma renda per capita (em
PPC=”Paridade do Poder de Compra” ou, em inglês, PPP=“Purchasing Power Parity”)
de cerca de USD 12.000,00 (USD=Dólar Norte Americano); a fonte para este dado
(de 2018) está no link do Banco Mundial (World Bank): <https://data.worldbank.org/indicator/NY.GDP.PCAP.PP.CD?locations=GE-AZ-AM>.
Para efeito de comparação, esta mesma base de dados do Banco Mundial apresenta
o Brasil com uma renda per capita de cerca de USD16.000,00. O alfabeto usado na
Geórgia é o alfabeto georgiano, totalmente diferente do nosso alfabeto latino.
A capital da Geórgia é a cidade de Tbilisi com
aproximadamente 1,1 milhão de habitantes.
Uma das primeiras atrações que visitamos em Tbilisi
foi a Catedral de Sameba, pois ela se situava perto do hotel onde nos
hospedamos. Esta é uma catedral da religião predominante da Geórgia está
associada à Igreja Ortodoxa Georgiana que tem cerca de 1500 anos.
Tbilisi é uma cidade simpática com
uma região turística central que apresenta alguns edifícios com uma arquitetura
bem moderna.
Uma das atrações é a ponte da paz
(“Peace Bridge”) sobre o Rio Mtkvari.
Subimos por um “Cable Car”
(“Bondinho”) até a Fortaleza Narikala situada no topo de uma colina bem alta.
Na descida da volta passamos por algumas lojas mais comerciais que vendiam
lembranças para turistas.
Visitamos o Museu da Geórgia que
conta no seu lobby com uma exposição sobre Dmanisi, um sítio arqueológico
localizado no sul da Geórgia onde foram encontrados crânios de hominídeos de
1,8 milhões de anos atrás.
Em um dos dias, nos transportamos
pelo metrô de Tbilisi que é bastante profundo.
Na cidade de Gori, visitamos o Museu Josef Stalin.
Nesta pequena cidade georgiana (com cerca de 50 mil habitantes) nasceu Stalin, o
homem que governou, de forma bastante autoritária e ditatorial, a União
Soviética (de meados dos anos 1920, após a morte do líder da revolução
soviética, Lenin, até a sua própria morte em 1953) numa época de comunismo linha-dura.
Além disso, foi Stalin quem, em particular, liderou a URSS na Segunda Guerra Mundial,
durante a qual o exército soviético conseguiu derrotar as tropas nazistas
de Hitler: os alemães chegaram a ocupar boa parte do território soviético a
partir da invasão de 1941, mas aos poucos começaram a ser expulsos do
território soviético pelo exército vermelho e foram finalmente derrotados em 1945.
Foto
– Museu Josef Stalin
Também fizemos outros passeios em
atrações turísticas georgianas situadas fora de Tbilisi, como a Catedral
Ortodoxa de Mtskheta e a antiga cidade Uplistsikhe, com habitações talhadas
(esculpidas) nas pedras ou seja em espécie de cavernas.
AZERBAIJÃO
De Tbilisi pegamos um avião para
Baku, capital do Azerbaijão, um país de maioria muçulmana que fica a sudeste da
Geórgia junto ao Mar Cáspio. O Azerbaijão tem cerca de 9,5 milhões de
habitantes e um renda per capita de aproximadamente USD 18.000,00,
razoavelmente maior que as vizinhas Geórgia e Armênia: o motivo desta maior
riqueza são as grandes reservas de petróleo do Azerbaijão que inclusive levaram
Hitler a destacar uma parte do seu exército para tentar conquistar esta região
na invasão da União Soviética, durante a operação Barbarossa que se iniciou em
22 de junho de 1941.
Ao contrário da Geórgia e da
Armênia, o Azerbaijão usa o nosso alfabeto latino, mas tem uma letra “e”
escrita ao contrário que é estranha para nós.
Baku é uma belíssima cidade que
realmente nos surpreendeu: a riqueza desta cidade (conhecida como a Dubai do
Cáucaso) deve-se muito ao petróleo. Isto é um indicador que a riqueza do
petróleo se utilizada de forma correta não é uma “maldição” como dizem muitos
dos críticos à exploração das reservas do Pré-Sal no Brasil.
Baku tem cerca de 2,2 milhões de
habitantes e conta com prédios impactantes pela sua modernidade (como Shangai,
Singapura e Dubai). A arquitetura da cidade de Baku realmente é algo magnífico,
juntando lado a lado o mais tradicional e o mais inovador.
Foto - Divina e estátua com Flame Towers ao fundo
A cidade é muito convidativa e
agradável para passear tanto de dia, quanto de noite.
Uma região que vale a pena conhecer
é a Cidade Velha (“Old City”): é o coração histórico de Baku.
A música do Azerbaijão é bem
característica, contando com instrumentos musicais típicos desta região do
planeta. A música “Another Brick in the Wall” do Pink Floyd, tocada ao estilo
do Azerbaijão, é um bom exemplo; um vídeo com essa música toca neste estilo
pode ser apreciado no link: <https://www.youtube.com/watch?v=oEhE3xR5h7U>.
A ida aos restaurantes foi também um
deleite. Num deles a Divina se deliciou com uma bela sobremesa flambada!
Mas o destaque mesmo foi o
restaurante típico chamado “Sirvansah Muzey Restoran” que conta inclusive com a
apresentação de músicos da região.
Mas a construção que mais chama a
atenção de todos são as “Flame Towers” ou “Torres das Chamas”: de noite há um belo espetáculo de luzes
projetadas nestas três torres em forma de chamas de fogo e que estão situadas
no alto de uma colina de modo que podem ser avistadas de muitas diferentes
regiões da cidade de Baku.
Outro prédio que chama a atenção é o
Heydar Aliyev Cultural Center com exposições de artes as mais variadas. Contudo
a maior atração é realmente a arquitetura desta construção branca e cheia de
curvas; esta obra foi elaborada pela arquiteta Zaha Hadid: segundo ela, o nosso
brasileiríssimo Oscar Niemeyer é o seu arquiteto favorito e a sua influência
pode ser vista claramente neste edifício.
Fizemos também alguns passeios para
fora da cidade de Baku, como em praias do Mar Cáspio, na Mesquita Bibi Heybat,
em vulcões de lama (“mud vulcanoes”) em Alyat, o Suraxani Fire Temple (Templo
do Fogo) na Abseron Peninsula e a Montanha do Fogo (Yanar Dag) que vem ardendo
sem parar graças a uma mistura de gases inflamáveis que vazam ininterruptamente
pelas fissuras das suas rochas (Marco Polo na Idade Média esteve aqui e
descreveu este lugar como o fogo que surge do nada).
Finalmente na nossa última noite em
Baku, em telões localizados no calçadão a beira mar, assistimos a final da Copa
do Mundo de Futebol de 2018 quando a seleção da França ganhou da Croácia e se
consagrou como campeã deste torneio mostrando um belo futebol.
ARMÊNIA
De Baku voamos de volta para
Tbnilisi na Geórgia e na sequência de Tbilisi voamos para Yerevan, capital da
Armênia, nação que está situada ao sul da Geórgia e a oeste do Azerbaijão. Por
que não voamos direto do Azerbaijão para a Armênia (que estão bem pertos um do
outro)? Porque estas duas nações estão em conflito desde a Guerra de
Nagorno-Karabakh ocorrida na primeira metade dos anos 1990 e atualmente
basicamente não há relações entre elas!
A Armênia é um país com uma
população aproximada de 3 milhões de habitantes e uma renda per capita de cerca
de USD 10.300,00. A religião predominante é a da Igreja Apostólica Armênia, uma
vertente do cristianismo. O país usa o alfabeto armênio que é também totalmente
diferente do nosso alfabeto latino.
A capital da Armênia é a cidade de Yerevan
com cerca de 1,1 milhão de habitantes. No seu centro está a bela praça da
república onde se situa o Museu de História da Armênia.
Outra região bonita da cidade é a
“Cascata” (“The Cascade”), uma espécie de rua com degraus em pedras (como se
fosse uma longa escada).
Muitos outros prédios se destacam em
Yerevan como é o caso da Catedral de São Gregório Lusavorich, do Museu Militar
da Mãe Armênia e do Instituto de Manuscritos Antigos Matenadaran.
Uma das mais importantes atrações de
Yerevan é o Memorial e Museu do Genocídio Armênio, segundo o qual cerca de 1,5
milhões de armênios foram mortos em 1915 pelas autoridades turcas quando a
Armênia era ainda parte do Império Otomano.
Situado mais afastado do centro da
cidade de Yerevan está a reserva/museu arqueológica e histórica de Erebuni com
sítios arqueológicos que datam de 782 a.C. Lá admiramos crianças que estavam
acompanhando seus professores a uma visita a este museu e vimos também músicos
que estavam ensaiando algumas canções e estavam vestidos de forma
característica. No alto da colina ao lado do museu há a Fortaleza Erebuni pela
qual é possível passear.
Um dos pontos altos de nossa visita
a Yerevan foram os momentos em que estivemos na sua Ópera assistindo um
espetáculo de músicas e danças típicas da Armênia. Quem quiser conhecer melhor
este espetáculo magnífico, pode assistir este vídeo de 2 minutos com cenas do
espetáculo de dança armênia, no link: <https://www.youtube.com/watch?v=uSG-KkZeUjc>.
Realizamos até um passeio atrações
localizadas fora da cidade de Yerevan como no Lago Sevan, no Monastério Geghard
(escavado na rocha) e no Templo Garni (construído em estilo helênico no século
1 depois de Cristo pelo Rei Trdat. Neste passeio fizemos até uma refeição
típica armênia junto com outros turistas que estavam conosco.
Do Aeroporto de Yerevan, antes de
partirmos (e mesmo de dentro do avião no início do voo) foi possível ver o
impressionante Monte Ararat com 51565 metros de altitude e que está situado em
território da Turquia (a fronteira entre Armênia e Turquia está bem próxima de
Yerevan).
CATAR
Da Armênia voamos para Doha, a
capital do Catar (ou Qatar), um pequeno país situado na península arábica,
junto ao Golfo Pérsico. A renda per capita do Catar é de gigantescos USD
126.800,00 (a renda per capita do Brasil, novamente, para efeito de comparação,
é de USD 16.000,00)! Fonte: <https://data.worldbank.org/indicator/NY.GDP.PCAP.PP.CD?locations=QA>. Dinheiro, muito dinheiro,
proveniente da exploração de petróleo. Esta riqueza toda está nas mãos de uma
minoria dos 3,6 milhões de habitantes do país, mas a verdade é que acaba
sobrando “algumas migalhas” de dinheiro para as classes mais populares. Há
inclusive muitos imigrantes de países mais pobres da Ásia e da África
trabalhando muito na construção civil, sobretudo nas obras para a Copa do Mundo
de Futebol de 2022 que será realizada no Catar.
A capital do Catar (um país
minúsculo) é Doha que conta com uma população de aproximadamente 800 mil
habitantes. Doha conta com muitas atrações turísticas como a Mesquita Najadah,
o Museu de Arte Islâmica
Foto
- Museu da Arte Islâmica - Vista do mar com barcos
O calor que fazia durante boa parte
do dia (até pelo menos as 17h) neste mês de julho de 2018 era simplesmente
infernal. Durante o dia, a gente não conseguia andar mais que alguns
quarteirões sem ter a necessidade urgente de se abrigar em algum ambiente
fechado e refrigerado (ou pelo menos com uma temperatura menor). Para
exemplificar, em uma região muito “descampada” e aberta da cidade de Doha, onde
não havia qualquer lugar para se abrigar do calor, no caminho para o Museu de
Arte Islâmica, havia uma ambulância grande parada para socorrer pessoas que
estivessem passando muito mal na tentativa de chegar ao museu andando, que não
era assim tão longe, mas era necessário caminhar algumas centenas de metros (em
ambiente aberto) para chegar até ele. Conclusão: boa parte dos turistas e mesmo
cidadãos saiam para andar pela cidade somente a partir do final da tarde e de
noite. Uma opção que tínhamos era nadar na piscina que existia no andar mais
alto do prédio de nosso hotel. Outra forma de contornar o calor durante o dia
era visitar algum shopping center (ou em um “souq”/“souk” ou mercado
tradicional árabe, neste caso em ambiente fechado) climatizado e ostentando
riqueza como acontece com quase tudo neste país. Finalmente, uma outra
possibilidade era passear de noite quando a temperatura estava mais agradável: a
Grande Mesquita de Doha nós visitamos somente de noite.
Os prédios e construções modernas
realmente encantaram os nossos olhos.
Estivemos também em uma praia de
Doha numa região mais rica da cidade. Além disso visitamos criações de
diferentes tipos de animais: camelos, cavalos, gaviões, etc.
Uma curiosidade. Como as relações
diplomáticas entre Qatar e a Arábia saudita estão cortadas, os aviões da Qatar
Airways não podem sobrevoar o espaço aéreo da Arábia Saudita. Como a Arábia
Saudita está exatamente no meio da linha (uma linha sobre a esfera do nosso
globo terrestre que se chama geodésica) que liga São Paulo até Doha os aviões
da empresa neste voo Brasil-Catar têm que fazer um contorno pelo espaço aéreo
da Turquia; só depois de contornar a Arábia Saudita pelo norte é que o avião
começa a se deslocar em uma linha reta (na verdade uma linha geodésica sobre
uma esfera) em direção do Brasil!
No nosso voo de volta do Catar para
o Brasil a Qatar Airways por algum milagre decidiu nos conceder um presente e
nos transferiu da classe econômica para a classe executiva.
Portanto este voo de volta para o Brasil foi realmente
bem menos “apertado” que o normal e por isso mesmo muito mais agradável!
Agradecemos muito a Qatar Airways por nos ter dado este delicioso presente.
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Turquia
Finalzinho
de dezembro de 2007. Tínhamos pouco menos que um mês e decidimos
conhecer 5 países: Turquia, Síria, Líbano, Jordânia e Israel, nesta
sequência. Nesta região concentra-se uma parte considerável das origens
históricas da civilização humana. Portanto acreditamos que está é uma
viagem de caráter eminentemente histórico e cultural, mas com certeza
também existirão belas paisagens naturais para serem vistas e
apreciadas.
A nossa viagem começou por Istambul, a única cidade do mundo que está em dois continentes ao mesmo tempo! Uma parte dela (a principal) está na Europa e a outra parte, atravessando a ponte sobre o estreito de Bósforo, está na Ásia. Este estreito liga o mar Negro que fica ao norte ao mar Mediterrâneo (por meio do mar de Mármara e do mar Egeu) mais ao sul.
A maior parte da Turquia é asiática, mas uma pequena parte do país está na Europa de modo que a Turquia tem fronteira terrestre tanto com a Grécia, quanto com a Bulgária. É por isso que o grande sonho de consumo da Turquia sempre foi entrar para a zona do euro... Apesar de a capital da Turquia ser Ancara (bem no meio do país, como a nossa Brasília), seguramente Istambul é a cidade de maior importância do país! No seu centro, duas belas construções se destacam, estão uma em frente à outra e são até que parecidas. Em primeiro lugar há a “Aya Sofia” que foi no seu nascimento a catedral de Santa Sofia e hoje é um museu.
Um pouco de história: a cidade de Istambul está localizada exatamente onde os romanos construíram (estrategicamente) Constantinopla, a capital do Império Romano do Oriente, em contraponto à Roma que era a capital do Império Romano do Ocidente e que caiu dominada pelos bárbaros em 476 d.C.. Por mil anos entre os séculos V e XV Constantinopla foi um centro importante da cristandade que só perdeu este caráter após a sua conquista em 1453 d.C. pelos turcos otomanos, quando começou a se caracterizar a Turquia de hoje. Ou seja, a Idade Média foi a época em que Constantinopla que liderava o mundo cristã! Ou seja, mesmo sendo hoje de maioria muçulmana, a Turquia é tributária do cristianismo na sua nascença! Com o domínio muçulmano na região, após a queda de Constantinopla, foi construída a bela Mesquita Azul em frente ao prédio da Aya Sofia!
Antes ainda de Constantinopla, a cidade fundada por gregos séculos antes de Cristo e que existia naquela localidade chamava-se Bizâncio. Ou seja, Bizâncio virou Constantinopla que virou Istambul. É mole? Um dos prédios mais belos do centro turístico de Istambul é o palácio Topkapi que vale muito a pena visitar.
O idioma turco é escrito usando-se o nosso alfabeto latino, mas com algumas modificações. Só percebi isto quando fui utilizar a internet e não conseguia entrar na minha conta de e-mail. Isto por que lá há duas letras “i”: uma letra “i” tem o pontinho em cima do “i” (como no nosso português), mas outra letra “i” não tem o pontinho sobre o “i”, algo que eu demorei pelo menos meia hora para perceber. Não me culpem: quem presta atenção em pontinhos de “is” de duas teclas diferentes do teclado, não é mesmo? Moral da história: até um pontinho no “i” faz a diferença! A Turquia é um país cuja esmagadora maioria da população é muçulmana, mas que tem um governo laico (não religioso). Nos anos 20, Atatürk estruturou o estado turco como conhecemos hoje e separou a religião dos poderes estatais. Por exemplo, de acordo com a norma religiosa muçulmana um homem pode ter até 4 esposas (desde que possa sustentá-las), e isto é seguido ainda hoje em alguns países muçulmanos bastante religiosos. Mas na Turquia isto não ocorre pois é considerado crime, e, deste modo, a monogamia é uma imposição desde os anos 20. Ou seja, a Turquia está bem ocidentalizada faz muito tempo, e quase não vimos mulheres de burca, por exemplo. Há na Turquia atualmente uma democracia razoavelmente bem estabelecida com eleições periódicas e livres.
Istambul é uma cidade para muitos gostos e com muitas atrações: as cisternas feitas pelos romanos para armazenar água, o grande Baazar com suas lojas, o obelisco, o Arco parecido com o arco do Triunfo, o museu de Istambul, o calçadão central de Istiklal Caddesi, o cemitério muçulmano. Há até um forte movimento gay na cidade mostrando uma abertura no mundo muçulmano para os nossos tempos modernos!
É importante lembrar que na época da Grécia antiga, alguns séculos antes de Cristo, muitas das cidades estados gregas da época (como Tróia e Éfeso) se localizavam geograficamente onde hoje é a atual Turquia. Portanto, a Turquia também é tributária da civilização grega! Muito legal foi ver uma réplica do cavalo de madeira de Tróia em um museu de Istambul.
Passeamos também pela Universidade de Istambul, principalmente pelos seus Institutos de Pesquisa nas áreas das Ciências Naturais e pudemos observar moços e moças estudando em aparente pé de igualdade, a maioria vestindo jeans como em qualquer universidade do ocidente (inclusive no Brasil) indicando que há também um avanço na forma de tratar questões relacionadas a desigualdades de gênero.
Toda a nossa viagem de Istambul até Tel Aviv foi feita de ônibus. Assim sendo, saímos de Istambul de ônibus e a nossa primeira parada foi para conhecer as ruínas de Éfeso, importante cidade da antiguidade grega! Talvez o seu mais belo prédio é o da bela biblioteca de dois andares cuja frente ainda está miraculosamente de pé numa região com muitos terremotos. Tentamos imaginar como ela seria na época da plenitude de seu funcionamento.
Paramos também para conhecer as ruínas de Hierápolis, sobretudo o seu Anfiteatro e por ali também visitamos as “travertines” de Pamukkale, piscinas naturais com águas quentes e termais que foram muito usadas pelos povos que lá viveram.
Fomos também a uma exibição dos Dervishes que são homens dançarinos vestidos de branco com túnicas que ao girar abrem como saias rodadas das mulheres: a dança ritual consiste basicamente em eles ficarem girando e girando sem parar como num transe. A denominada música “sufi” e toda a cerimônia desta dança têm muita importância religiosa para as pessoas daqui! Depois de um tempo acaba cansando ver eles girando sem parar, mas ao saber da história passamos a entender melhor o ritual.
A nossa próxima parada foi na Capadócia bem no meio da Turquia. Lá visitamos catacumbas e ficamos hospedados em um hotelzinho escavado na pedra. A Capadócia se caracteriza pelas construções e residências escavadas na pedra (como cavernas) e pelo cenário que parece de outro planeta! A melhor e mais tradicional forma de conhecer a Capadócia é por balões que saem bem de manhãzinha, quando não há muitos ventos e é pequena a chance de o passeio ser cancelado por uma mudança climática repentina.
Ver os balões coloridos imensos enchendo ao nosso lado é muito bacana mesmo. Melhor do que isto é passear de balão (sem motor e, portanto, num silêncio relaxante) por cima das crateras e do território exótico da Capadócia, sendo levado só pelo vento e vendo muitos e muitos outros balões, cada um de uma cor, por todos os lados. Custa caro este passeio, mas vale a pena! No final, um carro pega a gente onde o vento levou e fez pousar o balão, com direito a um brinde de champanhe e a um diploma de que aquela pessoa X voou de balão por lá, com o nome de cada um e a data do vôo!
Estava um frio do cão (coitadinho do cão...) e passamos o réveillon da virada do ano de 2007 para 2008 no nosso hotel-caverna escavado na pedra numa vilazinha da Capadócia onde estávamos hospedados; quando deu meia-noite até abrimos a porta para ver alguns (poucos fogos) que escutamos lá foram, mas não tinha “vivalma” pela rua e a temperatura era totalmente congelante seguramente bem menos de 15 graus Celsius negativos! Achamos melhor e mais sábio continuar debaixo do cobertor...
Síria
Atravessamos a fronteira entre Turquia e Síria e fomos direto para a cidade de Alepo que está próxima à divisa. Alepo tem uma interessante citadela para ser visitada, uma bela torre de relógio central, um bom museu nacional, um “souq” (uma ruela comercial coberta e com lojas de negócios) e perto de Alepo estão as ruínas da Basílica de São Simeão. São Simeão viveu como um eremita nesta região próximo à Basílica por volta do século V depois de Cristo: um dia subiu no alto de uma pilastra (coluna) e ficou vivendo ali e no alto de outras pilastras por 36 anos antes de morrer! A última pilastra em que vivia no alto tinha 18 metros de altura! Que loucura e que determinação, não é mesmo!
Hoje a Síria é um país muçulmano, mas nos séculos iniciais do cristianismo esta era uma região eminentemente cristã. Curiosamente, na grande mesquita de Alepo está a tumba de Zacarias, pai de São João Batista. Numa foto em frente a este tumba havia muitos muçulmanos em frente dela orando. Há muitas coisas em comum entre o cristianismo e o islamismo. O próprio São João Batista é uma figura importante para os muçulmanos assim como Jesus. A questão que pega para os muçulmanos é se Jesus é o filho de Deus ou não! Mas eles o encaram como um grande profeta como Moisés e outros do Velho Testamento! Aqueles que apostam em (e as vezes até torcem por) uma guerra de religiões entre a cristandade e o Islã neste início do século XXI costumam desconhecer esta senhora importante que é a História! Boa parte da história do cristianismo é incorporada pelo islã que é uma religião que surgiu mais de seis séculos após o surgimento do cristianismo, que por sua vez é uma religião que tem raiz no judaísmo e incorpora deste o Antigo Testamento, por exemplo. São as três grandes religiões monoteístas que tem raízes comuns (e que muitas vezes são vistas como inimigas): o islamismo, o cristianismo e o judaísmo!
A Síria ao contrário da Turquia, não pode ser chamada de democracia: desde 1970 que a Síria tem como governante um Assad (o pai e depois o filho). A Síria faz fronteira ao norte com a Turquia e tem uma considerável fronteira a leste com o Iraque, país que foi invadido pelos EUA, após os atentados de setembro de 2001. O rio Eufrates (um dos dois rios que formava a antiga Mesopotâmia, atual Iraque) atravessa o leste do país que de resto é bastante desértico. A Síria tem fronteiras também com o Líbano, a oeste, e tem sido tradicionalmente acusada de se “intrometer” muito nas questões internas do Líbano: ambos os países tem um certa influência francesa devido, fruto do colonialismo francês que por lá vigorou até a primeira metade do século XX. A Síria ainda tem fronteiras com Israel a sudoeste, país com quem já entrou em guerra e onde há questões delicadas de fronteira sobre as colinas de Golã. E a Síria finalmente tem fronteiras também com a Jordânia ao sul!
A jóia arqueológica da Síria são as ruínas da cidade romana de Palmíria, localizadas no meio do deserto sírio, perto da fronteira com o Iraque. Seus prédios com gigantescas pilastras são magníficos. Algumas construções tinham inclusive uma tecnologia anti-terremoto com cilindros colocados na horizontal em vez de pedras em forma de paralelepípedo.
Perto de Palmíria há também um castelo árabe medieval, construído como muitos outros castelos que foram feitos (pelos dois lados) na época das cruzadas, as guerras entre Cristãos e Muçulmanos que ocorreram durante a Idade Média. Talvez o mais famoso destes castelos é o Crac de Chevaliers ou Castelo dos Cavaleiros das Cruzadas.
Fazia muito frio, e ali perto, um grupo de pessoas tentava se aquecer e fumar o Narguilé que é bastante adocicado e que está se difundindo pelo mundo e se tornando até uma moda! Eu fumei, mas não traguei, como pode ser facilmente visto!
Estivemos também na importante cidade de Hama onde existem as famosas “norias”, rodas d´água que levantavam a água do rio, levando-a por longas distâncias por meio de aquedutos para irrigar plantações! Genial esta tecnologia que é milenar: grandes engenheiros foram estes árabes!
Uma outra jóia arqueológica da Síria são as ruínas da cidade de Apamea que foi fundada por um general de Alexandre, o Grande! Lá fizemos amizade com uma coreana turista como nós e que passeou com a gente pelas ruínas. Viajar é também conhecer outros turistas e trocar idéias até para planejar futuras outras viagens.
Finalmente chegamos a Damasco, a capital da Síria, e alegadamente, a mais antiga capital do mundo, uma cidade continuamente habitada sem interrupções por mais de 4 milênios! Não é pouca coisa não... Damasco tem muitas vielas e souqs (ruas comerciais cobertas, uma espécie de pré-Shopping Center). O grande herói daqui, o Simon Bolívar da Síria, foi o General Saladino que liderou com sucesso os muçulmanos durante parte das cruzadas. Há em sua homenagem estátuas com ele cavalgando um belo cavalo e o seu túmulo é um ponto turístico importante.
Perguntinha rápida: quem está enterrado na Mesquita de Damasco? Pense alguns segundos! Resposta: o próprio São João Batista tem uma tumba sagrada na Mesquita de Damasco. Ele é muito cultuado pelos muçulmanos, para vocês verem como há importantes pontos de convergência entre o ocidente cristão e o islamismo.
Infelizmente grupos políticos conservadores, veículos de imprensa com baixa credibilidade e excessiva tendenciosidade (como é o caso da revista Veja) e governos como o dos EUA (sobretudo após a invasão do Iraque e do Afeganistão pelo presidente George W. Bush) vem incentivando esta visão de guerra santa (choque de civilizações) entre cristãos e muçulmanos! E isto, pelo mundo todo acaba numa competição (entre os dois lados) para ver quem é mais fundamentalista, quem é mais irracional, quem é mais fanático, quem é mais agressivo, quem é mais mortal, tanto do lado muçulmano, quanto do lado cristão (ocidental). E lá no orienta médio, no meio deste “quiprocó” todo, para complicar as coisas, aparecem judeus ortodoxos fundamentalistas (incentivados por um governo israelense irresponsável) tentam estabelecer colônias no meio da Cisjordânia, em pleno território palestino, agravando ainda mais todo o problema dos conflitos religiosos no mundo deste início de século XXI! Como sair desta? Com conhecimento, com educação, com ampliação dos níveis de escolaridade, com esclarecimento, com diálogo, com paz, com tolerância, com distribuição de renda, com a diminuição das desigualdades entre classes sociais e entre países da região. E com governos e veículos de imprensa que não sejam manipuladores nem maniqueístas! Ou seja, um problema muito grande para nós dois, humildes viajantes independentes... Portanto, vamos voltar a nossa viagem!
Na mesquita Umayyad de Damasco, descobrimos que as mulheres têm que usar uma espécie de robe que é emprestado na entrada de modo que elas passam a parecer um “chapeuzinho marrom”, confiram vocês mesmos!
Líbano
Da Síria fomos para o Líbano um país que no final dos anos 70 e início dos anos 80 viveu uma terrível guerra fria entre muçulmanos, drusos (uma espécie de religião daqui) e cristãos, que matou muitos e muitos libaneses. Hoje o país está pacificado e aos poucos está sendo reconstruído. Sua capital, Beirute, a denominada “Paris” do oriente médio está voltando a ficar bonita: mesmo assim ainda vemos uma quantidade impressionante de prédios cravejados com furos de balas por todos os lados e, em muitos casos, completamente destruídos. De qualquer modo andar pela calçada da avenida beira-mar de Beirute é um agradável passeio. Qualquer guerra é um negócio terrível e guerra civil então nem se fale: irmão matando irmão, vizinho matando vizinho, colega matando colega. O Brasil recebeu, ao longo dos tempos, muitos imigrantes libaneses e segundo alguns há mais descendentes de libaneses no Brasil do que no próprio Líbano!
Os franceses exerceram muita influência aqui por causa da colonização, mas nos últimos tempos quem exerce muita influência são os norte-americanos. A Universidade Americana de Beirute é belíssima e vale a visita que por razões de segurança não é tão fácil de ser feita!
As cidades do litoral do Líbano são muito bonitas: Sidon, Tiro, Trípoli (não confundir com a Trípoli que é a capital da Líbia) e Byblos, quase todas sempre com antigas ruínas romanas. Mas muito antes dos romanos, no Líbano viveram os fenícios que nos legaram duas coisas importantíssimas: o alfabeto e a moeda! Em Tiro (ou Sour) visitamos as ruínas do antigo hipódromo romano para corridas de bigas de cavalos. Já em Sidon, visitamos um Caravansarai que era um antigo ponto de parada das caravanas de camelos nos séculos de expansão do islamismo (uma espécie de pousada com uma área quadrangular aberta e interna à construção, como ocorre em algumas construções arquitetônicas espanholas).
Duas das jóias arqueológicas do Líbano (dentre várias) são Aanjar (uma antiga cidade muçulmana fortificada) e Baalbek (com suas ruínas muito bem preservadas de uma antiga cidade romana). As ruínas de Baalbek são as ruínas romanas mais bem preservadas fora da Itália.
Jordânia
Do Líbano voltamos para a Síria, somente para atravessá-la rapidamente rumo ao sul e entrar na Jordânia. Primeiro fomos conhecer as ruínas de Jerash onde no seu antigo Hipódromo estava sendo encenada uma cena teatral reconstruindo a época dos romanos com inclusive a apresentação de uma corrida de bigas de cavalos. Foi muito interessante observar a encenação.
Fomos também ao monte Nebo, onde Moisés avistou a Terra Prometida lá embaixo e ao fundo, do outro lado do Mar Morto: a atual Israel. Ali há uma interessante escultura que pode lembrar tanto uma cruz quanto uma cobra...
Visitamos também o Castelo de Karak usado pelos cruzados. Mas o ponto alto da Jordânia é a cidade de Petras esculpida dentro da pedra em desfiladeiros e considerada uma das 7 maravilhas do mundo! O “prédio” denominado Tesouro ou Al-Kazneh é talvez o mais bonito de todos, mas o dia inteiro ficamos andando por desfiladeiros descobrindo prédios belíssimos e vistas fantásticas.
Outras das construções que nos encantaram em Petras foram o Monastério e o Anfiteatro de Petras.
Uma coisa legal de viajar de modo independente é poder interagir com o povo local (há quem não goste, mas nós curtimos). As pessoas que vivem naquela região são os beduínos, e pudemos bater uma foto com uma bela menina beduína que emprestou o seu sorriso expressivo para a nossa máquina!
Finalmente, após Petras no dirigimos para o sul, onde ficamos hospedados no meio do deserto do Wadi Rum em uma tenda de beduínos nômades com um visual novamente de outro planeta (a gente no Brasil não está muito acostumado com desertos, portanto se encanta com um, quando vê!).
Ficamos junto com outros três companheiros de viagem: o Aristóteles (um grego cabeludo que era uma figuraça, pois era fotógrafo nada mais, nada menos, do National Geographic e adorava o Brasil, tanto é que já tinha ido 13 vezes para o Brasil), o Tom (um senhor inglês que já tinha sido padre, mas tinha largado a batina) e o Arnaud (um jovem francês que estava conhecendo o mundo). E nós brasileiros! Um grupo eclético no meio do deserto numa tenda de beduínos! Foi bem divertido...
Israel
Pelo sul da Jordânia, a partir da cidade de Acaba, o nosso planejamento era atravessar a fronteira com Israel e chegar à cidade israelense de Eliat. Mas foi aí que a bicho pegou. A Divina chama-se Divina de Fátima. Nada demais para nós: um nome bem católico, como era a vontade dos pais dela quando ela nasceu. Mas não para os guardas israelenses da fronteira que entrevistam, interrogam e investigam os turistas que vão entrar no país em busca de possíveis terroristas islâmicos que possam colocar em perigo a segurança de israelenses dentro do território de Israel. Tudo porque o nome da filha mais querida do profeta Mohamed (o sagrado Maomé) chamava-se justamente Fátima! Vivendo e aprendendo! Para os soldados israelenses Fátima era um nome muçulmano! Eles nos separaram e começaram a fazer um longo interrogatório em inglês com a Divina sozinha tentando explicar e responder a perguntas tais como: Por que os pais deram para ela o nome do meio de Fátima? Até provar que focinho de porco não é tomada rolaram no mínimo uns 30 minutos de interrogatórios cansativos feitos em revezamento por vários soldados que repetiam a ela as mesmas perguntas feitas antes, acho que para ver se ela caia em alguma contradição. Os soldados estavam tentando obter informações pelo cansaço. Finalmente eles se convenceram de que éramos somente turistas querendo conhecer Israel (ou algum deles conseguiu pelo Google conhecer a história de Nossa Senhora de Fátima). Que coisa, não é mesmo! Moral da história: “Fátimas” de todo o mundo, preparem-se bem física e espiritualmente se desejam conhecer Israel. Imediatamente após entrar em Israel fomos ao cinema assistir a uma comédia para relaxar e depois, a noite, pegamos um ônibus em direção a Jerusalém (no norte) que atravessou o deserto de Negev pela madrugada.
Jerusalém é uma cidade muito especial. É sagrada para as três maiores religiões monoteístas do mundo. Jerusalém é sagrada para os judeus, dentre outros fatores, pois lá está o Muro das Lamentações, o que sobrou de seu segundo templo sagrado que foi destruído no tempo dos romanos em 70 d.C. (o primeiro e mais antigo templo sagrado que existiu também no mesmo local fora destruído por Nabucodonosor em 586 a.C.). Jerusalém é sagrada para os muçulmanos, dentre outros fatores, porque exatamente acima do muro das lamentações está a Mesquita do Domo da Rocha, o terceiro local mais importante e sagrado para o Islã, depois de Meca e de Medina. E Jerusalém é sagrada para os cristãos, porque lá morreu Jesus Cristo que está enterrado (apesar de haver controvérsias sobre isto e sobre quase tudo sobre o que estamos escrevendo, mas mesmo assim decidimos escrever) na Igreja do Santo Sepulcro a poucas quadras de distâncias do Muro das Lamentações! Ou seja, em poucas quadras há religiosos das mais diferentes religiões e sub-divisões destas religiões, com as mais diferentes vestimentas andando de um lado para o outro pelas ruelas do centro da cidade velha de Jerusalém: festa estranha com gente esquisita!
Jerusalém é uma cidade muito especial. É sagrada para as três maiores religiões monoteístas do mundo. Jerusalém é sagrada para os judeus, dentre outros fatores, pois lá está o Muro das Lamentações, o que sobrou de seu segundo templo sagrado que foi destruído no tempo dos romanos em 70 d.C. (o primeiro e mais antigo templo sagrado que existiu também no mesmo local fora destruído por Nabucodonosor em 586 a.C.). Jerusalém é sagrada para os muçulmanos, dentre outros fatores, porque exatamente acima do muro das lamentações está a Mesquita do Domo da Rocha, o terceiro local mais importante e sagrado para o Islã, depois de Meca e de Medina. E Jerusalém é sagrada para os cristãos, porque lá morreu Jesus Cristo que está enterrado (apesar de haver controvérsias sobre isto e sobre quase tudo sobre o que estamos escrevendo, mas mesmo assim decidimos escrever) na Igreja do Santo Sepulcro a poucas quadras de distâncias do Muro das Lamentações! Ou seja, em poucas quadras há religiosos das mais diferentes religiões e sub-divisões destas religiões, com as mais diferentes vestimentas andando de um lado para o outro pelas ruelas do centro da cidade velha de Jerusalém: festa estranha com gente esquisita!
O Muro das Lamentações é dividido na parte para os homens e para as mulheres (que é menor). Em frente ao Muro havia judeus de diferentes “orientações” rezando e orando (além dos turistas) e nos vãos de seus blocos de pedras era possível ver a infinidade de papelzinhos (acho que com pedidos) colocados aos milhares.
A Mesquita do Domo da Rocha foi construída em Jerusalém, pois o profeta Mohamed teria, nesta cidade, supostamente tido uma visão reveladora juntamente com o anjo Gabriel. Ela é belíssima e de longe todos a identificam devido ao seu domo (teto arredondado) dourado.
Finalmente a Igreja do Santo Sepulcro é bastante concorrida obviamente e conforme o dia vai avançando, o volume de turistas vai aumentando substancialmente, todos buscando conhecer o local onde Jesus estaria enterrado, dentro da Igreja.
Mas uma outra atração muito importante é o Museu do Holocausto ou Yad Vashem que lembra a história dos milhões de judeus que foram assassinados e exterminados pelo nazismo durante a Segunda Guerra Mundial. É um museu belíssimo e tocante: vale a pena passar um dia inteiro lá para conhecer bem esta triste história e tomar consciência de como é importante lutar para que genocídios como este jamais ocorram novamente.
Tel Aviv é a maior cidade do país e tem uma praia bonita, além de museus e uma grande universidade que visitamos por uma tarde toda.
Fomos também até o norte da Israel, na região próxima ao Mar da Galiléia (que é na verdade um grande lago). Em Nazaré, visitamos a Basílica da Anunciação, onde supostamente o anjo Gabriel teria anunciado para a Virgem Maria que ela daria a luz ao filho de Deus. Este anjo Gabriel estava em todas, não é mesmo (sem querer ofender a ninguém e a nenhuma religião, esta é só uma constatação).
Também fomos conhecer a tumba do Maimônides, um grande filósofo, cientista e médico judeu que foi o médico pessoal do Saladino, o grande general que liderou os muçulmanos na luta contra cristãos na época das cruzadas. Interessantíssimo, não é mesmo. Como o mundo dá voltas.
Se judeus e muçulmanos já foram aliados (na época contra os cristãos) há alguns séculos, quem sabe nos próximos anos eles não acabem se entendendo. Vão ter que ceder dos dois lados para isto, é óbvio. Mas aqueles que acham que o preço a pagar pela paz é muito grande, devem observar o preço pago em vidas (de ambos os lados) mesmo em termos econômicos pelo estado de guerra infindável que impera naquela região do Oriente Médio!
Cisjordânia
Atualmente os palestinos têm uma autonomia/independência/soberania mínima (ou seja, estão sob o controle estrito e bastante limitador das poderosas forças armadas israelenses) sobre dois territórios, a Cisjordânia (a leste, entre Israel e a Jordânia) e a faixa de Gaza (ao sul, entre Israel e o Egito). Quando os palestinos terão soberania para valer sobre seus territórios é a pergunta que não quer calar! Ir para Gaza é muito inseguro. Portanto fomos conhecer uma parte da Cisjordânia. Muitos diziam para nós que a Cisjordânia também seria insegura, mas não nos sentimos nem um pouco ameaçados lá. Os palestinos nos trataram muito bem nos restaurantes e nas suas atrações turísticas. Mas havia muito poucos turistas que se assustam com a propaganda negativa e acabam quase que invariavelmente não entrando na Cisjordânia. Por via das dúvidas fomos com as nossas belas camisetas do Brasil, um dos povos mais associados à paz no mundo: sempre que chegamos em qualquer local com as nossas camisetas amarelas-brasileiras somos muito bem tratados. Isto mostra que muito brasileiro que costuma só falar mal do Brasil tem um pouco de complexo de vira-lata. Não que não tenhamos problemas, mas muitas vezes os estrangeiros vêem virtudes em nós, em nossa cultura e em nosso país que nós mesmos não valorizamos, por exemplo, o nosso caráter pacífico e a nossa tolerância: o Brasil é um país que não tem problemas de fronteiras com seus vizinhos e a última vez que entrou em guerra com algum deles faz cerca de um século e meio! Poucos países do mundo têm este exemplar “currículo” pela paz, podem pesquisar na internet! Então, primeiro fomos a Belém que apesar de estar a apenas cerca de 20 km de Jerusalém (creio eu) está já em território Palestino. Lá visitamos a Igreja da Natividade onde Jesus teria nascido.
Depois fomos para Jericó onde o diabo teria tentando Jesus. Jericó é uma cidade tranqüila e que fica já bem próxima do Mar Morto.
Para ir para Jericó pegamos uma limusine que funcionava como um taxi compartilhado entre todos os vários passageiros que cabiam na limusine (uma espécie de van ou de transporte alternativo de lá!)
Finalmente fomos até as margens do Mar Morto que está em uma altitude negativa de algumas centenas de metros e que tem uma salinidade que é sete vezes maior que a salinidade de oceanos como o nosso Atlântico. Conclusão, você, mesmo que queira, mesmo que não saiba nadar, não afunda nele e fica boiando! Só tem que tomar cuidado para não espirrar a água no seu olho (ou enfiar a cabeça na água sem querer), pois devido à concentração de sal, a dor da ardência é imensa e dura um tempão. O Mar Morto tem este nome devido ao fato de ter pouca vida nele por causa da alta salinidade.
Legal foi também conhecer a fortaleza de Massada, uma importante fortificação histórica na luta de judeus contra romanos, muito tempo atrás. A visão do Mar Morto lá de cima e do deserto ao redor do Mar Morto é estonteante!
Esta viagem pelo Oriente Médio ou Oriente Próximo (devido a sua proximidade com a Europa, em contraposição ao Extremo Oriente que é bem distante da Europa – Japão, por exemplo) foi muito educativa. Todos lá que estão brigando entre si faz muito tempo, são humanos, têm as mesmas necessidades, virtudes e fraquezas na média que qualquer outra cultura do nosso planeta! Sabemos que não é simples, mas é fundamental apostar na paz e de uma vez por todas ceder um território soberano aos palestinos, pois os judeus já têm a sua terra: qualquer argumento para postergar isto, é apenas pretexto de quem não quer resolver o problema, ou seja, de quem não quer a paz. Por mais erros que os palestinos tenham cometidos nas últimas décadas, eles são com toda certeza a parte mais fraca e oprimida desta história toda, do mesmo modo que os próprios judeus foram seguramente a parte mais fraca e oprimida durante a segunda guerra mundial, é claro que guardada as devidas proporções.
Portanto, moral da história: VIVA A PAZ e tomara que ela não demore a chegar nesta região tão bonita e importante para a história da humanidade!