Oriente Médio



CONHECENDO O IRÃ E DUBAI / ABU DHABI

Início de Janeiro de 2019. Viajamos eu e minha irmã Renata (que é professora, como eu, só que na área de psicologia), pela Emirates, para conhecer o Irã e, na volta, aproveitamos, devido à escala, para conhecer também as cidades de Dubai e Abu Dhabi, ambas nos Emirados Árabes Unidos.

IRÃ

            O Irã é uma nação com cerca de 90 milhões de habitantes; a religião da maioria é muçulmana, da corrente xiita, apesar de que vem crescendo, sobretudo nas camadas mais populares a porcentagem da população que se declara muçulmana da corrente sunita. O Irã é a antiga Pérsia, uma civilização muito importante na história da humanidade durante a antiguidade. Os iranianos são persas e não árabes: são culturas e etnias bem diferentes! O idioma falado é o farsi (persa). No Irã é usado o alfabeto persa que é uma modificação do alfabeto árabe, inclusive com a inclusão de algumas letras a mais para se adaptar a língua farsi. Em termos religiosos esta nação é islâmica (=muçulmana), mas em termos étnicos eles não são árabes, mas sim persas, algo bem diferente e muito próximo do europeu em termos raciais. A palavra “ariano” (muito usada pelos ideólogos nazistas para se referir aos povos do norte da Europa) vem justamente de povos indo-iranianos ou indo-europeus que se estabeleceram no planalto iraniano já no terceiro milênio antes de Cristo e que posteriormente se espalharam e ocuparam também regiões da Europa, sobretudo setentrional.
                      Uma das maiores fontes de riqueza do Irã é proveniente a exploração de Petróleo. A renda per capita do Irã (a partir de dados de 2017, em dólares norte-americanos=USD) é de cerca de USD 21.000,00. Para efeito de comparação, a renda per capita (pelo mesmo critério PPC=Paridade de Poder de Compra ou, em inglês, PPP=“Purchasing Power Parity”) do Brasil (a partir de dados de 2018) é de USD 16.000,00. Fonte: <https://data.worldbank.org/indicator/NY.GDP.PCAP.PP.CD?locations=IR-BR>.
Em nossa viagem pelo Irã vistamos quatro cidades: Teerã, Isfahan, Yazd e Shiraz. Os três trajetos entre estas quatro cidades nós fizemos por meio de confortáveis ônibus que fazem o transporte usual entre estas cidades.

Foto – Renata passeando pela cidade de Teerã

            Teerã, a capital do Irã, é uma cidade gigantesca (em certo sentido, como São Paulo) com aproximadamente 9 milhões de habitantes. No dia seguinte que desembarcamos em Teerã, o primeiro museu que conhecemos foi o Museu Ebrat, o Museu da Tortura, onde até o ano da revolução islâmica de 1979, funcionava a prisão do regime do Xá Reza Pahlavi que governava o Irã desde 1953 após um golpe patrocinado pelos Estados Unidos e pelo Reino Unido depôs o governo democraticamente eleito do primeiro-ministro Mossadegh. O motivo óbvio: o Irã tem a quarta maior reserva de petróleo comprovada do mundo, o que obviamente aguça a cobiça de potências imperialistas, como é o caso hoje dos Estados Unidos. Em Ebrat, antes da revolução islâmica de 1979, eram torturados os oposicionistas ao regime do Xá Reza Pahlavi.


Foto – Museu Ebrat

            O nome oficial do Irã desde 1979 é República Islâmica do Irã. O Irã é uma república teocrática. Isto significa que os poderes executivo, legislativo e judiciário são supervisionados por um corpo de clérigos muçulmanos que elegem um Guia Supremo ou Líder Supremo que desde 1989 é o Aiatolá Khamenei (antes de 1989 era o Aiatolá Khomeini) que atua como árbitro entre os poderes.
            Uma lei do Irã obriga que todas as mulheres (inclusive as turistas de qualquer país estrangeiro), em ambientes públicos, a cubram seus cabelos com um lenço, o hijab (o véu). Em ambientes privados (como dentro de casa ou no quarto de um hotel) não é necessário usar este lenço. Esta obrigação bastante inconveniente, chata e que incômoda (para dizer o mínimo) foi o que fez a Divina decidir não viajar para o Irã; assim foi a minha querida irmã Renata quem acabou viajando comigo. Muitas mulheres acabam usando o lenço o mais para trás possível deixando boa parte dos cabelos perto da testa descobertos (é uma forma de resistência). Na nossa viagem, em diversos momentos, sem querer a Renata acabava esquecendo de prestar atenção e o lenço caia para trás deixando o cabelo descoberto; muitas vezes uma outra mulher que estivesse por perto a avisava de que isto tinha acontecido, uma postura que a minha irmã me explicou que reflete um sentimento de sororidade: a empatia e o companheirismo existente entre mulheres que as ajuda a atingir um objetivo comum. Para quem quiser saber mais a respeito, acho interessante ler o artigo “Mulher e turista no Irã” disponível em: <https://sundaycooks.com/mulher-e-turista-no-ira/>. Pelo wikipedia, além do Irã, a Arábia Saudita e a província de Achém na Indonésia exigem o uso obrigatório do hijab pelas mulheres (sobre o cabelo) em espaços públicos. Mais informações (do ponto de vista do islamismo) a este respeito podem ser lidas no artigo “Por que as muçulmanas cobrem a cabeça?” disponível em: <https://religiaodoislam.com.br/muculmanas-cobrem-cabeca/>. Em qualquer país, dentro de mesquitas muçulmanas é obrigatório que as mulheres cubram os seus cabelos com lenços como acontece também em Igrejas Ortodoxas Russas que também são cristãs; leia mais a este respeito no artigo “Por que as mulheres cobrem a cabeça em igrejas ortodoxas russas?” disponível no link: <https://br.rbth.com/estilo-de-vida/83214-mulheres-cobrem-cabeca-igreja-russa>. A Igreja Católica Romana passou a permitir que as mulheres entrassem na Igreja sem cobrir o cabelo após o Segundo Concílio do Vaticano que ocorreu entre 1962 e 1965.

            A exigência do uso do lenço para cobrir o cabelo é imposta pelas leis do país e fiscalizada pelo governo, mas conta com o apoio de parte da população que é muito conservadora nos costumes e muito religiosa, assim como vem acontecendo de modo crescente com parte da população brasileira. De qualquer forma, como contraponto, é sempre bom lembrar que a participação da mulher na política é MENOR no Brasil do que no Irã! Fonte: <https://www.jcnet.com.br/noticias/internacional/2016/03/460465-participacao-feminina-na-politica-no-brasil-e-menor-do-que-no-ira.html>. Aliás, para mostrar a nossa triste realidade no que diz respeito à igualdade de gênero, um levantamento feito em 2018 mostra que em um ranking de 190 países sobre a presença feminina em parlamentos, o Brasil ocupa a 152ª posição. Fonte: <https://g1.globo.com/politica/noticia/em-ranking-de-190-paises-sobre-presenca-feminina-em-parlamentos-brasil-ocupa-a-152-posicao.ghtml>. O objetivo aqui não é comparar a dificuldades que as mulheres têm em suas vidas no Irã e no Brasil, mas é apenas mostrar como estamos ainda no Brasil atrasados no que diz respeito à luta por direitos e oportunidades iguais para mulheres e homens. Sim, é fundamental recordar que o Brasil foi o país que realizou um impeachment (na verdade um verdadeiro golpe) sobre a primeira presidenta que elegemos na nossa história (a Dilma) sem qualquer comprovação de que ocorreu algum crime de responsabilidade por parte dela. Só para comprar, em 2019, o Bolsonaro fez pelo menos uma besteira por dia, falou também dia sim outro também tolices inimagináveis sem qualquer respeito ao cargo de presidente e continua incólume! Lembremos: a Dilma foi afastada devido à alegação de ter realizado “pedaladas fiscais”! O impeachment da Dilma foi um momento ridículo e ao mesmo tempo trágico da história brasileira, que colocou em 2016 um traidor como o Temer na cadeira de presidente da república e aplainou o terreno para a ascensão da extrema-direita ultraconservadora e com características fascistas ao governo federal com a eleição de 2018.
            No Irã é comum adoçar o chá com uma espécie de pirulito de açúcar cristalizado que é mergulhado nele de modo a que os cristais de açúcar se soltem aos poucos.


Foto – Tomando chá com açúcar cristalizado em um palito

            Os algarismos usados no Irã são os “verdadeiros” algarismos arábicos (os algarismos hindu-arábicos que usamos no ocidente são uma modificação destes algarismos arábicos). Um relógio de ponteiros mostrando os números de um a doze é útil para que possamos notar as diferenças (e em alguns casos, como dos algarismos para um e nove, as semelhanças).


Foto - Relógio com algarismos arábicos em Teerã

            Foto – No primeiro dia de passeio em Teerã fomos também visitar a bela Biblioteca Nacional de Malek que apresentava uma exposição muito interessante que incluía diagramas sobre o desenvolvimento da História da Ciência.


Foto – Biblioteca Nacional Malek


Foto – Diagrama sobre a História da Ciência na Biblioteca Nacional Malek

            Em seguida nos deslocamos até o Museu Nacional do Irã com uma grande exposição sobre relíquias arqueológicas e históricas do Irã.


Foto - Museu Nacional do Irã visto a partir do Parque Moallem


Foto – Renata dentro do Museu Nacional do Irã
           
            Um outro ponto alto de qualquer visita a Teerã é o Palácio Golestan, em especial a sua famosa Sala dos Espelhos (“Hall of Mirrors”).


Foto - Aos fundos, o Salam Hall, edifício que é parte do Palácio Golestan


Foto - Aos fundos, o “Marble Throne” (Trono de Mármore), parte do Palácio Golestan


Foto – Renata na Sala dos Espelhos (“Hall of Mirrors”) do Palácio Golestan

            Visitamos também outros pontos turísticos de Teerã, tais como o Museu da Paz (“Peace Museum”), o Parque Laleh, o Museu do Tapete (“Carpet Museum”), a Torre Azadi, o Grande Bazaar e a Ponte Tabiat ou “Nature Bridge” (uma bela passagem para pedestres).

Foto – Peace Museum (Museu da Paz)


Foto – Parque Laleh (com gatinho ao fundo)


Foto – Carpet Museum (Museu do Tapete)


Foto – Torre Azadi (Azadi Tower)


Foto – Grande Bazaar


Foto – Nature Bridge (Ponte Tabiat)


Foto – Vista das montanhas a partir da “Nature Bridge”

            Finalmente, no nosso último dia em Teerã fomos visitar o Planetário da cidade, onde assistimos uma das sessões regulares de exibição sobre as estrelas e o universo. Dentro do Planetário havia uma “Tabela Periódica” na forma de um diagrama muito didático.


Foto – Planetário de Teerã


Foto – Tabela Periódica no Planetário de Teerã


Foto – Ricardo em frente à Tabela Periódica no Planetário de Teerã

            De Teerã nos deslocamos de ônibus para Isfahan a terceira maior cidade do Irã (após Teerã e Mashhad, cidade situada ao norte do país, próxima à fronteira com o Turcomenistão) com uma população de aproximadamente 2 milhões de habitantes. Entre os séculos 16 e 17 sob a dinastia dos Safávidas, Isfahan tornou-se a capital da Pérsia naquela época. Perto do hotel onde nos hospedamos ficava a bela Ponte “Si-o-se Pol” sobre o Rio Zayandeh que estava seco, pois o inverno (do mês de janeiro em que estávamos viajando pelo Irã) é uma estação seca e sem chuvas.


Foto – Ponte Si-o-se Pol


Foto – Renata junto à ponte Si-o-se Pol

            A grande praça central de Isfahan chamada de Praça Naqsh-e-Jahan é o ponto de partida para conhecer Isfahan.

Foto – Ricardo e Renata na Praça Naqsh-e-Jahan

            Em um canto desta Praça está a Mesquita Shah (Mesquita do Imã Khomeini). Ao visitarmos esta Mesquita a Renata interagiu com várias estudantes que estavam também realizando uma visita monitorada por um professor: ela acabou sendo recebida com muito carinho pelas meninas que a trataram como uma verdadeira celebridade, uma espécie de “pop star”. Na verdade com o bloqueio econômico (intensificado pelo governo Trump) dos Estados Unidos ao Irã, a nação iraniana recebe muito poucos turistas ocidentais e aqueles como nós que decidem realizar uma viagem ao Irã são recebidos de forma muito positiva até pelo caráter inusitado disto!


Foto – Mesquita Shah


Foto - Renata e a Praça Naqsh-e-Jahan com a Mesquita Shah ao longe


Foto - Renata com alunas que estavam visitando a Mesquita Shah


Foto – Renata: quase uma celebridade junto a alunas iranianas na Mesquita Shah

            Em um dos lados da Praça Naqsh-e-Jahan está a Mesquita Mesquita Sheikh Lotfollah e no lado aposto está o Palácio Ali Qapu.


Foto - Renata com a Mesquita Sheikh Lotfollah ao fundo


Foto – Renata no Palácio Ali Qapu

            Visitamos o Bazaar, a Grande Mesquita, o Palácio Chehel Sotun, o Hotel Abbasi (um antigo caravanserai ou seja uma pousada muitas vezes no meio do deserto e em formato quadrangular onde os viajantes podiam descansar de noite, inclusive abrigado os seus camelos) e a Catedral Armênia Vank situada ao lado do Memorial do Genocídio Armênio que aconteceu em 1915 quando a vizinha Armênia estava sob o domínio do Império Turco-Otomano e no qual se estima que cerca de 1,5 milhão de armênios foram mortos.


Foto – Renata no Bazaar de Isfahan


Foto - Jameh Mosque, a Grande Mesquita


Foto – Renata na Jameh Mosque, a Grande Mesquita, por outro ângulo


Foto – Renata dentro da Jameh Mosque, a Grande Mesquita


Foto - Palácio Chehel Sotun


Foto - Dentro do Abbasi Hotel, um Caravanserai


Foto – Catedral Armênia Vank


Foto – Memorial do Genocídio Armênio

            Então pegamos um ônibus e nos deslocamos para a terceira cidade iraniana que visitaríamos: Yazd.


Foto – Renata no ônibus para Yazd

            Yazd é uma cidade com cerca de 500 mil habitantes localizada em uma região bastante desértica no centro do Irã. Pelo calor da cidade durante o verão (para nossa sorte estávamos viajando no inverno) os prédios da cidade apresentam muitas torres apanhadores de ventos (badgirs) que caracterizam a arquitetura desta cidade e funcionam canalizando brisas para dentro dos prédios de modo a diminuir a temperatura dentro deles.


Foto – Renata em Yazd com badgirs ou torres apanhadoras de vento ao fundo

            Em Yazd ficamos hospedados no Firoozeh Traditional Hotel, um estabelecimento com uma arquitetura e mobiliário tradicionais associados à cultura desta região desértica.


Foto - Firoozeh Traditional Hotel

            Em Yazd conhecemos a Torre do Relógio, a Cidade Velha (“Old City”), a Grande Mesquita (Jameh Mosque), o Museu da Água (“Water Museum”), o Complexo Amir Chakhmaq e o Jardim Dolat Abad.


Foto - Torre do Relógio


Foto - Cidade Velha (Old City)


Foto - Grande Mesquita (Jameh Mosque)


Foto - Museu da Água (Water Museum)


Foto - Complexo Amir Chakhmaq


Foto - Jardim Dolat Abad

Visitamos também o Templo Zoroastriano do Fogo (Zoroastrian Fire Temple). É importante lembrar que o zoroastrianismo é uma religião muito antiga que pode ter se originado há mais de 4 mil anos e que precede não só o islamismo, mas também o cristianismo: é uma das mais antigas religiões ainda existentes e praticadas por seres humanos. Ela é uma das primeiras manifestações monoteístas e foi fundada pelo profeta Zoroastro na antiga Pérsia. A crença do zoroastrianismo no paraíso, na ressurreição, no juízo final e na vinda de um messias, acabaria por influenciar o judaísmo, o cristianismo e o islamismo, as três grandes regiões abraâmicas (cuja origem comum é reconhecida em Abraão) monoteístas atuais.


Foto - Templo Zoroastriano do Fogo

            Frequentamos muitas lojas nas quais belos gatinhos descansavam e encantavam nós turistas. Podemos dizer, como a minha irmã brincou comigo, que estes são os verdadeiros "gatos persas".

Foto - Renata com gatinho bonitinho em uma loja

            Então contratamos um motorista e realizamos um passeio por alguns pontos turísticos no deserto que rodeia Yazd.


Foto - Renata e Ricardo em deserto na região da cidadede Yazd

Primeiro fomos a uma cidade abandonada no deserto de nome Kharanaq.


Foto - Estrada no deserto com placa com velocidade máxima de 85 km/h e outra placa em inglês e em farsi


Foto - Renata em Kharanaq, uma cidade abandonada no deserto


Foto - Renata com burrinho em cidade abandonada no deserto (Kharanaq)

            Depois visitamos o Templo do Fogo de Chak Chak do zoroastrianismo.


Foto - Vista do deserto a partir do Templo Zoroastriano do Fogo de Chak Chak


Foto - Turistas e guias em Chak Chak



            Fomos também até a cidade de Meybod, onde visitamos as ruínas do antigo Castelo Narin. Lá um grupo de mulheres iranianas convidou gentilmente a Renata para tomar chá junto com elas: o povo iraniano sempre foi muito gentil conosco ao longo de toda a nossa viagem!


Foto - Ricardo e Renata no Castelo Narin em Meybod


Foto - Vista da cidade de Meybod a partir do Castelo Narin


Foto - Renata tomando chá com amigas no Castelo Narin em Meybod


Foto – Caravansarai de Meybod


Foto - Renata, nosso motorista/guia e um escritor no Caravansarai de Meybod


            Finalmente visitamos também uma região do deserto muito bonita e com muitas dunas. Aliás, durante a viagem toda a Renata mostrou uma conexão muito grande com os animais com os quais nos deparávamos no passeio, principalmente gatinhos, mas também cachorros, camelos, burrinhos, etc. Afagar um destes animais de estimação ajudava ela a ficar mais tranquila! Aliás, afagar um bichinho de estimação ajuda qualquer um a ficar mais calmo e a se conectar mais com a beleza do mundo de uma forma até, creio, meio espiritual. Eu que tenho quatro vira-latas de estimação (que adotamos, eu e a Divina) sei o quanto é gostoso e tranquilizador afagar o pelo e fazer carinho em um deles... e eles obviamente também gostam muito! É o que chamo brincando de “Street Dog Therapy” (Terapia com vira-latas). Por falar nisto, para não perder a oportunidade é importante lembrar: NÃO compre animais de estimação! Adote um animalzinho de algum abrigo... há muitos cachorros e gatos nestes abrigos, que viviam na rua ou que foram abandonados e que estão precisando URGENTEMENTE de alguém que os adote. Quem adota pode pensar que está fazendo um bem para o animalzinho adotado, mas com o tempo vai perceber que fez na verdade um grande bem a SI MESMO!


Foto - Renata caminhando em uma duna


Foto - Cachorro no deserto


Foto – Renata com cachorro no deserto


Foto - Renata sentada no deserto


Foto – Renata com camelo no deserto
           
            De Yazd nos deslocamos de ônibus para Shiraz, a quarta e última cidade que visitaríamos no Irã nesta viagem. Na viagem de ônibus para Shiraz aconteceu um incidente meio que inacreditável. Antes de embarcar em Yazd colocamos nossas duas malas no compartimento de malas do ônibus (como fazemos aqui no Brasil); ao chegarmos na rodoviária de Shiraz fomos pegar as duas malas e a minha mala não estava mais no compartimento de malas do ônibus (a mala da Renata estava ok). Em compensação tinha uma mala mais ou menos da mesma cor que a minha, mas menor, mais leve e bem diferente que nenhum passageiro pegou. Conclusão: alguém que desceu durante o trajeto da viagem pegou a minha mala por engano (ou de propósito, pensei eu inicialmente, meio desconfiado)! Todas as minhas roupas para a viagem (e outras coisas importantes também) estavam nessa mala. Pensei na hora: isto vai estragar com a parte final da viagem. Bom, daí apareceu um monte de gente para ajudar, além os próprios funcionários da empresa de ônibus. Na mala que não tinha dono eles acharam um número de celular para o qual eles ligaram: resumindo, um jovem casal de iranianos desceu na entrada da cidade de Shiraz (alguns quilômetros antes do ponto final na Rodoviária) e o marido acabou pegando a minha mala no lugar da mala deles por engano, talvez por inexperiência em viagens! Um taxista marcou com eles pelo telefone para nos encontrarmos exatamente no local em que eles desceram do ônibus e me desloquei para lá com este taxista (a Renata ficou na rodoviária) e destrocamos as malas minha e deles. Meu alívio foi imenso em ter a minha mala com as minhas roupas e as minhas coisas de volta!


Foto - Ricardo na rua em Shiraz

Shiraz (ou Xiraz) tem uma população de aproximadamente 1,3 milhões de habitantes. Uma das mais belas surpresas desta viagem foi visitar a Mesquita Nasir Al Molk, conhecida pelos seus vitrais coloridos e pelo jogo de luzes produzidos dentro dela pelos raios de luz que atravessam estes vitrais.


Foto – Renata dentro da Mesquita Nasir Al Molk, com luzes coloridas


Foto – Ricardo dentro da Mesquita Nasir Al Molk, com jogo de luz de várias cores


Foto – Do lado de fora da Mesquita Nasir Al Molk

            Visitamos também o Restaurante Haft Khan, onde a Renata fez uma amiga com a qual ela mantém contato por meio das redes sociais.


Foto - Restaurante Haft Khan


Foto – Dentro do Restaurante Haft Khan


Foto – Renata com amiga no Restaurante Haft Khan

            Em Shiraz visitamos o Jardim Eram, o Mausoléu do Poeta Hafez (um dos maiores poetas persas que vivei no século 14 e cujas obras são encontradas nas casas de muitos iranianos) e a Biblioteca Nacional.


Foto - Renata no Jardim Eram


Foto – No Jardim Eram junto com moças com roupas típicas


Foto – Tomando chá com açúcar cristalizado no palito no Jardim Eram


Foto - Mausoléu do Poeta Hafez


Foto – Ricardo na Biblioteca Nacional


Foto - Renata no jardim da Biblioteca Nacional com gatinho

            Visitamos também a Fortaleza Arg-e Karim Khan.


Foto - Renata na frente da Fortaleza Arg-e Karim Khan


Foto - Estátua de fotógrafo na frente da Fortaleza Arg-e Karim Khan


Foto - Ricardo com árvores de laranja na Fortaleza Arg-e Karim Khan


Foto - Ricardo e Renata dentro da Fortaleza Arg-e Karim Khan

            Ao lado da Fortaleza Arg-e Karim Khan descobrimos um Relógio de Sol (Sundial) muito curioso, pois quem produz a sombra que marca as horas é o nosso próprio corpo quando estamos posicionados na posição certa dependendo da mês em que estamos durante o ano.


Foto – Relógio de Sol (Sundial) com Ricardo produzindo a sombra que marca as horas


Foto – Nomes dos meses na posição em que devemos nos postar no Relógio de Sol


Foto – Marcação do Relógio de Sol

            Um dos locais mais sagrados é o santuário Shah Cheragh, um mausoléu (com um monumento funerário e uma mesquita) onde estão enterrados os irmãos Ahmad e Muhammad. Os dois se refugiaram na cidade de Shiraz durante a perseguição do Califado Abássida aos muçulmanos xiitas no século 9. Como é um local de caráter muito religioso a Renata teve que cobrir todo o corpo com uma espécie de lençol (ela ficou meio fantasmagórica, parecia uma fantasminha ... rsrsrs...).

Foto - Ricardo e Renata no Shah Cheragh


Foto - Renata dentro do Shah Cheragh


Foto - Com guias para a visita a Shah Cheragh

            Depois de conhecer as principais atrações da cidade de Shiraz, contratamos um motorista e fizemos um passeio para conhecer a maior “joia” turística, arqueológica e histórica do Irã: as ruínas das cidade de Persépolis. Situada a cerca de 70 km de Shiraz, as ruínas de Persépolis são tombadas como patrimônio da humanidade pela UNESCO.
            Persépolis (= “cidade dos persas”), a capital cerimonial do Império Persa Aquemênida, teve a sua construção iniciada em 512 a.C. pelo imperador persa Dario I; posteriormente seu filho Xerxes I e seu neto Artaxerxes I ampliaram construção deste massivo complexo suntuoso, até que em 330 a.C., o Imperador da Macedônia, Alexandre, o Grande, ocupou e saqueou Persépolis, incendiando o Palácio de Xerxes. Conhecer Persépolis foi uma experiência extraordinária! Passamos várias horas passeando pelas ruínas!


Foto – Entrada de Persépolis


Foto – Renata junto a monumentos na entrada de Persépolis


Foto – Ricardo nas ruínas de Persépolis


Foto – Renata entre colunas de Persépolis


Foto – Renata e Ricardo em Persépolis


Foto – Renata junto a duas grande Portas em Persépolis


Foto – Ricardo com visão ampla de Persépolis


Foto – Museu de Persépolis com uma escultura da cabaça de Xerxes


Foto – Museu de Persépolis com um bloco com inscrição cuneiforme


Foto – Renata saindo de Persépolis

            De Persépolis, na tarde deste mesmo dia, ainda visitamos duas outras atrações: primeiro visitamos a impressionante necrópole persa de Naqsh-e Rostam (com tumbas esculpidas na forma de gigantescas cruzes em uma espécie de penhasco).



Foto - Renata na necrópole persa de Naqsh-e Rostam


Depois estivemos nas ruínas de Pasárgada (que foi a capital dos persas antes de Persépolis), onde provavelmente está enterrado Ciro, o Grande, o Imperador Persa que reinou entre 559 e 530 a.C.



Foto - Ricardo na provável Tumba de Ciro, o Grande, em Pasárgada


Foto - Renata na provável Tumba de Ciro, o Grande, em Pasárgada

            Na minha avaliação (do Ricardo) o Irã tem que avançar muito para se tornar um país mais democrático, sobretudo na questão de gênero e dos direitos das mulheres e de homossexuais, MAS, e este é um importante MAS, não se consegue isto por meio do bloqueio econômico que os Estados Unidos durante o governo Trump vem intensificando contra a economia iraniana, muito menos por meio de agressões militares dos EUA contra o Irã e seu governo. Acreditar que os objetivos destas ações dos Estados Unidos são nobres e visam construir um estado democrático no Irã é o mesmo que acreditar no coelhinho da Páscoa ou no Papai Noel. O bloqueio dos EUA contra Cuba e as ações militares dos EUA no Iraque ou mesmo na Síria só fizeram piorar muito as condições de vida nestas nações. A Síria em particular foi destruída por uma guerra civil insana fomentada pelos EUA na ânsia de derrubar o governo naquele país! E na prática o que os EUA conseguiram foi fortalecer o Estado Islâmico, um grupo fundamentalista religioso extremado, mas que também tinha o mesmo objetivo dos norte-americanos: derrubar o governo da Síria! O governo Trump nos EUA (tristemente com o apoio para isto do governo Bolsonaro no Brasil, um governo com características muito próximas do fascismo) tem agido para desestabilizar governos de nações que não estejam alinhadas ideologicamente com os interesses econômicos norte-americanos numa flagrante violação da mais básica soberania de cada nação no contexto mundial. O que os EUA quer no Irã não é mais democracia, mas sim ter o controle da 4ª maior reserva de petróleo do mundo, como tinha até antes da revolução islâmica de 1979!


EMIRADOS ÁRABES UNIDOS (E.A.U.)

            De Shiraz voamos de volta para Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, onde ficamos alguns dias.  Os Emirados Árabes Unidos ou E.A.U. (em inglês: United Arab Emirates ou U.A.E.) são um pequeno, mas muito rico país localizado na Península Arábica, junto ao Golfo Pérsico. Sua população estimada é de 9,6 milhão de habitantes. São sete os emirados que compõe os E.A.U.: o maior e mais conhecido deles é Dubai, enquanto o segundo maior que é a capital é Abu Dhabi. Conhecemos este dois emirados (que são na verdade, duas cidades) nesta viagem. Pelos dados do Banco Mundial (dados de 2018) a renda per capita dos E.A.U. (em dólares norte-americanos=USD) são cerca de USD 75.000,00 (para efeito de comparação, a renda per capita do Brasil é de cerca de USD 16.000,00). A origem de tanta riqueza (e para uma nação com uma população relativamente pequena): petróleo! Fonte: <https://data.worldbank.org/indicator/NY.GDP.PCAP.PP.CD?locations=AE>. Os habitantes dos E.A.U. são árabes e não persas como ocorre com os habitantes do Irã: estas são duas culturas e etnias muito diferentes, apesar de que, em termos religiosos, em ambos os casos, na sua esmagadora maioria eles são muçulmanos (seguidores da religião islâmica). 

DUBAI

            Dubai esbanja riqueza de muitas formas diferentes. Mas para construir tudo que reluz em Dubai, como o prédio mais alto do mundo (o Burj Khalifa) são necessários muitos trabalhadores que na sua imensa maioria é constituída de imigrantes de países bem mais pobres da Ásia ou da África e que veem, com razão, a possibilidade de trabalhar em Dubai como uma porta de saída para a miséria.


Foto – Ricardo no Burj Khalifa


Foto – Renata no Burj Khalifa


Foto – Fonte com águas dançantes em frente ao Burj Khalifa

            No imenso Shopping Center que existe em anexo ao prédio do Burj Khalifa há um grande aquário e uma réplica de esqueleto de um Dinossauro; aliás havia até uma exposição com soldados da “Stormtrooper” dos filmes da saga “Star Wars” (Guerra nas Estrelas).


Foto – Aquário no Shopping Center que existe em anexo ao Burj Khalifa


Foto – Réplica de esqueleto de um Dinossauro no Shopping Center que existe em anexo ao Burj Khalifa


Foto - Ricardo com soldados da “Stormtrooper” de Star Wars no Shopping Center que existe em anexo ao Burj Khalifa

            Outro prédio belíssimo é o Burj Al Arab, um hotel com a forma de uma vela de uma barco! Fomos conhecer este prédio perto do horário do pôr do sol, quando ocorre uma revoada dos pássaros marinhos que ficam pela região. 


Foto - Renata, o sol se pondo e pássaros voando perto do Burj Al Arab


Foto - Renata com revoada de pássaros


Foto - Mesquita e Burj Al Arab com o sol se pondo


Foto - Mesquita e Lua, logo após o Sol se por

            De noite fizemos uma linda caminhada pelo centro de Dubai, o que foi ajudado pelo fato de estar noite de Lua cheia! Passeamos pelo Museu de Dubai, pelo Distrito Histórico, ao lado do Rio “Dubai Creek” e perto das Torres Apanhadoras de Vento (Badgirs) que serve para refrescar os ambientes fechados durante o verão escaldante da região (não sofremos com isso, pois estávamos viajando no inverno de Dubai, que está no Hemisfério Norte e por isso ocorre no mês de janeiro).


Foto - Renata com a Lua ao fundo


Foto - Renata dentro do Museu de Dubai


Foto - O Museu de Dubai e a Lua


Foto - Rua com estatuas com luz por dentro


Foto - Renata com o rio ao fundo de noite


Foto - Torres apanhadores de vento (badgirs) com a Lua


Foto - Renata em rua de Dubai com torre apanhadora de vento (badgir)


            Um outro passeio que fizemos foi para conhecer a Mesquita Jumeirah, a única mesquita de Dubai que permite a entrada de ocidentais não muçulmanos, acompanhados de uma guia que dá uma verdadeira aula sobre a história e as características do islamismo.


Foto – Renata em frente à Mesquita Jumeirah


Foto – Tomando chá antes de entrar na Mesquita Jumeirah


Foto – Trajados para visitar por dentro a Mesquita Jumeirah

            Estivemos também na Palm Jumeirah (Palmeira Jumeirah), uma ilha artificial imensa construída no formato de uma palmeira. Para entrar na Palm Jumeirah pegamos um monorail (um bondinho). Na estação final deste monorail está o Hotel Atlantis com sua arquitetura espetacular.


Foto – Visão de Palm Jumeirah (foto que está disponível na internet)


Foto – Vista do Hotel Atlantis a partir do monorail


Foto – Dentro do monorail para Palm Jumeirah


            Perto de Palm Jumeirah fica a “Dubai Marina”, uma região que deu para perceber que é muito rica mesmo!


Foto – Região da “Dubai Marina”

            Em nosso passeio por Dubai fomos também até uma praia pública, onde pudemos até nos aproximar de alguns simpáticos camelos que estavam por lá!


Foto – Praia pública de Dubai


Foto – Renata com camelo


Foto – Ricardo com camelo


ABU DHABI


            Em um de nossos dias que estivemos em Dubai nos transportamos por cerca de 140 km para o sul e fomos conhecer Abu Dhabi, a segunda maior cidade dos Emirados Árabes Unidos e a capital desta nação. Abu Dhabi também se revelou uma cidade esbanjando riqueza por todos os lados, justapondo o moderno e o tradicional em sua arquitetura.


Foto - Renata junto a belos prédios modernos de Abu Dhabi


Foto - O tradicional e o moderno na arquitetura de Abu Dhabi


Foto - Renata e o prédio do Fairmont Marina Hotel ao fundo, em Abu Dhabi


Foto - Renata com prédios modernos e bonitos ao fundo, em Abu Dhabi


Foto - Ricardo em frente ao Emirates Heritage Club de Abu Dhabi


Foto - Renata, gaivotas e prédios ao fundo, em Abu Dhabi


Foto - Roda Gigante e o prédio do Fairmont Marina Hotel, em Abu Dhabi

            Conhecer o Irã e as cidades de Dubai e Abu Dhabi nos Emirados Árabes Unidos foi uma experiência única e inesquecível, pois nos permitiu acessar culturas fascinantes e bastante diferentes das nossas.

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VIAJANDO PELO CÁUCASO E POR CATAR

Julho de 2018. Viajamos pela Qatar Airways para conhecer os três países da região mais ao sul do Cáucaso (Geórgia, Azerbaijão e Armênia) e na volta ainda ficamos alguns dias em Doha no Qatar para conhecer este país árabe. O Cáucaso é o nome que se dá a uma cordilheira existente na região compreendida entre o Mar Negro e o Mar Cáspio, ao sul da Rússia. As três repúblicas do Cáucaso fizeram parte da antiga União Soviética.

GEÓRGIA

            Dos três países do Cáucaso, a Geórgia é aquele que fica mais ao norte, inclusive com uma extensa fronteira com a Rússia. A Geórgia tem uma população de cerca de 3,7 milhões de habitantes e uma renda per capita (em PPC=”Paridade do Poder de Compra” ou, em inglês, PPP=“Purchasing Power Parity”) de cerca de USD 12.000,00 (USD=Dólar Norte Americano); a fonte para este dado (de 2018) está no link do Banco Mundial (World Bank): <https://data.worldbank.org/indicator/NY.GDP.PCAP.PP.CD?locations=GE-AZ-AM>. Para efeito de comparação, esta mesma base de dados do Banco Mundial apresenta o Brasil com uma renda per capita de cerca de USD16.000,00. O alfabeto usado na Geórgia é o alfabeto georgiano, totalmente diferente do nosso alfabeto latino.

Foto – Texto escrito no Alfabeto Georgiano, na cidade de Tbilisi

A capital da Geórgia é a cidade de Tbilisi com aproximadamente 1,1 milhão de habitantes.


Foto – Visão de Tbilisi a partir da Catedral de Sameba

Uma das primeiras atrações que visitamos em Tbilisi foi a Catedral de Sameba, pois ela se situava perto do hotel onde nos hospedamos. Esta é uma catedral da religião predominante da Geórgia está associada à Igreja Ortodoxa Georgiana que tem cerca de 1500 anos.


Foto – Catedral de Tbilisi

            Tbilisi é uma cidade simpática com uma região turística central que apresenta alguns edifícios com uma arquitetura bem moderna.


Foto – Região turística central de Tbilisi

            Uma das atrações é a ponte da paz (“Peace Bridge”) sobre o Rio Mtkvari.


Foto – Peace Bridge


Foto – Rio Mtkvari com a Ponte da Paz ao fundo


Foto – Divina bebendo cerveja ao lado do Rio Mtkvari

            Subimos por um “Cable Car” (“Bondinho”) até a Fortaleza Narikala situada no topo de uma colina bem alta. Na descida da volta passamos por algumas lojas mais comerciais que vendiam lembranças para turistas.


Foto – Fortaleza Narikala


Foto – Divina com “peruca-chapéu”

            Visitamos o Museu da Geórgia que conta no seu lobby com uma exposição sobre Dmanisi, um sítio arqueológico localizado no sul da Geórgia onde foram encontrados crânios de hominídeos de 1,8 milhões de anos atrás.


Foto – Museu da Geórgia


            Em um dos dias, nos transportamos pelo metrô de Tbilisi que é bastante profundo.


Foto – Escada rolante para o metrô de Tbilisi



Na cidade de Gori, visitamos o Museu Josef Stalin. Nesta pequena cidade georgiana (com cerca de 50 mil habitantes) nasceu Stalin, o homem que governou, de forma bastante autoritária e ditatorial, a União Soviética (de meados dos anos 1920, após a morte do líder da revolução soviética, Lenin, até a sua própria morte em 1953) numa época de comunismo linha-dura. Além disso, foi Stalin quem, em particular, liderou a URSS na Segunda Guerra Mundial, durante a qual o exército soviético conseguiu derrotar as tropas nazistas de Hitler: os alemães chegaram a ocupar boa parte do território soviético a partir da invasão de 1941, mas aos poucos começaram a ser expulsos do território soviético pelo exército vermelho e foram finalmente derrotados em 1945.


Foto – Museu Josef Stalin


            Também fizemos outros passeios em atrações turísticas georgianas situadas fora de Tbilisi, como a Catedral Ortodoxa de Mtskheta e a antiga cidade Uplistsikhe, com habitações talhadas (esculpidas) nas pedras ou seja em espécie de cavernas.

Foto - Catedral Ortodoxa de Mtskheta


Foto - Uplistsikhe


AZERBAIJÃO

            De Tbilisi pegamos um avião para Baku, capital do Azerbaijão, um país de maioria muçulmana que fica a sudeste da Geórgia junto ao Mar Cáspio. O Azerbaijão tem cerca de 9,5 milhões de habitantes e um renda per capita de aproximadamente USD 18.000,00, razoavelmente maior que as vizinhas Geórgia e Armênia: o motivo desta maior riqueza são as grandes reservas de petróleo do Azerbaijão que inclusive levaram Hitler a destacar uma parte do seu exército para tentar conquistar esta região na invasão da União Soviética, durante a operação Barbarossa que se iniciou em 22 de junho de 1941.


Foto – Poços de extração de petróleo espalhados pelo território do Azerbaijão

            Ao contrário da Geórgia e da Armênia, o Azerbaijão usa o nosso alfabeto latino, mas tem uma letra “e” escrita ao contrário que é estranha para nós.
            Baku é uma belíssima cidade que realmente nos surpreendeu: a riqueza desta cidade (conhecida como a Dubai do Cáucaso) deve-se muito ao petróleo. Isto é um indicador que a riqueza do petróleo se utilizada de forma correta não é uma “maldição” como dizem muitos dos críticos à exploração das reservas do Pré-Sal no Brasil.


Foto – Vista panorâmica da cidade de Baku de dia


Foto – Vista panorâmica da cidade de Baku de noite

            Baku tem cerca de 2,2 milhões de habitantes e conta com prédios impactantes pela sua modernidade (como Shangai, Singapura e Dubai). A arquitetura da cidade de Baku realmente é algo magnífico, juntando lado a lado o mais tradicional e o mais inovador.


Foto – Museu de Literatura Nizami


Foto - Academia Nacional de Ciência


Foto – Carpet Museum (Museu do Tapete)


Foto - Fonte, Estação do Funicular e Flame Towers


Foto - Divina e estátua com Flame Towers ao fundo


Foto - Divina no Little Venice Water Park


Foto - Park Bulvar Shopping Center


Foto – Dom Soviet (um belo prédio do período soviético)

            A cidade é muito convidativa e agradável para passear tanto de dia, quanto de noite.


Foto – Fonte iluminada de noite


Foto – Jogando xadrez de noite

            Uma região que vale a pena conhecer é a Cidade Velha (“Old City”): é o coração histórico de Baku.


Foto – Dentro da Old City


Foto – Old City com uma obra de arte exposta

            A música do Azerbaijão é bem característica, contando com instrumentos musicais típicos desta região do planeta. A música “Another Brick in the Wall” do Pink Floyd, tocada ao estilo do Azerbaijão, é um bom exemplo; um vídeo com essa música toca neste estilo pode ser apreciado no link: <https://www.youtube.com/watch?v=oEhE3xR5h7U>.


Foto – Instrumentos musicais do Azerbaijão

            A ida aos restaurantes foi também um deleite. Num deles a Divina se deliciou com uma bela sobremesa flambada!


Foto – Divina com sobremesa flambada

            Mas o destaque mesmo foi o restaurante típico chamado “Sirvansah Muzey Restoran” que conta inclusive com a apresentação de músicos da região.


Foto - Divina no Restaurante Sirvansah Muzey


Foto – Músico tocando no Restaurante Sirvansah Muzey

            Mas a construção que mais chama a atenção de todos são as “Flame Towers” ou “Torres das Chamas”: de noite         há um belo espetáculo de luzes projetadas nestas três torres em forma de chamas de fogo e que estão situadas no alto de uma colina de modo que podem ser avistadas de muitas diferentes regiões da cidade de Baku.


Foto - O moderno (Flame Towers) e o tradicional, lado a lado


Foto - Flame Towers de noite com espetáculo de luzes coloridas

            Outro prédio que chama a atenção é o Heydar Aliyev Cultural Center com exposições de artes as mais variadas. Contudo a maior atração é realmente a arquitetura desta construção branca e cheia de curvas; esta obra foi elaborada pela arquiteta Zaha Hadid: segundo ela, o nosso brasileiríssimo Oscar Niemeyer é o seu arquiteto favorito e a sua influência pode ser vista claramente neste edifício.


Foto - Heydar Aliyev Center visto de lado


Foto - Heydar Aliyev Center com esculturas de coelhos na frente


Foto – “I love Baku” junto ao Heydar Aliyev Center


Foto - Exposição de obras de arte dentro do Heydar Aliyev Center

            Fizemos também alguns passeios para fora da cidade de Baku, como em praias do Mar Cáspio, na Mesquita Bibi Heybat, em vulcões de lama (“mud vulcanoes”) em Alyat, o Suraxani Fire Temple (Templo do Fogo) na Abseron Peninsula e a Montanha do Fogo (Yanar Dag) que vem ardendo sem parar graças a uma mistura de gases inflamáveis que vazam ininterruptamente pelas fissuras das suas rochas (Marco Polo na Idade Média esteve aqui e descreveu este lugar como o fogo que surge do nada).


Foto – Praia para nadar no Mar Cáspio


Foto – Visão exterior da Mesquita Bibi Heybat


Foto – Divina dentro da Mesquita Bibi Heybat


Foto - Vulcões de lama em Alyat


Foto - Templo do Fogo de Suraxani (Fire Temple)


Foto – Montanha do Fogo Eterno (Yanar Dag)

            Finalmente na nossa última noite em Baku, em telões localizados no calçadão a beira mar, assistimos a final da Copa do Mundo de Futebol de 2018 quando a seleção da França ganhou da Croácia e se consagrou como campeã deste torneio mostrando um belo futebol.


Foto – Assistindo a Final da Copa de 2018: França 4 versus Croácia 2


ARMÊNIA
  
            De Baku voamos de volta para Tbnilisi na Geórgia e na sequência de Tbilisi voamos para Yerevan, capital da Armênia, nação que está situada ao sul da Geórgia e a oeste do Azerbaijão. Por que não voamos direto do Azerbaijão para a Armênia (que estão bem pertos um do outro)? Porque estas duas nações estão em conflito desde a Guerra de Nagorno-Karabakh ocorrida na primeira metade dos anos 1990 e atualmente basicamente não há relações entre elas!
            A Armênia é um país com uma população aproximada de 3 milhões de habitantes e uma renda per capita de cerca de USD 10.300,00. A religião predominante é a da Igreja Apostólica Armênia, uma vertente do cristianismo. O país usa o alfabeto armênio que é também totalmente diferente do nosso alfabeto latino.


Foto - Burger King escrito no alfabeto armênio


  A capital da Armênia é a cidade de Yerevan com cerca de 1,1 milhão de habitantes. No seu centro está a bela praça da república onde se situa o Museu de História da Armênia.


Foto – Praça da República


Foto - Museu da História da Armênia na Praça da República


Foto – “I love Yerevan” na Praça da República

            Outra região bonita da cidade é a “Cascata” (“The Cascade”), uma espécie de rua com degraus em pedras (como se fosse uma longa escada).


Foto - Ricardo em frente à “Cascata” (The cascade)


Foto - Visão a partir da cascata (The Cascade)


Foto - Escultura iluminada por dentro na Cascata (The Cascade)


            Muitos outros prédios se destacam em Yerevan como é o caso da Catedral de São Gregório Lusavorich, do Museu Militar da Mãe Armênia e do Instituto de Manuscritos Antigos Matenadaran.


Foto - Catedral de São Gregório Lusavorich


Foto - Museu Militar da Mãe Armênia


Foto - Instituto de Manuscritos Antigos Matenadaran


Foto - Livro de geometria de Ibn Sina no Matenadaran


Foto - Fonte com a criançada se divertindo na água


Foto - Fontes em Yerevan

            Uma das mais importantes atrações de Yerevan é o Memorial e Museu do Genocídio Armênio, segundo o qual cerca de 1,5 milhões de armênios foram mortos em 1915 pelas autoridades turcas quando a Armênia era ainda parte do Império Otomano.


Foto - Ricardo no Memorial e Museu do Genocídio Armênio


Foto - Divina no Memorial e Museu do Genocídio Armênio


Foto - Dentro do Museu do Genocídio Armênio

            Situado mais afastado do centro da cidade de Yerevan está a reserva/museu arqueológica e histórica de Erebuni com sítios arqueológicos que datam de 782 a.C. Lá admiramos crianças que estavam acompanhando seus professores a uma visita a este museu e vimos também músicos que estavam ensaiando algumas canções e estavam vestidos de forma característica. No alto da colina ao lado do museu há a Fortaleza Erebuni pela qual é possível passear.


Foto - Estátua do Rei Argishtis I de Urartu, fundador da moderna Yerevan, em frente à Reserva Erebuni


Foto - Museu de Erebuni com crianças visitando


Foto – Ricardo dentro do Museu Erebuni


Foto - Músicos ensaiando dentro do Museu Erebuni


Foto - Placa com inscrição cuneiforme no Museu Erebuni


Foto - Divina na Fortaleza de Erebuni

            Um dos pontos altos de nossa visita a Yerevan foram os momentos em que estivemos na sua Ópera assistindo um espetáculo de músicas e danças típicas da Armênia. Quem quiser conhecer melhor este espetáculo magnífico, pode assistir este vídeo de 2 minutos com cenas do espetáculo de dança armênia, no link: <https://www.youtube.com/watch?v=uSG-KkZeUjc>.


Foto – Ópera


Foto – Dentro da Ópera


Foto – Dançarinas em um espetáculo maravilhoso que assistimos na Ópera

            Realizamos até um passeio atrações localizadas fora da cidade de Yerevan como no Lago Sevan, no Monastério Geghard (escavado na rocha) e no Templo Garni (construído em estilo helênico no século 1 depois de Cristo pelo Rei Trdat. Neste passeio fizemos até uma refeição típica armênia junto com outros turistas que estavam conosco.


Foto – Divina no Lago Sevan


Foto - Monastério Geghard


Foto - Cânticos religiosos dentro do Monastério Geghard


Foto - Divina na frente do Templo Garni


Foto - Divina e Ricardo no Templo Garni


Foto – Refeição típica armênia

            Do Aeroporto de Yerevan, antes de partirmos (e mesmo de dentro do avião no início do voo) foi possível ver o impressionante Monte Ararat com 51565 metros de altitude e que está situado em território da Turquia (a fronteira entre Armênia e Turquia está bem próxima de Yerevan).


Foto – Aeroporto de Yerevan com Monte Ararat ao fundo (em território da Turquia)


Foto – Monte Ararat visto do avião


CATAR

            Da Armênia voamos para Doha, a capital do Catar (ou Qatar), um pequeno país situado na península arábica, junto ao Golfo Pérsico. A renda per capita do Catar é de gigantescos USD 126.800,00 (a renda per capita do Brasil, novamente, para efeito de comparação, é de USD 16.000,00)! Fonte: <https://data.worldbank.org/indicator/NY.GDP.PCAP.PP.CD?locations=QA>. Dinheiro, muito dinheiro, proveniente da exploração de petróleo. Esta riqueza toda está nas mãos de uma minoria dos 3,6 milhões de habitantes do país, mas a verdade é que acaba sobrando “algumas migalhas” de dinheiro para as classes mais populares. Há inclusive muitos imigrantes de países mais pobres da Ásia e da África trabalhando muito na construção civil, sobretudo nas obras para a Copa do Mundo de Futebol de 2022 que será realizada no Catar.

Foto - Estádio Internacional Khalifa (para a Copa de 2022) e a Torre Tocha

            A capital do Catar (um país minúsculo) é Doha que conta com uma população de aproximadamente 800 mil habitantes. Doha conta com muitas atrações turísticas como a Mesquita Najadah, o Museu de Arte Islâmica


Foto - Mesquita Najadah


Foto - Museu de Arte Islâmica


Foto - Vista de Doha a partir do Museu de Arte Islâmica


Foto - Museu da Arte Islâmica: Relógio de Sol


Foto - Museu da Arte Islâmica: Astrolábios


Foto - Divina dentro do Museu de Arte Islâmica


Foto - Divina admirando a cidade a partir do Museu da Arte Islâmica


Foto - Museu da Arte Islâmica - Vista do mar com barcos

            O calor que fazia durante boa parte do dia (até pelo menos as 17h) neste mês de julho de 2018 era simplesmente infernal. Durante o dia, a gente não conseguia andar mais que alguns quarteirões sem ter a necessidade urgente de se abrigar em algum ambiente fechado e refrigerado (ou pelo menos com uma temperatura menor). Para exemplificar, em uma região muito “descampada” e aberta da cidade de Doha, onde não havia qualquer lugar para se abrigar do calor, no caminho para o Museu de Arte Islâmica, havia uma ambulância grande parada para socorrer pessoas que estivessem passando muito mal na tentativa de chegar ao museu andando, que não era assim tão longe, mas era necessário caminhar algumas centenas de metros (em ambiente aberto) para chegar até ele. Conclusão: boa parte dos turistas e mesmo cidadãos saiam para andar pela cidade somente a partir do final da tarde e de noite. Uma opção que tínhamos era nadar na piscina que existia no andar mais alto do prédio de nosso hotel. Outra forma de contornar o calor durante o dia era visitar algum shopping center (ou em um “souq”/“souk” ou mercado tradicional árabe, neste caso em ambiente fechado) climatizado e ostentando riqueza como acontece com quase tudo neste país. Finalmente, uma outra possibilidade era passear de noite quando a temperatura estava mais agradável: a Grande Mesquita de Doha nós visitamos somente de noite.


Foto - Divina na piscina de nosso hotel em Doha


Foto - Shopping Center com uma "pequena Veneza" dentro dele


Foto – Gold Souq


Foto - Artistas expondo suas obras em uma loja de um souq


Foto – A Grande Mesquita


Foto – A Lua e a Grande Mesquita


            Os prédios e construções modernas realmente encantaram os nossos olhos.


Foto - Divina junto a prédios modernos


Foto – Prédios “tortos"

            Estivemos também em uma praia de Doha numa região mais rica da cidade. Além disso visitamos criações de diferentes tipos de animais: camelos, cavalos, gaviões, etc.



Foto – Ricardo na praia de Doha


Foto – Criação de camelos


Foto – Criação de cavalos


Foto – Criação de gaviões

            Uma curiosidade. Como as relações diplomáticas entre Qatar e a Arábia saudita estão cortadas, os aviões da Qatar Airways não podem sobrevoar o espaço aéreo da Arábia Saudita. Como a Arábia Saudita está exatamente no meio da linha (uma linha sobre a esfera do nosso globo terrestre que se chama geodésica) que liga São Paulo até Doha os aviões da empresa neste voo Brasil-Catar têm que fazer um contorno pelo espaço aéreo da Turquia; só depois de contornar a Arábia Saudita pelo norte é que o avião começa a se deslocar em uma linha reta (na verdade uma linha geodésica sobre uma esfera) em direção do Brasil!



Foto - Aeroporto do Catar

            No nosso voo de volta do Catar para o Brasil a Qatar Airways por algum milagre decidiu nos conceder um presente e nos transferiu da classe econômica para a classe executiva.


Foto - Divina voltando de classe executiva para o Brasil pela Qatar Airways

Portanto este voo de volta para o Brasil foi realmente bem menos “apertado” que o normal e por isso mesmo muito mais agradável! Agradecemos muito a Qatar Airways por nos ter dado este delicioso presente.

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Turquia


Finalzinho de dezembro de 2007. Tínhamos pouco menos que um mês e decidimos conhecer 5 países: Turquia, Síria, Líbano, Jordânia e Israel, nesta sequência. Nesta região concentra-se uma parte considerável das origens históricas da civilização humana. Portanto acreditamos que está é uma viagem de caráter eminentemente histórico e cultural, mas com certeza também existirão belas paisagens naturais para serem vistas e apreciadas.

A nossa viagem começou por Istambul, a única cidade do mundo que está em dois continentes ao mesmo tempo! Uma parte dela (a principal) está na Europa e a outra parte, atravessando a ponte sobre o estreito de Bósforo, está na Ásia. Este estreito liga o mar Negro que fica ao norte ao mar Mediterrâneo (por meio do mar de Mármara e do mar Egeu) mais ao sul.



A maior parte da Turquia é asiática, mas uma pequena parte do país está na Europa de modo que a Turquia tem fronteira terrestre tanto com a Grécia, quanto com a Bulgária. É por isso que o grande sonho de consumo da Turquia sempre foi entrar para a zona do euro... Apesar de a capital da Turquia ser Ancara (bem no meio do país, como a nossa Brasília), seguramente Istambul é a cidade de maior importância do país! No seu centro, duas belas construções se destacam, estão uma em frente à outra e são até que parecidas. Em primeiro lugar há a “Aya Sofia” que foi no seu nascimento a catedral de Santa Sofia e hoje é um museu.



Um pouco de história: a cidade de Istambul está localizada exatamente onde os romanos construíram (estrategicamente) Constantinopla, a capital do Império Romano do Oriente, em contraponto à Roma que era a capital do Império Romano do Ocidente e que caiu dominada pelos bárbaros em 476 d.C.. Por mil anos entre os séculos V e XV Constantinopla foi um centro importante da cristandade que só perdeu este caráter após a sua conquista em 1453 d.C. pelos turcos otomanos, quando começou a se caracterizar a Turquia de hoje. Ou seja, a Idade Média foi a época em que Constantinopla que liderava o mundo cristã! Ou seja, mesmo sendo hoje de maioria muçulmana, a Turquia é tributária do cristianismo na sua nascença! Com o domínio muçulmano na região, após a queda de Constantinopla, foi construída a bela Mesquita Azul em frente ao prédio da Aya Sofia!



Antes ainda de Constantinopla, a cidade fundada por gregos séculos antes de Cristo e que existia naquela localidade chamava-se Bizâncio. Ou seja, Bizâncio virou Constantinopla que virou Istambul. É mole? Um dos prédios mais belos do centro turístico de Istambul é o palácio Topkapi que vale muito a pena visitar.



O idioma turco é escrito usando-se o nosso alfabeto latino, mas com algumas modificações. Só percebi isto quando fui utilizar a internet e não conseguia entrar na minha conta de e-mail. Isto por que lá há duas letras “i”: uma letra “i” tem o pontinho em cima do “i” (como no nosso português), mas outra letra “i” não tem o pontinho sobre o “i”, algo que eu demorei pelo menos meia hora para perceber. Não me culpem: quem presta atenção em pontinhos de “is” de duas teclas diferentes do teclado, não é mesmo? Moral da história: até um pontinho no “i” faz a diferença! A Turquia é um país cuja esmagadora maioria da população é muçulmana, mas que tem um governo laico (não religioso). Nos anos 20, Atatürk estruturou o estado turco como conhecemos hoje e separou a religião dos poderes estatais. Por exemplo, de acordo com a norma religiosa muçulmana um homem pode ter até 4 esposas (desde que possa sustentá-las), e isto é seguido ainda hoje em alguns países muçulmanos bastante religiosos. Mas na Turquia isto não ocorre pois é considerado crime, e, deste modo, a monogamia é uma imposição desde os anos 20. Ou seja, a Turquia está bem ocidentalizada faz muito tempo, e quase não vimos mulheres de burca, por exemplo. Há na Turquia atualmente uma democracia razoavelmente bem estabelecida com eleições periódicas e livres.

Istambul é uma cidade para muitos gostos e com muitas atrações: as cisternas feitas pelos romanos para armazenar água, o grande Baazar com suas lojas, o obelisco, o Arco parecido com o arco do Triunfo, o museu de Istambul, o calçadão central de Istiklal Caddesi, o cemitério muçulmano. Há até um forte movimento gay na cidade mostrando uma abertura no mundo muçulmano para os nossos tempos modernos!

É importante lembrar que na época da Grécia antiga, alguns séculos antes de Cristo, muitas das cidades estados gregas da época (como Tróia e Éfeso) se localizavam geograficamente onde hoje é a atual Turquia. Portanto, a Turquia também é tributária da civilização grega! Muito legal foi ver uma réplica do cavalo de madeira de Tróia em um museu de Istambul.




Passeamos também pela Universidade de Istambul, principalmente pelos seus Institutos de Pesquisa nas áreas das Ciências Naturais e pudemos observar moços e moças estudando em aparente pé de igualdade, a maioria vestindo jeans como em qualquer universidade do ocidente (inclusive no Brasil) indicando que há também um avanço na forma de tratar questões relacionadas a desigualdades de gênero.

Toda a nossa viagem de Istambul até Tel Aviv foi feita de ônibus. Assim sendo, saímos de Istambul de ônibus e a nossa primeira parada foi para conhecer as ruínas de Éfeso, importante cidade da antiguidade grega! Talvez o seu mais belo prédio é o da bela biblioteca de dois andares cuja frente ainda está miraculosamente de pé numa região com muitos terremotos. Tentamos imaginar como ela seria na época da plenitude de seu funcionamento.



Paramos também para conhecer as ruínas de Hierápolis, sobretudo o seu Anfiteatro e por ali também visitamos as “travertines” de Pamukkale, piscinas naturais com águas quentes e termais que foram muito usadas pelos povos que lá viveram. 



Fomos também a uma exibição dos Dervishes que são homens dançarinos vestidos de branco com túnicas que ao girar abrem como saias rodadas das mulheres: a dança ritual consiste basicamente em eles ficarem girando e girando sem parar como num transe. A denominada música “sufi” e toda a cerimônia desta dança têm muita importância religiosa para as pessoas daqui! Depois de um tempo acaba cansando ver eles girando sem parar, mas ao saber da história passamos a entender melhor o ritual.




A nossa próxima parada foi na Capadócia bem no meio da Turquia. Lá visitamos catacumbas e ficamos hospedados em um hotelzinho escavado na pedra. A Capadócia se caracteriza pelas construções e residências escavadas na pedra (como cavernas) e pelo cenário que parece de outro planeta! A melhor e mais tradicional forma de conhecer a Capadócia é por balões que saem bem de manhãzinha, quando não há muitos ventos e é pequena a chance de o passeio ser cancelado por uma mudança climática repentina.



Ver os balões coloridos imensos enchendo ao nosso lado é muito bacana mesmo. Melhor do que isto é passear de balão (sem motor e, portanto, num silêncio relaxante) por cima das crateras e do território exótico da Capadócia, sendo levado só pelo vento e vendo muitos e muitos outros balões, cada um de uma cor, por todos os lados. Custa caro este passeio, mas vale a pena! No final, um carro pega a gente onde o vento levou e fez pousar o balão, com direito a um brinde de champanhe e a um diploma de que aquela pessoa X voou de balão por lá, com o nome de cada um e a data do vôo!



Estava um frio do cão (coitadinho do cão...) e passamos o réveillon da virada do ano de 2007 para 2008 no nosso hotel-caverna escavado na pedra numa vilazinha da Capadócia onde estávamos hospedados; quando deu meia-noite até abrimos a porta para ver alguns (poucos fogos) que escutamos lá foram, mas não tinha “vivalma” pela rua e a temperatura era totalmente congelante seguramente bem menos de 15 graus Celsius negativos! Achamos melhor e mais sábio continuar debaixo do cobertor...






Síria



Atravessamos a fronteira entre Turquia e Síria e fomos direto para a cidade de Alepo que está próxima à divisa. Alepo tem uma interessante citadela para ser visitada, uma bela torre de relógio central, um bom museu nacional, um “souq” (uma ruela comercial coberta e com lojas de negócios) e perto de Alepo estão as ruínas da Basílica de São Simeão. São Simeão viveu como um eremita nesta região próximo à Basílica por volta do século V depois de Cristo: um dia subiu no alto de uma pilastra (coluna) e ficou vivendo ali e no alto de outras pilastras por 36 anos antes de morrer! A última pilastra em que vivia no alto tinha 18 metros de altura! Que loucura e que determinação, não é mesmo!




Hoje a Síria é um país muçulmano, mas nos séculos iniciais do cristianismo esta era uma região eminentemente cristã. Curiosamente, na grande mesquita de Alepo está a tumba de Zacarias, pai de São João Batista. Numa foto em frente a este tumba havia muitos muçulmanos em frente dela orando. Há muitas coisas em comum entre o cristianismo e o islamismo. O próprio São João Batista é uma figura importante para os muçulmanos assim como Jesus. A questão que pega para os muçulmanos é se Jesus é o filho de Deus ou não! Mas eles o encaram como um grande profeta como Moisés e outros do Velho Testamento! Aqueles que apostam em (e as vezes até torcem por) uma guerra de religiões entre a cristandade e o Islã neste início do século XXI costumam desconhecer esta senhora importante que é a História! Boa parte da história do cristianismo é incorporada pelo islã que é uma religião que surgiu mais de seis séculos após o surgimento do cristianismo, que por sua vez é uma religião que tem raiz no judaísmo e incorpora deste o Antigo Testamento, por exemplo. São as três grandes religiões monoteístas que tem raízes comuns (e que muitas vezes são vistas como inimigas): o islamismo, o cristianismo e o judaísmo!

A Síria ao contrário da Turquia, não pode ser chamada de democracia: desde 1970 que a Síria tem como governante um Assad (o pai e depois o filho). A Síria faz fronteira ao norte com a Turquia e tem uma considerável fronteira a leste com o Iraque, país que foi invadido pelos EUA, após os atentados de setembro de 2001. O rio Eufrates (um dos dois rios que formava a antiga Mesopotâmia, atual Iraque) atravessa o leste do país que de resto é bastante desértico. A Síria tem fronteiras também com o Líbano, a oeste, e tem sido tradicionalmente acusada de se “intrometer” muito nas questões internas do Líbano: ambos os países tem um certa influência francesa devido, fruto do colonialismo francês que por lá vigorou até a primeira metade do século XX. A Síria ainda tem fronteiras com Israel a sudoeste, país com quem já entrou em guerra e onde há questões delicadas de fronteira sobre as colinas de Golã. E a Síria finalmente tem fronteiras também com a Jordânia ao sul!

A jóia arqueológica da Síria são as ruínas da cidade romana de Palmíria, localizadas no meio do deserto sírio, perto da fronteira com o Iraque. Seus prédios com gigantescas pilastras são magníficos. Algumas construções tinham inclusive uma tecnologia anti-terremoto com cilindros colocados na horizontal em vez de pedras em forma de paralelepípedo.



Perto de Palmíria há também um castelo árabe medieval, construído como muitos outros castelos que foram feitos (pelos dois lados) na época das cruzadas, as guerras entre Cristãos e Muçulmanos que ocorreram durante a Idade Média. Talvez o mais famoso destes castelos é o Crac de Chevaliers ou Castelo dos Cavaleiros das Cruzadas. 


Fazia muito frio, e ali perto, um grupo de pessoas tentava se aquecer e fumar o Narguilé que é bastante adocicado e que está se difundindo pelo mundo e se tornando até uma moda! Eu fumei, mas não traguei, como pode ser facilmente visto!



Estivemos também na importante cidade de Hama onde existem as famosas “norias”, rodas d´água que levantavam a água do rio, levando-a por longas distâncias por meio de aquedutos para irrigar plantações! Genial esta tecnologia que é milenar: grandes engenheiros foram estes árabes!



Uma outra jóia arqueológica da Síria são as ruínas da cidade de Apamea que foi fundada por um general de Alexandre, o Grande! Lá fizemos amizade com uma coreana turista como nós e que passeou com a gente pelas ruínas. Viajar é também conhecer outros turistas e trocar idéias até para planejar futuras outras viagens.



Finalmente chegamos a Damasco, a capital da Síria, e alegadamente, a mais antiga capital do mundo, uma cidade continuamente habitada sem interrupções por mais de 4 milênios! Não é pouca coisa não... Damasco tem muitas vielas e souqs (ruas comerciais cobertas, uma espécie de pré-Shopping Center). O grande herói daqui, o Simon Bolívar da Síria, foi o General Saladino que liderou com sucesso os muçulmanos durante parte das cruzadas. Há em sua homenagem estátuas com ele cavalgando um belo cavalo e o seu túmulo é um ponto turístico importante.

Perguntinha rápida: quem está enterrado na Mesquita de Damasco? Pense alguns segundos!  Resposta: o próprio São João Batista tem uma tumba sagrada na Mesquita de Damasco. Ele é muito cultuado pelos muçulmanos, para vocês verem como há importantes pontos de convergência entre o ocidente cristão e o islamismo.


Infelizmente grupos políticos conservadores, veículos de imprensa com baixa credibilidade e excessiva tendenciosidade (como é o caso da revista Veja) e governos como o dos EUA (sobretudo após a invasão do Iraque e do Afeganistão pelo presidente George W. Bush) vem incentivando esta visão de guerra santa (choque de civilizações) entre cristãos e muçulmanos! E isto, pelo mundo todo acaba numa competição (entre os dois lados) para ver quem é mais fundamentalista, quem é mais irracional, quem é mais fanático, quem é mais agressivo, quem é mais mortal, tanto do lado muçulmano, quanto do lado cristão (ocidental). E lá no orienta médio, no meio deste “quiprocó” todo, para complicar as coisas, aparecem judeus ortodoxos fundamentalistas (incentivados por um governo israelense irresponsável) tentam estabelecer colônias no meio da Cisjordânia, em pleno território palestino, agravando ainda mais todo o problema dos conflitos religiosos no mundo deste início de século XXI! Como sair desta? Com conhecimento, com educação, com ampliação dos níveis de escolaridade, com esclarecimento, com diálogo, com paz, com tolerância, com distribuição de renda, com a diminuição das desigualdades entre classes sociais e entre países da região. E com governos e veículos de imprensa que não sejam manipuladores nem maniqueístas! Ou seja, um problema muito grande para nós dois, humildes viajantes independentes... Portanto, vamos voltar a nossa viagem!

Na mesquita Umayyad de Damasco, descobrimos que as mulheres têm que usar uma espécie de robe que é emprestado na entrada de modo que elas passam a parecer um “chapeuzinho marrom”, confiram vocês mesmos!









Líbano



Da Síria fomos para o Líbano um país que no final dos anos 70 e início dos anos 80 viveu uma terrível guerra fria entre muçulmanos, drusos (uma espécie de religião daqui) e cristãos, que matou muitos e muitos libaneses. Hoje o país está pacificado e aos poucos está sendo reconstruído. Sua capital, Beirute, a denominada “Paris” do oriente médio está voltando a ficar bonita: mesmo assim ainda vemos uma quantidade impressionante de prédios cravejados com furos de balas por todos os lados e, em muitos casos, completamente destruídos. De qualquer modo andar pela calçada da avenida beira-mar de Beirute é um agradável passeio. Qualquer guerra é um negócio terrível e guerra civil então nem se fale: irmão matando irmão, vizinho matando vizinho, colega matando colega. O Brasil recebeu, ao longo dos tempos, muitos imigrantes libaneses e segundo alguns há mais descendentes de libaneses no Brasil do que no próprio Líbano!



Os franceses exerceram muita influência aqui por causa da colonização, mas nos últimos tempos quem exerce muita influência são os norte-americanos. A Universidade Americana de Beirute é belíssima e vale a visita que por razões de segurança não é tão fácil de ser feita!

As cidades do litoral do Líbano são muito bonitas: Sidon, Tiro, Trípoli (não confundir com a Trípoli que é a capital da Líbia) e Byblos, quase todas sempre com antigas ruínas romanas. Mas muito antes dos romanos, no Líbano viveram os fenícios que nos legaram duas coisas importantíssimas: o alfabeto e a moeda! Em Tiro (ou Sour) visitamos as ruínas do antigo hipódromo romano para corridas de bigas de cavalos. Já em Sidon, visitamos um Caravansarai que era um antigo ponto de parada das caravanas de camelos nos séculos de expansão do islamismo (uma espécie de pousada com uma área quadrangular aberta e interna à construção, como ocorre em algumas construções arquitetônicas espanholas).



Duas das jóias arqueológicas do Líbano (dentre várias) são Aanjar (uma antiga cidade muçulmana fortificada) e Baalbek (com suas ruínas muito bem preservadas de uma antiga cidade romana). As ruínas de Baalbek são as ruínas romanas mais bem preservadas fora da Itália.










Jordânia



Do Líbano voltamos para a Síria, somente para atravessá-la rapidamente rumo ao sul e entrar na Jordânia. Primeiro fomos conhecer as ruínas de Jerash onde no seu antigo Hipódromo estava sendo encenada uma cena teatral reconstruindo a época dos romanos com inclusive a apresentação de uma corrida de bigas de cavalos. Foi muito interessante observar a encenação.



Fomos também ao monte Nebo, onde Moisés avistou a Terra Prometida lá embaixo e ao fundo, do outro lado do Mar Morto: a atual Israel. Ali há uma interessante escultura que pode lembrar tanto uma cruz quanto uma cobra...



Visitamos também o Castelo de Karak usado pelos cruzados. Mas o ponto alto da Jordânia é a cidade de Petras esculpida dentro da pedra em desfiladeiros e considerada uma das 7 maravilhas do mundo! O “prédio” denominado Tesouro ou Al-Kazneh é talvez o mais bonito de todos, mas o dia inteiro ficamos andando por desfiladeiros descobrindo prédios belíssimos e vistas fantásticas.




Outras das construções que nos encantaram em Petras foram o Monastério e o Anfiteatro de Petras. 

Uma coisa legal de viajar de modo independente é poder interagir com o povo local (há quem não goste, mas nós curtimos). As pessoas que vivem naquela região são os beduínos, e pudemos bater uma foto com uma bela menina beduína que emprestou o seu sorriso expressivo para a nossa máquina!



Finalmente, após Petras no dirigimos para o sul, onde ficamos hospedados no meio do deserto do Wadi Rum em uma tenda de beduínos nômades com um visual novamente de outro planeta (a gente no Brasil não está muito acostumado com desertos, portanto se encanta com um, quando vê!). 



Ficamos junto com outros três companheiros de viagem: o Aristóteles (um grego cabeludo que era uma figuraça, pois era fotógrafo nada mais, nada menos, do National Geographic e adorava o Brasil, tanto é que já tinha ido 13 vezes para o Brasil), o Tom (um senhor inglês que já tinha sido padre, mas tinha largado a batina) e o Arnaud (um jovem francês que estava conhecendo o mundo). E nós brasileiros! Um grupo eclético no meio do deserto numa tenda de beduínos! Foi bem divertido...









Israel


Pelo sul da Jordânia, a partir da cidade de Acaba, o nosso planejamento era atravessar a fronteira com Israel e chegar à cidade israelense de Eliat. Mas foi aí que a bicho pegou. A Divina chama-se Divina de Fátima. Nada demais para nós: um nome bem católico, como era a vontade dos pais dela quando ela nasceu. Mas não para os guardas israelenses da fronteira que entrevistam, interrogam e investigam os turistas que vão entrar no país em busca de possíveis terroristas islâmicos que possam colocar em perigo a segurança de israelenses dentro do território de Israel. Tudo porque o nome da filha mais querida do profeta Mohamed (o sagrado Maomé) chamava-se justamente Fátima! Vivendo e aprendendo! Para os soldados israelenses Fátima era um nome muçulmano! Eles nos separaram e começaram a fazer um longo interrogatório em inglês com a Divina sozinha tentando explicar e responder a perguntas tais como: Por que os pais deram para ela o nome do meio de Fátima? Até provar que focinho de porco não é tomada rolaram no mínimo uns 30 minutos de interrogatórios cansativos feitos em revezamento por vários soldados que repetiam a ela as mesmas perguntas feitas antes, acho que para ver se ela caia em alguma contradição. Os soldados estavam tentando obter informações pelo cansaço. Finalmente eles se convenceram de que éramos somente turistas querendo conhecer Israel (ou algum deles conseguiu pelo Google conhecer a história de Nossa Senhora de Fátima). Que coisa, não é mesmo! Moral da história: “Fátimas” de todo o mundo, preparem-se bem física e espiritualmente se desejam conhecer Israel. Imediatamente após entrar em Israel fomos ao cinema assistir a uma comédia para relaxar e depois, a noite, pegamos um ônibus em direção a Jerusalém (no norte) que atravessou o deserto de Negev pela madrugada. 






Jerusalém é uma cidade muito especial. É sagrada para as três maiores religiões monoteístas do mundo. Jerusalém é sagrada para os judeus, dentre outros fatores, pois lá está o Muro das Lamentações, o que sobrou de seu segundo templo sagrado que foi destruído no tempo dos romanos em 70 d.C. (o primeiro e mais antigo templo sagrado que existiu também no mesmo local fora destruído por Nabucodonosor em 586 a.C.). Jerusalém é sagrada para os muçulmanos, dentre outros fatores, porque exatamente acima do muro das lamentações está a Mesquita do Domo da Rocha, o terceiro local mais importante e sagrado para o Islã, depois de Meca e de Medina. E Jerusalém é sagrada para os cristãos, porque lá morreu Jesus Cristo que está enterrado (apesar de haver controvérsias sobre isto e sobre quase tudo sobre o que estamos escrevendo, mas mesmo assim decidimos escrever) na Igreja do Santo Sepulcro a poucas quadras de distâncias do Muro das Lamentações! Ou seja, em poucas quadras há religiosos das mais diferentes religiões e sub-divisões destas religiões, com as mais diferentes vestimentas andando de um lado para o outro pelas ruelas do centro da cidade velha de Jerusalém: festa estranha com gente esquisita!

O Muro das Lamentações é dividido na parte para os homens e para as mulheres (que é menor). Em frente ao Muro havia judeus de diferentes “orientações” rezando e orando (além dos turistas) e nos vãos de seus blocos de pedras era possível ver a infinidade de papelzinhos (acho que com pedidos) colocados aos milhares.




A Mesquita do Domo da Rocha foi construída em Jerusalém, pois o profeta Mohamed teria, nesta cidade, supostamente tido uma visão reveladora juntamente com o anjo Gabriel. Ela é belíssima e de longe todos a identificam devido ao seu domo (teto arredondado) dourado.




Finalmente a Igreja do Santo Sepulcro é bastante concorrida obviamente e conforme o dia vai avançando, o volume de turistas vai aumentando substancialmente, todos buscando conhecer o local onde Jesus estaria enterrado, dentro da Igreja.



Mas uma outra atração muito importante é o Museu do Holocausto ou Yad Vashem que lembra a história dos milhões de judeus que foram assassinados e exterminados pelo nazismo durante a Segunda Guerra Mundial. É um museu belíssimo e tocante: vale a pena passar um dia inteiro lá para conhecer bem esta triste história e tomar consciência de como é importante lutar para que genocídios como este jamais ocorram novamente.




Tel Aviv é a maior cidade do país e tem uma praia bonita, além de museus e uma grande universidade que visitamos por uma tarde toda.



Fomos também até o norte da Israel, na região próxima ao Mar da Galiléia (que é na verdade um grande lago). Em Nazaré, visitamos a Basílica da Anunciação, onde supostamente o anjo Gabriel teria anunciado para a Virgem Maria que ela daria a luz ao filho de Deus. Este anjo Gabriel estava em todas, não é mesmo (sem querer ofender a ninguém e a nenhuma religião, esta é só uma constatação).



Também fomos conhecer a tumba do Maimônides, um grande filósofo, cientista e médico judeu que foi o médico pessoal do Saladino, o grande general que liderou os muçulmanos na luta contra cristãos na época das cruzadas. Interessantíssimo, não é mesmo. Como o mundo dá voltas.




Se judeus e muçulmanos já foram aliados (na época contra os cristãos) há alguns séculos, quem sabe nos próximos anos eles não acabem se entendendo. Vão ter que ceder dos dois lados para isto, é óbvio. Mas aqueles que acham que o preço a pagar pela paz é muito grande, devem observar o preço pago em vidas (de ambos os lados) mesmo em termos econômicos pelo estado de guerra infindável que impera naquela região do Oriente Médio!







Cisjordânia


Atualmente os palestinos têm uma autonomia/independência/soberania mínima (ou seja, estão sob o controle estrito e bastante limitador das poderosas forças armadas israelenses) sobre dois territórios, a Cisjordânia (a leste, entre Israel e a Jordânia) e a faixa de Gaza (ao sul, entre Israel e o Egito). Quando os palestinos terão soberania para valer sobre seus territórios é a pergunta que não quer calar! Ir para Gaza é muito inseguro. Portanto fomos conhecer uma parte da Cisjordânia. Muitos diziam para nós que a Cisjordânia também seria insegura, mas não nos sentimos nem um pouco ameaçados lá. Os palestinos nos trataram muito bem nos restaurantes e nas suas atrações turísticas. Mas havia muito poucos turistas que se assustam com a propaganda negativa e acabam quase que invariavelmente não entrando na Cisjordânia. Por via das dúvidas fomos com as nossas belas camisetas do Brasil, um dos povos mais associados à paz no mundo: sempre que chegamos em qualquer local com as nossas camisetas amarelas-brasileiras somos muito bem tratados. Isto mostra que muito brasileiro que costuma só falar mal do Brasil tem um pouco de complexo de vira-lata. Não que não tenhamos problemas, mas muitas vezes os estrangeiros vêem virtudes em nós, em nossa cultura e em nosso país que nós mesmos não valorizamos, por exemplo, o nosso caráter pacífico e a nossa tolerância: o Brasil é um país que não tem problemas de fronteiras com seus vizinhos e a última vez que entrou em guerra com algum deles faz cerca de um século e meio! Poucos países do mundo têm este exemplar “currículo” pela paz, podem pesquisar na internet! Então, primeiro fomos a Belém que apesar de estar a apenas cerca de 20 km de Jerusalém (creio eu) está já em território Palestino. Lá visitamos a Igreja da Natividade onde Jesus teria nascido.




Depois fomos para Jericó onde o diabo teria tentando Jesus. Jericó é uma cidade tranqüila e que fica já bem próxima do Mar Morto.




Para ir para Jericó pegamos uma limusine que funcionava como um taxi compartilhado entre todos os vários passageiros que cabiam na limusine (uma espécie de van ou de transporte alternativo de lá!)




Finalmente fomos até as margens do Mar Morto que está em uma altitude negativa de algumas centenas de metros e que tem uma salinidade que é sete vezes maior que a salinidade de oceanos como o nosso Atlântico. Conclusão, você, mesmo que queira, mesmo que não saiba nadar, não afunda nele e fica boiando! Só tem que tomar cuidado para não espirrar a água no seu olho (ou enfiar a cabeça na água sem querer), pois devido à concentração de sal, a dor da ardência é imensa e dura um tempão. O Mar Morto tem este nome devido ao fato de ter pouca vida nele por causa da alta salinidade.



Legal foi também conhecer a fortaleza de Massada, uma importante fortificação histórica na luta de judeus contra romanos, muito tempo atrás. A visão do Mar Morto lá de cima e do deserto ao redor do Mar Morto é estonteante!



Esta viagem pelo Oriente Médio ou Oriente Próximo (devido a sua proximidade com a Europa, em contraposição ao Extremo Oriente que é bem distante da Europa – Japão, por exemplo) foi muito educativa. Todos lá que estão brigando entre si faz muito tempo, são humanos, têm as mesmas necessidades, virtudes e fraquezas na média que qualquer outra cultura do nosso planeta! Sabemos que não é simples, mas é fundamental apostar na paz e de uma vez por todas ceder um território soberano aos palestinos, pois os judeus já têm a sua terra: qualquer argumento para postergar isto, é apenas pretexto de quem não quer resolver o problema, ou seja, de quem não quer a paz. Por mais erros que os palestinos tenham cometidos nas últimas décadas, eles são com toda certeza a parte mais fraca e oprimida desta história toda, do mesmo modo que os próprios judeus foram seguramente a parte mais fraca e oprimida durante a segunda guerra mundial, é claro que guardada as devidas proporções.

Portanto, moral da história: VIVA A PAZ e tomara que ela não demore a chegar nesta região tão bonita e importante para a história da humanidade!