Américas



BUENOS AIRES

Julho de 2012: usamos as nossas milhas do Smiles e partimos (Ricardo e Divina), junto com nosso sobrinho Paulinho (de Sorocaba) para passear por Buenos Aires por uma semana! Chegamos num sábado e nos hospedamos no Art Factory, localizado na Calle Piedras, no bairro do Sant Telmo, um bairro da boemia, localizado entre o Centro e La Boca! Dá para ir até a Casa Rosada a pé facilmente e tem uma estação de metrô razoavelmente perto. Valeu pela escolha, pelo astral legal, muitas atividades culturais, um bom café da manhã e computador com internet que nos ajudou bastante durante a viagem. 

Como será possível ver, em todos os dias da nossa viagem, de manhã até a noite, visitamos prédios históricos, centros culturais e ambientes naturais muito bonitos. Todo domingo a melhor pedida é visitar a feira de San Telmo, que não é uma feira só de antiguidades, mas de tudo que se possa imaginar. Originalmente ela ocupa toda a praça de San Telmo, mas ela se expandiu e agora ela se extende por toda a Calle Defensa até quase a Praça de Maio (na frente da Casa Rosada).



 
A casa Rosada na frente da Praça de Maio é o Edifício Central do governo federal da Argentina, de onde a presidenta Cristina Kirchner governa. A História da Argentina, nos seus melhores e piores momentos foi decidida neste prédio!


 
Nos fins de semana, os aposentos e salões da Casa Rosada podem ser visitados como um museu. E vale a pena visitar, pois é um prédio magnífico. Na ante-sala da entrada estava ocorrendo uma exposição com quadros de personalidades importantes da história da América Latina.


 
Dentre vários personagens da história latinoamericana, havia uma bela foto do presidente Allende que foi derrubado por um golpe militar no Chile.


 
Uma das salas é dedicada aos cientistas argentinos e tem quadros dos argentinos que receberam o Prêmio Nobel. A Argentina teve e tem uma participação bastante significativa na ciência internacional, com vários cientistas seus tendo recebido o Nobel (o Brasil infelizmente, até o momento, julho de 2012, não teve ainda nenhum cientista condecorado com tal honraria).


 
Uma das sacadas da Casa Rosada (de onde Evita Perón fez um célebre discurso) permite uma visão ampla de toda a Praça de Maio. Dava para respirar a história do local!


 
Ao redor da Praça de Maio fica a Catedral da cidade de Buenos Aires. Até hoje a Argentina é um país muito católico. Junto à Praça de Maio está também o Cabildo, um importante prédio histórico de administração da cidade que hoje é um museu.

  
No dia em que estávamos na Praça de Maio ocorreu um desfile divertidíssimo de carros antigos e que passou ao lado da Praça de Maio. Dê uma olhada nos carros "exóticos" abaixo!


 
Nos fundos da Casa Rosada (na verdade, pelo que mostra a história, esta era a frente da Casa Rosada, antigamente) foi construído o museu do Bicentenário da Independência que é ideal para quem quer aprender um pouco mais sobre a história da Argentina.


 
Vimos muitas exibições de música de todos os tipos ao ar livre: a cidade parece que respira muita cultura. Sobretudo no bairro em que estávamos, San Telmo, existiam músicos de primeira categoria se exibindo por todo lado.


 
Há também inúmeras exibições de tango ao ar livre, em praças e em calçadões. O tango é a dança nacional argentina e é belíssimo de se ver.





No domingo estava ocorrendo também nos limites do bairro de San Telmo, uma manifestação contra o prefeito da cidade, chamado Macri, e que politicamente vem se preocupando pouco com as demandas populares, sobretudo dos mais pobres, segundo nos relataram alguns manifestantes; uma das reivinicações era por mais moradias populares. Aliás, o povo argentino sempre se caracterizou muito pela sua militância política: eles usualmente se manifestam com intensidade e se envolvem com questões políticas.


 
Próximo à praça de Maio, está o Obelisco, um ponto de localização característico da cidade bem no meio da larguíssima Avenida Nove de Julho.


 
A Calle Florida é uma das ruas que foram transformadas em calçadões e que atraem multidões de consumidores para as suas lojas. Uma cena interessante foi a de ver um cachorro esperando quietinho o seu dono bem na entrada de uma loja fina: bem obediente o “perro”, vocês não acham?


 
Outro templo do consumo de luxo é a Galeria Pacífico que somente pela sua bela arquitetura vale a visita. Mesmo para quem não estava querendo consumir nada, admirar todo o prédio por dentro foi deslumbrante.


 
Buenos Aires se caracteriza também pelos “passeadores” de cães, geralmente jovens que ganham o seu pão passeando com muitos cães cujos donos não têm tempo de realizar esta tarefa.


 
É muito divertido observar quando vários passeadores se encontram em algumas praças que têm umas cercas que permitem soltar a cachorrada dentro: acaba acontecendo uma espécie de "assembleia cachorral" cheia de alegria, confraternização e rabinhos abanando.


 
Um dos mais clássicos prédios da cidade é o do Congresso Nacional: imponente e elegante. Aqui temos a nítida impressão de estar em uma cidade europeia!


 
É possível inclusive visitar e conhecer o seu interior: a Câmara dos Deputados, o Senado e a Biblioteca do Congresso, dentre outras salas importantes.


 
Na praça em frente ao Congresso fica um bar que é mantido pelas Mães da Praça de Maio e que se chama “El revolucionário”. É um bom local para relaxar, beber alguma coisa e trocar ideias sobre os destinos do planeta.


 
Um dos prédios de estilo mais monumental da cidade é o Palácio das Águas (da empresa de águas e esgoto da cidade). Por fora, pela sua imponência não é possível perceber qual é o destino deste prédio e o que há no seu interior!


 
O prédio antigo da Escola Politécnica de Engenharia vale a pena ser visto, até porque há um museu de ciência e tecnologia dentro dele. Aproveitamos para subir até o seu teto para ter uma visão ampla da cidade.


 
No bairro da Recoleta está a Biblioteca Nacional em um prédio moderna levantado sobre pilastras.


 
Neste bairro também se encontra o Faculdade de Direito, com um prédio suntuoso e um hall de entrada imenso e com muitas obras de arte.


 
Ao lado desta Faculdade se encontra a gigantesca “escultura viva” denominada Floralis Generica que se movimenta, abre e fecha como uma flor, dependendo das condições de incidência de luz solar.


 
Na mesma região está também o prédio vermelho do Museu Nacional de Belas Artes, que além da exposição permanente estava exibindo também uma exposição temporária de obras de arte cinética!


 
Mas a mais conhecida atração da Recoleta é o seu cemitério famoso onde está enterrada Evita Duarte Peron.


 
Evita veio de uma família pobre: além de esposa, foi o “braço esquerdo político” de Perón. Ela ajudou a estabelecer políticas redistributivas de renda no início dos anos 50; hoje é um ícone do país e um símbolo muito defendido pelos seus setores políticos mais progressistas. Seu semblante aparece em diversos lugares, inclusive em grandes prédios.


 
No bairro do Retiro encontra-se o prédio do Círculo Militar que se é suntuoso por fora, por dentro então é de uma beleza sem igual: a sua visita guiada foi um dos pontos altos da viagem.


 
Perto daí fica também o monumento em homenagem aos soldados que tombaram durante a Guerra das Malvinas. Um dos soldados que estava “guardando” o monumento, apesar de argentino, falava muito bem o português, pois morou muitos anos no Rio Grande do Sul.


 
O Museu de Armas da Nação fica ao lado do Círculo Militar e tem uma exposição com um caráter histórico sobre o tema.


 
Em todas as quintas-feiras, desde os anos 80 (nos tempos finais da ditadura militar), as mães da Praça de Maio se reúnem no período da tarde nesta Praça e caminham ao redor do seu centro em silêncio, exigindo o esclarecimento sobre o que ocorreu com seus filhos que desapareceram durante a ditadura (e exigindo também a devolução das Ilhas Malvinas para a Argentina, como pode ser observado pela foto). Seu lema é: Com vida vocês os levaram, com vida queremos eles de volta! A história destas manifestações é interessante: nas primeiras vezes em que elas começaram a se reunir na praça de Maio, nos momentos finais da ditadura militar, os policiais diziam que elas não poderiam ficar paradas na praça, porque pela legislação da repressão na época, mais de três pessoas paradas poderia significar um “motim” subversivo contra o governo militar e a polícia poderia levar todos presos. Mas movimentando-se elas não poderiam ser presas e foi exatamente isto que elas passaram a fazer, para se manifestar exigindo a devolução de seus filhos com vida e ao mesmo tempo evitar a prisão. Então, a partir daí, elas sempre que se reuniam, ficavam circulando ao redor do centro da praça! E isto acontece até hoje...


 
Foram milhares os desaparecidos naqueles anos de chumbo: na sua maioria eram membros de partidos progressistas e ativistas de movimentos de esquerda. Há também as Avós da Praça de Maio que exigem a devolução dos seus netos, que eram bebês na época e que (se calcula em um número de cinco centenas) foram sequestrados pelos militares após o assassinato de seus pais e criados por famílias vinculadas de algum modo à repressão da época. Para quem quiser conhecer um pouco sobre isto, aconselhamos assistir o recente filme “O dia em que eu não nasci” (de produção conjunta alemã e argentina, creio) que é tocante, emocionante e esclarecedor: este com certeza é um dos melhores filmes que já vimos!

Em uma noite fomos assistir uma exibição de música clássica por parte de músicos universitários bastante jovens no lendário Teatro Colón. Há muito respeito pela música clássica em toda Argentina.


 
Na CGT – Confederação Geral do Trabalho, uma Central Sindical importantíssima na história argentina, há um museu sobre a Evita Perón. Este museu é gratuito e fomos guiados por um simpático senhor (ex-sindicalista) que se lembrava, inclusive, de uma visita que, nos anos 80, o ex-presidente Lula fez ao prédio que estávamos visitando. No final, quando eu quis dar uma gorjeta de forma a retribuir esta visita guiada muito educativa, ele falou que ali não se aceitam gorjetas!


 
No Museu de Arte Moderna de Buenos Aires (MAMBA), no limite entre os bairros de San Telmo e La Boca, havia uma exposição interativa com um recinto (cubículo) de vidro e com isolamento de som – na sua entrada era pedido para a pessoa gritar (desabafar) lá dentro! Foi o que fiz, para desestressar!


 
Uma nova parte da cidade é Puerto Madero, uma região do porto que foi recuperada. Numa sala de cinema da região fomos assistir ao novo filme de Woody Allen: “Para Roma com amor”. Quem quiser se divertir vá assistir: é uma nova obra de arte deste diretor.


 
Hoje Puerto Madero apresenta prédios modernos, shoppings e a Universidade Católica Argentina (UCA).


 
Em Puerto Madero está também o Museu Fragata Presidente Sarmiento que pode ser visitado para quem deseja conhecer a vida dos marinheiros das forças armadas argentinas.


 
Do outro lado de Puerto Madero fica uma nova área nobre que foi “tomada” do mar, com prédios comerciais e residenciais de classe alta, um museu sobre o Humor e a Reserva Ecológica “Costenera Sur”. Por ali, coincidentemente, também estava um Barco do Greenpeace que podia ser visitado gratuitamente, visita esta que foi bastante educativa. Viagem tem muito disto: sempre aparecem coisas imprevistas que valem a pena serem vistas!


 
No Bairro de Palermo encontra-se o Museu de Arte Latinoamericana de Buenos Aires, mais conhecido como MALBA, que é grande e vale uma visita estendida.


 
As obras de arte expostas no MALBA são instigantes. Veja, por exemplo, a obra abaixo.


 
Em Palermo há também um Jardim Japonês, muito tranquilo e que transmite muita paz, como é característico destes jardins.


 
Num dos grandes parques existentes em Palermo, há um Planetário com construção bem característica. Infelizmente, como a nossa visita foi em um sábado, as exibições estavam todas lotadas pelos pais e seus filhinhos que chegaram antes da gente!


 
Na entrada do Planetário, estava exposto um enorme meteoro que podia ser tocado e manipulado.


 
Em nossa viagem deu para perceber que Buenos Aires e de modo mais geral, a Argentina, em 2012 está crescendo cheio de energia. Os argentinos invariavelmente são sempre muito trágicos sobre si mesmos, mas vimos por uma semana uma cidade com uma vigorosa vida cultural, algo bem diferente da Argentina que vimos uma década antes (2002) quando o país tinha literalmente quebrado.





América Central



PANAMÁ

Pessoal: “ola, que tal” - uma espécie de “oi, tudo bem” dos hispano-americanos - algo que todos falam inevitavelmente quando se encontram em toda a América Latina. Em primeiro lugar feliz 2011 para todo mundo! Em nossa opinião, 2010 foi muito bom para o Brasil e esperamos que 2011 continue no mesmo astral!

Hoje é dia 2 de janeiro de 2011 e passamos o ano novo na cidade do Panamá. A janela do nosso quarto de hotel dava bem para o mar (Oceano Pacífico) e pudemos ver bem os fogos de artifício na noite de 31.  O Panamá não tem moeda própria e usa o dólar norte-americano como moeda. Aliás, na verdade, eles tem uma moeda meio virtual que chama-se balboa que vale o mesmo que o dólar. Só que esta moeda não existe fisicamente em papel e eles acabam usando o dólar para tudo. A única coisa que é feita aqui são as moedas com os centavos. Como a existência de moeda é o que caracteriza a independência de qualquer país já dá para ver que o Panamá não é lá muito independente (dos EUA).


Ontem fomos visitar o famoso Canal do Panamá, em um dos três pontos em que os navios imensos passam (eclusas) e são erguidos pelas águas. Vimos de perto um navio de cruzeiro atravessar e foi interessante observar todo o processo. Havia também um museu interessante neste local chamado iraflores. Há dois desses pontos de “levantamento/abaixamento” de barcos no lado do Pacífico e um no lado do Atlântico, além de um imenso lago artificial no meio. Os navios sobem cerca de 25 metros em relação ao nível do mar. O maior pedágio já pago (depende do tamanho do navio) foi de cerca de 400 mil reais! O menor foi de um nadador aventureiro que pagou menos de um real para atravessar a nado todo o canal!!!

Até o século 19, o Panamá era parte da Colômbia. Então os EUA incentivaram" a independência do Panamá (que era território colombiano) que foi feita em 1903 por um sujeito ligado justamente ao governo dos EUA e a primeira coisa que ele fez em 1904 foi ceder toda a área do canal aos EUA, para construir o canal que foi feito entre 1904 e 1914, e toda a área do canal ficou sendo dos EUA por quase um século!!! Curiosa esta “independência”... Ou seja, para ter o canal, os EUA literalmente “afanaram” o Panamá da Colômbia! Qualquer semelhança com o que pode acontecer com a nossa Amazônia NÃO é mera coincidência!




Hoje (domingo) acordamos cedinho (as 5 e meia) e fomos até a estação de trem pegar um trem turístico que vai beirando o canal de ponta a ponta e que sai as 7:15, mas infelizmente este trem só funciona entre segunda e sexta feira! Mas como quem cedo madruga... voltamos para o hotel e aproveitamos para passar o tempo na internet antes do café. O centro antigo de Panamá (“Casco Viejo”) está sendo recuperado e está ficando bonito (como fizeram com o pelourinho em Salvador). Amanhã vamos ver de novo se dá para fazer o passeio de trem... Ontem a noite fomos ao cinema ver o filme “O Turista” com a Angelina Jolie (bem legal). Ir em cinemas em outros países é bem divertido para conhecer os hábitos locais e procuramos sempre fazer isto quando viajamos

Se dia 1 de janeiro de 2011 conhecemos as eclusas no lado do Pacífico (eclusas de Miraflores), que é perto de onde fica a cidade do Panamá, hoje, dia 3, fomos até a costa do Atlântico, na cidade de Colón (em homenagem ao descobridor, Colombo) conhecer as eclusas de Gatun. Fomos de trem, um trem muito luxuoso que atravessa os 80 km de costa a costa durante uma hora, em um passeio que corta uma densa floresta tropical que acompanha o canal.  Só que o trem tem um ar condicionado tão poderoso que passamos muito frio, congelamos praticamente (estávamos sem blusas pois a temperatura do país é bem quente).


 Moral da história, em país tropical, sempre leve uma blusa no ônibus ou trem!!! 

Chegamos lá as 8:15 da manhã e fomos de ônibus até as eclusas que ficam a 10 km ao sul da cidade. As eclusas são elevadores de água que usam somente a forca da gravidade da água (que está represada no meio do estreito, no lago formado) para elevar e baixar os imensos navios de cerca de 25 metros, fechando e abrindo as eclusas convenientemente conforme o que se deseja. Hoje vimos dois grandes navios ao ladinho da gente indo no sentido do Pacífico para o Atlântico. Eram imensos.  No dia 1 de janeiro passou um tão grande que bateu o recorde do pedágio pago (que depende do peso): mais que 400 mil dólares americanos pagos eletronicamente (já pensou um caixa recebendo esta grana!!!) 48 horas antes.

O canal é a grande fonte de riqueza do canal mas já deu muito problema. Como já relatei o Panamá era uma província da Colômbia, e os EUA, interessados em construir o canal na região,  estimularam a sua independência em 1903; duas semanas depois, fecharam um "acordo" que transferia a região onde seria feito o canal, perpetuamente para o controle norte-americano. Dez anos depois, em 1914 o canal foi inaugurado, mas desde então os Panamenhos reivindicavam o canal de volta para eles. Um movimento nacionalista de estudantes contra a ocupação dos EUA fortaleceu-se nos anos 60, e nos anos 70, os presidentes dos EUA (Carter) e do Panamá (Torrijos) assinaram um acordo que previa a devolução do canal ao Panamá ao meio dia de 31 de dezembro de 1999, o que aconteceu de fato (mas há muitos que defendem o ponto de vista que, devido a algumas cláusulas do tratado, ainda o Panamá não tem plena soberania sobre a região do canal).

Hoje o canal está sendo ampliado para receber navios com 3 vezes mais “conteiners” e a construção das novas eclusas deve terminar em 2014. Os franceses tentaram fazer o canal na década de 1880, liderados pelo mesmo francês Lesseps que já tinha antes feito o canal de Suez no Egito, mas fracassaram devido às doenças tropicais e ao fato de que tentaram fazer um canal no nível do mar (sem elevar os navios por eclusas), o que demandaria muito mais escavação...



Na construção do atual canal se aproveitou um rio que nascia no meio do istmo e que corria para o Atlântico.   Este rio foi represado antes da foz onde foi feita a eclusa perto do Atlântico, e o grande trabalho foi fazer o canal (com as duas eclusas) na região próxima ao Pacífico indo até o lago (represa) formado no meio do estreito (lago Gatun). 


Aliás, o trem que pegamos e que liga os dois oceanos, foi feito bem antes do canal (por volta de 1850) na época da febre do ouro na Califórnia, quando o caminho mais curto e seguro de São Francisco e Nova Iorque de pessoas e de cargas (ouro) era de navio até a cidade do Panamá, em seguida de trem pelo istmo até Colón (só 80 km) e finalmente de navio de novo até Nova Iorque. Com a inauguração da linha de trem entre as duas costas dos EUA em 1869,  esta linha de trem aqui no Panamá simplesmente faliu! Mas esta foi recuperada e o passeio de trem ligando os dois oceanos é belíssimo.


No meio do dia voltamos de ônibus de Colón para a cidade do Panamá, e a tarde visitamos o Parque Natural Metropolitano onde fizemos algumas trilhas demarcadas e onde avistamos vários animais pertinho da gente,  meio que sem medo de nós (cotias, quatis, macacos). Foi muito legal!


Ontem, em um outro parque perto da praia que é mantido com a colaboração do Instituto Smithsoniano (dos EUA) vimos um "oso perisoso" (bicho preguiça ou "urso preguiçoso" como eles chamam em espanhol) e uma iguana no alto das árvores; além disso pudemos tocar (passar as mãos) em estrelas do mar e em outros bichos marinhos estranhos (ouriços do mar e pepinos do mar) e sobrevivemos!

O custo de vida aqui é mais baixo que no Brasil, como pensamos será (ou melhor, esperamos) em todos os outros países da America Central que visitaremos. Bom para a gente que está viajando, pois as coisas ficam mais baratinhas. Mas dá para perceber que o Brasil é um país bem mais organizado que o Panamá. Por exemplo, quando pegamos o ônibus (turístico) em Colón de volta para a cidade do Panamá hoje (um ônibus intermunicipal, não era um ônibus circular), perguntei onde íamos sentar, pois não tinha mais nenhuma das 40 poltronas regulares desocupada, e o ajudante do motorista apareceu com um monte de banquinhos redondos (feitos com aquelas latas grandonas de tinta, penso eu) que ele colocou no corredor e ficamos umas 15 pessoas "sentados" no corredor que já é bem estreitinho!!!



Coisas da vida! E o pior é que dois policiais pararam o ônibus no meio do caminho para verificar os documentos, mas como não dava para entrar muito fundo dentro do ônibus, eles verificaram somente os documento de quem estava lá na frente! Quem está com documentos com problemas deve se sentar nos fundos, pelo visto!

Amanhã vamos viajar de ônibus para o norte do Panamá, perto da fronteira com a Costa Rica, numa região montanhosa com muita plantação de café e com um clima mais fresco que aqui, pois está a mais de mil metros de altitude (são as montanhas da região do Rio Chiriqui). Vai ser mais tranquilo que a cidade do Panamá que é bem grande e agitada!




Estamos agora nas montanhas do norte do Panamá, próximo à fronteira com a Costa Rica. Pergunta: qual é um ponto das Américas do qual é possível ver os dois oceanos, o Atlântico e o Pacífico? Resposta: do vulcão Baru - que está extinto - aqui pertinho, ao qual não fomos pois tem que sair a meia noite para uma caminhada em subida de 8 horas, chegando lá de manhãzinha, quando não há ainda muitas nuvens e dá para ver os dois oceanos. Mas não é para a gente, definitivamente... Já não somos mais tão jovens! Mas fizemos dois outros belos passeios aqui na região norte do Panamá, que é uma espécie de Campos do Jordão panamenha, cheia de norte-americanos aposentados que estão comprando mais e mais terrenos caríssimos e casas em condomínios fechados.



De manhã fizemos um tour por uma famosa plantação de café (a fazenda café Ruiz) daqui que já ganhou o prêmio como melhor café do mundo em um concurso mundial feito no Japão. Vimos desde a plantação, passando pela sua industrialização, até a torrefação... E no final uma degustação de alguns diferentes tipos de cafés para apurarmos o paladar - o chamado café europeu, o chamado café latino e o chamado café italiano. Bom, antes de ir embora, não conseguimos deixar de experimentar o considerado  café mais caro - e melhor - do mundo, o café geisha, para o qual o quilograma do pó custa cerca de mil dólares: um bulezinho deste cafezinho saiu por 9 dólares! Geisha não tem nada a ver com o Japão! Este café é de origem etíope de um lugar chamado “gess-há” e o pessoal aqui acabou “traduzindo” por geisha...



A tarde fomos a um poço de água quente da região. A água deste poço tem temperatura natural de 40 graus Celsius e de vez em quando a gente, para compensar, pulava no rio com água geladinha que corria ao lado... Deu para limpar os poros. Foi interessante perceber como o nosso ex-presidente Lula tem um prestígio grande aqui no Panamá – como em muitos outros países que já visitamos. Aliás, muita gente perguntou-nos também sobre a posse da presidenta Dilma, revelando isto foi simbolicamente importante em muitos países da America Latina.




Estamos numa pousadinha que tem um rio de águas bem agitadas correndo bem ao lado da nossa janela, o que é muito bom para dormir. Jantamos numa excelente “creperia” e de sobremesa pedimos dois crepes doces, um de nutela e o outro chamado Romanoff, com morango, creme e chantilly; os dois estavam deliciosos. Amanhã vamos “hasta” Costa Rica, o pais símbolo do ecoturismo aqui na America Central.
  






COSTA RICA




Prezados amigos,

estamos agora em San José, capital da Costa Rica.
Vamos ficar aqui cerca de uma semana, na nossa viagem pela América Central. Me desculpem a falta de “acentos e de cês cedilhas” (do texto original), mas o teclado daqui é barra e o editor ainda muda muitas palavras para o idioma espanhol… A Costa Rica é o país da América Central com melhor nível de vida (o mais rico) e com melhor infra-estrutura para receber turistas (cerca de um milhão e meio por ano, uma imensidão para um país tão pequeno).  A moeda é o Colon (1 dólar norte-americano é igual a cerca de 500 colones), mas dá para usar o dólar para um montão de coisas (para pagar hotel, passeios, parques, museus, fast food, restaurantes, etc).

Aqui é o paraíso dos ecoturistas.
O país tem um monte de parques nacionais e de vulcões,  todos com cerca de 3.000 m de altitude. Hoje fomos de manhã ônibus até o Vulcão Poas; chegamos lá no meio de uma chuva e de neblina, e as onze da manhã não deu para ver cratera nenhuma naquele nevoeiro todo, mas esperamos pacientemente no centro de visitantes e uma hora depois o tempo abriu e deu para ver toda a cratera, inclusive saindo aquela fumaça de enxofre meio ameaçadora. O último sinal de atividade deste vulcão foi em 1910 e ainda bem que ele não acordou hoje. Mas não deu para ver nenhum dos dois oceanos - Atlântico e Pacífico (está escrito no guia turístico que dá para ver em dias claros), a não ser usando muita imaginação…

Estamos em um hostel bem legal (o hostel Toruma: www.hosteltoruma.com) que já foi a casa de um ex-presidente da Costa Rica (Figueres) que inclusive no seu primeiro mandato (1949) estendeu o direito de voto às mulheres costarriquenhas. Como a Costa Rica tem agora uma presidenta (Laura Chinchila) e o Brasil também tem a sua primeira presidenta (para quem não sabe, pelo dicionário, podemos usar tanto presidente como presidenta), ficar neste hostel teve uma grande simbologia… E além de tudo o hostel tem toda uma bela infra-estrutura!!!

Ontem fizemos um tour de aventura, um passeio com muita emoção, o "Canopy" ou tirolesa ligando pelo alto várias árvores gigantescas; existiam dezessete bases e várias pontes ou cabos de aço ligando-os: basicamente o legal do passeio é brincar de Tarzan, deslizando presos aos cabos entre as árvores numa altura de mais de 20 metros. No começo foi meio pauleira, mas depois deu para curtir.



Os museus de San José são muito bem estruturados e visitamos o museu do Ouro Pré-colombiano, o museu de Jade e o museu de Arte Costarriquense, todos muito bem organizados e muito receptivos e aconchegantes. Visitamos também o prédio do teatro nacional construído faz mais de um século e todo restaurado e belo como o teatro municipal de São Paulo.


A Costa Rica é o único país da América Latina que não tem exército, o que pode parecer simpático a primeira vista, mas na verdade é algo muito problemático, pois a Costa Rica precisa ter um “protetor” (no caso os EUA) e o país vira na prática um protetorado. O problema é: quem vai proteger o país do seu “protetor”? Isto é verdade, pois, às vezes (de fato, frequentemente), os interesses de um país latino americano, não coincidem com os interesses dos EUA. Então, o que fazer se você é um protetorado de quem tem um interesse contrário ao seu? No final das contas, um país sem exército perde toda a sua autonomia e soberania. Como alguém já disse: uma nação não tem amigos ou inimigos permanentes, mas interesses permanentes! Na verdade a Costa Rica e o Panamá, são os países mais alinhados com os EUA aqui na América Central. E é para estes dois países que muitos norte-americanos vem morar quando se aposentam, em busca de climas melhores e mais agradáveis e quem sabe em busca da nossa latinidade!





Hoje jantamos em um excelente restaurante asiático: os pratos foram um frango grelhado com molho de limão e tamarindo (em estilo japonês) e um pouco de porco agridoce em estilo cantonês, os dois muito bem preparados. Mas tinha também comida vietnamita, filipina, indiana, indonésia, etc. Para beber tomamos um chá gelado de erva doce e tamarindo adoçado com mel.  Na Costa Rica o custo de vida é mais caro que no Panamá, mas as coisas do dia a dia aqui (ônibus, jornal, comida, etc) em geral ainda são um pouco mais baratas que no Brasil.

  
Todos aqui em geral são muito simpáticos e recebem muito bem os  turistas estrangeiros. Esta é a maior fonte de riqueza para o país que tem um foco imenso no turismo como fonte de renda. Muita gente fala inglês, e ouve-se muito as pessoas falarem inglês nas ruas. Nisto a Costa Rica pode ser um bom exemplo para o Brasil planejar-se para preparar-se para os megaeventos de 2014 (Copa) e 2016 (Olimpíadas).  Amanhã vamos pegar um "marzinho" no Pacífico (duas horas daqui), na praia de Jacó. Vamos ver como é a água; até agora, em nossas viagens, nenhum lugar bate a gostosura da água do litoral norte de São Paulo, sem nenhum bairrismo!




Uma historinha para relaxar: na quarta e última viagem do Colombo para a América, o seu barco sofreu avarias com um furacão (em 1504) e ele veio parar na costa daqui. Enquanto esperava, ele entrou em uma expedição pelo meio do istmo e voltou dizendo que tinha visto mais ouro em alguns dias do que em toda a sua vida na Europa (pelo visto era mentira, pois nunca se achou minas de ouro aqui): deu então o nome de Costa Rica para a região e ao voltar para a Espanha solicitou o título de governador da região, mas como o rei (ou rainha, não me lembro) tinha morrido, ele não recebeu título nenhum e morreu dois anos depois, em 1506. Na verdade, possivelmente, o nome Costa Rica foi dado para "valorizar" mais a região e o passe do próprio Colombo com a monarquia espanhola, pois ouro que era bom, os espanhóis só foram achar mais de uma década depois (no México e no Peru), e era por isso afinal que eles tinham vindo para cá... 

Pessoal, por enquanto é isso aí…
“Besos y abrazos a todos los nuestros amigos brasileños”,
Ricardo e Divina




NICARÁGUA

Caros amigos,
Estamos na Nicarágua, capital Manágua, como diz a letra da bela música do Chico, continuando a nossa saga pelos países da América Central!!!

Um pouco de ciência: a América Central se levantou do fundo do mar por movimentos tectônicos há cerca de quatro ou cinco milhões de anos, ligando a América do Sul e a América do Norte (até então a América do Sul era uma espécie de ilha em relação à totalidade do nosso planeta). O último trecho a sair do mar foi justamente a Nicarágua. Por isso que é o país com mais vulcões de toda a região. E também com muitos terremotos. Os últimos dois grandes terremotos que devastaram totalmente a sua capital, Manágua, ocorreram nas décadas de 1930 e 1970. O país tem dois imensos lagos, o lago Nicarágua, o maior deles, e o lago Manágua. Que de tão grandes tem até ondas. Eram na verdade parte do Pacífico até alguns milhõezinhos de anos atrás. A antiga catedral de Manágua que fica perto do lago foi destruída pelos dois terremotos e foi então construída a nova, exótica e moderna catedral, em outro ponto da cidade que inteligentemente utiliza da iluminação natural da luz solar: vale a pena conhecê-la!


No ponto mais alto da cidade de Manágua, em um morro, está a silhueta do Sandino, o líder camponês que foi assassinado pelo ditador Somoza nos anos 30 e que se transformou em um símbolo da luta pela liberdade e pela justiça social na Nicarágua. Um local interessante de conhecer é as “Huellas de Acahuallinca”, um sítio arqueológico onde é possível observar pegadas de humanos que viveram aqui a cerca de 7 mil anos. Como para ir ao lago eles tiveram que caminhar sobre lava e cinzas ainda quentes, estas pegadas ficaram preservadas até hoje.

O acompanhamento típico de todos os pratos aqui é um arroz misturado com feijão (uma espécie de baião de dois nicaraguense) que se chama Gallo Pinto! Então se você quiser frango (Pollo, em espanhol) com este acompanhamento, deve pedir, como fizemos, Frango “con Gallo Pinto”, o que parecia soar como um duplo pleonasmo!!!...


Aqui, na região, a maior rivalidade é entre a Costa Rica (os ticos) e a Nicarágua (os nicos). Algo como Brasil e Argentina! A Nicarágua é mais pobre que a Costa Rica, mas tem muitas características bem específicas e interessantes. Suas duas cidades coloniais são León e Granada que conhecemos ontem e hoje. São as duas jóias coloniais do país. Por causa da rivalidade entre estas duas cidades, a solução de compromisso, no século 19, foi criar uma capital bem no meio do caminho entre as duas, a atual capital Manágua. León e Granada são cheias de igrejas belíssimas, têm uma linda arquitetura e seus vários museus valeram as visitas.

Agora um pouco de história. Na verdade toda a América Central sofreu (e, infelizmente, com freqüência, ainda sofre) com políticas intervencionistas dos EUA. Em 1856, um norte-americano aventureiro e arrogante chamado Walker veio para cá, matou várias lideranças políticas de León e de Granada e se auto-declarou presidente da Nicarágua! Reintroduziu a escravidão, decretou que o idioma nacional seria o inglês e deixou claro que as suas pretensões eram ocupar, com suas tropas de mercenários, todos os países da America Central, para quem sabe declará-los parte dos EUA, exatamente como os Estados Unidos fizeram com o Texas, que era mexicano, na década de 1840. O governo estadunidense reconheceu, obviamente no mesmo dia, este novo ‘presidente’… Só depois de este Walker invadir a Costa Rica é que ele e seus mercenários foram derrotados por soldados ticos (costarriquenhos) que foram até a Nicarágua e os expulsaram também da Nicarágua, que acabou tendo que ceder em troca duas imensas províncias para a Costa Rica, Nicoia e Guanacaste. Saiu caro para a Nicarágua. Aliás, na época da independência dos países da América Central nas décadas de 1810 e 1820, a idéia era formar uma República Centro-Americana unida, mas interesses particulares de algumas destas regiões e interesses externos dos EUA acabaram fragmentando toda a região, seguindo o velho ditado, sempre usado pelos poderosos: dividir para dominar!!!


Ontem fomos conhecer uma ilha bem no meio do lago Nicarágua, uma ilha com dois vulcões, a ilha de Ometepe. Já tínhamos visto esta ilha da janela do ônibus quando estávamos vindo do Panamá (toda a nossa viagem pela América Central será feita de ônibus) e esta é uma ilha bem interessante, exótica e particular, pois é uma ilha feita basicamente por dois vulcões interligados e que “saem” bem do meio do lago. Fomos de ferry boat para lá e almoçamos em um belo restaurante, a Finca (Fazenda) Santo Domingo. O pássaro típico da ilha, com uma bela e longa cauda azul, chama-se arruca e não tem medo das pessoas, tanto é que se aproximou bastante de nós. Antes de voltar fomos a uma piscina natural linda chamada "Ojo de água" (Olho de água): nos refrescamos nadando em suas águas doces. Aliás, o lago é tão imenso que não dá para ver o outro lado. Os espanhóis quando chegaram na costa do Atlântico daqui e tentaram atravessar o istmo pela floresta, se espantaram ao chegar neste lago, que eles pensavam ser o oceano Pacífico (que eles já sabiam que existia), mas que tinha água doce… Deve ter sido divertido..


Aliás o Lago está a apenas 20 km do Pacifico, mas o rio que sai dele, o Rio San Juan, corre justamente para o oceano Atlântico. E o mais interessante, este rio é navegável. Tanto é assim que a cidade de Granada que está na costa deste lago foi saqueada várias vezes por piratas ingleses e franceses que subiam com seus barcos rio acima a partir do Atlântico, entravam no lago e atingiam Granada! E este lago tem uma espécie de tubarão que sobe do mar do caribe até o lago pelo rio San Juan e que se adaptou a água doce. É difícil nadar neste lago, pois a sua superfície é toda “balançada” por ventos fortes que sopram por cima dele, ventos estes que correm entre os dois oceanos. Os nicaraguenses aproveitaram a força destes ventos e ao lado do lago Nicarágua construíram uma série de usinas eólicas daquelas bem altas, com turbinas que aproveitam a energia dos ventos transformando-a em energia elétrica.


Na época em que se fez o canal do Panamá (no início do século 20), a opção alternativa (e talvez melhor), que era discutida por muitos engenheiros, era fazer o canal inter-oceânico pela Nicarágua, alargando o rio San Juan (que liga o oceano Atlântico ao lago Nicarágua), e fazendo um canal curto por menos que 20 km entre o Lago Nicarágua e o oceano Pacífico. Na época os seus opositores argumentavam contra usando como argumento a maior possibilidade de terremotos e atividades de Vulcões na Nicarágua do que no Panamá, mas isto não era realmente um problema para o canal. Na verdade, o Panamá era mais interessante para os norte-americanos, pois era na época bastante controlado pelos EUA, ao contrário da Nicarágua (como curiosamente ocorre até hoje). Aqui na Nicarágua há um plano de se fazer no futuro um canal para concorrer com o panamenho, mas é necessário muito investimento para tal empreendimento, e é preciso também vencer algumas resistências, sobretudo da Costa Rica que está colocando certos impedimentos já que o canal passaria bem perto da sua fronteira. Há uma disputa que está para ser decidida pela corte internacional de Haia relativamente à fronteira entre os dois países, mas pelo que entendi a Costa Rica na verdade está colocando dificuldades e quem está por trás são grandes interesses econômicos que não querem um segundo canal (não querem competição). Vejam bem, um dia antes de visitarmos o canal do Panamá, no início de janeiro, um navio pagou 400 mil dólares de pedágio para atravessá-lo, o que foi um recorde. Agora, imaginem se eles, os donos do canal do Panamá, seja lá quem forem, querem concorrência!!! É claro que não...

Anteontem fomos ao cinema ver o novo filme do Clint Eastwood, “Além da vida”. Excelente, na minha humilde opinião, tanto para crentes quanto para céticos. E a cena inicial (os primeiros minutos) é fantástica (uma reconstrução de um tsunami). Vale a pena!

Aqui na Nicarágua, a moeda é o Córdoba, e um dólar vale cerca de 22 córdobas. Mas o custo de vida é bem menor que no Brasil.

Mais um pouco de historia. A Nicarágua sofreu 4 décadas com a ditadura da família Somoza (pai e filho) entre os anos 30 e os 70. Mas em 79 a revolução sandinista, de forte apelo popular e social e inspirada na luta de Sandino, acabou por derrubar a ditadura de Somoza. O governo dos guerrilheiros sandinistas tomou várias medidas que desafiavam os interesses das elites locais e dos norte-americanos e o presidente Reagan dos EUA na época criou um embargo econômico contra a economia deste pequeno país (como ocorre com Cuba há meio século), armou um exército de 15 mil soldados (os chamados contras) que realizavam muitas ações armadas de sabotagem contra alvos civis e portos nicaragüenses a partir de Honduras e Costa Rica, o que destruiu a economia local e tinha como objetivo enfraquecer o governo sandinista. Mas ao contrário de Cuba, os sandinistas não acabaram com eleições gerais e na eleição para presidente de 1990, eles os sandinistas perderam (por poucos votos de diferença) para uma coalizão de partidos conservadores que acabaram governando o país por 3 mandatos até 2006. Então em 2006, os sandinistas elegeram o presidente Daniel Ortega que me parece está fazendo um governo centro-esquerda (mais moderado que seu primeiro governo nos anos 80), priorizando, sobretudo, as pessoas mais pobres. Ortega vai concorrer a reeleição no final de 2011. Pelas pesquisas que vi nos jornais, ele está muito forte; segundo pude observar, neste novo governo sandinista foram realizadas várias políticas de cunho social (programas de distribuição de renda ao estilo dos programas sociais brasileiros, como o bolsa-família), mas sem se afastar totalmente setores do empresariado e da classe media, como ocorreu no seu primeiro governo na década de 1980: ou seja, está indo na mesma linha mais ou menos do que se fez (e se faz) na América Latina nos últimos anos (inclusive no Brasil). A novidade é o surgimento de uma nova classe média. Vamos ver no que dará!


Em León ontem almoçamos em um hotel belíssimo que já foi um convento franciscano, e por isso é chamado de hotel “El Convento” (vale a pena ver o seu site na internet). E ao seu lado, o hotel mantém a Fundação Ortiz que cuida daquele que é considerado o melhor museu de arte de toda a Nicarágua: valeu mesmo a pena conhecê-lo.

A região da costa do Atlântico da Nicarágua é bem menos povoada (como em toda a América Central) devido ao clima ser muito úmido lá. Mas as praias do Pacífico são muito disputadas por surfistas. E há muitos turistas norte-americanos aqui (como vimos também quando viajamos pelo Vietnã há alguns anos) atraídos pelos preços baixos. Esta é na verdade uma ‘invasão do bem’ por parte dos EUA, pois é feita por turistas e não por soldados armados. Tomara que se continue somente com este tipo de ‘invasão’ na América Latina, não é mesmo?! De qualquer modo, o potencial para turismo aqui é imenso (pelo menos tão grande quanto na Costa Rica, o país que mais recebe turistas na região) e com certeza este setor vai crescer bem nos próximos anos, tanto no ecoturismo quanto no turismo mais convencional.


Hoje comemos de sobremesa em Granada, em um restaurante italiano, o famoso Tiramissu, “Dio mio”, que delícia! Estamos viajando de ônibus entre as capitais dos países da região, pela famosa companhia “Tica Bus”, que tem ônibus muito confortáveis. gora, tá na hora de jantar.

Bien, entonces, a todos los muchachos e muchachas que se quedaram hasta agora lendo estas tonterías,
Muchos besos e abrazos,
Ricardo e Divina







 
HONDURAS

Prezados amigos brasileños!!!
Agora, depois do Panamá, da Costa Rica e da Nicarágua, estamos em Tegucigalpa, capital de Honduras. Vamos ficar menos tempo aqui, pois ainda temos que conhecer El Salvador, antes de voltar.

Honduras tem este nome devido ao Colombo que quando aportou por aqui na sua última e quarta viagem, achou que as águas caribenhas daqui eram muito profundas (e “fundo” em espanhol é parte da raiz etimológica da palavra que deu origem ao nome “Honduras”). É interessante saber também que até a sua morte, após esta quarta viagem, Colombo pensava que tinha atingido as Índias (na Ásia) em suas viagens, não tendo consciência que tinha aportado em um novo continente!

Em primeiro lugar, uma contextualização das coisas. Em dezembro, no planejamento desta viagem, nos demos conta de que para entrar em Honduras, precisaríamos de visto, Honduras é o único país da América Central em que seria necessário um visto. O vôo de volta para o Brasil saia de El Salvador (o vôo de ida entrava pelo Panamá) e como estamos fazendo toda a viagem por terra (de ônibus), não há como ir da Nicarágua para El Salvador sem passar por Honduras (confiram em um mapa). Até pensamos em tentar ver se daria para algum barco atravessar o chamado Golfo de Fonseca (que no Pacifico banha os três países, Nicarágua, Honduras e El Salvador), diretamente da Nicarágua para El Salvador, mas não há tais barcos ou “ferries”. E pelo que tínhamos lido, são bem caras as passagens de avião entre as capitais aqui na America Central (apesar de elas estarem bem perto entre si).

Por diversos motivos não tiramos o visto no Brasil e planejamos tirá-lo em alguma capital da América Central, como, por exemplo, na embaixada de Honduras em San Jose (capital da Costa Rica), onde de fato tiramos o visto na primeira semana de janeiro por 80 dólares para os dois!!! Mas por que precisávamos de visto para entrar em Honduras? Uma historinha então: no meio de 2009 o presidente eleito de Honduras, Zelaya, foi derrubado, no seu penúltimo ano de mandato, por um golpe, e o governo brasileiro (com razão, na minha opinião) deu asilo a ele na embaixada brasileira em Honduras, onde ele ficou por meses liderando um movimento de resistência ao golpe.

Por isso, os dois países meio que cortaram relações diplomáticas normais e passaram a exigir visto um do outro para viagens de seus cidadãos ao outro pais. E porque os militares deram o golpe? Ao que tudo indica, para evitar uma inflexão mais à esquerda do governo Zelaya que estava tomando atitudes que implicavam em medidas sociais de distribuição de renda e de melhoria da vida dos mais pobres. Bom, esta é a versão correta no meu ponto de vista, mas se vocês procurarem em revistas e sites mais conservadores ou de direita (como é o caso da revista Veja) irão ler outra versão, a de que na verdade o Zelaya estava tomando iniciativas inconstitucionais, e que este foi um (contra-)golpe preventivo contra a tentativa de Zelaya de no futuro dar um golpe. Totalmente equivocado na minha opinião, a partir dos dados e informações existentes, mas há quem acredite... Parte da classe média e das elites aqui de Honduras embarcou neste discurso de demonizar o Zelaya. Mas o que interessa é que nos acabamos tirando o visto (US$ 80).


Bom, acontece que no ano passado aconteceram eleições presidenciais (Zelaya estava em seu penúltimo ano de governo) em Honduras (com o presidente legitimo manietado e sem poder exercer o seu mandato) e no final do ano também ocorreram eleições presidenciais no Brasil. O novo presidente de Honduras (Porfirio Lobo) já tinha tomado posse e a presidenta Dilma tomou posse agora, em 1 de janeiro de 2011. Portanto, a situação mudou e ao passarmos pela fronteira para entrar em Honduras, ficamos sabendo que desde a segunda semana deste ano de 2011, os dois novos governos do Brasil e de Honduras aboliram a exigência de visto: ou seja, 80 dólares gastos desnecessariamente, mas como iríamos saber, não é mesmo?...

Tegucigalpa, fundada no século 16, é uma cidade a cerca de mil metros de altitude, tem em relevo montanhoso e conta com aproximadamente um milhão de habitantes. Portanto, pensem em uma antiga cidade colonial (com o relevo e as ruas estreitas de Ouro Preto), mas que agora tem que receber o tráfego de carros e de ônibus para transportar um milhão de pessoas. Ou seja, é a receita para o caos total! A cidade nunca foi dimensionada para isto tudo. E como é cheia de subidas e descidas, as suas ruas são estreitas e as calçadas são mais estreitas ainda, e com muitos buracos e obstáculos, totalmente inadequadas e perigosas para idosos e cadeirantes. Mas suas igrejas são belíssimas, sobretudo por dentro. Muito ouro nos altares, e uma visível mistura do catolicismo com crenças indígenas, como ocorre na igreja Los Dolores, que no seu alto, abaixo da cruz, mostra um sol nitidamente representando um deus maia.

Aliás, daqui para o norte (Guatemala, El Salvador, Belize e México), os maias foram os “bam-bam-bam” há cerca de um milênio. Suas realizações, suas cidades, sua astronomia, sua matemática, o seu desenvolvimento foi fantástico e até hoje há muitas teorias sobre o motivo que levaram as cidades maias colapsarem por volta de 900 dC. A mais aceita explicação envolve um colapso ambiental devido a destruição florestal que ocorreu quando os maias levantarem suas cidades (Palenque, Tikal, Tulum, Chichenitza, etc) com muitos templos e pirâmides e para isto derrubaram parte considerável da cobertura vegetal.

O maior tesouro arqueológico e turístico de Honduras é a cidade maia de “Copan” (perto da fronteira com a Guatemala), que é belíssima, pode ser visitada turisticamente e tem grande parte de seus prédios originais muito bem preservados. Em Copan há inclusive um campo de jogo de bola (de pelota) que os maias já jogavam na época, mas com uma bola de borracha de cerca de 4 kg, mais ou menos dez vezes mais pesada que a bola atual de futebol; eles jogavam sobretudo com os quadris para não "perderem” (machucarem) os pés (devido ao peso da bola). Quem perdesse o jogo era sacrificado aos deuses (mas há uma outra teoria que diz que quem ganhava é que tinha o “privilégio” de morrer e ir encontrar-se com os deuses… algo meio estranho): era literalmente um jogo de vida ou morte!!! Há em Tegucigalpa uma bela praça que tenta reconstruir toda a arquitetura e o espírito de Copan. Vale a pena conhecer, para quem não conseguir ir a Copan!



Conhecemos também alguns museus de Tegucigalpa; o mais belo sem sombra de dúvida foi o Museu para a Identidade Nacional (MIN), no centro da cidade, com muita coisa sobre a história do país. A galeria nacional também apresentava várias obras de arte interessantes, inclusive algumas esculturas e alto-relevos maias. Fomos, no fim da tarde, ao Centro Cultural de Espanha que tinha acabado de inaugurar uma excelente exposição de fotos sobre imigrantes (nos Estados Unidos) de países centro americanos (como Honduras) que tentam atravessar os países da América Central rumo ao norte, para depois tentar atravessar milhares de quilômetros pelo México, para finalmente chegar aos EUA, e neste trajeto enfrentam violências, estupros, sequestros, maltratos, exploração e um sem número de problemas. Os depoimentos dos imigrantes ao lado das fotos eram impressionantes (e tocantes). Muitos deles atravessaram boa parte do México viajando no teto de trens. Imaginem quantos morrem ou perdem uma parte do corpo neste trajeto!!! Foi uma excelente e ilustrativa exposição, num local bastante agradável.



A moeda aqui chama-se Lempira. Lempira foi um cacique indígena que liderou (aproximadamente em 1530) a última grande rebelião de milhares de indígenas contra os espanhóis; os indígenas foram derrotados obviamente pelas armas de fogo, pelas doenças (sobretudo a varíola) e pela crença de muitos indígenas de que os espanhóis eram deuses já que vinham montados em animais enormes (os cavalos, que eles desconheciam) e tinham armas de metal poderosíssimas que "cuspiam" fogo!!! Na verdade a história de que os espanhóis vieram aqui na América para converter indígenas e aumentar o rebanho de Deus na Terra, era apenas um pretexto; o real motivo chamava-se ouro e prata, metais que escasseavam na Espanha, que crescia economicamente e não tinha o equivalente em metais para este aumento de produção.

Este problema na verdade só foi superado com a criação (muitos séculos mais a frente) de bancos centrais com o monopólio da emissão de papel moeda. E curiosamente, hoje, na nota de 1 lempira, aparece justamente o índio Lempira que foi um obstáculo para que os espanhóis obtivessem mais ouro e prata! As voltas e contradições que o mundo dá!!! Mais ou menos como no caso do MasterCard fazendo referência às coisas que não tem preço... uma sutileza irônica de auto-referência.
É isso aí, pessoal!
Besos e abrazos cheios de latinidad!!!
Ricardo e Divina



EL SALVADOR

Pessoal,
estamos agora no último país de nossa viagem: El Salvador. Ou melhor, na sua capital, San Salvador, que tem quase 2 milhões de habitantes.
Este é talvez o mais rico dos cinco países que visitamos (estivemos viajando, pela sequência, pelo Panamá, pela Costa Rica, pela Nicarágua e por Honduras); talvez apenas a Costa Rica rivaliza com El Salvador no padrão de vida. A infra-estrutura do país se assemelha com a que há no Brasil. El Salvador é o menor dos 5 países em território. E é o único que só tem costa no Oceano Pacífico.

É o país da região que é mais influenciado pela cultura norte-americana, até porque se calcula que cerca de um terço da população salvadorenha viva como imigrante nos EUA, remetendo o dinheiro que é fruto de seu duro trabalho lá nos EUA para seus parentes aqui em El Salvador. Imigrantes que saíram daqui nas últimas décadas ou por motivos políticos (durante a guerra civil nos anos 80) ou por motivos econômicos.

E El Salvador é o país da região que teve a história mais sofrida nas últimas décadas, talvez até mais que a Nicarágua que passou por uma revolução. 70 mil salvadorenhos foram assassinados por grupos de extermínio de extrema direita na guerra civil nos anos 80, e muitos até hoje são desaparecidos. Foi um verdadeiro massacre. Os EUA, a partir de 1981, sob o governo Reagan, com medo de novas revoluções (como a revolução sandinista que ocorreu na Nicarágua em 1979) passaram a apoiar ditaduras militares terríveis em toda a região colocando inclusive muito dinheiro e treinando as forças armadas locais, simplesmente para matar qualquer um que tivesse mínimas simpatias pelos movimentos sociais revolucionários na época. O estopim da guerra civil salvadorenha foi o assassinato do arcebispo de San Salvador, Monsenhor Romero, por paramilitares financiados pelos EUA em 1980.


A guerrilha liderada pela FMLN - Frente Farabundo Marti de Libertação Nacional (em homenagem ao importante líder camponês salvadorenho assassinado nos anos 30, como ocorreu também na Nicarágua, no caso de Sandino), a partir de então começou a contar com cada vez mais apoio e simpatia popular. Varias vilas de camponeses e descendentes de indígenas foram literalmente massacradas, sendo que o caso mais cruel foi o da vila de El Mozote na qual cerca de 800 camponeses foram metralhados e mortos (com 131 crianças assassinadas) pelo exército e grupos paramilitares de extrema direita. Um verdadeiro genocídio que pode ser comparado ao que ocorreu com o vilarejo de Guernica na Espanha durante a guerra civil espanhola, que foi bombardeado e destruído completamente pela aviação nazista antes do início da Segunda Guerra.


Conhecemos em San Salvador o Museu da Palavra e da Imagem que conta um pouco desta história e tem em uma sala, uma interessante montagem de como, a partir da selva, eram feitas para todo o país as emissões da rádio Venceremos, ligada a guerrilha da FLMN, rádio esta que tentava contrabalançar as informações divulgadas pela grande mídia na época. Fomos também à UCA – Universidade Centro Americana – onde existe o Centro Monsenhor Romero, com uma excelente exposição sobre os terríveis anos de guerra civil (na década de 1980). Um fato revelador foi que, nos anos 80, o exército matou quatro freiras norte-americanas que atuavam em grupos de ajuda humanitária em El Salvador, e mesmo assim o governo norte-americano nunca diminuiu a sua ajuda ao regime militar salvadorenho!

Na própria UCA, inclusive ocorreu um ataque brutal por parte de grupos fascistas, no qual seis padres que também eram professores da universidade  foram assassinados. Um deles, um psicólogo, era o próprio reitor da universidade, para vocês verem que ninguém ficava livre da repressão! Dos quatro andares da biblioteca central da UCA, o primeiro é só com o excelente acervo de livros destes padres que foi doado para a Universidade, após estes assassinatos.
Os museus daqui de El salvador são muito bem organizados. Os dois melhores foram o MARTE (Museu de Arte de El Salvador) e o MUNA (Museu Nacional de Antropologia) situados um perto do outro. Gastamos algumas horas agradáveis lá.

Mesmo sendo mais caro que Honduras e Nicarágua, El Salvador, como toda a América Central que visitamos, ainda é mais barato que o Brasil. É um sinal que a economia brasileira está forte e que estamos (o Brasil) ficando ricos em relação a outros países. Mas é sinal também que o real está se valorizando demais, o que no longo prazo pode dificultar as exportações brasileiras e pode criar problemas para a nossa economia. Vamos ver o que o governo brasileiro fará sobre isto, se bem que não é fácil fazer algo, pois a maior parte das moedas do mundo todo está também se valorizando frente ao dólar, não é só o caso do nosso real!


A catedral e as igrejas daqui são belíssimas (lembrem-se que El Salvador já é um nome bastante religioso, remetendo ao nome de Jesus, o “salvador”). Pela força do cristianismo aqui, dá para perceber que os espanhóis converteram (na marra) todo mundo, foram muito eficientes neste quesito…
Além da guerra civil, o país sofreu muito com terremotos, erupções de vulcões e furacões que ocorreram nas últimas décadas. Miséria pouca é bobagem!!! Na verdade é um povo bem sofrido.

Um grande problema aqui também são as gangues (as famosas “maras”) que nasceram nos EUA (a partir de grupos de imigrantes que começaram a cometer crimes, assassinatos e tráfico de drogas e de pessoas), sobretudo na cidade de Los Angeles. A estrutura destas “maras” acabou voltando (incentivadas, de certa forma, para isto, pelo próprio governo norte-americano a partir da sua política anti-imigrante latino-americano) para México e América Central, munidas com toda a abundância de armas que existe nos EUA. Assim, este país que comparativamente aos EUA é pobre, acabou tendo que lidar com uma criminalidade organizada e crescente nos últimos 20 anos. Mas nós não tivemos problema algum e parece que este problema da violência não atinge em geral os turistas. Como em qualquer lugar do mundo você tem que saber onde andar, quando andar e como andar! Mas devido a todo o histórico de violência, a segurança é uma obsessão e todo negócio tem na sua frente um segurança com uma espécie de um pequeno rifle nas costas, inclusive nas lojas do McDonalds, nos hotéis, nos restaurantes, etc. É algo ameaçador e que assusta!!!

Desde 2010 El Salvador tem o seu primeiro presidente proveniente de partidos de esquerda. É o presidente Mauricio Funes, representante do antigo grupo guerrilheiro FMLN que nos acordos de paz do início dos anos 90 abandonou a luta armada e tornou-se um partido legalizado e de centro esquerda (também chamado de FMLN) e que só agora 20 anos depois (e após várias derrotas em eleições) chegou ao poder. Ele me pareceu pelo que li nos jornais (e pelo que filtrei, pois a grande mídia daqui me pareceu como no Brasil, bem conservadora) um sujeito que quer aplicar políticas progressistas moderadas de modo a produzir uma distribuição de renda por utilizando-se de programas sociais. Ele conta inclusive com a ajuda de técnicos do próprio governo brasileiro. A própria esposa do presidente Funes (a primeira-dama salvadorenha) é brasileira! Legal, não é mesmo!!! E as pessoas demonstram respeitar e gostar muito dela. Além disso, muitas empresas brasileiras estão aumentando sua presença em El Salvador e o comercio entre os dois países está crescendo. É portanto, algo do interesse brasileiro, estreitar os laços com El Salvador.


A viagem toda entre as capitais dos 5 países foi feita pela companhia de ônibus internacionais TICA BUS (bem confortáveis). Para vocês terem idéia de preços (baratos) e tempos de viagem, a viagem de Tegucigalpa (capital de Honduras) até San Salvador durou 7 horas (saímos as 6h da manha e chegamos as 13h, acho que devem ter sidos uns 500 km) e custou exatos 15 dólares por Pessoa (cerca de 26 reais). Um preço muito bom! E que mostra o baixo custo das coisas daqui (como em toda a América Central). Para vocês terem idéia aproximada dos preços daqui (em reais), andamos de ônibus circular pela cidade de San Salvador por 35 centavos de real cada viagem, o principal jornal do pais (que é bem "gordinho") custa 90 centavos de real, viemos de uma cidade a 100 km de El Salvador por um ônibus que custou R$ 1,70, o cinema custou 7 reais e uma latinha de coca-cola gelada aqui no nosso hostel custou R$ 1,60.

Aliás, o hostel em que estamos aqui chama-se Ximena Guethouse e é muito bem estruturado; a dona, a Lena, é uma norueguesa que casou com um salvadorenho e mora aqui há 15 anos! Ela nos deu dicas fantásticas para conhecermos melhor a cidade de San Salvador e seu entorno. Mas para seguirmos todas as dicas precisaríamos ter mais uma semana pelo menos de viagem, e infelizmente não temos mais tempo.


El Salvador, como o Panamá, usa o dólar norte-americano como moeda (El Salvador desde 2001, e o Panamá, acho que desde sempre). O atual governo salvadorenho garante que continuará com isto, até porque é difícil mudar, tendo em vista a influência norte-americana aqui. E, por enquanto, com a política do governo Obama de enfraquecer o dólar para tentar recuperar a produção da economia norte-americana, o uso do dólar como moeda de El Salvador não está complicando muito a economia daqui, como ocorreu com as tentativas de dolarizar a economia brasileira e a economia argentina nos anos 90, época de dólar forte, o que acabou destruindo muitas empresas e milhões de empregos no Brasil e na Argentina que migraram para outros países, provocando a quebra das economias destes países.

As cidades maias mais ao sul que existiram há um milênio estavam justamente em El Salvador que tem alguns templos e ruínas maias importantes e que são pontos turísticos preservados por órgãos governamentais. Os maias se espalharam desde o sul do México (na região da península de Yucatán que já havíamos visitado em outra viagem) até Guatemala, Belize, Honduras e El Salvador. Os maias foram um povo com muitos conhecimentos em diversas áreas (Matemática e Astronomia, por exemplo) e que por volta do ano 900 a 1000 d.C. desapareceu devido a problemas ambientais e a lutas entre as suas várias cidades. Visitamos os três principais sítios maias no mesmo dia (foi meio puxado, pois eles estão meio longe de San Salvador onde estávamos hospedados).

Primeiro, estivemos em Joya de Ceren (ou seja, Jóia de Ceren), um patrimônio da humanidade tombado pela UNESCO, uma espécie de cidade de “Pompéia” dos maias, pois trata-se de uma cidade que no ano 640 foi, durante duas semanas, coberta pelas lavas e cinzas da erupção de um vulcão local. Suas ruínas foram encontradas em 1974, mas só 1% foi escavado até agora! 

Depois, fomos conhecer as ruínas maias de “Santo Andrés”, a 5 km de Joya de Ceren, com templos e outras construções grandes, inclusive estruturas piramidais.
Finalmente, o “gran finale” do dia foi em Tazumal, perto da cidade de Santa Ana, o sítio mais impressionante, pois tem uma grande e bela pirâmide. Em todos os três sítios, há interessantes e bem mantidos museus. Em Tazumal, fomos guiados por um dos melhores e mais empolgantes guias que já encontramos, o Guillermo (quem vier para cá um dia, deveria perguntar por ele); ele trabalha para o museu local e o seu trabalho de guia (dele e dos outros guias locais) já está incluído no ticket de entrada, com gorjetas, é claro, a parte (gorjeta que ele mereceu, por todas as histórias que nos contou). É interessante, pois a civilização maia começou na região de El Salvador e depois foi subindo em direção ao México.


Os últimos dias da viagem passamos em um hostelzinho da mesma Lena e que fica na praia numa região bem afastada e virgem, sem internet, quase próximo da fronteira com a Guatemala, numa ponta de terra chamada Barra de Santiago. O hostel chama-se curiosamente de Capricho
 (www.caprichobeachhouse.com). Bem na frente dele está o belo Oceano Pacífico e atrás dele está uma região de mangue! Dá para dar um “google earth view” (tem até no site) para quem for mais curioso!!!

Para quem arranha um pouco de portunhol, não foge da luta, se interessa por história, cultura e pela vida silvestre, e gosta de um pouco de aventura, a América Central é um excelente lugar para viajar. Vale a pena! É claro que em alguns lugares nao há a mesma infra-estrutura que há na Europa ou nos EUA! Mas é uma bela viagem, com certeza! Até para termos um melhor conhecimento da enorme diversidade humana e natural que existe em nosso planetinha!

Bom, é isso aí, irmanitos e irmanitas!
Grandes abrazos repletos de latinidad para todos ustedes e toda la felicidad del mundo!!!
Ricardo e Divina





GUIANAS



De Roraima para a Guiana



Hoje é sábado (10 de junho de 2010) e estamos ainda em Boa Vista, capital de Roraima. Ontem foi o dia da cidade que fez 120 anos e ouve uma big de uma festa
junina (Boa Vista Junina) com muita dança junina e o concurso de rainha caipira e rei matuto. Foi bem divertido! Hoje continua com a competição entre as quadrilhas que é mais ou menos como a competição entre escolas de samba: são 20 ao todo, 4 por noite, cada uma tem 50 minutos para se apresentar... É bem divertido e criativo: e reflete a colonização de Boa Vista que foi preponderantemente de nordestinos.



Ontem ouve exibição de aviões caças da nossa aeronáutica. Aqui como é fronteira, o exército e a aeronáutica tem bastante força. 

Amanhã vamos para Georgentown na Guiana (ex-inglesa), onde ficaremos na Rama Guesthouse onde já fiz reserva. Sairemos as 7 da manhã de ônibus até Bonfim na fronteira onde chegamos as 9 da manhã e atravessamos pela ponte que foi inaugurada pelo presidente Lula no ano passado. Até então não havia nenhuma ligação para a Guiana, e o nosso atual presidente está nos interligando com os nossos vizinhos como é de fato o que deve ser feito, pois infelizmente sempre estivemos muito mais voltados para EUA e Europa;  A gente no sul/sudeste geralmente não tem a mínima idéia de como isto é importante aqui na Amazônia.

Voltando a nossa viagem de amanhã, entre 9 e 10 da manhã atravessamos a fronteira
entre Brasil e Guiana e fazemos o trabalho de alfândega e as 10 horas continuamos de ônibus pelo meio da floresta amazônica pela Guiana adentro: esperamos chegar em Georgetown a meia noite!


Aqui faz um calor infernal e sem a brisa do nosso litoral no verão... Comemos peixe (dourado) ontem e hoje!! E ontem jantamos um prato completo de carne de sol...

Beijos,
Ricardo e Divina







Guiana

Estamos em Georgetown, capital da Guiana. Chegar aqui foi uma aventura inesquecível... Para começar, quando saímos de Roraima e entramos na Guiana,
após atravessarmos a nova ponte, a pista tem que mudar de lado, pois aqui a direção é inglesa e do lado esquerdo!!! (keep your left!!!).
Esta duvido que vocês sabiam.

Saímos de Boa Vista às 7 da manhã. Às 9 da manhã atravessamos a fronteira até Lethem na Guiana (ex-inglesa). Às 11 da manhã saímos de Lethem. Bom, atravessamos a savana (no sul da Guiana  que é a mesma vegetação do norte de Roraima), a floresta amazônica, uma reserva indígena, o grande rio Essequibo (de balsa), quando ficamos sabendo que a Espanha era a campeã da copa do mundo!

Às 11 da noite o motorista parou num posto de gasolina e disse que com as chuvas a estrada de terra tinha sido engolida por trechos de água em dois pontos 30 km à frente (os dois pontos separados um do outro por 3 km). E depois tinha ainda 170 km até Georgetown (60 km de terra na floresta e o resto de asfalto). Bom, dormimos lá mesmo, a Divina no ônibus e eu  juntei quatro cadeiras na frente de uma espécie de barzinho aberto meio no meio da mata ao ar livre (do lado da estrada de terra) que tinha lá e tentei cochilar até as 5 da manhã quando o cara que limpa o bar apareceu e me expulsou. Amanhecemos e até o meio dia, nada de o ônibus ir nem de voltar. Bom, as 13h o motorista levou-nos até a primeira parte em que a pista estava invadida por um braço de rio e nos deixou lá; atravessamos em um barquinho que tinha aparecido. Aí depois de muito negociar, conseguimos dois locais numa van da empresa de geologia que iria tentar concertar a estrada e que estava indo para Georgetown onde chegamos as 18h. Que aventura!

Hoje é terça e passaremos pela cidade com um rapaz brasileiro, um aluno da Unicamp, o Lucas, que conhecemos e está no mesmo guesthouse que nós. Amanhã quarta continuaremos pela cidade meio enrolando (teremos que mudar de hotel pois não haverá mais quarto disponível lá) e na quinta vamos para a grande atração da Guiana que é uma cachoeira imensa chamada Kaieteur que está próxima da fronteira do Brasil num lugar em que não há estrada; vamos com um aviãozinho teco-teco que além desta cachoeira nos levará em uma outra cachoeira também onde dá para se banhar e a tarde voltamos com o mesmo aviãozinho (que dá para 9 pessoas).

Sexta as 5 da manhã pretendemos sair para Paramaribo, capital do Suriname numa viagem de 12 horas e dois ferries boats...É isso ai... O Governo brasileiro esta financiando o asfaltamento dos 550 km da estrada (entre a fronteira com o Brasil e Georgetown) que pegamos para poder escoar parte da produção brasileira da Amazônia pelo porto de Georgetown.

A contrapartida será:

1) Entrada da Petrobrás para explorar petróleo que deve ter de monte, pois
estamos do lado da foz do rio Orinoco, local que tem muito petróleo no lado venezuelano.
2) Construção de uma hidroelétrica: o país tem muitos rios com muitas quedas, mas sem nenhuma hidroelétrica e a energia é produzida por queima de diesel.

3) Aproveitamento do etanol, pois aqui dá para plantar muita cana e gerar riqueza para eles e para nós...

O pais é uma mistura de muitos hindus e muçulmanos (trazidos pelos ingleses), e negros como os caribenhos e mesmo os nossos brasileiros.

É impressionante como nunca antes demos muita bola para um vizinho com características tão interessantes. As três Guianas tem uma identidade mais caribenha do que sul-americana pois estão lá meio isoladas entre a foz dos rios Amazonas e Orinoco, entre a América portuguesa e a América espanhola, no que sobrou da partilha da América do sul pelos portugueses e espanhóis nos anos 1500 (século XVI), visto que ingleses, franceses e holandeses chegaram atrasados para a partilha das Américas, pois só se sobressaíram economicamente nos anos 1600 (século XVII).


Um das atividades mais legais que fizemos em Gorgetown, foi no seu Jardim Botânico, onde foi possível alimentar vários peixes-boi que estavam num lago: são animais dóceis e interessantíssimos.

Obs: devido ao tempo ruim não pudemos voar e conhecer a cachoeira de Kaieteur. Ficará para uma outra viagem!

Abraços e beijos,
Ricardo e Divina






Suriname


Estamos no Suriname (a ex-Guiana Holandesa). O Suriname (ex-holandês) deu de dez na Guiana (ex-inglesa). A diferença é imensa. Enquanto Georgetown na Guiana é uma cidade cheia de problemas (lixo, insegurança) e a Guiana é nitidamente mais pobre e menos organizada que o Brasil, o Suriname parece mais rico que o Brasil e
a cidade de Paramaribo (capital do Suriname) é muito bonita, limpa e bem organizada.


Por que esta diferença? Não sabemos ao certo, mas pode ser devido à diferença do tipo de colonização entre Holanda e Inglaterra... Pode ser devido aos diferentes caminhos tomados desde a independência de ambas nos anos 70... Pode ser devido ao fato de que o Suriname tem desde os anos 60 uma grande hidroelétrica e portanto bastante oferta de energia elétrica em meio século enquanto a Guiana ainda não tem uma usina hidroelétrica...

Mas eu de fato não sei a razão real desta diferença. É um caso interessante de ser estudado! Como é também a diferença entre a Republica Dominicana e o Haiti que ocupam a mesma ilha com o mesmo eco-sistema e tiveram também um desenvolvimento muito desigual, com a Republica Dominicana estando em bem melhores condições hoje.

Ontem sábado fomos em um passeio para um lugar deserto e sem eletricidade no litoral (Matapica) onde de noite saímos pela praia e vimos uma imensa tartaruga chegando, cavando um buraco (ninho) e pondo uma centena de ovos sem dar muita atenção para nós que procuramos ficar quietinhos. Foi uma experiência incrível e até meio mística. E, em um outro local ali por perto, vimos também filhotinhos de tartaruga saindo da areia e correndo a noite em direção à praia localizando-se pelo brilho branco das espumas da água do mar: por isso não pudemos utilizar flash para bater fotos e só havia lanternas com luz vermelha. Estamos fazendo vários passeios com um jovem aluno da Unicamp (o Lucas), gente fina, que conhecemos e está por coincidência fazendo o mesmo trajeto que a gente.


Ontem na excursão dormimos em uma casinha na beira da praia com mosquiteiros...
Ainda bem que eles não são necessários na praia no litoral paulista!!!
Luz só de lampião. Para chegar lá tivemos que ir com umas canoas motorizadas por meio de pântanos e mangues..

Um grande abraço e muitos beijos,
Ricardo e Divina






Guiana Francesa

Hoje estamos em Caiena na Guiana Francesa que é uma província ultramarina da Franca. Custa caro para a França manter os 200 mil habitantes com padrão francês e em euro, mas compensa para eles pelo fato de que assim eles têm uma base de lançamento de foguetes perfeita, pois está perto do Equador e perto do mar também. Mas o principal motivo deve-se a ela estar perto da linha do Equador, pois isto ajuda em muito na velocidade de lançamento dos foguetes.

Hoje durante o dia fomos conhecer a base de lançamento de foguetes da França e da União Européia. Foi um passeio de ônibus por toda a área de 3 horas e por toda a estrutura de lançamentos do Ariene 5. E foi gratuito. Aprendemos muito, mesmo sendo guiado em francês. E conhecemos também o museu espacial.


Ontem visitamos a famosa ilha do diabo que era uma antiga prisão francesa que ficou imortalizada no filme Papillon com o Steve McQueen (que narra uma famosa tentativa de fuga desta ilha-prisão).

São 3 ilhas que ficam a 15 km da cidade de Korou que por sua vez fica a 60 km de Caiena. Aqui é colônia francesa mas parece que tem mais brasileiro que qualquer coisa! De qualquer modo estamos treinando o francês...

Amanhã vamos passear por Caiena e conhecer seus museus. Na sexta vamos para St. George de l'Oyapoke na fronteira com o Brasil e atravessamos de barquinho para a cidade brasileira de Oiapoque, pois a ponte que o governo brasileiro faz ainda não acabou (está no final). Depois vamos de ônibus para Macapá, cerca de 12h de viagem.

Beijos Ricardo e Divina





 
Da Guiana Francesa para o Amapá

Conhecer a base de lançamento de foguetes da França , Ariane 5, em Korou foi fantástico. Um passeio muito legal de três horas por todas as instalações e de ônibus com ar condicionado e com guia em francês e GRATUÍTO!!!

A Guiana Francesa foi interessante, mas muito cara (em euros...).
Emocionante foi a viagem de Caiena a Macapá ontem sexta. Saímos as 7 de van de Caiena, chegamos as 10 em St. Georges de l´Oyapoke atravessamos o rio Oiapoque com um barquinho motorizado (a ponte que o governo federal está fazendo já está bem avançada) e em Oiapoque pegamos um ônibus para Macapá as 11 da manhã; foi uma aventura pois os primeiros 250 km são de terra e como agora é época de chuvas havia muita lama e muito atoleiro... Tivemos que sair do busão várias vezes e ir andando pela lama pois era perigoso ir dentro do ônibus que se inclinava consideravelmente quando passava pelo canto inclinado da estrada perto dos lamaçais.
Foi uma aventura.

Macapá tem cerca de 350 mil habitantes, portanto é maior que Boa Vista (que tem menos que 200 mil). É a única cidade brasileira cortada pela linha do Equador.
Fomos no monumento do marco zero que tem um gigantesco monumento com um grande relógio de sol e a linha do equador no chão (como em Quito no Equador)
e tiramos a tradicional foto com uma perna no hemisfério sul e outra no norte.


Atrás do marco zero tem o estádio de futebol chamado Zerão, por que está a zero graus de latitude, sendo construído exatamente de modo que a linha do meio de campo é a linha do equador! Legal, não é mesmo! Portanto um lado do campo (de um time) está no hemisfério sul e o outro lado (do outro time) está no hemisfério norte.




A catedral de São José é bem moderna e agradável com um monumento imenso ao santo na sua entrada. A fortaleza de Macapá (meio pentagonal) na beira do rio Amazonas é a maior fortaleza em toda a América e foi construída no meio dos anos 1700 por causa do medo dos portugueses em perderem o Amapá para os franceses que também estavam tentando entrar pela foz do Rio Amazonas. Uma invasão dos franceses foi bem provável na época, mas acabou não ocorrendo.

 

Os franceses até o final do século 19 sempre reivindicaram para si o estado do Amapá (ou, no final, pelo menos a sua metade norte, entre o Oiapoque e Calçoene), mas exatamente no ano 1900 o Barão do Rio Branco em um acordo intermediado pela Suíça conseguiu a soberania toda do Amapá para o Brasil (como ele mesmo fez com o Acre também, desta vez com a Bolívia) e hoje não há nenhum litígio de fronteira do Brasil com seus vizinhos, um ponto forte de nosso país, parece! É só ver os problemas aqui na região. Há litígio de fronteira entre a Guina Francesa e o Suriname, entre o Suriname e a Guiana, e também entre a Guiana e a Venezuela! É mole?


Almoçamos hoje Pirarucu ao molho de camarão na peixaria Amazonas, um dos melhores restaurantes da cidade em frente ao rio Amazonas. O ritmo musical mais tocado aqui é o que se chama tecno-brega: é rapidinho e bem divertido, mas depois de algumas horas (como tudo) acaba enjoando.

Hoje no domingo íamos à Festa de São Tiago no município de Mazargão Velho,
que durante o dia todo encena (por parte de seus habitantes) uma guerra entre cristãos e mouros muçulmanos, acontecida na cidade portuguesa de Mazargão na África e
que remete aos conflitos que ocorreram lá nos anos 1400... Mas devido à distância resolvemos desistir de ir lá. Havia também a possibilidade de ir ontem à cidade de Afuá  na ilha de Marajó (que é do estado do Pará) onde estão acontecendo shows e festividades durante 24 horas. Teríamos que sair as 14 h de sábado num barco com camarote (um quartinho com beliche) e voltar as 14h de domingo (a viagem dura 4 h), com um tecno brega tocando a todo volume pelo DJ do barco... A Divina falou que seria demais para ela (e para mim também, confesso) e resolvemos também não ir.

Segundo o povo daqui fala, Macapá é a única capital do Brasil banhada pelo Rio Amazonas (Manaus é banhada pelo Rio Negro - que forma o Rio Amazonas - e Belém é banhada por um afluente do Amazonas). É meio forçado o argumento, mas ressalta a importância da cidade que está bem na entrada (foz) norte (oeste) do rio Amazonas e é a porta de Entrada Fluvial para toda a região Amazônica.

Comemos um açai energizado ontem a noite que era porreta!!! (com Guaraná, banana, granola e leite condensado: bem “dietético”). Uma sobremesa que comemos no restaurante foi deliciosa: creme de cupuaçu com açai! Conhecemos também o museu Sacaca que tem um acervo voltado para o desenvolvimento sustentável e é na verdade um centro de estudo de plantas e ervas amazônicas com possibilidades medicinais.


Abraços
Ricardo e Divina




CHILE E ARGENTINA




ILHA DE PÁSCOA, SANTIAGO, MENDOZA E CÓRDOBA

Estamos em julho de 2009 e resolvemos conhecer a Ilha de Páscoa, além da cidade de Santiago no Chile e das cidades de Mendoza e Córdoba na Argentina. A Ilha de Páscoa é um local lendário devido aos seus Moais, imensas esculturas em forma de cabeças.
A denominada gripe suína está assustando muita gente, sobretudo neste inverno do hemisfério sul, e em países que são frios nesta época do ano, como o Chile e a Argentina. Mas não nos assustamos e seguimos viagem assim mesmo! Fomos pela Lan Chile de São Paulo até Santiago e pela mesma companhia de Santiago até a Ilha de Páscoa. A Ilha de Páscoa (Rapa Nui) que pertence ao Chile está no meio do Oceano Pacífico: são cerca de 5 horas de viagem de avião a partir da capital chilena. É o local habitado mais remoto e afastado de outros locais habitados de nosso planeta. Está muito longe do continente americano e também está bem distante de outras ilhas da Polinésia. De todas as ilhas do Oceano Pacífico (o maior de todos os oceanos) ela é aquela que está mais a leste! Os moais é a denominação dada às grandes cabeças de pedra que foram esculpidas e erguidas nesta ilha por um povo que lá viveu durante a idade média européia. Os moais estão espalhados por toda Ilha e alguns estão localizados sobre “ahus” (altares com uma série de moais alinhados).
Seus habitantes atuais são em grande parte descendentes deste povo. Para esculpir as centenas (cerca de 800) de moais que estão espalhados por toda a ilha este povo tinha com certeza uma notável tecnologia. Mas para tal façanha teve que derrubar quase que a totalidade da cobertura vegetal da ilha o que acabou por levar ao fim tal civilização em algum momento no final da idade média. Sem madeira não havia a possibilidade de construírem embarcações para pescarem ou até fugirem da ilha para um outro local. Toda fonte de proteína animal para alimentação da ilha foi exterminada rapidamente. Perto de uma antiga “pedreira” que visitamos e de onde possivelmente os habitantes escavavam os moais (e a partir dali transportavam as estátuas por muitos quilômetros de distância, possivelmente rolando-as sobre troncos de madeira) pudemos observar vários moais deitados no chão, alguns ainda não completamente esculpidos, indicando como deve ter sido súbito o colapso provocado pela falta de madeira e, portanto, de possibilidades para a construção de abrigos e barcos! Alguns estavam moais inclusive ainda “presos” à pedreira! Outros estavam caídos ou meio tortos... Em alguns locai parecia que estavam andando, descendo morro abaixo, como “zumbis”, antes de serem deixados “congelados” nos locais onde foram abandonados.

Quem quiser ler um livro interessante sobre esta história deve ler o fascinante livro “Colapso” (de Jared Diamond) que conta a história de vários povos e civilizações que colapsaram e se auto-destruíram em termos ambientais que realizaram na região em que habitavam. Um dos capítulos deste livro é sobre a Ilha de Páscoa. O autor traça um interessante paralelo entre a Ilha de Páscoa de mais de meio milênio atrás e a Terra atualmente, afinal de contas a humanidade hoje também não tem para onde fugir se nosso planeta ficar inabitável devido aos nossos próprios atos inconseqüentes em termos ambientais! O universo é um imenso oceano Pacífico e a Terra uma pequena Ilha de Páscoa perdida neste oceano, um “Pálido Ponto Azul” nas palavras famosas (e título de um livro) do astrônomo Carl Sagan!

Quando os primeiros europeus chegaram à ilha de Páscoa no século XVIII (num domingo de Páscoa) encontraram poucos descendentes da antiga civilização desnutridos e vivendo uma vida miserável; estes navegadores europeus devem ter se perguntado como os ancestrais daquele povo tinham construído tantas e tão imensas esculturas? Alugamos uma motinho para conhecer os pontos arqueológicos com independência e, deste modo, em menos de uma hora conseguíamos atravessar a ilha de ponta a ponta!



A ilha de Páscoa é cheia de vulcões extintos e subir até o topo deles foi gratificante, pelo visual que propiciavam. Geralmente nestes vulcões extintos acabam se formando lagos dentro deles. As suas crateras são magníficas!




Bebemos uns vinhos chilenos deliciosos nas noites de nossa estadia por lá. E numa noite fomos ver um interessante espetáculo com danças típicas dos ancestrais do povo da ilha: “meio coisa para turista”, mas valeu à pena mesmo assim, pois ajudou na nossa tentativa de voltar atrás no tempo em nossa imaginação.

Depois de vários dias explorando a Ilha de Páscoa, retornamos para Santiago onde ficamos hospedados em uma pousadinha perto do Palácio de La Moneda, onde o presidente constitucional eleito Salvador Allende foi assassinado em setembro de 1973 pelas forças golpistas comandados pelo general fascista Pinochet (já deu para perceber a nossa opinião sobre o dito cujo, não é mesmo). Tristes dias aqueles. De todas as ditaduras militares sanguinárias que prosperaram em nossa América Latina naqueles tempos (inclusive no Brasil), a chilena foi com certeza a mais sanguinária (até hoje se calcula que o número de desaparecidos políticos seja de algo da ordem de 30 a 40 mil seres humanos). Tiramos uma foto na frente do Palácio de La Moneda que foi bombardeado na época, mas foi reconstruído depois e hoje está bem bonito com as bandeiras chilenas na frente e uma exposição que pode ser visitada. Tiramos também uma outra foto na frente da estátua do presidente Allende.


Santiago é uma cidade belíssima que vale a pena conhecer (como Buenos Aires, lembra um pouco a arquitetura de algumas cidades européias, como Madri). Tem belíssimas igrejas: os chilenos são muito católicos e o Chile foi o último país da América do Sul a legalizar o divórcio. Há belas construções arquitetônicas espalhadas pela cidade, como o “Museo de Bellas Artes” e o Museu de Ciências Naturais que visitamos numa tarde agradável de passeio pelos parques e museus da capital chilena.


Além disso, uma das três casas que o poeta (e prêmio Nobel de literatura) Pablo Neruda tinha fica em Santiago e foi convertida em um interessante museu localizado numa região de boemia da cidade: para conhecer um pouco sobre Neruda, uma bela dica é assistir o filme “Cinema Paradiso”. Finalmente, conhecemos também o Planetário de Santiago para ver um pouco como se dá a educação científica dos jovens do país.




Após a nossa estadia em Santiago, pegamos um ônibus para a cidade argentina de Mendoza que está quase na mesma latitude de Santiago (não muito distante inclusive), só que do outro lado da cordilheira dos Andes, um imenso obstáculo que na prática é a fronteira entre Chile e Argentina de norte a sul. Portanto, o ônibus teve que subir alguns milhares de metros e depois descê-los, passando, no caminho, perto da base do “Cerro” (Pico) de Aconcágua que com seus 6.959 metros de altitude é o ponto mais alto de toda a América. Atravessamos, no caminho, um túnel perto da região de fronteira famosa que é denominada de “Ponte Del Inca”.

Mendoza é uma cidade bem espalhada e tranqüila, e cheia de praças. Ela é muito conhecida por suas vinícolas e pela possibilidade de esquiar nas suas proximidades em estações com a estrutura adequada para receber turistas.


Além disso, na época da guerra de independência dos países hispano-americanos há quase que exatamente dois séculos (por volta de 1810), foi a partir de Mendoza que soldados partiam para tentar atravessar a cordilheira: hoje estes “caminhos” são considerados pontos históricos que podem ser conhecidos por excursões que seguem estas antigas trilhas.
Finalmente de Mendoza, pegamos um outro ônibus para Córdoba, bem no coração da Argentina, de onde sairia o nosso avião da Gol de volta rumo ao Brasil. Córdoba é a segunda maior cidade da Argentina e tem uma belíssima catedral no seu centro.

Outras atrações imperdíveis de Córdoba são a Igreja da Companhia de Jesus, a Igreja dos Capuchinos, a região da Cañada (as margens de um tranqüilo riozinho que passa por Córdoba), o Palácio Ferreyra (uma antiga mansão que hoje é um museu de artes), o Museu de Artes Emilio Carraffa. E perto do centro da cidade, encontramos uma manifestação de argentinos com cartazes defendendo a devolução das ilhas Malvinas para a Argentina.

As ilhas Malvinas (que estão no oceano Atlântico bem em frente ao litoral argentino, mais ou menos como acontece com a Ilha de Fernando de Noronha em relação ao Brasil) hoje estão sob controle inglês (que não as chamam de Malvinas, mas de Falklands), mas os argentinos invariavelmente as consideram território argentino! Analisando a proximidade que estão da Argentina e a distância que estão da Inglaterra, creio que não dá para discordar de nossos “irmanitos” argentinos, não é mesmo! Triste conclusão: o colonialismo que vigorou por séculos por estas bandas ainda não acabou completamente...







VENEZUELA



Em julho de 2008, resolvemos aproveitar algumas milhas que tínhamos no smiles e partimos para conhecer a Venezuela, este nosso vizinho ao norte que, como descobrimos, tantas belezas naturais tem.

Uma das maiores atrações da Venezuela, é Salto Angel, a cachoeira mais alta do mundo, com quase 1 km de queda livre! Fantástico, mais que o dobro do que a Cachoeira da Fumaça, na Chapada Diamantina, a cachoeira com maior queda livre do Brasil (a maior cachoeira do Brasil em volume de água é a Catarata do Iguaçu). Salto Angel fica próximo ao estado brasileiro de Roraima, no sudeste da Venezuela. Para chegar lá é necessário atravessar a Venezuela de ônibus (noturno) do norte ao sudeste, a partir de Caracas (a capital).

Atenção, cuidado (por experiência própria): a Venezuela é um país muito quente, mas os motoristas dos ônibus ligam o ar-condicionado na maior intensidade possível, portanto, mesmo que esteja muito quente, sempre leve blusa nos ônibus que realizam viagens longas. Durante a viagem atravessa-se o Rio Orinoco (perto já do seu delta, ou seja, da sua foz). No caminho está a Ciudad Bolivar, em cujo centro histórico está a Casa San Isidro, onde morou Simón Bolivar, o “libertador” que liderou a luta pela independência de vários dos países hispano-americanos. Como estamos próximos dos 200 anos de independência de muitos países da América Latina que foram colonizados pela Espanha, a figura de Bolivar será muito lembrada nos próximos anos. Uma frase significativa de Bolivar que encontramos em um muro (em Caracas) afirmava: “Si se opone La naturaleza licharemos contra ella y la haremos que nos obedezca”, ou seja, “Se a natureza se opõe a nós, lutaremos contra ela e faremos com que ela nos obedeça”! Sinal do seu tempo.




A própria imagem de Bolivar é muito disputada: o presidente Hugo Chávez que já foi eleito duas vezes para governar a Venezuela reivindica o seu legado, denominando o processo político que lidera de revolução bolivariana, mas mesmo a oposição a Chávez também se considera herdeira de Bolivar que, portanto, é festejado e cultuado pelos dois lados em disputa. Aliás, falar do presidente Hugo Chávez é sempre polêmico, e sempre que se cita o seu nome, corre-se o risco de desagradar a gregos ou a troianos (ou ainda, pior, aos dois). Para os setores de oposição da Venezuela, sobretudo em parte da classe média e nos setores com maior poder aquisitivo no país, trata-se de um ditador autoritário e populista da pior estirpe e que se deve derrubar a todo custo, mesmo que por processos não lá muito democráticos, como ocorreu na tentativa de golpe contra ele em 2002 (o que é uma contradição, mas deixa pra lá...). Os setores populares e a maioria das pessoas mais pobres têm muita estima por Chávez, ou melhor, por suas políticas, pois argumentam que é o primeiro governante que de fato priorizou os mais pobres e aqueles que vivem nas periferias das grandes cidades, distribuiu a renda e diminuiu as desigualdades sociais na Venezuela, sobretudo por meio de investimentos realizados com recursos provenientes do petróleo, a maior riqueza do país; além disso, argumentam seus defensores, Chávez ganhou todas as eleições de que participou, mesmo tendo contra ele a força da quase totalidade dos meios de comunicação privados do país que são violentamente anti-chavistas. Deste modo, o leitor que decida onde está a verdade!

Mais a frente na viagem, em Puerto Ordaz / Ciudad Guayana, vale a pena conhecer o belíssimo Parque La Llovizna, bem como a usina hidroelétrica de Guri que é a 2ª maior usina hidroelétrica do mundo depois de Itaipu que, por sua vez, deve perder este título para a usina de Três Gargantas que está sendo construída na China e que será a maior do mundo quando funcionar em sua plenitude. Perto da represa de Guri há um interessante relógio de sol que marcava 10 horas da manhã quando estivemos lá.



Conforme a mata mais densa se avizinha, precisa-se pegar um aviãozinho “teco-teco” para ir até a “vilazinha” de Canaima.



A região onde fica Salto Angel tem uma paisagem bem exótica, e é onde foi gravado o filme “Jurassic Park”. As montanhas (“tepuie” na língua indígena) desta região, conhecida na Venezuela como Gran Sabana, realmente davam a impressão de “déjà vu” devido às lembranças das cenas do filme de Spielberg: estávamos esperando a hora em que um Tiranossauro Rex iria sair caçando a gente!



De Canaima pega-se um barquinho motorizado que sobe o rio até chegar à cachoeira de Salto Angel, mais particularmente, até a sua base (parte de baixo). Ver a água caindo lá do alto é uma visão estonteante!



Voltando de Salto Angel, tratamos de voar para outra das belezas naturais da Venezuela, as ilhas de Los Roques, de uma cor maravilhosa e que fica no Caribe venezuelano. Já na chegada, vimos a ilha do avião e ficamos impressionados com a cor da água.



Nadar naquelas águas de cor azul clarinho foi delicioso. O Caribe é um dos poucos locais do mundo que tem a água do mar com esta cor “azul calcinha” estonteante.



Tamanha beleza propicia locais ideais para fazer mergulho com equipamentos específicos e cilindro de oxigênio (“scuba dive”) que foi o que fizemos. Na volta brincamos bastante na água com a “Arena”, uma cachorra labradora (do dono dos equipamentos que organiza os mergulhos) que também adorava nadar!




De volta ao litoral venezuelano, fomos a Choroni, com praias belíssimas no Atlântico para relaxar e descansar, um local tranqüilo e cheio de bicho-grilo. Por lá também está o belíssimo Parque Henri Pittier, onde caminhamos por trilhas floridas e nadamos em cachoeiras refrescantes.



A península de Paraguaná, no norte da Venezuela, é um local que venta muito e que, portanto, é ideal para a prática do “Kitesurf” um esporte radical que utiliza o vento para impulsionar um “semi-paraquedas” preso ao esportista que está em cima de uma pequena prancha sobre o mar e que consegue fazer piruetas e “voar” ao ser puxado pelo vento.



Na região, há muitos lagos com salinas ao lado, habitados por pássaros como o flaminco que se alimenta de pequenos organismos que vivem na água extremamente salgada da região. Subimos nos montes branquinhos de sal para ver qual a sensação.



Em um parque, numa trilha “educacional”, em meio à vegetação seca que fizemos, encontramos um grilo imenso e meio alaranjado que ao ser segurado com os dedos conseguia balançar com força e quase escapar! Impressionante.



No caminho do istmo para a península de Paraguaná, no finalzinho do dia, passeamos pelas dunas da região enquanto o sol se punha num visual lindíssimo.



De modo interessante, conhecemos também o culto que há a um médico chamado José Gregório e que para o povo local é um santo! A viagem terminou em Caracas, uma cidade imensa, com um belo Jardim Botânico próximo ao seu centro, um local tranqüilo para fugir da correria da cidade.




Como a Venezuela é um grande produtor de petróleo, a gasolina vendida no país é fortemente subsidiada e tem um custo apenas simbólico (entre 5 e 10 centavos de dólar o litro!), o que obviamente conta com apoio popular (quem não quer gasolina extremamente barata, não é mesmo), mas tem o efeito de causar distorções e hábitos nocivos (ao meio ambiente) nas pessoas, como por exemplo, o de ficar horas dentro do carro parado com o motor funcionando e com o ar-condicionado ligado, algo que dificilmente seria tão usual se a gasolina não tivesse este custo tão minúsculo! Visitamos também, em Caracas, algumas igrejas, o Museu de Ciência e o Teatro do Complexo Cultural Teresa Carreño, onde todo um belíssimo trabalho de resgate social é feito com jovens que se dedicam às artes (orquestra sinfônica, dança, etc). Na UCV – Universidade Central da Venezuela visitamos a praça (“plaza”) do professor, um interessante jardim com pinheiros.



Um dos pontos históricos importantes de Caracas é o Panteão Nacional que de longe parece uma igreja branca e por dentro é belíssimo, cheio de bandeiras que evocam todo o processo de luta pela independência da Venezuela.
Um dos grandes artistas venezuelanos é o Jesus Soto, criador da chamada arte cinética que de vários modos nos passa a sensação de movimento ao ser apreciada. Em vários locais há obras de Soto para serem vistas.



No Museu de Arte Contemporânea de Caracas, apreciamos também os famosos móbiles de Calder que estavam em exposição.




A Venezuela é um país cheio de atrações e que mesmo sendo nosso vizinho, ainda é muito pouco conhecido pelos brasileiros. Já se tornou um dos maiores parceiros comerciais do Brasil e está conectada ao Brasil pela estrada que vai de Caracas até Boa Vista, capital do estado de Roraima. Tem um potencial turístico forte. E o custo das coisas lá geralmente é menor que no Brasil. É, portanto, um destino que recomendamos tanto em termos de suas paisagens naturais, quanto em termos culturais. Valeu muito a pena conhecê-la!











COLÔMBIA


         Julho de 2007: com as nossas milhas do Smiles, partimos para conhecer a nossa vizinha Colômbia. Muita gente não sabe, mas depois do Brasil, o país mais populoso da América do Sul é a Colômbia (a Argentina, tem uma população um pouco menor que a Colômbia) que tem pouco mais de 40 milhões de habitantes. Como a nossa fronteira com a Colômbia é toda feita pelo território Amazônico, o Brasil ainda interage pouco com este vizinho populoso, mas a integração entre os países da América Latina deve aumentar, até porque isto geralmente é muito benéfico para todos os países envolvidos em termos econômicos. Bogotá é a capital colombiana, uma cidade imensa (é a quarta maior da América do Sul, depois de São Paulo, Rio de Janeiro e Buenos Aires) e está situada em uma grande altitude (mais de 2500 metros), no meio do altiplano da cordilheira dos Andes. Do alto do “cerro” de Montserrat dá para ter uma visão panorâmica de toda a cidade de Bogotá. Para subir até o alto desta montanha, usamos o “funicular”, um bondinho que sobe acompanhando a inclinação do pico!



A cidade de Bogotá tem um sistema interessante de transporte público chamado de “TransMilenio” que na verdade são corredores exclusivos por onde só passam grandes ônibus públicos. Este sistema foi desenvolvido por um prefeito de Bogotá do final dos anos 90 e baseou-se no sistema de transporte público existente em Curitiba.

O centro histórico de Bogotá apresenta muitas atrações turísticas para todos os gostos. Na Plaza (praça) de Bolívar situa-se a “Catedral Primada de Bogotá”. O catolicismo até hoje é muito forte na Colômbia, fruto da influência espanhola.



No centro de Bogotá também está o Capitólio Nacional, um belo prédio em termos arquitetônicos, onde fica o Congresso Nacional Colombiano. 



Na imensa “Plaza de Bolívar” também está situado o Palácio de Justiça, onde fica a Corte Suprema Colombiana. Este Palácio já destruído duas vezes na história. Na primeira vez, foi em um incêndio ocorrido em 1948, durante o famoso Bogotazo, uma enorme rebelião popular que protestava contra o governo conservador da época no país. Uma segunda vez ocorreu quando guerrilheiros do M19 tomaram este Palácio que foi destruído na tentativa do exército de retomá-lo! Quando o visitamos, na frente do palácio ocorria uma exposição com “cavalinhos de carrossel” (bonecos) coloridos, do tipo dos existentes em parques de diversões.   


 Bogotá também tem perto do seu centro um antigo observatório astronômico que foi construído em 1803 e é o primeiro observatório astronômico feito na América pós-colombiana, pois os maias, por exemplo, já tinham observatórios astronômicos séculos antes da chegada dos espanhóis.



O Museu Nacional da Colômbia situa-se num prédio belíssimo na cidade de Bogotá e apresenta um acervo fantástico nas áreas de Arqueologia, História, Arte e Etnografia.



É o lugar ideal para aprender um pouco sobre a história do país. Dentro dele pudemos, por exemplo, apreciar um grande e interessante meteorito que estava em exposição.



Visitamos também o Planetário de Bogotá, o Museu de Arte do Banco da República e o Museu do Ouro, que é simplesmente fantástico. A cidade de Bogotá também tem várias praças e parques que vale a pena explorar. Porém uma das melhores atrações de Bogotá e que dá para passar o dia inteiro é o seu imenso museu de ciência que se chama Maloka!



Participamos no Museu de Ciência “Maloka” de uma excelente oficina para tentar produzir fogo a partir de centelhas oriundas do atrito produzido na madeira.



Também participamos de uma oficina sobre eletricidade entrando numa grande “Gaiola de Faraday” sobre a qual caiu uma imensa descarga de eletricidade na forma de um raio. Quem estava dentro nem sentiu. Sobrevivi! Para quem quiser entender o mecanismo, procure por um site confiável explicando como funciona a “Gaiola de Faraday”.



 Estava também em exposição neste museu uma tentativa de reprodução de uma “austalopiteca” que viveu na África há alguns milhões de anos: os famosos australopitecus foram os nossos ancestrais em termos evolutivos.



De Bogotá, fomos para a cidade de “Cartagena das Índias”, a jóia do Atlântico, uma cidade colonial situada no litoral do mar do Caribe. Cartagena foi totalmente restaurada e é uma espécie de Parati da Colômbia, guardadas as devidas proporções!



A cidade histórica de Cartagena é toda murada e com canhões apontando para o alto mar, obviamente para se proteger dos piratas (sobretudo ingleses) que durante o domínio espanhol estavam de olho em todo o ouro sul-americano que escoava para a Europa por meio do porto de Cartagena.



Fomos também conhecer Playa Blanca, uma praia paradisíaca que ainda estava relativamente virgem, mas aonde serão construídos vários resorts no futuro próximo.



Agora, um passeio muito exótico que fizemos foi ir ao Vulcão de Lodo (“Volcán de Lomo”) El Totumo.



Dentro do Vulcão tem uma lama (lodo) negra quentinha e que, reza a lenda, apresenta propriedades terapêuticas quando nos banhamos nela! Foi realmente um banho de lama bastante romântico, como vocês podem ver!



Um assunto polêmico na Colômbia são as FARC (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), o grupo guerrilheiro mais antigo em ação no continente. Muita gente tem medo de viajar para a Colômbia por causa da atuação das FARC (como no caso dos seqüestros), mas em nossa viagem não nos sentimos inseguros e consideramos que, pelo menos para os lugares que visitamos, o país não é mais perigoso que o próprio Brasil. Por exemplo, na viagem noturna de ônibus até Medellin (na província de Antioquia), o exército parou o ônibus durante a madrugada, para revistar e verificar os documentos dos passageiros: alguns podem se sentir incomodados, mas visto por outro lado, este é claro um sinal de uma ação com o objetivo de aumentar a segurança.

Medellin (a segunda maior metrópole da Colômbia) era uma cidade extremamente violenta, dominada pelo “cartel de Medellin” de drogas (cocaína) e pelo traficante Pablo Escobar; mas a partir de várias ações tomadas pelos poderes públicos, a cidade foi aos poucos diminuindo seus índices de violência. Uma das medidas tomadas foi a construção do Metrocable, uma extensão do Metrô da cidade, só que na forma de Teleférico, para levar transporte público para algumas das comunidades carentes (favelas) que vivem nas montanhas que cercam Medellin. O governo federal brasileiro e o governo estadual do Rio estão fazendo o mesmo em algumas favelas cariocas.


 Para o desavisado, pode parecer absurdo construir teleférico em favelas, mas pela constituição montanhosa e acidentada das localidades existentes, o teleférico é a melhor forma de levar transporte público de qualidade e, por conseqüência, a mão de poder público, para cidadãos que sempre foram relegados a um segundo plano pelos governos. E como o metrocable está conectado com o metrô (na verdade ele é o metrô adequado para subir a montanha), paga-se uma só tarifa para andar nos dois sistemas, inclusive no caso de turistas: foi o teleférico mais barato que a gente já pegou. Junto com o metrocable foram tomadas outras iniciativas nestas comunidades carentes, que antes eram dominadas pelo narcotráfico. Uma destas providências, foi a construção de uma belíssima e moderna biblioteca pública nas proximidades de uma das estações do teleférico.



Medellin tem também um moderno Planetário, com um belo jardim ao seu redor, inclusive com um grande globo suspenso sobre um espelho de água.



Um dos grandes artistas colombianos é o Botero que nasceu em Medellín e se notabilizou no mundo todo pelas suas pinturas e esculturas retratando as pessoas, os animais e as coisas de modo “inflado”. Sãos os “gorditos” e as “gorditas” de Botero que estão espelhados por toda a cidade de Medellin, em vários parques, praças e museus.



Há com certeza muito mais a conhecer na Colômbia: infelizmente não fomos a Cáli, por exemplo! Duas semanas foram muito pouco tempo para conhecer este nosso simpático vizinho ainda pouco explorado pelos brasileiros! Esperamos que a Colômbia se pacifique para que este país possa se desenvolver de modo equilibrado e harmônico, beneficiando toda a sua população, pois ter vizinhos com este perfil também é algo que nos interessa como brasileiros.








PENÍNSULA DE IUCATÁN

         Em julho de 2006, fomos conhecer a região que foi habitada pelo antigo povo maia: a região da península de Iucatán (ou Yucatán). Mas especificamente fomos conhecer a Guatemala, as ruínas de Copán em Honduras e o sul do México, onde fica a península de Iucatán. 


GUATEMALA


         Começamos a viagem, em 8 de julho de 2006, pela Guatemala, o país que tem a maior faixa de fronteira com o sul do México. No século XX, após a segunda guerra mundial, a Guatemala foi uma das primeiras vítimas do imperialismo norte-americano. O presidente guatemalteco Arbenz, na época, estava tomando decisões políticas de cunho nacionalista, o que acabou levando a CIA a implementar um golpe militar derrubando-o e instalando um governo submisso aos interesses norte-americanos no país, sobretudo aos interesses da companhia United Fruit: uma das medidas que levou ao golpe foi a reforma agrária promulgada pelo presidente Arbenz e que ameaçava interesses desta multinacional norte-americana. O argumento dos golpistas e dos EUA era de que eles queriam evitar o estabelecimento de um estado soviético na América Central. Este golpe, que foi um “sucesso” do ponto de vista norte-americano, acabou servindo de modelo para vários outros golpes militares que mancharam a história de nosso continente nas décadas seguintes, inclusive no Brasil em 1964! 



A capital da Guatemala é a cidade da Guatemala. Os maias viveram nesta região toda, séculos antes da chegada dos espanhóis. O mito da criação dos maias (equivalente ao Gênesis cristão) é o Popol Vuh, e há na capital da Guatemala um museu muito bom sobre toda a história do Popol Vuh, a bíblia dos maias. O Popol Vuh é um dos poucos livros que restam da civilização maia, pois a maior parte foi destruída pelos conquistadores espanhóis, seguindo a máxima de que para enfraquecer um povo, tente destruir/apagar a sua história. O interessante é que segundo o Popol Vuh, o Grande Pai e a Grande Mãe criaram os homens na base da tentativa e erro, um pouco como ocorre segundo a teoria da evolução: nas duas primeiras tentativas, os homens foram feitos com barro e com madeira, o que não deu certo!


 
Os maias tinham uma matemática bastante desenvolvida para a época, inclusive já tinham o conceito do número zero. Sua aritmética era de base 20, e não de base 10 como a nossa. A Guatemala, sobretudo na região próxima à costa do pacífico, tem muitos vulcões. O belo lago Atitlán está numa destas regiões montanhosas.


 
A maior cidade maia da Guatemala é Tikal, situada hoje numa região de densa floresta, no norte bastante inacessível o país. A civilização maia que floresceu na região próxima do sul do México, foi bem anterior, por exemplo, à civilização asteca, que no México se situou mais na região central do país, nas proximidades da cidade do México. A civilização maia teve o seu auge muitos séculos antes da chegada dos espanhóis e não formou um império, como o romano: na sua forma de organização, os maias estavam mais próximos dos gregos com as suas cidades-estado que rivalizavam umas com as outras! A principal construção que resta da cidade de Tikal é o templo do Grande Jaguar, uma espécie de pirâmide bastante inclinada.



De cima das construções mais altas que podem ser escaladas (pois nem todas podem) é possível ver a floresta ao redor se estendendo para todos os lados na região que é bem plana, bem como o topo de algumas das outras construções e pirâmides de Tikal! Tikal tem ao todo 6 pirâmides com templos no topo. No seu auge, as estimativas indicam que a cidade era habitada por cerca de cem mil habitantes! Tikal hoje é considerado patrimônio da humanidade tombado pela UNESCO.


 

HONDURAS – CIDADE DE COPÁN

A partir da cidade da Guatemala, escapamos em um passeio de um dia até a cidade de Copán, que fica dentro de Honduras (o vizinho ao sul da Guatemala), mas que está bem próximo da fronteira. Copán (que também foi declarada patrimônio da humanidade pela Unesco) é a maior cidade maia em território hondurenho e é possível ficar o dia inteiro passeando pelas fascinantes ruínas, antes de atravessar a fronteira de volta e retornar para a cidade da Guatemala.


 
A fama da cidade maia de Copán é inclusive o real motivo do nome dado ao famoso edifício Copán que está situado em São Paulo. A Copán maia é célebre por ter produzido as melhores “estelas” maias existentes, esculturas com inscrições em pedras refinadas produzidas por esta civilização meso-americana. Copán é o maior sítio arqueológico do período clássico da civilização maia!



Algo importante na história foi o sistema matemático de numeração dos maias. Este povo, além de ter inventado o zero (juntamente com os indianos), trabalhava com um sistema de base vigesimal (20). Abaixo, o número nove (9) na representação dos maias, esculpido em pedra: um traço horizontal (representando o número 5) junto com 4 pontos ou círculos (representando 4 unidades), dando um total de 5+4=9! 



 Uma diversão a parte foram os papagaios espalhados pela região, um dos mais belos pássaros do mundo com toda certeza!




SUL DO MÉXICO – PENÍNSULA DE IUCATÁN

         Após atravessar a fronteira sul do México, entramos no estado mexicano de Chiapas. Este estado é bem mais pobre que o resto do país, e foi a partir de suas florestas que atuou (e ainda atua) a famosa guerrilha zapatista. Em todo o sul do México (em Chiapas e na península de Iucatán) há uma grande quantidade de ruínas de cidades maias que podem ser visitadas e que fizemos questão de conhecer. A primeira cidade maia que conhecemos no México foi Palenque, uma cidade maia que foi habitada entre 100 a.C. e 800 d.C. A cidade, ou melhor, as ruínas da cidade de Palenque estão espalhadas por uma área imensa. Como em Copán e em Tikal, vale a pena “gastar” todo um dia explorando as ruínas de Palenque.


 
Depois da sua queda, Palenque ela foi engolida de volta pela floresta. Palenque, como outras cidades maias, tinha uma construção que funcionava como observatório astronômico, uma torre com janelas retangulares para viabilizar as observações astronômicas.


 
Para conseguirmos conhecer a maior parte dos sítios arqueológicos da região, achamos melhor alugar um carro! A mais famosa cidade maia que visitamos foi Chichen Itza (bem no coração de Iucatán), que é uma das novas sete maravilhas do mundo e que foi possivelmente o mais importante centro maia da península de Iucatán. Sua edificação mais famosa é a Pirâmide de Kukulcan, também conhecida como El Castillo.

 
Em Chichen Itza há também um observatório astronômico, construído de forma circular.


 
Uma das divindades meso-americanas mais famosas foi o Quetzalcóatl, a serpente emplumada que é representada em várias construções de Chichen Itza e de outras cidades maias, principalmente pela sua cabeça peculiar.


 

Chichen Itza significa “pessoas que vivem na beira da água”. O povo maia de Chichen Itza possivelmente teve influência dos toltecas, uma outra civilização existente no México pré-colombiano. A civilização maia foi extremamente desenvolvida, mas entrou em colapso alguns séculos antes da chegada dos espanhóis, ao contrário dos astecas na região central do México e dos incas no Peru, que estavam no seu auge na época dos grandes descobrimentos. Há um grande debate sobre a causa que levou à decadência e ao colapso da civilização maia, mas a hipótese mais aceita e defendida, por exemplo, pelo escritor Jared Diamond, é que o colapso maia deveu-se à destruição ambiental (das florestas e das fontes de água) provocada pelas cidades maias para construir suas pirâmides e templos: segundo nos contaram, a estatística é de que há dez pirâmides maias para cada pirâmide egípcia! Na região de Chichen Itza (como perto de outras cidades maias) existia um cenote sagrado, onde eram feitos sacrifícios. Um cenote é um rio subterrâneo, uma caverna cheia de água, que representava o submundo para os maias, um mundo que tinha um caráter espiritual importante para a religião desta civilização. Os cenotes eram também fontes de água potável, e uma destruição ambiental mais severa, pode ter provocado secas que afetaram as reservas de água destes cenotes. 



No cenote Ik Kil, perto de Chichen Itza, deu até para nadar junto com peixes cegos: nas cavernas escuras estes peixes não precisam da visão, que devido a processos evolutivos acabou por desaparecer já que não representava nenhum diferencial vital para a sobrevivência destes peixes.


 
Outra cidade maia que visitamos no interior da península de Iucatán foi Uxmal que tem uma bela pirâmide cônica. A disposição das construções de Uxmal revela o grande conhecimento de astronomia que caracterizou toda a civilização maia.


 
Uma outra característica da maioria das cidades maias é a presença de campos para jogar bola (em espanhol, “juego de pelota”), que era um esporte praticado pelos maias e que envolvia uma bola de látex bem pesada (quase dez vezes mais pesada que uma bola de futebol de hoje): os jogadores usavam as “ancas” (o "traseiro") e a cintura para acertar a pelota que quicava de um lado para o outro e ao lado dos campos geralmente havia aros verticais no alto de paredes verticais, esculpidos em pedra, que tinham que ser acertados pela bola.




Labná foi um centro cerimonial maia localizado perto de Uxmal e que tem ruínas arqueológicas que também podem ser visitadas. Há em Labná um “trono” para o líder sentar e um portão de entrada onde começa o caminho que leva até Uxmal, a chamada “Rota Puuc” que liga quatro sítios maias. Em Labná existem também máscaras do importante deus da chuva “Chaac” e há uma cisterna arredondada para o armazenamento de água, indicando como a questão da água era vital para o povo maia.


 
Nesta rota Puuc ficam também as ruínas da cidade de Kabah, na frente da qual também há também um portão de entrada.


 
Fomos então conhecer Cancún com suas praias de coloração azul bem clarinho e com muitos resorts que recebem turistas do mundo todo.


 
Como alugamos um carro, deu para ir para lugares bem ermos e menos açpinhados de turistas. Algo interessante que vimos em uma praia mais afastada, foi uma miríade de caranguejos que estavam “migrando” para dentro do mar vindos da região de terra firme. Observem na foto a imensidão de caranguejos!


 
Ao chegar perto de um caranguejo que estava afastado da “manada”, o danado resolveu nos enfrentar, erguendo e mostrando suas garras, quase que dizendo que “tamanho não era argumento”!


 
Fomos também fazer snorkel pelo litoral mais ao sul da península de Iucatán, para conhecermos aquela que é 2ª maior barreira de corais e de recifes do mundo (a 1ª fica na Austrália). O fundo do mar era belíssimo.


 
No litoral de Iucatán ficam também as ruínas de Tulum, uma outra cidade maia famosa. Tulum está localizada na região conhecida como Riviera maia (na beira do mar) e encontra-se cercada por uma muralha protetora. Muito possivelmente Tulum ainda estava habitada pelos descendentes dos maias na época em que os espanhóis chegaram.


 
Aliás, até hoje muitos cidadãos locais consideram-se descendentes dos maias. Perguntei para uma menininha de cerca de 10 anos se ela era mexicana e ele me respondeu que não, que ela era maia! Depois fui ver o caderninho de anotações escolares dela e percebi que ela estava aprendendo um pouco da aritmética vigesimal maia (aquela de base 20), juntamente com a nossa aritmética decimal usual. Uma forma diferente de aprender matemática!

Tulum era possivelmente usado como porto de pesca pelos habitantes de Cobá, uma outra cidade maia. A maior parte de Cobá foi construída no período clássico maia entre 500 e 900 d.C. Em Cobá existem diversas estelas (esculturas com inscrições e figuras em pedra), um campo para jogar bola e um observatório astronômico. A cidade de Cobá era, provavelmente, a principal inimiga de Chichen Itza. Seu principal edifício é a pirâmide de Nohoch Mul: do seu alto também pode ser vista toda a floresta ao redor.


 
Fizemos também snorkel em um cenote (rio ou lago subterrâneo), dentro de uma caverna: um passeio único na vida, com uma fantástica e surreal visão. Imperdível: uma experiência única!


 
Finalmente, fomos a ‘Playa del Carmen” uma cidade ao sul de Cancún com belas praias com areia branquinha e água azulzinha! Na sua extensa praia podiam ser vistos colchões e camas vips para turistas descansarem, mariaches tocando música entre mesas de praia com turistas almoçando e até belas cerimônias de casamento sendo realizadas sobre a areia.


 
Os maias foram povos extremamente desenvolvidos para a sua época, com uma astronomia mais avançada que a européia daquele período. Eles consideravam o tempo cíclico e achavam que depois de um certo tempo, tudo deveria acabar, fechando um ciclo, para começar novamente. A famosa previsão de que um ciclo vai se fechar em dezembro de 2012, quando o mundo deve acabar, de acordo com algumas interpretações sobre as tradições maias, vai provavelmente ser muito discutida pelo mundo todo até lá, sobretudo pelos apocalípticos! Mas o mundo é duro na queda, é deve agüentar a mais esta ameaça de um “fim do mundo”. Muito mais importante, acreditamos, é o gradual, mas constante, “fim do mundo” que estamos produzindo, com a destruição ambiental sistemática que vem sendo feita pela humanidade.







EQUADOR

O Equador não faz fronteira com o Brasil (assim como o Chile, na América do Sul), mas é um país com uma grande diversidade de paisagens turísticas que vale a pensa ser visitado e desbravado, por turistas que se consideram “viajantes” que querem explorar o mundo no bom sentido! E foi esta a nossa disposição quando resolvemos viajar ao Equador por duas semanas em julho de 2005.

O Equador é um pequeno (mas belíssimo) país situado na costa da América do Sul com o oceano Pacífico. Por razões históricas relacionadas à época da inflação alta, o Equador abriu mão de sua moeda e adota o dólar como moeda de fato. Isto é terrível, pois a materialização da independência de um país está na sua moeda própria e um país que abre mão da sua moeda nacional (por qualquer motivo, mesmo que seja a mais sedutora das razões) está brindo mão da sua independência. Poder emitir a moeda permite, por exemplo, evitar que um país entre num processo de recessão e de aumento do desemprego. O fato é que, após processos inflacionários, quando se abre mão da própria moeda, é difícil voltar a ter uma moeda nacional, por mais que seja a coisa correta a se fazer (sobretudo quando o país em questão mergulha em um processo recessivo). Toda esta análise é claro, se dá sobre um ponto de vista que em economia denomina-se “keynesiano”. Mas como este não em um tratado de economia vamos voltar para o belo Equador. Chegando ao país, imediatamente pegamos uma avião da AeroGal para as Ilhas Galápagos, o local que foi marcante para que o biólogo Charles Darwin desenvolve-se a Teoria da Evolução, um dos maiores saltos qualitativos na História da Ciência! Darwin pode ser considerado um dos grandes cientistas “mochileiros” da história (assim como Humboldt, um pouco antes dele)! Após se formar, na década de 1830 resolveu viajar por cerca de cinco anos pelo mundo todo a bordo do navio inglês “Beagle” (vale a pena o livro “Viagem do Beagle” escrito pelo próprio Darwin). Durante esta viagem Darwin esteve inclusive no Brasil, na Bahia e no Rio Janeiro.


 
Grosso modo, de acordo com a Teoria da Evolução, o isolamento geográfico permite que algumas mutações provoquem o surgimento de novas espécies que se adaptam melhor às condições da região que ficou isolada. Ilhas, portanto, são regiões propícias para encontrar evidências da teoria da evolução. Nas ilhas Galápagos, um arquipélago com algumas dezenas de ilhas (quatro delas habitadas) situadas a cerca de mil quilômetros da costa equatoriana, Darwin encontro diversas evidências que comprovam a teoria da evolução. Uma destas evidências são os tentilhões, passarinhos que se adaptaram a cada um das diversas ilhas, produzindo diferentes espécies com diferentes tipos de bicos, por exemplo, de acordo com as características de cada uma das ilhas e do tipo de alimentação potencial para eles, encontrado em cada ilha. Como na ilha nunca existiram predadores destes passarinhos, eles são extremamente dóceis e não têm medo das pessoas: eles até chegam a pousar nas mãos das pessoas!







Uma das maiores atrações das ilhas é admirar as imensas tartarugas terrestres (que evoluíram a partir das aquáticas) e que povoam as ilhas pastando as gramíneas existentes. Há inclusive diversas sub-espécies, é em uma sub-espécie, só há um indivíduo, um macho que se chama “Jorge” e que é extremamente solitário: provavelmente nunca achará a sua cara-metade (ou o seu “casco”-metade – piadinha infame). Quando os europeus chegaram a estas ilhas eles começaram a caçar estas tartarugas para empilhá-las nas suas embarcações de modo a que elas servissem de reserva de carne para as longas viagens em alto-mar: foi assim que se iniciou o processo de extinção de muitas das sub-espécies destas imponentes tartarugas terrestres.


 
Um passeio legal que fizemos foi mergulhar usando snorkel perto de uma das ilhas em que se podia ver os lobos-marinhos nas proximidades e alguns tubarões (que segundo os organizadores do passeio eram inofensivos) no fundo do mar que naquele local tinha uns cinco metros de profundidade e por isto podiam ser vistos usando-se de máscaras!


 
Outro animal típico das ilhas são as iguanas marinhas que são bem pretas para quando tomem sol se confundam com as pedras negras das ilhas que são de origem vulcânica, e que quando entram na água do mar, se transformam em excelentes e rápidas nadadoras!


 
Também temos em Galápagos as suas famosas fragatas: quando o macho quer conquistar uma fêmea, ele infla enormemente o seu papo bem vermelho, para impressionar a “moça”! Cada um com as suas estratégias de paquera.


 
Muito interessantes também são os atobás-de-pata-azul que têm patas de cor azul claro e que estão por todas as ilhas cuidando de seu filhotes.


 
Em alguns casos, pode-se aproximar de atobás-de-pata-azul que estão chocando seus ovos.


 
Depois de alguns dias explorando as ilhas Galápagos, pegamos um avião de volta para Quito, a capital equatoriana que fica no meio dos Andes. É uma cidade com uma arquitetura colonial no seu centro histórico que apresenta belos prédios.


 
Pegando um teleférico em Quito subimos em uma montanha que permitia observar toda a cidade lá embaixo.


 
No subúrbio de Quito (a cerca de 13 km do seu centro) está o distrito chamado “La mitad del mundo” que tem um interessante monumento e que em uma praça tem desenhada no chão a “linha do equador” em vermelho: é possível então colocar um pé no hemisfério norte e o outro pé no hemisfério sul.


 
Subindo no monumento que fica no centro da praça é possível ver a linha do equador em vermelho separando o hemisfério Norte (N) do hemisfério Sul (S).


 
Perto do Monumento de “La mitad del mundo” fica o Museu da Cultura Solar dos antigos povos da região que vale a pena ser visitado por mostrar todo o conhecimento de astronomia dos antigos povos andinas, como é o caso da civilização inca.


 
A segunda maior cidade do Equador é Guaiaquil que fica próxima da costa. Um dos melhores museus de Guaiaquil é o Museu de Antropologia e de Arte Contemporânea (MAAC) interessante pela sua arquitetura e pelo seu acervo.


 
Dentro deste museu estavam sendo realizadas atividades de divulgação científica muito interessantes com o objetivo despertar a curiosidade nas crianças para o conhecimento científico.


 
Pegamos então a estrada que saindo de Guaiaquil tomam o rumo norte margeando a costa. Numa das paradas fizemos um passeio de barco para observar as baleias jubarte que se aproximam nesta época do ano perto da cidadezinha de Puerto Lopez.


 
Pegando a estrada de modo a subir os Andes, chegamos à cidade colonial de Cuenca, que é a terceira maior cidade do Equador e tem belos edifícios (ainda mais belos iluminados por luz artificial de noite) no seu centro histórico que é tombado como Patrimônio da Humanidade pela Unesco.  


 
Num dos locais que passamos perto de Cuenca foi fantástico ver umas duas dezenas de crianças esperando a condução, sentadas, comportadas e quietinhas, uma do lado da outra, todas com rostinhos indígenas.


 
Pegamos então um trem que é uma atração pelo próprio trem em sim mesmo, pois os turistas vão sentados sobre o teto do trem, que desce a cordilheira, acompanhando as curvas da serra, bem devagarzinho, para ir até perto de uma montanha chamada de “Nariz do Diabo”.


 
Quando o ônibus parou desci do trem, e lá de longe tirei uma foto com a Divina de branco lá em cima do trem acenando. Quem consegue achá-la? Um pergunta da série “Onde está Wally?”, ou melhor, “Onde está a Divina?”


 
Com o carro que alugamos, pegamos a estrada conhecida como “Corredor de vulcões” que passa perto de inúmeros vulcões ao longo do altiplano andino no Equador. Passamos por exemplo ao lado do Vulcão Chimborazo, que é o ponto mais alto do Equador (cerca de 6.300 metros de altitude) e por isto mesmo, segundo os cálculos, é o ponto da Terra mais próximo do Sol! Como estava frio (pela grande altitude em que estávamos) preferi ficar no carro! Até o século XIX era considerado o ponto mais alto da Terra! Sua última erupção data de mais de dez mil anos atrás!


 
Um outro vulcão famoso também pelo seu formato cônico é o Vulcão Cotopaxi que tem cerca de 5.900 metros de altitude e que teve a sua última erupção ocorrendo em 1904.


 
Fomos também conhecer as ruínas incas de Ingapirca que tem um edifício de estrutura elíptica que tinha finalidades cerimoniais, astronômicas e militares e que apresenta, como outras edificações incas, pedras perfeitamente trabalhadas e juntadas.


 
Perto das ruínas existiam muitas lhamas que não se incomodavam nem um pouco com a nossa presença.


 
No caminho, passamos também pela cidade de Baños, que é a porta de entrada para a Amazônia equatoriana e onde se encontram, além de cachoeiras, várias fontes hidrotermais nos quais podem ser tomados deliciosos banhos de água quente.


 
Entrando na região amazônica do Equador, fomos nos hospedar na pousada “Cabañas Shangrila”, que se situa num local maravilhoso. Para chegar lá, a Divina foi içada no mesmo “elevadorzinho” que içou as malas.


 
As cabanas Shangrila estão localizadas no alto de uma espécie de penhasco, em que lá embaixo, o rio Anzu (que é uma palavra que vem do idioma dos índios quéchua que vivem na região e que significa “pequeno rio”) vai margeando sinuosamente ao longo da floresta amazônica: estes alojamentos ecológicos têm uma das melhores vistas que já pudemos experimentar.


 
Numa hora, apareceu um visitante ilustre na nossa cabana: um grilo imenso do tamanho de uma mão, que assustava, mas não fazia mal a ninguém!


 
Quando a neblina caia sobre a pousada, o jeito é ficar na rede relaxando, descansando, lendo um bom livro ou escutando os sons que vem da floresta!


 
Uma das experiências pelas quais passamos em um passeio que fizemos numa trilha pela floresta das proximidades foi comer as chamadas “formigas de limão” que são bem pequeninas e como o próprio nome diz, tem gosto de limão. A Divina não quis experimentar! Mas como o que não mata engorda...


Para um pouco mais de adrenalina, pegamos umas câmaras cheias de ar de caminhões e descemos o as correntezas do caudaloso rio Napo, em cima destas bóias improvisadas, no esporte radical que é conhecido como bóia-cross. 



 
Numa parte do trajeto, o nosso guia, pediu para pularmos para fora das bóias (estávamos com coletes para flutuar) e assim fomos levados só pela correnteza por alguns bons quilômetros. A água estava geladinha, mas nem ligamos para isto.
Apesar de o Equador não ter fronteira com o Brasil, é um país sul-americano interessantíssimo e cheio de diferentes paisagens e ecossistemas. Além disto, as coisas lá são relativamente mais baratas que no Brasil, pelo menos nos locais que estivemos. Com a recente integração dos países latino-americanos esperamos que cada vez mais, fique mais fácil viajar pela América do Sul. Vale a pena considerar o Equador como destino, para os viajantes que gostam de natureza, de história, de cultura, de arte e de ciência.







CANADÁ

Em julho de 2004, portanto verão no hemisfério norte, partimos para conhecermos um pouco do Canadá, na verdade para conhecer mais o leste do país! Ir no inverno para o Canadá é para profissionais, o que não é o nosso caso, portanto tratamos de ir no verão. Chegamos em Toronto, maior cidade do país e uma das primeiras coisas que fizemos foi subir no alto da imensa torre que pode ser vista de qualquer ponto da cidade.


 
Lá no alto da torre, quase no meio das nuvens, é possível caminhar por um piso transparente que permite ver tudo lá embaixo, nos proporcionando uma sensação incrível: até deitamos neste piso de vidro bem resistente, obviamente.  


 
O prédio da universidade de Toronto é magnífico e vale a pena ser visitado e admirado, pelo seu estilo arquitetônico.


 
Para quem trabalha com educação, vale a pena visitar a primeira escola pública gratuita de Toronto (veja abaixo): o Canadá é um país que se destaca pelo seu alto nível educacional que é consequência da boa qualidade da sua educação pública.


 
Legal também é a Galeria de Arte de Ontário (estado onde está Toronto), toda modernosa desde a marquise de sua entrada.


 
Para quem gosta de ciência, o Centro de Ciências de Ontário, um grande museu científico, é um bom local para passar a tarde toda se divertindo e aprendendo!


 
Na frente dele há um grande termômetro, que deixa claro qual a grandeza que está variando para se medir o aumento ou a diminuição da temperatura. Dêem uma olhada na foto.


 
Perto de Toronto, entre os lagos Ontário e Erie, na fronteira com os EUA, estão as Cataratas de Niágara que são muito bonitas e as maiores da região, mas que, sinto muito, sem falso nacionalismo, não chegam nem perto (em majestade e beleza) das nossas Cataratas do Iguaçu!


 
Mais ou menos no meio do caminho entre Toronto (que está mais ao sul e é a maior cidade do país de origem inglesa) e Montreal (que está mais ao norte e é a maior cidade do país de origem francesa) está situada estrategicamente a capital do país: Ottawa! É importante lembrar que o Canadá é um país bilíngüe e há um movimento forte pela emancipação da região de Quebec (de maioria francesa). O prédio do Parlamento de Ottawa é belíssimo.


 
Ottawa conta também com uma Galeria Nacional de Arte magnífica.


 
Um monumento muito interessante em Ottawa são as estátuas do “Women are persons” (“Mulheres são pessoas”) que lembram a história de 5 senhoras que lutaram pelos direitos das mulheres, inclusive o direito de votar e ser votada, durante o final dos anos 20, num famoso caso que acabou sendo decidido pela justiça em favor das mulheres.


 
Fomos então para Montreal (“Monte real”) na região de origem francesa do Canadá, a grande cidade de origem francesa no Canadá.


 
Como eram férias universitárias de verão, tanto em Toronto quanto em Montreal ficamos hospedados em moradias estudantis bem confortáveis que estavam vagas e que as universidades alugavam para viajantes independentes como nós por preços bastante módicos! Por sinal, um belo passeio em Montreal é visitar as instalações da importante Universidade McGill, com seus prédios antigos e imponentes: nesta universidade trabalhou o famoso físico neo-zelandês Ernest Rutherford.


 
Com instalações modernas e amplas, vale também o Museu de Arte Contemporânea (MAC) de Montreal.


 
Montreal é uma cidade cheia de vigor cultural e artístico. Num dos dias de nossa estadia na cidade admiramos exibições de tango em praça pública próximo ao centro da cidade.


 
Uma das mais belas igrejas do Canadá é a Basílica de Notre Dame (“Nossa Senhora”) em Montreal que vale uma visita.


 
O rio São Lourenço corre rumo ao norte de Montreal até a cidade de Quebec. Caminhar nas suas margens é um bom passeio para uma tarde de verão. 


 
Num dia, fomos a um passeio a uma floresta que ficava a uma distância considerável da cidade, e encontramo-nos com um homem que “falava” (na verdade uivava) com os lobos: esta seria a atração daquela noite! No final da tarde, ele nos deu toda uma aula à beira de um lago, com explicações sobre a vida dos lobos e quando anoiteceu ele começou a uivar e os lobos se aproximaram e responderam! Foi uma sensação incrível! Os lobos são belos animais! E são na verdade os ancestrais de nossos cachorros que foram obtidos por seleção artificial a partir da domesticação dos lobos.


 
De Montreal fomos para a cidade de Quebec que estava lotada de turistas devido a um festival de verão de teatro de rua que estava acontecendo por lá.


 
Quase não conseguimos um lugar para dormir por causa deste festival, mas depois de muito procurar, acabamos não dormindo na rua. Geralmente, em nossas viagens, somente reservamos a hospedagem em um hostel ou hotel para o primeiro dia, após chegarmos de avião no local; a partir daí, nos dias seguintes, nos viramos por conta própria, sem reservas. E, ainda bem, sempre deu certo! Dentre as várias exibições de teatro de rua que aconteceram, foi muito divertido e exótico cruzarmos com “ETs” que faziam uma performance com uns barulhos estranhos (língua de ET?) pelas ruas da cidade!


 
O parlamento de Quebec também é um prédio magnífico


 
Melhor ainda foi o restaurante deste Parlamento, no qual almoçamos!


 
Um dos melhores museus de Quebec em nossa opinião foi o Museu da Civilização.


 
Dentro dele há várias exposições, mas nos chamou a atenção uma ambientação de como era uma sala de aula antiga de Quebec.


 
Mas o prédio mais belo de Quebec, sem dúvida nenhuma, é o Chateau Frontenac, um hotel-castelo suntuoso construído no final do século XIX.


 
Em um dos passeios que fizemos de barco, fomos até a região onde é possível observar as belas baleias belugas (com um pouquinho do seu corpo para fora da água na foto abaixo), características desta região de encontro do Rio São Lourenço (St. Lawrence) com o mar.


 
O Canadá é um país muito simpático e amistoso, sobretudo quando comparado ao seu vizinho mais belicoso ao sul – que diga-se de passagem também tem belas regiões para serem conhecidas. Viajar pelo leste do Canadá durante duas semanas de verão foi uma experiência cheia de descobertas e aventuras inusitadas.




PERU

Em dezembro de 1997 fomos conhecer as ruínas das civilizações inca no Peru e asteca na cidade do México.
Primeiro voamos para Lima, capital do Peru, onde ficamos alguns dias, conhecendo algumas das belas construções desta cidade.

 
Um dos principais museus da cidade é o Museu de la Nación, que conta toda a história da ocupação humana no Peru, inclusive com objetos das culturas Moche, Nazca e Inca.


 
A colonização espanhola deixou marcas profundas na cidade que podem ser vistas nas belas igrejas católicas da cidade.


 
Durante as nossas andanças pela cidade, observamos uma grande manifestação contra Fujimori, o arremedo de ditador do Peru que deu um golpe e passou a governar o Peru com poder total (e inconstitucional), implementando um programa de governo neoliberal como ocorreu em vários outros países da América Latina nesta época, inclusive no Brasil.


 
Pelas ruas de Lima, podem ser observadas até hoje belas sacadas de madeira, influências típicas da colonização espanhola.


 
De Lima pegamos um avião e fomos para a cidade de Cuzco, no meio do altiplano Andino. No centro da cidade está a tradicional “Praça de armas”, típica das cidades da América Espanhola.


 
Cuzco foi a antiga capital do império Inca que se desenvolveu na região antes da chegada dos espanhóis. E isto pode ser até hoje observado pelas construções e muros que ladeiam as ruas da cidade: as suas pedras, algumas imensas, são cortadas e justapostas com uma exatidão espantosa.


 
Em uma praça da cidade é possível admirar uma escultura que faz referência ao deus Sol (um rosto estilizado), tão importante para a cultura inca.


 
Em outra praça há uma escultura do último imperador inca.


 
As simpáticas lhamas (e seus primos: guanacos, alpacas, etc) estão por todos os cantos dos Andes e são os maiores animais que foram domesticados originalmente nesta região montanhosa.


 
Pegamos o trem e fomos então, pela manhã, conhecer aquela que é considerada uma das sete maravilhas do mundo: Machupichu, a cidade perdida dos incas.


 
A cidade somente foi descoberta (estava completamente coberta pela vegetação da região), na região montanhosa de transição dos Andes com a floresta amazônica, há cerca de um século, por um explorador norte-americano.


 
Numa cena do filme “Diários de Motocicleta”, é mostrado o impacto que a visão da cidade perdida inca teve para o seu protagonista, Ernesto Che Guevara. O impacto em nós foi de igual intensidade.


 
Ficamos o dia todo passeando pelas ruínas incas de Machupichu.


 
Valeu a pena irmos também a um vale na cordilheira nas proximidades de Cuzco, onde ainda hoje os descendentes dos incas que lá vivem, plantam os alimentos de que necessitam para a sua sobrevivência.


 
Realmente toda a riqueza arqueológica existente neste nosso país vizinho nosso que é o Peru deverá permitir (assim esperamos) um afluxo muito maior por parte de turistas brasileiros no futuro. “Cada um é cada um”, mas deixar de visitar esta beleza histórica que é Machupichu e que está aqui bem ao lado do Brasil, para ir passear em “Shoppings” de cidades de países do primeiro mundo, nos parece um desperdício de dinheiro e de tempo... Mas, como se diz, gosto não se discute!


MÉXICO

Do Peru voamos para a cidade do México onde passamos dias maravilhosos conhecendo outras das maiores riquezas históricas da América Latina. Quando chegamos na imensa praça central da cidade (Praça Zócalo), descobrimos que estava acontecendo a posse do novo governador da região do Distrito Federal (que inclui a cidade do México), chamado de Cuauhtémoc Cárdenas, uma importante liderança política em ascensão no país. Eleito por um partido de centro-esquerda, ele é filho de Lázaro Cárdenas um notável ex-presidente do México que governou o país na primeira metade do século XX: foi ele (o pai) que nacionalizou a exploração de petróleo e que realizou uma efetiva reforma agrária no país, duas das principais marcas de seu governo (que foi contemporâneo do governo de Getúlio Vargas no Brasil). E Lázaro Cárdenas resolveu dar o nome de Cuauhtémoc ao seu filho em homenagem ao último imperador asteca que lutou contra os espanhóis (e foi derrotado). Portanto, ele tem um nome e um sobrenome de peso. Como a capital do império asteca chamava-se Tenochtitlán e estava construída onde agora está a gigantesca cidade do México (considerada hoje a maior cidade do mundo), um dos jornais, para informar sobre a posse do novo governador, deu destaque à manchete (de duplo sentido, esperançosa e até meio saudosista): “Cuauhtémoc tomou Tenochtitlán”! Aliás, curiosamente, na época dos descobrimentos, Tenochtitlán, a capital do Império Asteca, era uma das maiores cidades do mundo, senão a maior.


 
Realmente a praça Zócalo é imensa e havia nela uma série de manifestações diferentes, inclusive uma faixa fazendo referência ao Zapata (líder da revolução mexicana que ocorreu no início do século XX), ao Che Guevara e ao Sub-comandante Marcos (porta-voz do movimento guerrilheiro zapatista que atua no sul do México).


 
De frente para a praça Zócalo fica a bela Catedral Metropolitana que nos lembra da típica arquitetura colonial.


 
Esta catedral foi construída sobre as ruínas de uma importante construção asteca, como pode ser visto na escavação arqueológica de ruínas ao lado (e, ao mesmo tempo, abaixo) da catedral.


 
Na praça Zócalo estavam sendo apresentados também espetáculos de dança de índios descendentes dos astecas.


 
Diversos monumentos interessantes estão espalhados pela cidade. Nos chamou a atenção um monumento bonito referindo-se a um importante líder indígena que lutou contra a invasão espanhola: Coanacoch.


 
Pode-se perceber que aqui no México, ainda mais que no Peru, há um grande respeito pela história pré-colombiana do país! E isto é importante, pois para a identidade de todos os povos que vivem no continente americano é fundamental conhecer a nossa própria história antes da chegada dos europeus e saber que existia uma América anterior a 1492 (e um Brasil anterior a 1500)!
Uma das praças mais importantes da cidade do México (por pelo menos duas razões) é a praça de Tlatelolco. Em primeiro lugar, porque foi aqui que o último líder asteca (Cuauhtémoc, como já relatamos anteriormente) foi derrotado pelo conquistador espanhol Hernán Cortés. A placa no local afirma: “Não foi triunfo nem derrota. Foi o doloroso nascimento do povo mestiço que é o México de hoje”


 
Também na mesma praça Tlatelolco, em 1968 houve um terrível massacre de estudantes que estavam se manifestando (juntamente com estudantes do mundo todo no famoso ano de 68). Há na praça um monumento que lembra este massacre de estudantes.


 
A cidade do México tem museus belíssimos e uma excelente malha de metrô (muito melhor e superior em extensão que a de São Paulo, diga-se de passagem). Um dos museus interessantes da cidade é o Museu em homenagem a famosa artista mexicana Frida Kahlo.


 
Outro interessante local para ser visitado é o Museu Leon Trótsky, sobre o revolucionário russo que exilou-se no México ao ser perseguido na União Soviética por Stálin. Trótsky foi assassinado na cidade do México (onde estava morando) por um agente stalinista.


 
Mas o maior museu da cidade é o fantástico Museu Nacional de Antropologia que vale pelo menos toda uma tarde para apenas ter um saborzinho das riquezas arqueológicas e históricas lá existentes.


 
Espalhados pela cidade estão os murais do famoso moralista mexicano, Diego Rivera. Muitos destes murais retratam a história da sociedade mexicana de forma crítica.


 
O palácio de governo é uma dos belos prédios que podem ser visitados na cidade.


 
O zoológico também é uma atração turística disputada: em nossa visita pudemos apreciar um urso panda imenso passeando pela área destinada a ele e tomando um solzinho!


 
Mas, em nossa opinião a maior atração da cidade são as ruínas da cidade de Teotihuacán, localizadas a 40 km da cidade do México.


 
Em todo o complexo, se destacam as imensas pirâmides do Sol e da Lua. A visão de todo o complexo do alto de uma das pirâmides é impressionante!


 
Teotihuacán é a maior cidade pré-colombiana preservada até hoje e foi obra de uma civilização que precedeu a civilização asteca na região. As ruínas desta antiga cidade são consideradas hoje Patrimônio da Humanidade pela Unesco.


 
Ficamos passeando pelas ruínas do complexo (que é imenso) durante todo o dia e algo que se destacava nas ruínas eram as estátuas fazendo referências aos deuses do povo de Teotihuacán.


 
Teotihuacán é uma espécie de Machupichu para os mexicanos (guardadas as devidas proporções) e suas ruínas estão muito bem preservadas. Poder conhecer as ruínas das antigas civilizações pré-colombianas que viveram no Peru e no México – suas histórias e seus feitos nas áreas da engenharia e das artes – é uma das experiências culturais mais importantes que uma pessoa pode ter, sobretudo para os latino-americanos – e para nós dois, não foi diferente.





CHILE E ARGENTINA DE CARRO

No final de 2002 e início de 2003, decidimos pegar o nosso “Gol” mil cilindradas e conhecer todo o Chile de norte a sul e voltar atravessando a Argentina do sul para o norte, em cerca de um mês. Pela distância percorrida, foi uma tarefa bem trabalhosa!
Saímos de São Paulo e fomos até Foz de Iguaçu por onde entramos na Argentina. Atravessamos todo o norte da Argentina em um dia só (a região do Chaco, com um calor estafante). Subimos a cordilheira dos Andes no dia seguinte e entramos no Chile, na região do deserto do Atacama, nos hospedando na cidade de São Pedro do Atacama, uma cidade meio “hippie”. O Chile tem um formato de uma “lingüiça” e percorremos todo o país de norte a sul passando pela capital Santiago e pelas cidades costeiras de Valparaíso e Viña Del Mar, nas proximidades de Santiago. No sul do Chile, atravessamos de volta a cordilheira dos Andes, voltando para a Argentina nas proximidades de Bariloche. Então rumamos ao sul atravessando a Patagônia argentina, um grande deserto frio (mesmo no verão) até o sul do país onde está o Glaciar Perito Moreno, uma das maiores belezas naturais da Argentina! Entramos de novo no Chile para ir até a cidade mais austral chilena que é Punta Arenas. Cruzamos a Terra do Fogo que é uma ilha (após atravessar de balsa o estreito de Magalhães) até a sua ponta sul, para chegar até a cidade habitada que mais austral do planeta, Ushuaia (na Argentina): o fim do mundo! Voltamos rumando para o norte pela costa argentina, passando pela região da península Valdés. Passamos por Buenos Aires, entramos no Brasil por Uruguaiana, e após uma parada em Porto Alegre, voltamos para São Paulo. O “golzinho mil” aguentou firme. E nós também!
As fotos estão abaixo da descrição dos locais aos quais elas se referem.

Purmamarca, norte da Argentina, aos pés dos Andes.



Fronteira entre Chile e Argentina (pelo norte destes dois países), passando por altitudes de cerca de 4 mil metros!



Igreja da cidade de São Pedro do Atacama.



Vale da Lua, belíssimo, no deserto do Atacama: em uma região das proximidades não chove há cerca de cinco séculos!



Comendo um "lanchinho" no deserto do Atacama.



Termas com água quente no Atacama.



Geiser na região do Atacama: jatos de água quente que saem do chão repentinamente e atingem uma grande altura. Isto é produzido pela atividade geológica subterrânea que é relativamente recente na região da cordilheira dos Andes.



Na cordilheira dos Andes.



Lhama ou vicunha ou alpaca ou guanaco: todas as quatro espécies parecem ser meio parentes e semelhantes...



Oásis com águas termais no meio do deserto do Atacama.



Salar no norte do Chile: um salar é uma região plana imensa somente coberta por sal!



Ninho de um pássaro no meio de uma lagoa de  água salgada, para proteger o ninho das raposas!



Raposa ou “zorro” em espanhol!



Mina de Chuquicamata: a maior mina de cobre do mundo situada no norte do Chile. No famoso filme “Diários de Motocicleta” há um cena interessante quando o Ernesto Guevara (futuro Che) chega na região desta mina!



Caminhão usado na mina de Chuquicamata: quem se habilita para me ajudar a trocar um “pneuzinho”?...



Observatório Astronômico de Cerro Tololo: o norte desértico do Chile é considerada a melhor região do mundo para fazer observações astronômicas devido ao fato de existirem poucas nuvens.



Parque Nacional Conguillio (com muita lava petrificada).



Nadando no Lago Villarica.



Lago e Vulcão Villarica ao fundo.



Escalando o vulcão Villarica: uma paradinha para descansar!



A boca do vulcão Villarica saindo enxofre...



A descida do vulcão Villarica é feita escorregando em alguns minutos (a subida demorou algumas horas) por “calhas” já feitas na neve com este objetivo: para baixo todo santo ajuda...



Cidade portuária de Valparaíso vista do mar quando fizemos um passeio de barco.



Cidade de Viña del Mar.



Moai em frente a um museu de Viña del Mar: estas esculturas em pedras grandes foram feitas pelo povo da Ilha de Páscoa situada no meio do oceano Pacífico e que pertencem ao Chile.



Cheguei onde o tesouro está escondido: onde o arco-íris começa (ou acaba)!



Busto do poeta Pablo Neruda (prêmio Nobel de Literatura) em sua casa de Isla Negra! Dica para que quer conhecer um pouco a história do Neruda: assista ao maravilhoso filme “O carteiro e o Poeta”.



Busto da escritora Gabriela Mistral, prêmio Nobel de Literatura: o Chile teve dois prêmios Nobel de Literatura!



Palácio de La Moneda (Palácio do Governo em Santiago), onde o presidente eleito Salvador Allende, em 11 de setembro de 1973, ao tentar resistir ao golpe militar de Pinochet, acabou morrendo.



Forte Niebla na cidade de Valdivia.



Ilha de Chiloé.



Termas com águas quentes e naturais perto de Osorno (Chile).



Dois cães São-Bernardos em Bariloche (Argentina), após atravessarmos a cordilheira dos Andes de novo, voltando para a Argentina.



Patagônia argentina: um grande deserto gelado onde venta muito!



Prospecção de petróleo na Patagônia argentina.



Caverno do Milodon, onde foram achados os restos fossilizados de ossos deste grande mamífero (o milodon) que se extinguiu no final da última era do gelo quando o ser humano chegou na América entre cerca de 10 e 15 mil anos atrás: virou "churrasco"!



Glaciar Perito Moreno: uma das maiores belezas naturais da Argentina! Um glaciar é como um grande rio congelado que ao longo dos anos se move bem vagarosamente, avançando ou recuando e com isso escavando e erodindo o solo!



Glaciar Perito Moreno: quando um grande pedaço de gelo, ao derreter, se desprende do conjunto, ele faz um barulho impressionante e imenso ao cair na água do mar.



Parque Torres del Paine, no Chile.



Punta Arenas, cidade mais ao sul do Chile.



Atravessando o estreito de Magalhães em uma balsa: foi por aqui que a expedição de Fernão Magalhães passou se dirigindo para o Pacífico de modo a fazer pela primeira vez a circunavegação (volta completa) do planeta.



Terra do Fogo: região muito fria mas que tem este nome pelo fato de que quando as navegações espanholas passavam pela sua costa, viam muitas fogueiras produzidas pelos indígenas nativos para sobreviverem nas noites frias!



Ushuaia, cidade argentina que é a mais austral (situada mais ao sul) do planeta e é conhecida como o “fim do mundo”! Obs: Na Antártida não há cidades, mas sim bases científicas e militares de determinados países, o que é bem diferente de uma cidade continuamente habitada.



Farol do fim do mundo (Ushuaia): serviu de inspiração para o escritor Julio Verne.



Estação de trem do fim do mundo (Ushuaia).



Canal de Beagle.



Antigo presídio de Ushuaia: hoje é um museu.



Rio Grande (no sul da Argentina).



“As Malvinas são argentinas”: monumento situado em Rio Grande e defendendo a soberania argentina sobre as ilhas Malvinas que estão situadas ao longo da costa da Argentina, numa região rica de petróleo (esta região marítima é quase uma continuação da região do pré-sal brasileiro), mas que até hoje pertence à Inglaterra.



Península Valdés: região de reserva natural com milhares de elefantes-marinhos e lobos-marinhos na costa sul argentina.




                       ESTADOS UNIDOS

No final de 1997 e início de 1998, estivemos nos EUA, na Universidade de Berkeley (na região da baía de São Francisco, no estado da Califórnia) participando de um trabalho acadêmico de pesquisa na área de física nuclear. Nesta ocasião aproveitamos para conhecer um pouco do oeste norte-americano, tanto suas grandes cidades, quanto seus belos parques naturais. Seguem algumas fotos logo abaixo da descrição do local ao qual cada uma se refere.

Abaixo, na cidade de São Francisco (norte da Califórnia), a famosa ponte Golden Gate ao fundo, uma das mais belas pontes do mundo e uma das paisagens que mais aparecem em filmes.



De longe a gente vê os “fios” de metal que sustentam a Golden Gate, mas eles são muito mais grossos do que parecem. Abaixo um trecho deste “fio” cortado.



Leões-marinhos na região costeira da cidade de São Francisco (estado da Califórnia, EUA).



Passeata (marcha) em São Francisco lembrando a luta e os ideais de Martin Luther King, Jr., em um feriado que ocorre em toda terceira segunda-feira do mês de janeiro (o conhecido Martin Luther King Day).



Exploratorium – Museu de Ciência da cidade de São Francisco.



Manifestação (no bairro latino de Mission, em São Francisco) contra o massacre de indígenas em Chiapas, sul do México (alguns anos antes teve início neste região o conhecido movimento zapatista).



Museu de Arte Moderna (São Francisco).



Prédios da Universidade de Berkeley (um campus de todo o sistema de universidades estaduais da Califórnia), uma das mais conceituadas universidades dos Estados Unidos.



Prédio da Torre com o sino na Universidade de Berkeley.



No aquário em Monterrey tentando tocar em uma raia!



Estúdios da Universal em Los Angeles (sul da Califórnia).



Hollywood, região de Los Angeles onde está a maior indústria cinematográfica do mundo.



Museu de Ciência e Tecnologia de Los Angeles.



Dezenas de Geradores Eólicos de energia elétrica no alto de uma montanha na Califórnia.



Las Vegas, a cidade do jogo, onde passamos o réveillon de 1997 para 1998!



Barragem de usina hidroelétrica (com uma represa) nas proximidades de Las Vegas (Hoover Dam ou Represa Hoover).



Vale da morte (Death Valley) na Califórnia: altitude de -282 pés, ou seja, de cerca de uma centena de metros NEGATIVOS. Está, portanto, abaixo do nível do mar. É um dos locais mais quentes do mundo no verão!



Vale da morte: Vulcão extinto.



Vale da Morte: montanhas com diversas colorações onde foi realizado o filme “Zabriskie Point” que foi dirigido por Antonioni e teve trilha sonora do Pink Floyd.



Monument Valley, paisagem magnífica que já apareceu em uma infinidade de faroestes norte-americanos (filmes de cowboy).



Grande Canyon: pelas camadas geológicas visíveis nas suas várias faixas, conforme se vai mais para baixo está sendo observada uma camada de centenas de milhões de anos (ou até de bilhões de anos) de idade.



Canyon, com rio sinuoso correndo lá embaixo, serpenteando tanto que quase reencontra a si mesmo!



Parque Nacional Yosemite, um dos mais visitados parques nacionais dos EUA.



Sequoias gigantes, árvores magníficas: reparem como a Divina fica pequena perto de uma delas!



Parque Nacional Capitol Reef.



Parque Nacional Bryce Canyon.



Dead Horse Park (Parque do Cavalo Morto).



Água congelando em um parque no oeste dos EUA durante o inverno rigoroso do mês de janeiro.



Delicate Archs Park: Parque dos Arcos Delicados (e naturais, pois são escavados pelo vento ao longo de milhões de anos).



Parque Nacional Zion.