Europa





PARIS-FRANÇA

No final de dezembro de 2015 e no meio de janeiro de 2016 passamos alguns dias em Paris, na ida e na volta de nossa viagem para o sudeste asiático (Indonésia, Singapura em Malásia). Já estivemos outras vezes em Paris, mas nunca é demais passear por esta belíssima cidade que é um verdadeiro museu a céu aberto! Dormimos em Paris duas noites na ida e duas noites na volta.
Visitamos a universidade Marie e Pierre Curie, uma homenagem a estes dois importantes físicos. Aliás, a Marie Curie, cientista de origem polonesa, mas naturalizada francesa, é uma das poucas pessoas do mundo que recebeu duas vezes o prêmio Nobel.

Foto - Universidade Marie e Pierre Curie

Visitamos também o Museu Nacional de História Natural de Paris que está em um prédio belíssimo e antigo da cidade. Este museu foi inaugurado em 1889 e foi um dos primeiros museus deste gênero a adotar a evolução das espécies como eixo condutor de suas exposições: é a denominada “Grande Galeria da Evolução”. Para saber mais sobre ele entre no seu site: www.mnhn.fr.

 Foto - Entrada do Museu Nacional de História Natural em Paris

 Foto - Espaço do interior do Museu Nacional de História Natural

Além das exposições usuais, estava ocorrendo uma fantástica exposição no andar do subsolo, intitulada “Na pista dos grandes símios” sobre chimpanzés, gorilas e orangotangos. Muito bacana mesmo!

Foto - Orangotango, Ser Humano, Chimpanzé e Gorila: os grandes primatas!

Uma das alas imensas deste museu é destinada aos animais extintos ou ameaçados de extinção pelo ser humano: muito triste. Na entrada, um exemplar do Dodô, um grande e belo pássaro que existia nas ilhas Maurício perto da ilha de Madagascar (África) e que foi extinto no século XVII com a chegada de marinheiros europeus. Que dó! Deu vontade de chorar...

Foto - Pássaro Dodô na entrada do espaço imenso destinado aos animais extintos ou ameaçados de extinção

A seguir apresentamos algumas fotos desta viagem em Paris, de seus pontos turísticos e de algumas curiosidades.

Foto - Visão da Catedral de Notre Dame a partir do alto do Instituto do Mundo Árabe

Foto - Catedral de Notre Dame

Foto - Monumento na praça da Bastilha

Foto - Catedral de Sacré Couer

Foto - Moulin Rouge

Foto - Ponte sobre o rio Sena cheia de cadeados presos à sua estrutura

Foto - Exposição no Museu do Louvre sobre Mitos Fundadores - De Hércules a Darth Vader

Foto - Entrada do Museu do Louvre

Foto - Rio Sena

Foto - Torre Eiffel

Foto - Torre Eiffel ao entardecer

Foto - Músicos tocando música clássica dentro de uma estação de metrô de Paris

Foto - Mini-carro elétrico sendo carregado com eletricidade enquanto está estacionado

Foto - Recipiente na calçada para reciclagem, planejado para somente receber garrafas

No nosso último dia em Paris, fomos de metrô para uma parte da cidade com prédios modernos e mais afastados do seu centro. Lá está o famoso Grande Arco de La Défense que foi construído em 1989 (para celebrar os 200 anos da revolução francesa) pelo presidente Mitterrand, o primeiro presidente eleito pelo Partido Socialista Francês, com posições de centro-esquerda, após a Segunda Guerra Mundial (mesmo partido do atual presidente francês, François Hollande). Ele está exatamente alinhado com o famoso Arco do Triunfo, construído a partir da decisão de Napoleão Bonaparte, no início do século XIX: a distância entre eles é de cerca de 5 km. Este arco cúbico aberto de 112 metros de altura é o MAIOR HIPERCUBO do mundo. Um hipercubo (ou tesseract) é um cubo em 4 dimensões espaciais (assim como um quadrado é um “tipo” de cubo em 2 dimensões). Como nós vivemos em 3 dimensões espaciais, nossos corpos têm também somente 3 dimensões  espaciais e nossa mente só consegue entender, “ver” e imaginar objetos tridimensionais. Portanto, na verdade o Arco de La Défense (que por estar em nosso mundo, obviamente tem também 3 dimensões espaciais) é, na verdade, uma possível projeção tridimensional de um hipercubo quadridimensional! Maluco, não é mesmo! O Arco de La Défense é mais ou menos como quando desenhamos em perspectiva um cubo numa folha de papel: estamos tentando representar um cubo de três dimensões em uma figura plana de apenas duas dimensões. Podemos entender de outra forma ... é mais ou menos quando “cortamos” um cubo com um plano: a “fatia” bidimensional (a “secção de corte”) pode ter diferentes formas dependendo do ângulo de corte; por exemplo, se o plano de corte for paralelo a uma face, a fatia terá a forma de um quadrado. Analogamente, o Arco de La Défense (um objeto tridimensional) é uma possível “fatia” de um hipercubo quadridimensional. Uma terceira analogia para entender isto, é imaginar a relação entre um objeto tridimensional e sua sombra dimensional!
Para quem quiser se divertir mais e aprender um pouco de geometria, recomendo assistir o vídeo “Doutor quantum visita Planolândia”:
Este desenho de animação de 10 minutos é baseado no livro “Planolândia” (“Flatland”), uma obra de ficção e crítica social escrita no final do século XIX por Edwin Abbott sobre um mundo com seres bidimensionais, ou seja, seres que só têm 2 dimensões e desconhecem a terceira dimensão. Este livro fantástico é bem curto e fácil de ler. Você pode baixá-lo em pdf no link:
O famoso físico Carl Sagan em um trecho de um episódio da série Cosmos explica de modo muito didático a quarta dimensão e o hipercubo no vídeo “Quarta dimensão” no link a seguir (vídeo de 13 minutos):
Outro vídeo bom (de origem francesa), de 14 minutos, para tentar visualizar as possíveis projeções tridimensionais de um hipercubo quadridimensional é:
E o vídeo (de cerca de meio minuto), do link a seguir, mostra as diversas projeções de um hipercubo:
É interessante perceber que não conseguimos ver ou imaginar um objeto quadridimensional, mas podemos conhecê-lo! A ciência em certo sentido permite que nós possamos transcender os nossos 5 sentidos.

Foto - Hipercubo no Arco de la Défense

Depois de passear ao redor dele, eu entrei no Hipercubo do Arco de La Défense, mas infelizmente (ou seria melhor dizer, felizmente?) continuei um ser tridimensional! rsrsrs...

Foto - Entrando no hipercubo

Voltamos para o Brasil, e ao chegar em nossa casa na praia de Maranduba (Ubatuba), as nossas três cachorrinhas vira-latas fizeram a tradicional festa de recepção. Aliás, esta festa de recepção, elas fazem toda noite quando regressamos do trabalho. Todo noite parece que fizemos uma longa viagem ao outro lado do mundo e então retornamos! Talvez os cães tenham uma outra percepção do passar do tempo... De qualquer forma, cachorro é tudo de bom! Aliás, se você for querer ter um cachorro, POR FAVOR, adote um cãozinho, jamais compre um, pois como gostamos de dizer, amigo não se compra! Nos canis e nas ONGs de todas as cidades há uma imensidão de cachorros esperando por uma pessoa carinhosa como você para adotá-los.
No dia seguinte à nossa volta ao Brasil, abrimos a porta do carro para esquentar o seu motor e demos um pouco de bobeira. Quando voltamos para o carro, fomos ver e advinha só quem eram os três pequenos seres vivos que estavam dentro do carro, pensando que iam passear... rsrsrs...



Foto – Cachorrinhas dentro do carro pensando que iam passear

VIAJANDO PELOS PAÍSES DO BÁLTICO

     Julho de 2015. Decidimos viajar pelos países em torno do mar Báltico que fica ao norte da Europa próximo à região chamada de Escandinávia. O mar Báltico banha países como Finlândia, o leste da Rússia, Estônia, Letônia e Lituânia, exatamente os países que decidimos conhecer nesta viagem.
Mas o início desta viagem foi complicado. O nosso voo de São Paulo até Helsinque, capital da Finlândia, era pela Air Turkish, via Istambul, capital da Turquia. Mas o voo de São Paulo até Istambul foi cancelado, por causa de um urubu que entrou na turbina quando o avião estava pousando no aeroporto de Guarulhos, danificando-a! Uma história incrível. A companhia Boeing (fabricante do avião) não permitiu o voo mesmo depois que os mecânicos concertaram a turbina. A Turkish Airlines nos mandou então para um hotel “chique” perto do aeroporto de Guarulhos, o hotel Pullman da rede Accor, onde dormimos. Depois de 24 horas esperando, foi enviada uma nova turbina. O nosso novo voo só saiu quase 24 horas depois. Chegamos e dormimos em Istambul (em um hotel pago pela Turkish Airlines) e na manhã seguinte pegamos o voo para Helsinque.
     Chegamos em Helsinque e estava fazendo um calor danado que mesmo com a janela do hotel aberta, tive que dormir sem camisa e de calção! Acho que esta é a capital de um país continental (para excluir a capital da Islândia, Reikjavík) mais próxima do polo, ou seja, mais setentrional. Dormimos no hotel Best Western, perto do aeroporto de Helsinque, que gentilmente permitiu que usássemos a reserva feita e já paga pelo site booking.com, mas que valia para o dia anterior (que perdemos pelo atraso de 24 horas do voo que saiu do Brasil). De tarde passeamos pela região a pé e fomos ao Shopping Flamingo perto do hotel onde comemos algo e assistimos ao filme “Exterminador do Futuro – Genesys” (“Terminator”), um excelente filme cheio de possibilidades de viagens temporais e que retoma várias questões dos filmes anteriores da saga exterminador do futuro.



Helsinque na Finlândia - Aeroporto

KALININGRADO (RÚSSIA)

     No dia seguinte voamos de Helsinque para a cidade de Kaliningrado (na Rússia) pela companhia Air Berlin (de baixo custo) com escala em um aeroporto secundário de Berlin (na Alemanha) como fazem geralmente as empresas aéreas de baixo custo (low cost). O voo original da Air Berlin, nós perdemos, pois chegamos um dia atrasados em Helsinque. Mas graças a minha querida mãe que ligou (da casa dela no Brasil, pois estávamos meio impossibilitados de fazer isto pelos transtornos do atraso) para a Air Berlin e comprou o mesmo voo para o dia seguinte conseguimos voar para Kaliningrado para começar a viagem de fato.
     Kaliningrado é o nome atual da antiga Königsberg que antes da Segunda Guerra Mundial pertencia a Alemanha, mas que agora pertence a Rússia. Esta cidade está em um território em forma de “enclave” sem ligação por terra com o resto da Rússia, espremido entre a Polônia a leste e a Lituânia a oeste. A Rússia por toda a sua história no século XX já aparenta um isolamento do resto do mundo (apesar de que vem tentando se modernizar e superar este isolamento nos últimos tempos). Na região de Kaliningrado que fica isolada geograficamente do resto da Rússia a sensação de isolamento é muito maior: parece que o tempo parou. Por exemplo, era muito difícil encontrar pessoas que falassem inglês, mesmo em atividades econômicas relacionadas ao turismo.
     O hotel Ibis de Kaliningrado também gentilmente permitiu que deslocássemos a nossa estadia (com reserva de duas noites) de um dia para frente, bastando para isto apresentar o documento que a Turkish Airlines produziu em inglês que comprovava o atraso de um dia na viagem. A reserva neste hotel foi feita pelo site Accorhotels.com.


Kaliningrado na Rússia – Hotel Ibis escrito em russo

     Aliás, aconselhamos aos viajantes que abram gratuitamente uma conta tanto no site booking.com quanto no accorhotels.com, pois como usuários fica mais fácil reservar e mesmo cancelar ou modificar reservas, além do fato de sempre aparecerem promoções para os usuários. Nesta viagem adotamos também o método de reservar o hotel de cada cidade quando estávamos na cidade anterior. O wifi existe em praticamente todos os hotéis e mesmo restaurantes e outros estabelecimentos e era muito fácil fazer estas reservas pelo smartphone. Somente a reserva dos dois primeiros hotéis (em Helsinque e em Kalingrado), nós fizemos antes de sair do Brasil.
     Se como diz o escritor Luis Fernando Veríssimo, o verão na Rússia dura uma semana, nos chegamos em Kaliningrado no último dia desta semana. Fez muito calor no dia que chegamos (como tivera feito no dia anterior em Helsinque), mas no dia seguinte a temperatura já ficou bem mais fresca. A “Fish Village” ou “Vila dos Pescadores” é uma região a beira rio que está sendo remodelada com finalidades turísticas e está ficando muito bonita.



Kaliningrado na Rússia - Vila de pescadores

     A cidade de Königsberg (o antigo nome de Kaliningrado) é conhecida na matemática por causa do famoso problema das 7 pontes proposto pelo matemático Euler em 1736 e que originou a teoria dos grafos. Para saber mais confira o link: https://pt.wikipedia.org/wiki/Sete_pontes_de_K%C3%B6nigsberg.
     Na época o rio que cruzava a cidade envolvia uma ilha de forma que com as margens havia um complexo de 7 pontes das quais, duas não existem mais. O problema proposto na época era se seria possível passar pelas 7 pontes sem repetir nenhuma: Euler provou matematicamente que isto não seria possível!
     Visitamos as duas catedrais da cidade. Uma é a denominada catedral de Kaliningrado.


Kaliningrado na Rússia - Catedral

     Nesta catedral é onde está enterrado o filósofo Immanuel Kant.


Kaliningrado na Rússia - Túmulo de Kant

     A outra é a catedral de Cristo, o Salvador, que é ortodoxa.



Kalingrado na Rússia - Catedral Ortodoxa

     Almoçamos ali perto no restaurante Kmel com vista para a praça Pobedy que fica em frente da catedral ortodoxa a comida era boa e barata e a cerveja de trigo deliciosa era muito barata também.


Kalinigrado na Rússia - Cerveja de trigo

     Outro passeio bonito que fizemos foi caminhar ao redor do longo lago Verhnee, um local bonito e com infraestrutura turística adequada. Foi uma caminhada longa, mas muito agradável.


Kaliningrado na Rússia - Passeio em torno de um lago

     Visitamos também a estatua de Lênin que fica na frente de um teatro.


Kaliningrado na Rússia - Estátua de Lênin

     O isolamento de Kaliningrado deu um sabor de como era a vida na antiga União Soviética. Quase ninguém na cidade falava inglês, mesmo na no atendimento para turistas da estação de trem, um absurdo! Os horários de todos os trens são os de Moscou o que é outro absurdo: por exemplo, você compra um bilhete de trem cuja saída esteja marcada para as 10 horas da manhã, você chega 20 minutos antes das 10 da manhã e descobre que o seu trem já saiu 40 minutos antes, pois o horário marcado no bilhete é o de Moscou! Uma centralização absurda que não atende em nada o interesse dos usuários e passageiros, mas que pode ser muito conveniente para os funcionários da empresa de trens; aliás, nem sei se para eles é assim tão mais conveniente, pois o número de passageiros que perdem os seus trens por causa disso deve ser uma quantidade considerável e estes passageiros devem reclamar muito para os funcionários. Talvez esta centralização deva ter sido importante logo após a revolução bolchevique de 1917, como medida política de centralização do país, para evitar a sua fragmentação que seria possível com a guerra civil que ocorreria nos anos seguintes.
     Respeito muito os comunistas, mas não acho que seja um sistema que funcione adequadamente para as pessoas, pelo menos como elas são hoje. Aliás, a China, o Vietnã e mais recentemente a própria Cuba estão se abrindo para práticas capitalistas. O capitalismo gera muita riqueza. O problema é que gera muita desigualdade também. Minha posição política atualmente está mais próxima da socialdemocrata, que aceita um regime capitalista, mas com um estado forte e atuante e que arrecade impostos significativos, sobretudo sobre os setores mais ricos da sociedade, de modo a estar capitalizado para fornecer serviços públicos universais de qualidade e em condições de igualdade (educação, saúde, segurança, assistência social, acesso a bens culturais, etc) para todos, de modo a criar um pouco mais de igualdade de oportunidades de modo a contrabalançar as desigualdades geradas pelo capitalismo e a loteria genética que faz com que alguns nasçam em famílias mais ricas e outros em família mais pobres.
     É isto que ocorre na Finlândia, por exemplo, que tem um dos melhores sistemas de educação do mundo, mas que custa caro, pois a Finlândia arrecada quase metade do seu PIB em impostos. O Brasil para efeito de comparação arrecada cerca de 34 % do PIB em impostos ou seja bem menos que a Finlândia e outros países escandinavos que seguem o mesmo perfil de arrecadação de impostos. Mesmo assim os setores neoliberais sistematicamente defendem que deve se diminuir a arrecadação do estado brasileiro. Aqui é importante não ser demagogo. É simplesmente inviável oferecer educação de qualidade, por exemplo, sem gastar muito dinheiro com isso. Em qualquer lugar (mesmo nas escolas privadas) educação de qualidade custa caro! Mas como dizia o físico Carl Sagan, de forma retórica e provocadora, se você acha que educação é algo que custa muito caro para a nação, experimente a ignorância!
     A funcionária da Catedral de Kaliningrado –que funcionava como um museu–, de modo corrupto, ficou com o dinheiro da entrada de um de nós; só percebemos depois que saímos. Aliás, incrivelmente ninguém nestes museu falava inglês.
     Em Kaliningrado, o prédio da filarmônica também é belíssimo.Outro local importante é a praça com o monumento a mãe Rússia. O prédio da estação de trem do sul, onde está escrito Kaliningrado no alfabeto cirílico, no alto, é bem bonito, também. Aliás, vendo as letras estranhas do alfabeto cirílico com “enes” e “erres” ao contrário, percebemos na prática como é se sentir analfabeto.



Kaliningrado na Rússia - Estação de Trem, no alto está escrito Kaliningrado em russo


AS TRÊS REPÙBLICAS BÁLTICAS

     Os três países bálticos são a Lituânia, a Letônia e a Estônia: pequenos em extensão e um ao lado do outro, parecem as três Guianas aqui da América do Sul. Os três entraram na zona do euro nos últimos anos, a Lituânia sendo o último a entrar em janeiro de 2015.
     A Lituânia tem cerca de 3 milhões de habitantes, a Letônia tem 2 milhões de habitantes e a Estônia tem pouco mais de 1 milhão de habitantes.
     As 3 repúblicas foram anexadas pela União Soviética, após 1945, mas já tinha existido uma iniciativa neste sentido antes, com o tratado Molotov-Ribentropp, entre a União Soviética e a Alemanha alguns anos antes. Mas estas 3 repúblicas que usam o nosso alfabeto latino (e não o alfabeto cirílico russo) sempre tiveram um sentimento nacionalista muito forte e foram as primeiras a ficar independentes da URSS com a queda do muro de Berlim. Um grande passo para isso foi a cadeia humana feita de pessoas segurando uma a mão da outra no início dos anos 1990, por 650 km entre as 3 capitais das repúblicas bálticas, Tallinn (Estônia), Riga (Letônia) e Vilnius (Lituânia).
     A Lituânia, mais ao leste e ao sul é parecida com a vizinha Polônia. A maioria de lituanos (79%) é de maioria católica. Mas, por outro lado, a Lituânia foi o último país considerado pagão da Europa.
     Já a Estônia, mais ao norte e ao oeste, é diferente dos outros dois países bálticos, que são assim denominados, pois tem seu litoral de frente para o chamado mar Báltico. A Estônia tem ligações muito fortes com os finlandeses e, portanto, como a Finlândia não tem uma origem linguística indo-europeia. Tradicionalmente os estonianos são de maioria luterana, mas atualmente na prática eles são considerados um dos povos menos religiosos que existem.
     Finalmente, a Letônia (situada geograficamente entre a Lituânia e a Estônia) tem maioria religiosa luterana também e uma grande minoria russa que perfaze cerca de 29% da população total. Letônia e chamada originalmente de Latvia. Quem nasce na Letônia é chamado de letão.

VILNIUS – CAPITAL DA LITUÂNIA

     Fomos de ônibus de Kaliningrado para Vilnius, capital da Lituânia. Imediatamente depois de chegarmos fomos a Paneriai um sítio histórico memorial que está a cerca de 10 km da cidade e ao qual pode se chegar por trem.



Vilnius na Lituânia - Entrada do Museu Memorial Paneriai

     Este local retoma a história das dezenas de milhares de judeus de Vilnius que era conhecida como a Jerusalém do norte e que foram mortos a tiros pelos nazistas e com o apoio decidido de muitos lituanos fascistas, após a invasão alemã em 1941, durante a Segunda Guerra Mundial. Os soviéticos depois que anexaram as 3 repúblicas bálticas, após a Segunda Guerra também cometeram muitas injustiças e crueldades como a deportação de milhares de lituanos para a Sibéria, muitas vezes sob o pretexto de que seriam elementos fascistas que teriam colaborado ativamente com crimes nazistas durante a Segunda Guerra.


Vilnius na Lituânia - Monumento em lembrança das vítimas do nazismo

     Antes da Segunda Guerra, metade da população de Vilnius era de origem judaica. Quase todos (cerca de 70 mil pessoas) foram mortos durante a ocupação nazista. Outras 30 mil pessoas de origem não judaica também foram mortos: comunistas, sacerdotes, ativista, russos, poloneses, etc.
      Toda esta história é excelentemente narrada e descrita no Centro de Tolerância que narra também, em um dos seus andares, a respeito do esforço de lituanos não judeus em tentar esconder e salvar crianças judias da morte. Já o Museu do Holocausto situado em outra parte da cidade velha é bem menor, mas também vale, com certeza, a visita, pela sua exposição histórica muito bem estruturada.



Vilnius na Lituânia - Museu sobre o Holocausto

     Dentro da cidade há inúmeras igrejas belíssimas: católicas, protestantes e ortodoxas. Aliás, em todos os 3 países bálticos, há minorias russas expressivas, que são majoritariamente ortodoxas em termos religiosos.



Vilnius na Lituânia - Igreja Ortodoxa

     A maior das igrejas desta cidade é a Catedral de Vilnius.



Vilnius na Lituânia - Catedral de Vilnius

     Atrás da catedral fica o amplo museu nacional da Lituânia. E mais atrás dele, nós subimos no alto de um morro onde esta situada a torre Gediminas, em homenagem ao fundador do estado lituano durante a idade média: a visão lá de cima da cidade toda é bem bonita e panorâmica.



Vilnius na Lituânia - Vilnius vista do alto

     Mas por toda a cidade há igrejas belíssimas.


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Vilnius na Lituânia - Igrejas em Vilnius

     Nas duas extremidades de uma ponte sobre o rio Neris, estão estátuas do período do realismo socialista e soviético representando, com beleza e de modo heroico, soldados, camponeses, operários e cientistas.


Vilnius na Lituânia - Ponte sobre o rio em Vilnius

     Outras estátuas interessantes da cidade é a estátua do anjo Uzupis, em um bairro boêmio da cidade, bem como a estátua em homenagem ao músico Frank Zappa.



Vilnius na Lituânia - Estátua de Frank Zappa

     Visitamos, também, um bar chamado biblioteca e que era realmente uma biblioteca cheia de livros!



Vilnius na Lituânia - Bar Biblioteca

     Em Vilnius ficamos no bom hotel Corner que recomendamos. A Lituânia acabou de entrar na zona do euro e os preços estavam mais baratos que nos outros países visitados e, às vezes, surpreendentemente até mais barato que o Brasil. Os preços na Letônia estavam mais caros que na Lituânia. E na Estônia, que foi a primeira das 3 repúblicas a entrar na zona do euro, os preços estavam ainda um pouco mais caros. Além destes 3 países bálticos pertencentes a antiga União Soviética, dois outros países do antigo bloco comunista também estão na zona do euro: a Eslovênia que era a república mais rica da antiga Iugoslávia e a Eslováquia, a metade mais rica da antiga Tchecoslováquia que se separou em 2 partes após a queda do muro de Berlim: República Tcheca e Eslováquia.
     Nesta viagem, para ter uma visão geral usamos o guia de viagens da “Lonely Planet” para a Europa Oriental (mais especificamente, os capítulos referentes aos países que visitamos), mas complementamos com as dicas do site tripadvisor.com que obtemos quando digitamos no Google, por exemplo, “top 30 things to do in Vilnius” (30 principais coisas para fazer em Vilnius). Mesmo quando digitamos somente “things to do in Vilnius” (coisas para fazer em Vilnius), o próprio google fornece logo no inicio das opções as fotos das principais atrações turísticas de Vilnius, como faz para qualquer cidade turística.
     Em nossas viagens procuramos de fato experimentar ao máximo a cultura local, fazendo uma espécie de imersão de modo a conhecer como as pessoas vivem e evitando somente ver as atrações turísticas que são inevitáveis é claro, mas que não resumem nem de longe a realidade de um determinado país ou cidade. Para isso o ideal é bater pernas e andar muito pelas cidades, com um plano elaborado previamente, obviamente, mas deixando se levar pelo inesperado, pelo não usual, por aquilo que não foi previsto, o que faz de uma viagem algo muito maior do que um check-list de atrações turísticas para serem vistas, visitadas e conferidas mecanicamente, pois nos leva a conhecer realmente as pessoas que vivem naquele local.

RIGA – CAPITAL DA LETÔNIA

     Ao chegarmos em Riga, descemos no aeroporto em vez de na estação de ônibus da cidade. Distração minha! Estava conversando durante a viagem com uma “figuraça”, um artista argentino que é ao mesmo tempo músico (trabalhando com músicas étnicas), dançarino e palhaço. Ele atualmente mora em Quito e estava viajando para Tallinn para participar de um evento na área da psicoterapia, segundo compreendi. Seu nome é Nicolas Cambas. Ele me apresentou algumas canções de um músico uruguaio fantástico chamado Jorge Drexler que em suas letras aborda temas e conceitos científicos como conservação de energia, eletricidade, magnetismo, entropia e física quântica.


Riga na Letônia - Placa “Não leve a vida tão a sério - Ninguém sobrevive no final”

     Em Riga a cidade que deu origem ao termo “pinho de Riga”, fez pela primeira vez bastante frio nesta viagem bem no meio do verão, com uma chuvinha chata o dia todo e a temperatura chegando a 11 graus Celsius. Riga é uma cidade muito agradável e receptiva ao turista.


Riga na Letônia - Passagem Subterrânea com desenhos de quadrinhos em Riga

     No meio da tarde, perto do monumento à liberdade e a céu aberto, assistimos uma apresentação de centenas de crianças com trajes típicos e de diferentes escolas bailando danças folclóricas bem parecidas com as danças de quadrilha das nossas festas juninas.


Riga na Letônia - Danças folclóricas em Riga

     Pelo que entendi, as roupas típicas representavam diferentes regiões do país.


Riga na Letônia - Meninas com roupas típicas em Riga

     A catedral ortodoxa da cidade com teto de ouro e interior cheio de enfeites é belíssima. Curiosamente durante o período soviético ela funcionou como um planetário e um restaurante!


Riga na Letônia - Catedral ortodoxa de Riga

     Fomos também à Torre da Pólvora, onde atualmente se localiza o Museu da Guerra que é gratuito e com vários andares e exposições. E assistimos no final de uma tarde, um concerto magnífico de órgão dentro da catedral Dome.


Riga na Letônia - Concerto de órgão em igreja de Riga

     As avenidas de Riga são belas como os boulevares de Paris com prédios de no máximo 4 andares e muito bonitos. A cidade está muito bem preservada historicamente.


Riga na Letônia - Boulevard (avenida) em Riga

     Visitamos o museu da ocupação da Letônia que descreve o meio século de ocupação nazista e soviética entre 1940 e 1990.


Riga na Letônia - Liberdade para os países bálticos - Museu da ocupação

     A “cat house” (casa de gato) com esculturas de gatos no topo do telhado é bem interessante.


Riga na Letônia - Cat House com gatinhos esculpidos no alto

     Caminhar ao lado do rio Daugava no verão é um belo passeio.


Riga na Letônia - Vista do Rio Daugava em Riga

     Da mesma forma é muito agradável passear pelo parque longitudinal e longo em torno do canal que atravessa a cidade velha.


Riga na Letônia - Canal pelo centro histórico de Riga

     O prédio mais bonito da cidade é o Blackheads House, que não dá para entrar, pois é onde o presidente do país trabalha.


Riga na Letônia - Prédios belos no centro de Riga

     O prédio da ópera de Riga também é belíssimo, assim como o prédio da catedral luterana de São Pedro que tem uma torre altíssima.
     Passamos até por um casamento de brasileiros que estava ocorrendo em local aberto numa praça e com muitos outros brasileiros como convidados!


Riga na Letônia - Casamento de brasileiros em Riga

     Cada vez mais brasileiros viajam para o exterior. Nossas duas sobrinhas Caroline e Karina, por exemplo, duas moças estudiosas e esforçadas conseguiram ir estudar por um semestre na universidade de Coimbra, em Portugal, por exemplo. Elas estudam direito e letras respectivamente e com certeza aproveitaram cada dia desta oportunidade extraordinária que tiveram. Além disso, eu tive recentemente quatro alunos meus do curso de Licenciatura em Matemática do IFSP-Caraguatatuba (três dos quais foram meus orientados) que conseguiram ir estudar em universidades estrangeiras pelo programa “Ciência sem Fronteiras”, criado, em 2011, pela presidente Dilma e que já enviou cerca de cem mil universitários brasileiros para estudar no exterior.

TALLINN – CAPITAL DA ESTÔNIA

     A Estônia (com sua capital Tallinn) foi o terceiro país báltico que visitamos e é o mais rico deles: foi o primeiro a entrar na zona do euro e é o que está mais perto da riquíssima Finlândia. Caminhar pela cidade antiga (“old town”) evidencia toda esta riqueza.


Tallinn na Estônia - Entrada da Old Town

     O lado ruim para turistas como nós é que este é o país mais caro dos três para turistas.


Tallinn na Estônia - Centro histórico de Tallinn

     O centro da “old town” é uma imensa praça aberta cercada por restaurantes por todos os lados.


Tallinn na Estônia - Praça no centro da cidade velha em Tallinn

     Mas é nesta praça aberta que muitas vezes são montados “barraquinhas” de feira típicas onde são vendidos produtos feitos pelos cidadãos locais. E nela também acontecem exibições de grupos de músicas típicas da região; a Divina chegou até a dançar numa destas exibições.


Tallinn na Estônia - Divina numa dança medieval

     Assistir o show de músicas medievais do grupo alemão “Poeta Magica” na praça central da cidade velha –chamada Raekoja Plats– foi uma das melhores experiências musicais pelas quais já passamos. Para quem gosta de boa música recomendamos que conheçam este grupo cujo site é www.poetamagica.de. Para ter uma ideia da sua qualidade veja:
     Mas a que eu mais gosto é a música “Diane Vitrea”:
     Ver a exibição ao vivo do grupo “Poeta mágica” é algo emocionante! Parece que voltamos para a idade média...


Tallinn na Estônia - Poeta Magica - Grupo de música medieval

     Até comprei uma espécie de flauta medieval meio gordinha chamada de “ocarina”.


Tallinn na Estônia - Flauta ocarina

     A catedral ortodoxa russa de Alexandre Nevsky, situada num dos pontos mais altos da cidade velha é uma das construções de maior esplendor da cidade, sobretudo pela beleza de seus domos em forma de cebola.


Tallinn na Estônia - Catedral Ortodoxa Alexander Nevsky

     Num dos dias de nosso passeio pegamos um ônibus e fomos conhecer o interessante museu estoniano a céu aberto (“estonian open-air museum”).


Tallinn na Estônia - Construção em museu ao ar livre

     Num espaço imenso em forma de parque ele apresenta uma série de construções em madeira de diferentes regiões e épocas. São construções verdadeiras que foram transportadas para este museu desde meados do século passado, após a Segunda Guerra Mundial e que representam diferentes regiões e épocas do país: casas, fazendas, moinhos e até uma escola de ensino fundamental.


Tallinn na Estônia - Sala de aula de antiga escola no museu ao ar livre

     Tallinn é uma cidade muito bonita e ficamos com muito boa impressão da Estônia.

SÃO PETERSBURGO (RÚSSIA)

     De Tallinn, fomos para São Petersburgo (a segunda maior cidade da Rússia, depois de Moscou, e antiga capital do império russo) que com certeza é uma das mais bonitas cidades do mundo. O museu Hermitage (antigo palácio do Czar russo) é o maior museu de arte do mundo, maior até que o museu Louvre de Paris.


São Petersburgo - Museu Hermitage

     Aliás, ambos foram antigos palácios das monarquias absolutistas que existiram na Rússia e na Franca. No caso do Hermitage ele foi o antigo Palácio de Inverno dos czares (imperadores) russos.


São Petersburgo - Museu e Palácio Hermitage

     O Hermitage é uma overdose de museu pela suntuosidade de suas salas, corredores, escadas!


São Petersburgo - Dentro do museu Hermitage

     Recomendamos que se comprem os tíquetes de entrada nos guichês eletrônicos (dá para pagar com dinheiro) que estão na entrada do museu e não com os guichês com atendentes humanos que custam um pouco mais baratos, mas têm filas quilométricas. Compramos os tíquetes nestes guichês eletrônicos quase se nenhuma fila e entramos imediatamente.


São Petersburgo - Interior do Museu Hermitage


     A praça em frente ao Museu Hermitage é gigantesca e um ponto de encontro dos turistas que visitam a cidade.


São Petersburgo – Praça em frente ao Hermitage

     É realmente uma praça majestosa que remete a uma cena clássica de um filme do cineasta Sergei Eisenstein sobre a revolução russa!


                                               São Petersburgo - Palace Square

     A revolução bolchevique russa que foi a primeira revolução de caráter socialista a acontecer em uma grande nação, ocorreu em 1917 e derrubou o czar russo (“imperador”), estabelecendo a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) ou, simplesmente, União Soviética. A palavra soviete referia-se aos conselhos populares formados após a revolução para colaborar na gestão do país. Falar sobre a revolução russa é sempre um terreno minado, pois ele sempre desperta paixões ideológicas muito fortes pró e anti-comunistas. Mas como não existe neutralidade política no mundo, vamos aqui tentar expor nossos pontos de vista. A Rússia era um país semifeudal e extremamente atrasado antes da revolução de 1917. Após a revolução as potências imperialistas alimentaram uma guerra civil no interior do país e ocorreu um verdadeiro cerco de nações europeias contra a nascente URSS. Em 1924 morreu Lênin, o líder da revolução russa. E foi gradualmente substituído por Stálin que estabeleceu um estado autoritário e totalitário, com as prisões denominadas “gulags” para dissidentes e prisioneiros políticos; mas mesmo assim, economicamente foram mantidos os princípios socialistas estabelecidos em 1917. A Segunda Guerra Mundial foi basicamente uma guerra desencadeada pela Alemanha nazista de Hitler para derrotar a URSS e derrubar a única nação socialista da época. E foi basicamente a URSS quem derrotou a Alemanha nazista, ao contrário da narrativa de Hollywood que glorifica o papel dos EUA na segunda guerra mundial: mais de 90% do exército nazista estava na frente oriental (ao leste) combatendo os russos!
     A Segunda Guerra Mundial acabou com a vitória dos aliados (URSS+EUA+Inglaterra). E com isto o prestígio da URSS aumentou muito, sobretudo entre líderes dos países do terceiro mundo que lutavam contra o colonialismo e contra o imperialismo dos EUA. Os países da Europa Oriental, situados entre a Alemanha e a URSS, acabaram se tornando comunistas no pós-guerra, por vontade própria ou na marra!
     Mas no final dos anos 1980 o comunismo caiu em toda a Europa oriental e na própria URSS. O comunismo caiu em nossa opinião porque não há como um regime sobreviver com a estatização total da economia, pelo menos no atual estágio de desenvolvimento humano. Uma estatização total da economia como ocorria no período soviético, causava uma quantidade tão grande de ineficiência que a economia acabou por “desmilinguir” a nação. A China comunista atual aprendeu esta lição e permite práticas capitalistas em diversos setores da economia, mas com o controle de um estado forte. O capitalismo é algo paradoxal: gera muita riqueza, mas gera também muita desigualdade.
     Mas a privatização geral da economia proposta pelo neoliberalismo, também se mostrou falida na America Latina nos anos 1990 e início dos anos 2000, e no mundo todo em 2008. Se 1989 foi o ano da queda do muro de Berlim e da ideia de que o estado pode ou deve controlar toda a economia, 2008 foi o ano da queda do modelo neoliberal segundo o qual o estado não deve controlar nada ou deve controlar muito pouco na economia. O quanto o estado deve estar presente e o quanto o mercado e o setor privado devem estar presentes é a grande questão posta para as nações do mundo nos próximos anos. Um modelo com um estado de bem estar social forte com serviços públicos de qualidade como na Finlândia ou na Suécia ou na Noruega ou na Dinamarca é o sonho de todos, mas serviço público (de educação, saúde, segurança, assistência social, etc), de qualidade, custa caro e exige uma arrecadação grande de impostos (geralmente entre 40% e 50 % do PIB) para isso, algo bem maior que no Brasil de hoje em que a arrecadação de impostos é de cerca de 34 % do PIB. E os setores da sociedade mais ricos do Brasil já reclamam que pagam muito imposto... Mas muitos no topo da pirâmide social brasileira sonegam abertamente ou conseguem por meios judiciais deixar de pagar impostos sobrecarregando o resto da sociedade com muito mais impostos a pagar para manter os serviços públicos.
     Este modelo socialdemocrata como é conhecido na Europa implica, entretanto, na permanência do regime capitalista que é muito eficiente para criar riqueza como o velho Marx já enfatizava; mas é importante repetir que o capitalismo sem o controle e o contraponto de um Estado forte acaba gerando também muita desigualdade e injustiça social.
     Hitler após a invasão da União Soviética mandou seu exército cercar a cidade de Leningrado (como se chamava São Petersburgo na época) e impedir a entrada de suprimentos alimentares para a população da cidade, achando que com isso a cidade rapidamente acabaria por se render ao exercito alemão.
     Mas a cidade de forma heroica resistiu 900 dias ao cerco nazista perdendo um teço da sua população ou cerca de 1 milhão de habitantes pela fome e pelas doenças. Foi uma das historias de maior coragem coletiva e determinação em toda a segunda guerra mundial. Fomos conhecer o Museu da Defesa e do Bloqueio/Cerco de Leningrado com uma retrospectiva muito bem feita deste período.


São Petersburgo - Museu do cerco de Leningrado

     A Igreja do Salvador do Sangue Derramado é belíssima por fora, com suas abóbodas coloridas em forma de cebola.


São Petersburgo - Igreja do Salvador do Sangue Derramado

     Por dentro ela étambém muito bela como todas as paredes ladrilhadas e formando figuras e eventos da Bíblia.


São Petersburgo - Interior da Igreja do Salvador do Sangue Derramado

     Outra catedral belíssima de São Petersburgo é a catedral de Santo Isaac.


São Petersburgo - Praça em frente a Catedral de São Isaac

     Por dentro ela é de uma suntuosidade e riqueza incríveis. A mensagem clara para os crentes é a respeito do poder de Deus!


São Petersburgo - Interior da Catedral de São Isaac

     Uma terceira catedral que vale a pena conhecer é a catedral Kazan imponente por fora e gratuita para se conhecer por dentro.


São Petersburgo - Catedral Kazan

     Ela fica ao lado da avenida (prospekt) Nevsky, a principal e mais bela avenida da cidade: ela é o eixo por onde trafegam as hordas de turistas do mundo todo, ou seja, é a principal artéria da cidade.


São Petersburgo - Avenida (Prospekt) Nevsky

     Fomos conhecer também do outro lado do rio Neva, a ilhazinha com a Fortaleza de Pedro e Paulo.


São Petersburgo - Rio Neva e Fortaleza de Pedro e Paulo

     Na Fortaleza de Pedro e Paulo há um conglomerado de museus e outras atrações turísticas.


São Petersburgo - Fortaleza de Pedro e Paulo

     Dentro dela conhecemos o fantástico museu da cosmonáutica e da tecnologia de foguetes. Um herói nacional russo é o astronauta Iuri Gagarin que em 1961 foi o primeiro homem a viajar pelo espaço.


São Petersburgo - Museu da Cosmonáutica, com pôster com a foto do astronauta Iuri Gagarin

     Aqui também conhecemos a bela Catedral de São Pedro e São Paulo, com seu belo e imenso pináculo (altar) dourado.


São Petersburgo - Catedral de São Pedro e São Paulo

     E na fortaleza fomos também conhecer a sua prisão que teve entre os seus prisioneiros o líder comunista Trotsky e os escritores Gorky e Dostoiovesky.
     Numa  das margens do rio Neva, visitamos o interior de um submarino militar russo que hoje funciona como um museu.



                                        São Petersburgo - Museu Submarino

     O metrô e suas estações são um espetáculo a parte de São Petersburgo, tal e a beleza arquitetônica e artística de muitas de suas estações: andar de metrô é como ir a um museu!


São Petersburgo - Uma das belas estações de metrô

     O jardim de verão com suas fontes e esculturas é considerado o parque mais bonito da cidade. Outro jardim belo é o “Admiralty Gardens”.


São Petersburgo - Estatua de bronze de um cavaleiro nos “Admiralty Gardens”

     São Petersburgo é uma cidade cheia de canais, mais ou menos como Veneza.


São Petersburgo - Canal da cidade

     A vista da cidade a partir das calçadas laterais do outro lado do rio Neva são magníficas.


São Petersburgo - Vista da cidade do outro lado do Rio Neva

     Uma coisa que deu para perceber é a ostentação dos novos ricos russos. Sobretudo com o aluguel de limusines imensas que apareciam por tudo quanto é canto na cidade!


São Petersburgo - Limusine com noiva

     Fomos também ao museu do chocolate, no qual vimos um tabuleiro com pecas de jogo de xadrez, tudo feito com chocolate. Durante o jogo dá literalmente para comer as peças que vão sendo capturadas!


São Petersburgo - Tabuleiro de xadrez de chocolate

     O Teatro mais belo da cidade é o Mariinsky, com apresentações de ópera e de balé. Infelizmente estava tudo esgotado nos dias em que estávamos em São Petersburgo.


São Petersburgo - Teatro Mariinsky de balé e ópera

     Agora, no verão deles, que é bem mais frio que o nosso inverno em Ubatuba, tinha noivas para tudo quanto e lugar, em praças, palácios e locais públicos tirando fotos. Como no inverno eles devem ficar todos entocados em suas moradias e locais de trabalho, no verão eles gostam muito de curtir os locais abertos e públicos, como é o caso de praças e parques.


São Petersburgo - Russos pegando um solzinho na margem do rio Neva

     Em um dia fizemos um passeio para fora da cidade a cerca de 30 km. Fomos conhecer o “Peterhof” (“Petrodvorets”) uma espécie de Palácio de Versalhes do czar Pedro, o Grande. A grande atração é o Parque Baixo situado atrás do Palácio, e que contem a chamada “Grande Cascata”, além de uma verdadeira sinfonia visual com canais e 140 fontes, bem como a avenida de água que deságua no Mar Báltico.


São Petersburgo - Grande cascata do Palácio Peterhof

     Uma maravilha de deslumbrante. Dá para perceber os motivos da revolução comunista russa de 1917. O povo passando fome e soldados morrendo aos milhares na primeira guerra mundial enquanto que o czar, sua família e agregados nobres viviam em uma suntuosidade imensa!
     Durante nossa visita vimos muitos pintores em São Petersburgo, se inspirando pelas paisagens da cidade, como, por exemplo, uma pintora que estava pintando um quadro com as chamadas colunas "Rostral".


São Petersburgo - Pintora desenha as colunas Rostral

     Algo que desperta a curiosidade de quem viaja pela Rússia é tentar deduzir o que está escrito nas placas em russo com todas aquelas letras estranhas que não existem no nosso alfabeto latino.


São Petersburgo - Placa escrito STOP em russo (PARE)


São Petersburgo - Placa escrito RESTAURANT em russo


São Petersburgo - Placa escrito SUPERMARKET em russo


São Petersburgo - Placa escrito STROGONOF em russo


São Petersburgo - Placa escrito CAFÉ em russo

     Um ponto negativo e que dificulta a viagem de qualquer um pela Rússia é a pouquíssima quantidade de pessoas que sabem falar inglês, mesmo em setores em que isto deveria ser obrigatório. Isto ocorre não somente em serviços públicos, como no transporte publico, mas também em estabelecimentos comerciais privados. Com certeza é uma decorrência ainda do período soviético em que pelo isolamento da URSS poucos falavam ou precisavam falar inglês. Mas hoje com a globalização e com a Rússia sediando a Copa do Mundo de 2018, isto terá que mudar! Goste se ou não, o inglês é hoje a língua franca ou o “latim do século 21”! Muitos dos russos mais jovens pode se perceber tentam aprender inglês em porcentagem significativamente maior que os russos com 50 anos ou mais. São Petersburgo junto com Moscou são as duas cidades russas que mais recebem turistas. Não da para ter um balcão de informações na estação de trem onde ninguém fala inglês: isto deveria ser inconcebível. O regime comunista já caiu há mais de duas décadas! Não dá para o atendente da companhia de trem que vende tíquetes internacionais de São Petersburgo para Helsinque (na Finlândia) NÃO falar inglês. Em um restaurante fast food (Burger King) nenhum atendente falava inglês! Nos museus a maioria esmagadora dos funcionários não falava inglês. Cremos que neste ponto o Brasil está um pouco mais avançado.
     No início de uma noite, em São Petersburgo recebemos a notícia do falecimento de minha querida mãe, Candida Maria Plaza Teixeira. Ela estava bem de saúde e tinha cerca de 75 anos de idade. Morreu dormindo. Teve um ataque do coração fulminante. De manhã, ao acordar meu pai que é médico, constatou a morte dela. Só de noite, quando já estava acontecendo o velório, o meu irmão conseguiu me achar pelo celular (via whatsapp quando entramos em um lugar que tinha wifi) para dar a terrível notícia. Foi com certeza o dia mais triste da minha vida! Faltavam ainda alguns dias de viagem, mas obviamente resolvemos retornar imediatamente para o Brasil. Por vários motivos não conseguiríamos retornar para a cremação de minha mãe. Os voos de volta de outras companhias estavam todos cheios. O nosso voo pela Turkish Arlines saia de Helsinque; com o atestado de óbito de minha mãe poderíamos conseguir adiantar o voo mas somente para dois dias depois do dia que minha mãe morreu. E este voo de Helsinque para São Pulo tinha uma escala com pernoite em Istambul. Portanto na verdade demoramos três dias e meio para conseguir retornar para o Brasil. Conversando com meu Roberto e minha irmã Renata, decidimos que no final de semana seguinte, jogaríamos as cinzas de minha mãe na água do mar na praia de Maranduba, em Ubatuba, onde moramos eu e a Divina. Prolongar o velório por dias, para esperar a minha chegada, provocaria muita dor em todos. Mesmo assim decidimos retornar imediatamente, pois não existia mais nenhum clima para continuar viajando.
     Compramos então as passagens de trem de São Petersburgo para Helsinque para esperarmos pelo voo de volta que saia desta cidade e que conseguimos de antecipação do retorno para o Brasil. O trem saiu da famosa Estação Finlândia, que ficou imortalizada porque foi por ela que o revolucionário Vladimir Lênin entrou na Rússia quando retornou de seu exílio no final da Primeira Guerra Mundial para logo em seguida liderar a revolução comunista que acabou sendo vitoriosa em 1917.


São Petersburgo - Estação Finlândia

     Quem quiser ler um dos melhores livros que já li, exatamente sobre esta história do retorno de Lênin para a Rússia, leia “Rumo a Estação Finlândia” escrito por Edmund Wilson. Uma obra primorosa!

HELSINQUE – CAPITAL DA FINLÂNDIA

     Em Helsinque (capital da Finlândia) enquanto esperávamos pelo voo de retorno que conseguimos para o dia seguinte, saímos e conhecemos um pouco da cidade.


Helsinque na Finlândia - Praça no centro da cidade

     Fomos ver as duas principais catedrais da cidade. Numa delas, a Catedral Luterana (Tuomiokirkko) ficamos escutando um belo concerto de órgãos exatamente no momento em que o corpo de minha mãe estava sendo cremado. Foi um momento de muita introspecção e de dor e de saudade e de tristeza...


Helsinque na Finlândia - Catedral Luterana

     A outra bela igreja que visitamos está esculpida no meio da pedra bruta (Temppeliaukion Kirkko), sintetizando o ideal finlandês de espiritualidade na natureza.


Helsinque na Finlândia - Igreja Temppeliaukion escavada dentro de uma pedra

     O nosso sentimento andando pelas ruas da cidade era de muita desolação, mas também de saudade de minha querida mãe.


Helsinque na Finlândia - Rua para pedestre no centro da cidade

     Esta foi uma viagem belíssima, mas que infelizmente terminou de um modo muito triste.


ITÁLIA: VIAJANDO POR ROMA E PELA SICÍLIA

Final de 2014. Ano agitado no Brasil (eleições presidenciais, copa do mundo), mas que creio que no final das contas foi razoavelmente bom para a maioria dos brasileiros, como creio que têm sido os anos da última década. O país está ficando mais justo e ampliando as oportunidades para os de baixo, o que é correto, mas que acaba por trazer a oposição de certo tipo de gente que sempre achou que certos espaços eram exclusivamente pertencentes a uma parcela muito reduzida da nossa elite. Talvez o país não esteja mudando na velocidade que muitos gostariam, mas que está mudando para melhor, creio que não resta dúvida.
Pegamos um voo para Roma (na Itália) com conexão em Madri (na Espanha) na noite de 23 de dezembro de 2014. Chegamos na noite do dia 24/12 no aeroporto italiano de Fiumicino que fica a cerca de 30 km de Roma e pegamos o trem que liga-o até a capital do país. A estação de trem principal desta grande cidade é chamada de Roma Termini. Pelo site booking.com já tínhamos reservado duas noites em Roma, antes de pegarmos um avião rumo à Tunísia que fica no norte da África, bem ao sul da Itália. Temos utilizado bastante o site booking.com para reservar os hotéis em que nos hospedamos. Geralmente reservamos do Brasil o hotel da primeira cidade que visitaremos, e a partir daí vamos reservando pelo booking.com o hotel da cidade seguinte da viagem. Geralmente nos hospedamos em hotéis com wifi de modo a poder efetivar esta estratégia com um celular ou tablet que estejamos usando.
O voo de São Paulo para Madri foi pela Tam, mas o voo de Madri para Roma foi pela Ibéria: este avião da companhia espanhola Ibéria foi aquele em que viajamos que tinha o menor espaço entre as poltronas da frente e de trás. Se eu que tenho apenas 1,70 m sofri imensamente, imagino para quem é um pouco mais alto! Em Roma ficamos hospedados em um hotel perto da estação de trem Roma Termini, local abarrotado de hotéis, diga-se de passagem, como geralmente ocorre nas proximidades das estações de trem das cidades mundo afora. Se a viagem é feita de trem (ou mesmo de ônibus), o melhor é ficar perto das estações de trem, pois evita-se ficar andando pela cidade com as bagagens. O inconveniente é que perto das estações ferroviárias às vezes há certas regiões não tão seguras assim, mas neste caso é necessário sempre ficar atento.
Como chegamos em Roma na noite de 24 de dezembro (véspera de natal), logo após deixar as bagagens no hotel saímos para passear. Estava muito frio e como o vaticano e a catedral de São Pedro ficam longe de onde estávamos, decidimos ir na bela igreja de Santa Maria Maggiore, onde também estava ocorrendo uma missa natalina.
No dia seguinte ficamos passeando pela cidade de Roma o dia inteiro. Primeiro fomos para a região do vaticano onde para nosso azar, justamente quando chegamos, o Papa Francisco tinha acabado de rezar uma missa em espaço aberto na praça de São Pedro, fazia poucos minutinhos…



É isto que dá acordar tarde! As pessoas estavam se dispersando da praça de São Pedro exatamente quando chegamos no local. Tinha um monte de brasileiros ali, assim como em toda a Itália durante a nossa viagem. E certas pessoas ainda ficam argumentando que o governo federal atual prejudicou a classe media! Pelo que percebemos é o contrário: os governos federais dos últimos 12 anos ampliaram a classe média brasileira. Muitos brasileiros que observamos na Itália eram “marinheiros” (viajantes) de primeira viagem pelo exterior como ficava claro logo ao conversarmos como eles. Deu para perceber nitidamente nesta viagem a presença de muito mais turistas nordestinos no exterior, por exemplo. Uma moça potiguar que cursa engenharia em Natal (RN) e está participando do Programa Ciência sem Fronteiras (CsF) explicou que muitos dos familiares dos bolsistas do CsF vem visitá-los e passear pela Europa em algum momento do estágio; no caso dela, os pais e o namorado vieram visitá-la neste final de ano. O programa CsF foi criado em 2011 pela presidenta Dilma e enviou para o exterior cerca de 100 mil estudantes universitários brasileiros de cursos científicos e tecnológicos para estudar aproximadamente por um ano em excelentes universidades de países estrangeiros. A presidenta Dilma após a sua reeleição se comprometeu em mais 100 mil destas bolsas do CsF no seu segundo mandato, até 2018. Creio que esta foi uma das melhores iniciativas de seu governo. Estes universitários que voltam para o Brasil deverão ajudar em muito no desenvolvimento científico e tecnológico de nosso país.
O fato é que perdemos de ver o Papa por alguns minutinhos no final da manhã do dia 25 de dezembro... Que azar. O Papa Francisco vem se mostrando o melhor Papa dos últimos tempos, chacoalhando o conservadorismo dos setores mais reacionários da igreja católica e atuando numa direção política e social que tem o nosso apoio. Não é a toa que muitos dos colunistas mais reacionários da nossa triste grande imprensa (Veja, Folha, Globo, etc) estão começando a atacá-lo. Um Papa que sorri e que conta piadas, já é por si só uma pequena revolução. Este é um papa que é chamado de comunista pela sua atuação em defesa do acesso a terra para camponeses sem terra, pela sua posição a favor do direito ao emprego tão importante para os milhões que se desempregaram desde a crise de 2008 em muitos países europeus e de outra parte do mundo, pelas suas palavras de respeito aos homossexuais, etc. Os mesmos “coxinhas” que chamam a Dilma de terrorista e que defendem um golpe militar no Brasil, agora deram para chamar o Papa de comunista. É sinal de que ele está no caminho correto. E a aproximação que ele levou a cabo entre os EUA e Cuba – o que pode levar em algum momento ao fim do bloqueio econômico criminoso dos Estados Unidos contra a pequena ilha cubana –, bom, só este ato de aproximação já traz uma grande legitimidade política e histórica ao Papa Francisco. Perdemos de ver o Papa, mas para compensar ingressamos na imensa Catedral de São Pedro (com entrada gratuita), admirando as obras de arte que existem no seu interior, sobretudo a Pietá, a escultura considerada uma das maiores obras de arte de Michelangelo. A partir daí fomos passeando ao longo da tarde pelas ruas da cidade de Roma que é um verdadeiro museu a céu aberto. Passamos pelo Castelo de Santo Ângelo e atravessamos o rio Tibre.


Almoçamos em um pequeno restaurante e quando já era de noite chegamos na praça (“piazza”) Navona, uma das belas praças com fontes desta cidade. Lá novamente vimos um cara flutuando na praça (usando princípios de levitação magnética) e ganhando suas moedinhas, usando o conhecimento e o fascínio que a ciência pode produzir!

  
Como estávamos longe do hotel e como por ali não passava nenhum metrô (que, aliás deixa a desejar nesta cidade, pois estritamente falando só há duas linhas de metrô em Roma), decidimos pegar um ônibus para voltar para o hotel. E aí foi o nosso erro! Noite de 25 de dezembro, os ônibus estavam cheios. Entramos em um ônibus pela porta de trás e ficamos de pé apertados no seu fundo, separados por algumas pessoas. Perto de nós estavam duas mulheres jovens também de pé (pareciam italianas, mas não temos certeza), uma com um bebezinho bem pequenino (deveria ter apenas semanas de idade) dormindo numa bolsa colada à parte da frente do corpo dela. Esta mulher estava bem perto da Divina que ficou admirando o bebezinho dormindo naquele aperto todo. E foi durante estes momentos de contemplação que esta “mamãe” aproveitou para, sem a Divina perceber, abrir a bolsa dela e furtar o celular dela. A Divina só percebeu a bolsa aberta depois que elas desceram do ônibus uma estação depois! Para furtar alguém, o(a) malandro(a) tem que estar bem perto da vítima e tem que ter um distrator, para com que com as mãos larápias consiga efetivar o furto. Nos espetáculos de mágicos, o fator distrator costuma ser uma bela mulher com trajes sumários. Naquele ônibus, possivelmente o fator distrator foi o bebezinho... Primeiro dia de viagem, 25 de dezembro, nosso presente de natal em Roma: ter o celular da Divina furtado! Mas são coisas da vida. Meu pai também já foi furtado em Roma e minha irmã foi furtada em Berlim, na Alemanha. Foi barra, mas ainda bem que um (abençoado) aluno meu (o João) tinha baixado o WhatsApp para meu celular. Por meio dele, assim que chegamos no hotel (que tinha wifi), entramos em contato com minha irmã (Renata) e com minha mãe (Dona Candida) que gentilmente entraram em contato com a Vivo no Brasil, tomando todas as providências para cancelar o funcionamento do aparelho, de modo que quando a Divina voltasse ao Brasil ela pudesse recobrar este número de telefone com outro aparelho. Agradecemos imensamente às duas, pois a ação delas fez com que pudéssemos continuar a nossa viagem com tranquilidade, mas mesmo assim muito chateados com o que ocorreu.
No dia seguinte ao dia de Natal, pegamos o avião da Tunisair em Roma pra a Tunísia. Nossa estadia de um dia em Roma tinha deixado algumas marcas!
Ficamos na Tunísia até o dia 8 de janeiro de 2015, quando pela manhã retornamos para a Itália e aterrizamos no aeroporto de Palermo vindos de Tunis (quem quiser conhecer a nossa viagem pela Tunísia vá para a aba da África deste blog). Começava a nossa viagem pela Sicília, a ilha do sul da Itália com formato triangular e que parece estar sendo chutada pela bota (do formato do país). Estávamos na terra da máfia, mas também de belíssimas outras coisas como descobrimos ao longo da viagem.
            Como alugar o carro na Tunísia tinha dado certo, decidimos alugar um carro também na Sicília, no caso um Clio da Renault. Reservamos pela internet, pegamos o carro no próprio aeroporto de Palermo e nos dirigimos para a cidade de Agrigento a cerca de 100 km; decidimos conhecer Palermo, a maior cidade da Sicília, no final da viagem depois que retornássemos ao aeroporto de Palermo para entregar o carro de volta. Fizemos um tour dando uma espécie de volta completa por toda a Sicília. A reserva por 5 dias, com quilometragem ilimitada, direito a dois motoristas e seguro para o carro saia cerca de 200 reais (já convertendo o preço de cerca de 60 euros), ou seja, cerca de 40 reais por dia. Um preço muito bom mesmo! Mas a franquia em caso de roubo ou de acidente do carro era de 1500 euros (cerca de 5000 reais). Para fazer um OUTRO seguro para não ter que pagar esta franquia em caso de roubo ou acidente a gente tinha que pagar mais 300 reais (aproximadamente 90 euros) ou seja 60 reais por dia. Acabei decidindo pagar mais este tanto, meio preocupado com o que poderia acontecer. Ou seja, paguei um total de aproximadamente 500 reais pelos 5 dias (cerca de 100 reais por dia). Mas me arrependi, pois não precisava pagar o outro seguro de 300 reais: as estradas são seguras; só viajávamos de dia; só ficamos em hotéis com estacionamento incluído; não passeamos com o carro por grandes metrópoles (como Palermo ou Roma); não saíamos de noite de carro, pois fazia frio e geralmente estávamos cansados de viajar ao longo de todo o dia; dirigimos de modo seguro e responsável.
            No nosso passeio de carro pela Sicília, quase que só pegamos autoestradas duplicadas e todas elas quase que em todos os trechos construídas sobre viadutos (como a nova pista da rodovia das imigrantes no Brasil), pois o relevo da ilha é muito acidentado e esta é a forma da autoestrada não ter muitas curvas. Mas dava para perceber que elas devem ter custado caríssimo para serem feitas.

  
Apenas em um trecho entre Agrigento e o centro da ilha as obras de duplicação ainda estavam sendo realizadas, mas pelo que observamos estas obras devem terminar logo. Só pagamos pedágio num pequeno trecho da autoestrada entre Catânia e Taormina.
            Na nossa viagem pela Itália, sobretudo nas grandes cidades como é o caso de Palermo e Roma, notamos uma grande quantidade de pessoas dormindo nas ruas, num frio de gelar a alma: muitos sem-tetos que perderam seus empregos com a crise econômica a partir de 2008. Em alguns casos casais, em alguns casos famílias inteiras, em alguns casos dois ou três amigos dormindo junto por questões de segurança, em alguns casos pessoas com seus cães de estimação (um, dois, três, ...). Um cenário terrível e desolador no meio de um frio terrível. Crises do capitalismo como essas são, sobretudo, sentidas em forma de muita dor, muita desestruturação familiar, muito sofrimento, por aqueles que estão nos elos mais fracos da sociedade, se desempregam e não encontram mais postos no mercado de trabalho. Só conhece esta dor quem já passou por ela.
            A Sicília tem uma história realmente conturbada e já foi ocupada por todo tipo de povo e nação. Os primeiros povos da ilha de que se tem registro são os sicanis, com origem no norte da África, os siculis, provenientes da Itália Continental (Latium), e os elymni, provenientes da região da atual Grécia. Mas também ocuparam partes da ilha em diferentes períodos históricos: fenícios, cartagineses, gregos, romanos, árabes, bizantinos, espanhóis e normandos. A Sicília é decorrente, portanto, de um grande caldeirão de mistura cultural de diferentes povos. Mas para a viagem que fizemos, quem deixou as mais belas ruínas para serem visitadas nas cidades sicilianas foram, sobretudo, os gregos. A Sicília e o sul da Itália continental eram conhecidas como parte da Magna Grécia na antiguidade.
Chegamos em Agrigento de carro no finalzinho da tarde: foi muito legal ver a cidade ao entardecer com seus prédios ao longe na costa acidentada do litoral do sul da Sicília. Ficamos em um hotelzinho simpático com estacionamento e ao lado da estação de trem, o Hotel Amici: fomos muito bem atendidos! Como muitas das cidades da Sicília, a parte medieval é cheia de ruelas estreitas, oriundas do período da ocupação árabe e das suas medinas.



E como em toda cidade italiana, a todo momento, nas nossas caminhadas surgia uma inesperada igreja católica com o interior belíssimo; mas muitas vezes não dávamos nada pelo seu exterior. Outro ponto alto de Agrigento foi a visita guiada pelo interior do magnífico Teatro Pirandello, nome dado em homenagem ao grande escritor italiano Luigi Pirandello que nasceu nesta cidade e renovou o teatro com sua originalidade e humor.

  
Mas o mais legal de Agrigento é o “Vale dos Templos” um dos sítios arqueológicos com ruínas gregas mais bonitos que existem.

  
O ápice da visita é sem sombra de dúvidas o Templo de Concórdia. A fachada deste templo serviu de modelo para o logo da Unesco, a Organização das Nações Unidas para a Ciência, para a Ciência e para a Cultura.

  
De Agrigento fomos para Siracusa, cidade também de origem grega e que ficou famosa por ter sido a cidade de um dos maiores sábios associados à ciência de toda a Grécia antiga: Arquimedes! Aquele mesmo que saiu pelado do banho gritando “eureca” por ter descoberto em sua banheira uma lei sobre a flutuação dos corpos na água que lhe permitiria descobrir se a coroa do rei de Siracusa tinha sido adulterada ou “batizada” com metais não preciosos, uma tarefa que lhe tinha sido delegada pelo próprio rei. Arquimedes também foi um grande matemático que por pouco não descobriu o cálculo de integrais, a ferramenta matemática mais fundamental para toda a ciência, engenharia e tecnologia modernas e que só seria realmente desenvolvida no final do século XVII (cerca de dois milênios após Arquimedes), simultaneamente por Newton e por Leibniz! Arquimedes foi morto por um soldado romano após a invasão militar da cidade levada a cabo por Roma. Reza a lenda que ele estava absorto em cálculos e não percebeu a aproximação do soldado romano que o matou. Um momento da história em que a força das armas acabou ceifando irremediavelmente a vida de um dos grandes gênios da humanidade. Aliás, momentos como este, infelizmente se repetiram de incontáveis maneiras ao longo da história humana! As ruínas históricas da antiga cidade grega de Siracusa estão concentradas no Parque Arqueológico de Neápolis, onde se destacam uma gruta conhecida como a Orelha de Dionísio, fontes, pequenas cachoeiras e o que restou do antigo e circular teatro grego: e pensar que o Arquimedes se divertia por aqui!

  
            A atual cidade de Siracusa tem também uma interessante catedral com o teto em forma cônica. E na ilha de Ortigia (que é quase uma península de Siracusa, pois está ligada por pontes curtas ao resto da cidade) estão as regiões mais turísticas, as fontes, os restaurantes e o belo Duomo (a catedral da cidade) que vale muito a pena ser visto.



 
            De Siracusa fomos de carro para a cidade de Taormina, realmente, em nossa opinião, a cidade mais bonita da Sicília e um dos locais mais bonitos pelos quais já viajamos.



            
Uma cidadezinha rica, com ruelas medievais, situada na costa acidentada da Sicília com o mar à frente e lá embaixo e o vulcão Etna ao fundo e lá em cima, com seu formato de cone e com o topo nevado, mas sempre com umas fumacinhas saindo de sua cratera, só para botar medo em nós, pobres mortais. A visão de toda esta paisagem que se tem do antigo teatro grego (sua principal atração arqueológica) é realmente linda.



          
Os gregos sabiam mesmo onde construir suas cidades... 



O passeio principal da cidade no inverno é passear pelo Corso Umberto, um calçadão que liga um lado ao outro da cidade, e exercitar o “dolce far niente” (literalmente, o “doce fazer nada”)! No verão, pelo visto, a graça também está em descer para a praia e se refrescar no mar. Um outro local bonito da cidade é a Villa Comunale, um agradável parque público cheio de flores e plantas!
            As laranjas da região próxima ao vulcão Etna são vermelhas por dentro e produzem um suco delicioso, conforme experimentamos em um café da manhã.



 
No dia seguinte, fomos conhecer o centro histórico da cidade de Catânia (que é bem próxima de Taormina), a segunda maior cidade da Sicília. Um dos destaques são as ruínas do antigo teatro greco-romano, bem no seu centro!

  
O outro ponto alto da cidade de Catânia é a praça do Duomo com a antiga fonte do Elefante no seu centro.



 
Catânia está localizada mais ao sul do vulcão Etna (Taormina está mais ao norte). Resolvemos não subir no vulcão Etna, pois como era inverno devia estar muito frio lá no alto...
            Rumamos então de volta para a extremidade ocidental da ilha da Sicília, onde dormimos em um hotel na cidadezinha medieval de Erice, perto da costa, mas situada a 700 metros de altitude. Diz-se que de Erice, em dias bem claros, dá para ver Cap Bon, na Tunísia (na costa africana), bem ao fundo. O fato é que ao chegarmos já de noite, a neblina era tanta que eu não conseguia enxergar nem a ponta de meu nariz ... rsrsrsrs...



            
Se não fosse o GPS do carro jamais teria conseguido chegar no hotel Edelweis que tínhamos reservado e onde fomos bem recebidos. Tive que enfiar o carro em ruelas medievais estreitíssimas sem viva-alma no meio de toda aquela neblina noturna aterrorizadora. Creio que éramos os únicos turistas da cidade. Sorte que, após deixarmos as malas no hotel, havia um restaurante aberto (somente um, aliás), pois não tínhamos nem almoçado ainda e não tínhamos nada para comer, nem conosco (nenhum chocolate ou biscoito, como temos geralmente), nem no hotel. No dia seguinte a cidade de Erice amanheceu novamente imersa no meio da neblina.
Tomamos o café e não esperamos a neblina baixar; começamos a descer de volta a serra e em certo momento passamos para a parte que estava abaixo da nuvem que constituía a neblina de Erice. Foi quando deu para ter a vista maravilhosa da cidade de Trapani lá embaixo que era o motivo real pelo qual tínhamos ido dormir em Erice!

  
Em Trapani passeamos por uma hora pelas ruas do seu centro histórico (também resultado da ocupação moura), onde fomos à catedral de São Lourenço, ao Palácio Senatorio e à Praça Garibaldi.

  
De Trapani fomos conhecer as ruínas arqueológicas da antiga cidade grega de Segesta (do século V a.C.) situadas num local realmente mágico, selvagem, isolado e cercado por diversas montanhas. O seu Templo Dórico (de 430 a.C.) é magnífico, está surpreendentemente bem preservado e rivaliza em beleza com o Templo da Concórdia de Agrigento.



Uma outra atração situada no mesmo parque arqueológico de Segesta é o seu teatro grego: para chegar a ele entretanto é necessário uma boa caminhada (em subida) a partir da sua entrada ou pagar 1,50 euros por pessoa para que um ônibus nos leve lá para acima. Mas a visão que se tem deste teatro grego com o mar lá ao fundo, é fantástica e valeu a pena ir até lá.

  
            De Segesta no nosso último dia de carro, fomos para Selinunte uma cidade costeira onde está um parque arqueológico com ruínas de templos de uma cidade grega bem antiga e que foi fundada em 628 a.C. (!) em um local com uma vista belíssima do mar. Os diversos templos existentes são tão antigos que seus nomes foram perdidos ao longo da história e são atualmente denominados por letras. Entretanto as colunas sustentando estes templos são imensas!



            
O mais impressionante é o templo E que foi parcialmente reconstruído.



 
Mas há ainda muito trabalho de reconstrução sendo feito e futuramente creio que Selinunte será uma atração turística top da Sicília.
Em Selinunte, no hotel (na verdade um B&B=“Bed and Breakfast”=”Cama e Café da Manhã”) B&B Terrazzo di Venere que reservamos pelo booking.com (sem entretanto pagar) não tinha ninguém (era baixa temporada, mas isto não justifica a irresponsabilidade dos seus gestores). Foi a primeira vez que nos aconteceu algo do tipo com reservas feitas pelo booking.com. Íamos ficar ao relento, já estava anoitecendo, mas a nossa sorte foi que perto dali havia outro B&B (Il Pescatore), cuja proprietária, a simpática Dona Maria, nos recebeu e nos hospedou! Há diversas formas de reservar hotéis pelo booking.com. Em alguns casos eles exigem o número do seu cartão de crédito com o código de segurança e o pagamento é efetuado antecipadamente pela internet. Mas em outros casos, há estabelecimentos que exigem apenas o número do cartão de crédito (sem o código de segurança), somente como garantia de que o usuário vai realmente se hospedar no estabelecimento, mas o pagamento só é feito quando o hóspede chega no hotel. Este foi o caso deste estabelecimento que nos deu o cano. De manhã, dei uma passada neste B&B que nos deixou na mão e educadamente reclamei para o senhor que nos recebeu na janela. Ele disse que como era baixa temporada (com poucos ou quase nenhum turista na cidade), tinha saído no fim da tarde e voltado tarde da noite, sem ver que havia sido feita uma reserva pelo site booking.com no dia anterior. Eu polidamente afirmei que aquilo não era certo e que a nossa situação poderia ter se agravado se não estivéssemos de carro e se não existisse nas proximidades um outro estabelecimento que nos hospedou. Civilizadamente nos retiramos e rumamos para o aeroporto de Palermo onde antes do meio dia devolvemos o carro à locadora de autos Locauto.
Pegamos então um ônibus no aeroporto de Palermo e fomos com nossas malas para o centro da cidade de Palermo, onde ficamos em um B&B perto da estação de trem. Palermo é uma cidade belíssima e conhecida por ser a terra da máfia, "por excelência". Mas uma das suas mais belas atrações é o Teatro Massimo: fizemos uma visita guiada fantástica por ele.

  
            Outro local belíssimo também é a Fonte Pretória, também conhecida como Fonte da Vergonha pelo excesso de esculturas de ninfas nuas, tudo isso bem em frente a três igrejas da cidade: realmente deve ter sido demasiado para os sicilianos católicos e carolas da época (a fonte foi adquirida pela cidade em 1573).



          
            Visitamos também o interior do Teatro Politeama Garibaldi, onde estava ocorrendo uma exposição de obras de arte de artistas locais contemporâneos, na qual fomos guiados por estudantes de um curso superior de turismo da cidade.



           
            A atração top da cidade é a Capela Palatina situada no Palácio Normando e com cerca de 900 anos. Os mosaicos do seu interior após uma restauração de 5 anos são magníficos e são uma espécie de versão na forma de desenhos de diversos episódios da Bíblia (ideal para a época em que a maioria esmagadora da sociedade era composta por analfabetos).



            
Em Palermo fomos duas vezes ao cinema. Uma vez para ver o belo filme “The imitation game” (“O jogo da imitação” que já está disponível no site omelhordatelona.biz para quem tiver interesse) que relata a história da vida do grande matemático inglês Alan Turing que durante a Segunda Guerra Mundial foi responsável pela decodificação da máquina Enigma produzida pelos nazistas para codificar as mensagens enviadas e recebidas por tropas do exército alemão. Ele foi condecorado como herói de guerra pelo governo inglês, mas nos anos 1950 foi preso sob a acusação de ser homossexual (!) e teve que escolher entre continuar preso ou se submeter a um tratamento químico hormonal. Ele escolheu o segundo e isto começou a deformar o seu corpo. Uma das consequências disto foi o seu suicídio: em 1954, ele se matou ao comer uma maçã que ele próprio envenenara com cianeto. Cerca de 60 anos depois, em 2013 a coroa britânica oficialmente se retratou por esta condenação absurda. Isto revela que a humanidade está avançando no que diz respeito aos direitos das minorias, mas isto deve nos alertar que temos ainda muito a avançar para construirmos uma sociedade justa, tolerante e que respeite realmente todas as especificidades de seus cidadãos. O ator que fez Alan Turing no filme (Benedict Cumberbatch) realizou um trabalho estupendo e é um forte concorrente ao Oscar de melhor ator.
            O outro filme que assistimos em Palermo foi realmente emocionante: “The water diviner” com o famoso ator Russell “Gladiador” Crowe (ainda não deve ter estreado no Brasil). Ele faz o papel de um pai australiano que perde todos os seus três filhos na sangrenta batalha de Gallipoli (entre turcos e ingleses), na Turquia, durante a Primeira Guerra Mundial. Após o final da guerra, ele decide ir para a Turquia para tentar encontrar os restos de seus filhos e trazê-los para serem enterrados na Austrália. Ao longo do filme, para tentar atingir este objetivo, ele passa por uma verdadeira epopeia que inclui até o envolvimento com o a revolução liderada por Mustafa Kemal Ataturk que estabeleceu as bases civis do moderna repúbica turca. Vale a pena assistir a este filme até para conhecer melhor toda a cultura turca que é representada em diversas cenas do filme.
            Visitamos também a Universidade de Estudo de Palermo: fomos caminhando até o Departamento de Física que fica em uma extremidade da área da universidade, bem ao lado de uma piscina!   



      A Catedral de Palermo que também visitamos tem um estilo único da Sicília, uma mistura de características árabes e normandas.



           
            Após dois dias em Palermo, pegamos um trem que saiu as 7:00 da manhã e chegou quase as 19:00 em Roma. Como o trem estava vazio a cabine com 6 poltronas (três em frente a outras três) ficou toda para nós e como o tempo lá fora estava limpo, foi uma viagem bela e relaxante em que deu para ler bastante e admirar a paisagem lá fora. Viajar de trem é gostoso se você entrar no clima da viagem. Pelas grandes extensões existentes no Brasil é uma pena que não existam viagens de trem, pois as paisagens a serem admiradas nestas viagens seriam belíssimas. Um dos maiores crimes da ditadura militar foi o sucateamento da nossa malha ferroviária para atender os interesses das montadoras multinacionais de automóveis que se estabeleceram no Brasil neste período.
Como a Sicília é uma ilha, já desde o século XIX, para atravessar o canal de mar existente entre a Sicília e o resto da Itália continental, o trem entra dentro de um grande navio (Ferry Boat) com trilhos no seu interior, que atravessa esta faixa de mar; do outro lado, o trem sai do navio para a Itália. Genial! Como a faixa de mar não é tão grande assim, daria até para se construir uma ponte, mas este estratagema do navio com trilhos dentro resolve bem o problema de atravessar o trem da ilha para o continente e vice-versa.

  
            Em Roma ainda tínhamos um dia inteiro para passear pela cidade. Saímos do hotel de manhãzinha dispostos a bater perna. Primeiro fomos ver o interior da Basílica de San Pietro in Vincoli (entrada gratuita) onde é possível admirar a bela escultura de Moisés feita por Michelângelo.



           
Em seguida fomos passear pelas redondezas do Coliseu.

  
Bem ao lado do Coliseu está o imponente arco de Constantino.

  
Na mesma região estão o Palatino e o Fórum Romano: Roma é um verdadeiro museu a céu aberto, tão belo que até os pássaros param para admirá-la! Rsrsrs...




A melhor visão ampla e panorâmica (e gratuita) de todas as ruínas do Fórum Romano é do alto (e de trás) da colina onde fica a praça do capitólio, numa ruela estreita e que desce a colina em zigue-zague!

  
            Entramos no belíssimo prédio branco conhecido com “Il Vittoriano” em frente à praça Veneza: é o Altar da Pátria que foi construído a partir de 1885 para celebrar a unificação da Itália.



            
Dentro do “Il Vittoriano” está o Museo Centrale del Risorgimento, com documentos sobre o processo de unificação e que também é gratuito. Aliás, o preço das atrações turísticas é algo relevante para os viajantes independentes em Roma (e em outras cidades europeias), pois em euros, seus valores costuma ser proibitivos. Uma boa estratégia párea não torrar muita grana em um único dia é escolher as atrações que realmente vale a pena pagar, selecionar as boas atrações turísticas que são gratuitas e aproveitar o caráter de museu a céu aberto de uma cidade como Roma!
Dali fomos para o Pantheon (também com entrada gratuita), um imenso templo romano dedicado a todos os seus deuses (pan=todos; theos=deus), com um grande teto/domo de formato circular e que foi totalmente preservado pelo fato de em 608 d.C. ter sido transformado numa igreja, a Basílica Santa Maria dos Mártires como é o seu nome oficial até hoje. Mas o jeitão é de templo romano mesmo e não de igreja. O exterior do Pantheon é grandioso.
Mas é o seu domo interior que realmente é a grande atração. No alto do teto arredondado do domo há um imenso buraco também redondo com cerca de 8,7 m de diâmetro.


 
No final da tarde ficamos sentados na praça em frente ao Pantheon. 

 
Ficamos admirando as redondezas, observando os transeuntes e escutando um músico de rua que tocava “Stairway to heaven” do (Led Zeppelin) na sua guitarra, vendia os seus CDs e ganhava seu dinheirinho. Perfeito para o entardecer do nosso último dia de viagem.



            Algumas igrejas na Itália estão cobrando para entrar (o mesmo ocorreu quando visitamos a Espanha). Achamos no mínimo uma grande contradição uma igreja “cobrar” ingresso de entrada: é meio absurdo, basta parar para pensar um pouco sobre qual é (ou deveria ser) a finalidade de uma igreja.
            No dia seguinte pegamos de manhãzinha (as 8:00) um avião de Roma para Londres pela British Airways e ficamos das 9 da manhã até as 8 da noite no imenso aeroporto Heathrow de Londres lendo muito e relaxando antes de pegarmos o nosso voo pela Tam de volta para o Brasil. No final da tarde, pouco antes de pegar o avião de volta tinha na nossa frente uma daquelas máquinas que vendem chocolate e outras coisas, bastando para isso colocar a quantidade de dinheiro suficiente, na forma de moedinhas. Já estávamos com fome e eu resolvi comprar um saquinho de M&M (a Divina adora estes confetes de chocolate) por 3 libras esterlinas (quase 12 reais!), o nosso único dinheiro na forma de libra (a moeda inglesa) que tínhamos. Coloquei as moedinhas na máquina, o saquinho amarelo de M&M começou a andar, mas na hora “agá”, o saquinho de M&M não caiu para que a gente pudesse pegar na parte de baixo da máquina. Ele meio que ficou preso pelas bordas como é possível ver pela foto! Que sacanagem (desculpe-nos o termo chulo)! Tentei de tudo: chacoalhei e balancei a máquina de todos os jeitos (alguns até pensaram que eu estava tentando roubá-la), chamei funcionários do aeroporto, pedi ajuda e ideias para as pessoas próximas, etc. Mas nada de resolver. E então chamaram a gente para entrar no avião. Tive que abandonar a máquina com o coração partido, aliás, com o estômago vazio ... Moral da história: às vezes a bola bate na trave e por pouco, por um triz, a gente não consegue “fazer um gol”, mas mesmo assim temos que continuar levando a vida ... rsrsrsrs.... Muito profundo, não é mesmo, por um simples saquinho de M&M perdido. Tudo bem... Portanto a outra moral desta história: deixei de engordar um pouquinho, coisa que eu estou precisando mesmo. E um outro felizardo deve ter ganho um saquinho de M&M de graça... Ou seja: tudo tem um lado bom na vida. Ou quase tudo... Pelo menos deve ter! E quando não se vê este lado bom, é porque não se procurou direito!



            Foto – Ricardo sem o M&M: tadinho!
           
Ao chegarmos no aeroporto de Guarulhos, deu para ver que no nosso voo estavam muitos jovens brasileiros que estavam estudando no Reino Unido fazia um ano com bolsa do programa Ciência sem Fronteiras, mantido pelo governo federal, e que estavam retornando ao Brasil. Torço para que estes universitários aproveitem o máximo neste um ano de estudo no estrangeiro e na volta colaborem para o desenvolvimento econômico e social de nosso país. Um dos jovens que estava esperando pelas suas bagagens na esteira do aeroporto perto da gente, estava vestindo a saia escocesa (kilt) e estava com a camiseta amarela da nossa seleção canarinho com a indefectível inscrição “Ronaldinho”! É isso aí, se uma viagem de algumas semanas como a nossa nos transforma, imagine uma estadia de um ano em um país estrangeiro com a possibilidade de estudar numa universidade de destaque. Você acaba se transformando numa coisa que mistura as suas raízes brasileiras existentes em você desde a infância com as suas experiências de um estágio de estudo em um país desenvolvido e em uma universidade de ponta. Você vira uma “mistura” como revelava a camiseta da seleção brasileira junto com a saia escocesa! Entretanto, misturar culturas pode ser uma boa coisa, quando se é capaz de aproveitar o que elas têm de melhor, mas obviamente sem esquecer as suas raízes de modo a ajudar o país cujo governo propiciou os recursos financeiros para o seu estudo no exterior. Esperamos que estes jovens, contemplados com bolsas do programa “Ciência sem Fronteiras”, tenham este nível consciência!




DA BÓSNIA ATÉ A MACEDÔNIA:


Viajando pelos países da península balcânica
 
Julho de 2014: acabou a copa do mundo do Brasil! Pegamos um voo da Turkish Airlines de São Paulo para Sarajevo, capital da Bósnia-Herzegovina com escala em Istambul, de modo a chegar de noite em Istambul e sair no dia seguinte de manhã de Istambul para Sarajevo. Como ficaríamos a madrugada inteira em Istambul, a companhia Turkish Airlines pagou a estadia para dormirmos em um hotel de Istambul incluindo o translado de ida e volta entre o aeroporto e o hotel, bem como o café da manha. Mesmo assim, de qualquer forma, foi uma viagem bem puxada!
Com a exceção da Albânia, todos os 6 países que visitamos nesta viagem (Bósnia-Herzegovina. Croácia, Montenegro, Albânia, Kosovo e Macedônia), pertenceram a antiga Iugoslávia (nome que significa terra dos “eslavos do sul”) uma federação de países que se desfez nos anos 1990 após a queda do muro de Berlim. Estes países estão situados na península balcânica, ao norte da Grécia. Em todos estes países, durante a segunda guerra mundial, os guerrilheiros chamados partisans foram muito importantes na luta contra tropas nazistas e fascistas; eles lutaram heroicamente sob o comando do famoso marechal Tito que se tornou a liderança política carismática da Iugoslávia no pós-guerra até os anos 80, quando faleceu.
Nesta viagem reservamos o hotel da primeira cidade que conhecemos (Sarajevo) a partir do Brasil e como não sabíamos quanto tempo ficaríamos em cada hotel de cada cidade que ficaríamos hospedados, adotamos a estratégia de sempre fazer a reserva do hotel da cidade seguinte pelo nosso tablet (com o wifi disponível nos hotéis) usando para isto o excelente site booking.com que apresenta fotos dos hotéis disponíveis, mapas com as suas localizações e as avaliações de quem já ficou hospedado nestes hotéis, destacando sempre os pontos positivos e os pontos negativos das estadias, o que dava segurança para as reservas que fizemos. Em média, pagamos cerca de 40 euros (120 reais) a diária para duas pessoas (sempre com banheiro privativo e na maior parte das vezes também com o café da manhã incluído).
Logo na saída do Brasil, conhecemos o novo terminal do aeroporto de Guarulhos que foi construído devido à Copa e que ficou muito bonito e confortável para o viajante. Tinha até as traves de um “gol” dentro do saguão em referência ao futebol. 



A expansão do aeroporto de Guarulhos (assim como a de outros aeroportos do país) é um bom exemplo que contradiz o discurso (incentivado pela nossa grande mídia – TVs, rádios, jornais e revistas) de que a Copa do Mundo não deixaria legado algum para os brasileiros; muitos veículos de (des)informação repetiram este discurso contra a Copa à exaustão, na verdade por interesses políticos e na tentativa de enfraquecer o atual governo federal: é o chamado PIG=Partido da Imprensa Golpista que em nosso país sistematicamente objetiva desestabilizar governos trabalhistas ou de centro-esquerda, manipulando notícias e distorcendo informações de modo claramente tendencioso.
Para planejar esta viagem compramos o Guia Lonely Planet Southeast Europe (em inglês) que continha excelentes informações sobre todos os países que visitamos, com dicas de passeios alternativos e considerações históricas e culturais que se diferenciam do turismo padrão.

BÓSNIA-HERZEGOVINA

A moeda da Bósnia é o marco conversível (“Convertible Mark”). Logo quando chegamos, no aeroporto trocamos um pouco de dinheiro para podermos ir até o hotel e para os gastos iniciais da viagem. Mas quase sempre não é bom trocar muito dinheiro no aeroporto (para quem está viajando com euros ou dólares), pois as taxas de conversão (câmbio) não são favoráveis para os turistas nos estabelecimentos que trocam moedas em aeroportos; as taxas costumam ser melhores nos estabelecimentos situados nas ruas centrais das cidades onde existe maior concorrência. De qualquer forma também levamos cartões de crédito internacionais para termos outras formas de pagar contas e também para podermos sacar dinheiro em caixas eletrônicos. O custo de vida e os preços na Bósnia (como em todos os países desta viagem, com exceção da Croácia) nos pareceram um pouco mais baratos que no Brasil. O país parece ter um mesmo nível de desenvolvimento que o Brasil, mas algumas coisas, por exemplo, pareciam indicar um nível de desenvolvimento menor; por exemplo, alguns banheiros em locais usados por turistas não tinham privadas, mas sim aquele buraco no chão, para “fazer” de cócoras. Alguns dizem que é mais saudável fazer assim, mas eu realmente não me acostumei mesmo!
A Bósnia-Herzegovina é um país com uma população de cerca de 4 milhões de habitantes. Sua capital, Sarajevo é uma bela cidade histórica situada no meio das montanhas e que já foi sede das Olimpíadas de Inverno nos anos 80. Portanto apesar de ser verão no hemisfério norte, a temperatura em Sarajevo não estava muito quente e sim bem agradável, mais ou menos como em Campos do Jordão no verão. Sarajevo tem uma importância histórica, pois foi onde ocorreu o estopim que deu início à primeira guerra mundial; foi em Sarajevo que ocorreu em 1914 o assassinato de Francisco Ferdinando, o herdeiro do trono do império Austro-húngaro, um grande império da época que – juntamente com o império Otomano – desapareceu após o final desta guerra. Na esquina onde ocorreu o assassinato funciona atualmente um museu e na sua frente estava exposto o carro que conduzia o herdeiro do trono austro-húngaro. O atentado que matou Francisco Ferdinando e sua esposa foi realizado por membros de um grupo nacionalista sérvio que lutavam contra o domínio do Império Austro-Húngaro na região.




Nos anos 90, dentro das repúblicas que formavam a antiga Iugoslávia, surgiram guerras civis por motivos econômicos, culturais, étnicos e religiosos, que afloraram após a queda dos regimes comunistas e o esfacelamento da antiga federação iugoslava. No caso da Bósnia não foi somente um confronto entre dois grupos, mas entre três grupos: cristãos ortodoxos (bósnios sérvios), católicos (bósnios croatas) e muçulmanos (com cerca de metade da população total). Muitos milhares de pessoas morreram nestes anos. Logo após pousarmos em Sarajevo, fomos imediatamente conhecer um túnel que passava por baixo do aeroporto e foi construído para conseguir levar mantimentos para a cidade que estava cercada por forças sérvias durante muitos meses.




A Sérvia, país que era central e hegemônico na antiga Iugoslávia, nos anos 1990 combateu violentamente – e em alguns casos criminosamente – a tentativa de independência das antigas repúblicas que compunham o país, tanto é que muitos sérvios (mas não somente eles, pois houve crimes de guerra em todos os lados) foram julgados como criminosos de guerra após estes terríveis anos. Além do genocídio ocorreram crimes de outra natureza, como o incêndio criminoso da Biblioteca da Universidade da Bósnia-Herzegovina: para destroçar um país, uma das estratégias frequentemente adotadas por potências invasoras é a de destruir a cultura deste país!



Uma interessante exposição sobre a guerra civil dos anos 1990, existente no Museu de História de Sarajevo, vale a pena ser visitada.




Há muitas explicações em inglês sobre os anos de guerra civil e sobre o julgamento dos criminosos de guerra pelo tribunal internacional de Haia



Felizmente, hoje, pelos países que visitamos na região, quase não se vê vestígios da guerra civil ocorrida nos anos 1990, cerca de duas décadas depois de ela ter acabado. Como sempre é importante lembrar, a guerra (e em particular a guerra civil) é o pior dos mundos em todos os sentidos, que digam, atualmente, os sírios e os iraquianos. Em nome da “democracia” (os espanhóis ao massacrar incas e astecas diziam que era em nome do “cristianismo”), interesses estrangeiros destruíram a infraestrutura e provocaram a morte de centenas de milhares de civis em ambos os países, Síria e Iraque. Na verdade quando os Estados Unidos falam em “democracia” deveria existir sempre uma legenda traduzindo a palavra para “petróleo”, assim como quando os espanhóis falavam em “cristianismo”, o que importava mesmo era o “ouro” e a “prata”!
            Em Sarajevo é possível perceber logo que se está em um país com grande população muçulmana, pois cinco vezes ao dia as caixas de som e os megafones, espalhados pela cidade, são ligados em alto volume, transmitindo as rezas típicas do islamismo. A gente que é turista acaba se acostumando como som de fundo (como no caso de quem mora perto de uma avenida), mas deve ser meio chato esta barulheira cinco vezes todo santo dia! Entretanto, neste país (como nos outros que visitamos) foi possível perceber que a religião tem mais um caráter de coesão social – como ocorre com o resto da Europa – sem recair em fundamentalismos. De qualquer forma, as mesquitas com seus minaretes (torres estreitas e altas) embelezam bastante a cidade. Ao lado da praça turística central (cheia de pombos) havia uma bela mesquita, por exemplo.


          

Esta é a região da cidade chamada Bascarsija, um antigo bairro turco, perto do qual ficamos hospedados. Lembremos que a Bósnia foi ocupada pelos turcos-otomanos há cinco séculos. É importante lembrar que, após a queda de Constantinopla (atual Istambul) em 1453, no auge da expansão, os turcos-otomanos chegaram a cercar a cidade de Viena, no centro da Europa, em 1529!
Sarajevo até a segunda guerra mundial teve uma expressiva comunidade de judeus sefarditas que foi quase totalmente dizimada pelo nazi-fascismo; os denominados judeus sefarditas foram expulsos da Espanha após 1492 e acabaram por emigrar para antigas cidades da península balcânica. No museu judaico que está situado em uma antiga sinagoga aprendemos um pouco sobre este período terrível da história da humanidade e que foi provocado pelo nazismo.




            Por falar em massacres, guardadas as devidas proporções, infelizmente esta não foi a primeira vez em que durante uma viagem nossa, Israel resolveu massacrar a população civil palestina da faixa de Gaza, a pretexto de se defender de ataques de grupos palestinos; a desproporção absoluta no número de mortes desmascara o argumento do governo israelense: até o momento em que escrevo estas linhas já morreram cerca de 1300 palestinos, a esmagadora maioria de civis (segundo a UNICEF, 300 crianças e adolescentes), contra cerca de 60 israelenses mortos, a quase totalidade de militares. A presidenta Dilma soltou uma nota correta condenando o massacre realizado por Israel, nota esta que foi atacada por alguns órgãos de imprensa como a revista Veja, mostrando o quão reacionária se tornou esta que já foi uma revista importante no jornalismo de nosso país. É como afirmou o norte-americano Malcolm X: “Se você não for cuidadoso, os jornais farão você odiar as pessoas que estão sendo oprimidas, e amar as pessoas que estão oprimindo”! No mesmo sentido, o jornalista estadunidense Joseph Pulitzer procurou alertar para o poder manipulador da grande imprensa ao afirmar: "Com o tempo uma imprensa cínica e corrupta formará um público tão vil quanto ela".
            Em Sarajevo, sinagogas e mesquitas se misturam com igrejas católicas e igrejas ortodoxas, estas últimas também com interiores belíssimos e repletos de pinturas tipicamente medievais.


           

Nas margens do rio Miljacka que atravessa a cidade de Sarajevo estava tendo uma impressionante exposição ao ar livre de fotos sobre países que já estiveram em guerra. Uma foto impressionante mostra uma das mais perigosas profissões do mundo: soldados que são designados para desarmar bombas e minas terrestres (em regiões mais remotas da Bósnia ainda existem muitas minas terrestres que não foram desarmadas e de vez em quando explodem).




Em outra foto desta exposição e que se refere aos problemas e ao sofrimento enfrentados por migrantes, aparece uma placa com uma família de migrantes atravessando uma estrada de modo análogo às placas do tipo “cuidado com animais atravessando a estrada”.




A Bósnia-Herzegovina tem este nome, pois é a junção de duas regiões (que formam uma federação) a Bósnia e a Herzegovina; além disso, para complicar, após os acordos que encerraram a guerra civil, uma parte do leste deste país, próxima da Sérvia, foi denominada de República Srpska (um nome aparentemente meio difícil de pronunciar) e conta com certa autonomia.
Fizemos de ônibus uma viagem de um dia para a cidade de Mostar, um dos mais belos cartões postais do país (e que fica na Herzegovina). A sua principal atração é a ponte antiga em forma de arco e que foi construída em 1566 pelos turcos-otomanos liderados pelo Sultão Suleiman.




Ela sobreviveu à ocupação da Itália Fascista durante a Segunda Guerra, mas foi destruída pelos croatas durante a guerra civil nos anos 90 e foi reconstruída posteriormente a guerra civil. É possível pular do alto da ponte (após um pequeno curso dado por mergulhadores especializados), mergulhando nas águas geladas do rio que está mais de 20 metros abaixo dela. Vimos dois jovens e corajosos turistas fazendo isto, o que nos parecia inacreditável antes de testemunharmos com nossos próprios olhos.
A península balcânica, em cuja extremidade sul está a Grécia, está situada justamente na fronteira entre os antigos impérios austro-húngaro e turco-otomano que existiam até a primeira guerra mundial, no início do século XX. Aliás, os Balcãs sempre foram ao longo da história uma espécie de barril de pólvora da Europa prestes a explodir por qualquer pretexto, por estarem numa fronteira tríplice de civilizações, religiões, línguas e culturas: europeus ocidentais/católicos vindos do oeste, eslavos/cristao-ortodoxos vindos do leste e turco-otomanos/muçulmanos vindos do sul. O século XXI tem sido de paz na região, ao contrário do que ocorreu no século XX. Esperamos que esta paz continue na região pelo resto do século XXI.




A Iugoslávia era, deste modo, uma colcha de retalhos que refletia um pouco isto. E, de todas as antigas repúblicas da federação iugoslava, a Bósnia é em escala menor uma mini-Iugoslávia, um caldeirão étnico. A Bósnia tem maioria muçulmana, mas tem também expressivas minorias ortodoxas e católicas. As placas nas estradas da Bósnia, como em alguns dos outros países da região que visitamos – sempre estão nos dois alfabetos, o latino e o cirílico (usados na Rússia e na Sérvia, pelos cristãos-ortodoxos).




CROÁCIA

A Moeda usada na Croácia chama-se kuna. Tivemos que converter os nossos euros em tantas moedas diferentes nesta viagem que nos lembramos das viagens pela Europa antes do Euro, quando em cada país que visitávamos tínhamos que converter os dólares para a moeda do país visitado. Fomos de Sarajevo até Dubrovinik de ônibus (meio de transporte que usamos em todos os trechos terrestres entre os seis países que visitamos nesta viagem) e o interessante é que primeiro saímos da Bósnia e entramos na Croácia (quando atingimos o litoral), mas acompanhando o mar no sentido do norte para o sul, até chegarmos a Dubrovinik, tivemos que sair da Croácia para entrar na Bósnia de novo e logo após alguns quilômetros saímos da Bósnia e entramos na Croácia pela segunda vez nesta viagem de ônibus. Ficou meio complicado este trecho que escrevi, mas quem observar um mapa verá que isto acontece porque quando foram decididas as fronteiras entre os países após a guerra civil dos anos 90, para permitir que a Bósnia tivesse uma saída para o mar, a solução encontrada foi esta, o que fez com que houvesse uma descontinuidade territorial para a Croácia que é compensada pelas muitas ilhas croatas acompanhando o litoral da Bósnia e que pertencem a Croácia! É uma saída geopolítica interessante que pode servir de exemplo para, quem sabe no futuro, o Chile conceder uma saída para o mar que é historicamente reivindicada pela Bolívia.
Na Croácia visitamos a belíssima cidade medieval de Dubrovnik, situada no litoral sul do país.




A Croácia tem uma população de mais de 4 milhões de habitantes e a sua capital, Zagreb, que está situada no centro do país, nós já conhecíamos de uma outra viagem, assim como dois dos outros países da antiga Iugoslávia que não visitamos nesta viagem (Eslovênia e Sérvia). A cidade antiga de Dubrovnik que é fortificada por uma grande muralha que a envolve inteiramente é magnífica!




É possível contornar a cidade antiga andando por cima desta muralha.




O contraste da cidade medieval murada com as águas do mar Adriático produzem uma bela paisagem.




Os preços em Dubrovnik estavam caríssimos (bem mais caros que no Brasil) mostrando que esta cidade se tornou um centro atrator de turistas de alto padrão, sobretudo europeus.



Na cidade antiga é possível visitar palácios, igrejas e galerias de arte.



Ao lado das muralhas, após descer pelas pedras é possível mergulhar no mar.



Um dos museus históricos que visitamos dava um destaque especial para a famosa frase de Clausewitz, um estrategista militar prussiano: “A guerra é a continuação da política por outros meios”. Dubrovnik também sofreu com a guerra civil dos anos 90.



Pelas ruas da cidade antiga alguém tentava ganhar dinheiro exibindo papagaios e outros pássaros coloridos belíssimos, mas isto pareceu-nos um equívoco, já que se trata de animais silvestres e de países tropicais.
           

           

Fora da cidade antiga, fomos experimentar uma praia da cidade que não tinha quase areia, mas sim um monte de pedrinhas e uma água muito fria. As praias brasileiras são definitivamente melhores, pelo menos que esta que visitamos!




Subimos no final da tarde de bondinho (“cable car”) até o alto de uma montanha para ver a cidade, as ilhas próximas e um belo por do sol!



Nesta viagem em algumas das cidades (como em Dubrovinik) ficamos hospedados em quartos de residências familiares que foram alugados por meio do site booking.com. Tanto quem hospeda como quem é hospedado acabam ganhando com este processo. Na frente da residência em ficamos hospedados, uma bela árvore florida embelezava toda a região.




Numa das noites, fomos ao cinema assistir o filme “O planeta dos macacos – O confronto”. Dentro do cinema, acabamos sentando em uma espécie de sofá para casais (ou seria para os mais gordinhos?) que nunca tínhamos visto em outros cinemas.




Perguntamos na bilheteria se o filme era falado em inglês (ou se era dublado em croata) e eles nos afirmaram que era falado em inglês e legendado em croata; portanto decidimos assistir, pois daria para entender o inglês falado no filme. Mas infelizmente um detalhe do filme acabou inviabilizando a compreensão plena do filme. Não enredo do filme quase que somente o líder da rebelião dos macacos (o “César”) já aprendeu a falar (em inglês) vocalizando as palavras por meio de sons, enquanto a maioria dos macacos (geneticamente modificados e com a inteligência evoluída) conversa entre si por meio de uma espécie de língua de sinais. Algumas coisas até dá para serem deduzidas, mas como não sabemos a LIMAS (“Língua dos Macacos de Sinais” rsrsrsrs...), ficamos boiando em algumas partes. Aliás, só quem assistir ao filme vai entender de fato as linhas acima... Vamos tentar assistir este filme de novo no Brasil!

MONTENEGRO

            Montenegro (em servo-croata Crna Gora), de todas as 8 repúblicas que compunham a antiga Iugoslávia, era a com menor população, cerca de 700 mil habitantes. Além disso, foi só se separou da Sérvia, pacificamente em meados da década de 2000, após a votação de um referendo. Mesmo não estando na zona do euro, a moeda utilizada no país é o euro. Os preços do país foram bem mais baratos que na Croácia, um alívio para a gente. A sua capital é Podgorica; passamos por ela, mas a cidade em que ficamos hospedados foi Kotor que está situada em uma baia do litoral cercada de montanhas.


           

Kotor é uma bonita cidade antiga fortificada por muralhas, como o de Dubrovinik.


Há várias entradas para dentro dos muros da cidade fortificada.



No meio da baia de Kotor que é cheia de reentrâncias situam-se duas minúsculas ilhas (uma natural e outra artificial) com igrejas.



Há restaurantes deliciosos e baratos pelas ruelas medievais da cidade antiga de Kotor, dentro da muralha.



Almoçamos num deles (o Konoba Scala Santa); o dono que estava almoçando numa das mesas ao ar livre, ao lado, nos ofereceu como cortesia duas doses de grappa, uma espécie de cachaça deles, somente que feita de uva.



Até aprendemos um pouco de montenegrino: em uma placa com um desenho de um cachorro bravo estava escrito “Cuvaj se psa”: deu para perceber pelo contexto que se tratava do famoso “cuidado com o cão”.



Fizemos uma excursão de um dia (com uma australiana, uma sul-coreana, uma chinesa de Hong-Kong e dois ingleses) para visitar o parque Durmitor, o mais belo parque nacional do país e que tem um belo lago em seu interior.



Passamos no caminho pelo canyon Tara, ao lado do qual almoçamos em um restaurante situado perto de uma alta ponte onde até alguns meses atrás era possível pular de bungy jump (a atividade no local foi proibida pelo governo por motivos de segurança).



No caminho, visitamos também um mosteiro cristão ortodoxo, o Monastério Moraca.




            O interior de igrejas ortodoxas sempre apresenta uma atmosfera meio medieval, com o contraste das belas pinturas com a escuridão.



ALBÂNIA

De Kotor, em Montenegro, fomos com outros turistas estrangeiros, por meio de uma van, para Tirana, capital da Albânia; compramos este “transfer” no hostel Montenegro. Fizemos isto, porque o transporte por meio de ônibus entre os dois países é bastante escasso. A Albânia é o único dos países que visitamos que não pertencia à antiga Iugoslávia. Os preços na Albânia foram bem baixos e o pais pareceu-nos mais pobre e menos organizado que o Brasil: na fronteira o motorista teve que liberar um dinheiro (dez euros: fizemos uma vaquinha de um euro por passageiro da van!) para a propina para os policiais da aduana, o que definitivamente não é uma boa recepção! A moeda da Albânia é o leke e é possível trocar euros por lekes em vários estabelecimentos no centro de Tirana. A Albânia conta com uma população de cerca de 3 milhões de habitantes, um pouco menos que a do Uruguai, por exemplo. O símbolo do país é interessante: uma águia com duas cabeças.



A história da Albânia é realmente no mínimo curiosa. Os albaneses compõem um povo ancestral, com uma língua única, como acontece com os bascos, na Espanha, por exemplo.
Os ancestrais dos albaneses ocuparam a região da Ilíria (atual Albânia) no segundo milênio antes de Cristo, muitos séculos antes de surgir a civilização grega clássica. No século XX, o país teve uma ditadura comunista encabeçada por Enver Hoxha desde os anos 1940 até os anos 1980. Durante a segunda guerra mundial, os comunistas, assim na Albânia, assim como na Iugoslávia, lideraram a luta contra a ocupação nazi-fascista, por meio de um movimento heroico de guerrilha situado nas montanhas e florestas existentes no país. Divisões e soldados do exército alemão que eram necessários em outros fronts tiveram que ser deslocados para os Balcãs para tentar derrotar os partisans; isto colaborou de fato para a derrota do nazismo. Assim que acabou a guerra, o partido comunista embalado pelo prestígio da vitória rapidamente tomou o poder e obviamente trilhou um caminho antagônico ao dos países ocidentais e capitalistas. Ainda no final dos anos 1940, o governo comunista da Albânia rompeu com a vizinha Iugoslávia comunista que tinha por sua vez rompido com a União Soviética stalinista (resumindo: os países comunistas não compunham um único e monolítico bloco no pós-guerra). Nos anos 1950, após a morte de Stálin e com a denúncia dos crimes stalinistas, feita pelos novos dirigentes soviéticos liderados por Krushev (a chamada desestalinização), a Albânia rompeu com a URSS seguindo a mesma postura da China comunista sob a liderança de Mao. Finalmente, mais a frente, após a morte de Mao e com o início das reformas econômicas realizadas na China no final dos anos 1970, a Albânia rompeu com a China e se tornou nos anos 1980 um dos países mais isolados do mundo, uma espécie de Coréia do Norte da época! Com o medo e a paranoia sobre serem invadidos por seus múltiplos inimigos, eles construíram milhares de bunkers em forma de cogumelo por todo pais.



Obviamente nos final dos anos 1980, com a queda do muro de Berlim, o regime comunista caiu na Albânia e foi substituído, como na URSS, por governos de cunho fortemente neoliberal, saindo do extremo em que o estado controla toda a economia, para o extremo em que o estado se torna absolutamente desnecessário e em que um regime capitalista selvagem passa a vigorar.
A Albânia é formalmente um país de maioria muçulmana, mas hoje na verdade é um pais secular e pouco religioso, como a maior parte dos países europeus atualmente. O alfabeto usado é o alfabeto latino. Bem no centro da cidade de Tirana há o grande prédio do Museu de História Natural, com um mural no alto na linha do realismo socialista: este é o melhor museu do país e vale a visita de algumas horas.



Bem atrás deste museu, há uma série de bons restaurantes, como o restaurante Piazza, com pratos italianos: é importante lembrar que a Itália, pela sua proximidade, exerceu e exerce uma grande influência na Albânia. Durante a segunda guerra mundial, Mussolini invadiu o país e após o fim do comunismo muitos albaneses imigraram para a Itália. Perto do Museu de História Natural, há o prédio imenso da Ópera que nos pareceu estar desativado.




Todos estes edifícios em volta da praça central seguem o modelo das construções governamentais monumentais de outros países comunistas, como é o caso da praça da paz celestial situada no centro de Pequim, na China. Na praça central de Tirana, ao lado da bandeira da Albânia está a estátua do Skanderberg sobre um cavalo: ele foi um líder histórico importante que no século XV lutou contra a invasão do exército turco-otomano.




Proximamente ao prédio da Ópera, há uma mesquita que se tornou um edifício de valor histórico e arquitetônico que ficou bem preservado ao longo das últimas décadas; ao lado da mesquita, está a torre do relógio.



A Galeria de Arte Nacional também está situada nas proximidades do centro e vale a visita.




Uma refeição deliciosa com pratos típicos do país, nós fizemos no restaurante Oda que recomendamos fortemente pela sua comida e também pela decoração característica.




Visitamos o Tirana Backpacker Hostel (que tinha mudado de endereço e foi meio difícil de encontrar) para obtermos informações melhores sobre a cidade; seguramente falta um bom centro de informações turísticas em Tirana. O guia Lonely Planet considera este o melhor Hostel de Tirana, e os bons hostels são sempre locais receptivos e que fornecem informações interessantes mesmo para quem não esteja hospedado neles. Perto do bar ao ar livre, existente nos fundos do hostel, onde muitos jovens hóspedes conversavam e tomavam uma cervejinha gelada, uma interessante placa, no meio de alguns desenhos hippies na parede, tinha uma afirmação bem legal, em nossa opinião: “Nunca tenha medo de dar uma oportunidade para alguém, pois você nunca sabe o que pode acontecer. Crie o seu próprio mundo e dê boas vindas para quem queira se juntar a ele.”


           

            A Albânia tem uma reputação ruim relacionada à criminalidade. No primeiro filme “Busca Implacável” estrelado pelo ator Liam Neeson, a filha do personagem principal é sequestrada na Europa por um grupo de criminosos albaneses! A quantidade imensa de carros luxuosos mercedes-benz existentes nas ruas desta nação que é uma das mais pobres da Europa, acaba reforçando a ideia de que o país é um destino dado para muitos dos carros caros roubados em países da Europa ocidental. A fama da Albânia entre europeus é mais ou menos como a fama que o Paraguai tem, ou pelo menos tinha, no Brasil.
O interior da Albânia é montanhoso, seguindo um padrão característico de toda a península balcânica. Fizemos uma viagem de um dia (bate-volta) até Berat, uma das principais cidades turísticas e que tem um bonito e antigo castelo.




Na verdade, pelas condições péssimas da estrada entre Tirana e Berat, a viagem que fizemos por conta própria, usando os ônibus regulares do país, ficou muito cansativa.
Em toda a nossa viagem fez muito calor e não choveu, até chegarmos na Albânia, quando tivemos o azar de pegar chuva em 2 dias seguidos, o que complicou os passeios por um lado, mas refrescou-nos do calor excessivo que fazia. A Albânia apresenta um imenso potencial turístico, mas ainda tem que se desenvolver bastante para viabilizar a realização deste potencial.
A Viagem de Tirana na Albânia para Pristina em Kosovo de ônibus é agradável e dura cerca de 5 horas: a estrada é quase toda duplicada, com a exceção de um trecho justamente na saída de Tirana.

KOSOVO

Pristina (capital de Kosovo) é a mais recente capital europeia e nas ruas do seu centro percebe-se que o país está aos poucos se enriquecendo e superando a guerra recente! Cerca de 100 países já reconheceram a independência de Kosovo desde 2008, mas a Sérvia ainda se nega a fazer isto e por isso até hoje tropas das Nações Unidas estão presentes para assegurar a paz na região. No final de existência da Iugoslávia, nos anos 70, Kosovo ganhou o status de região autônoma, mas no início dos anos 90, o governo Sérvio cancelou esta autonomia. O primeiro presidente do país (eleito no início dos anos 90) foi Ibrahim Rugova, uma personalidade importante na sua recente história.




O alfabeto usado é o latino como na Albânia e não o cirílico como na Sérvia, e a maioria da população (90%) é de origem albanesa e fala o idioma albanês, por isso a proximidade das relações entre Kosovo e Albânia. Mas há uma minoria sérvia em alguns enclaves do país, daí a posição do governo sérvio em não reconhecer a existência do país; como muitas vezes ocorre em situações de guerra civil, as questões étnicas que afloram estão relacionadas a minorias dentro de minorias, como uma estrutura do tipo fractal!
Assim como Montenegro, Kosovo também usa o euro como moeda, mesmo não estando na zona do euro. O país é muito recente, tem cerca de 2 milhões de habitantes e ainda está elaborando os seus símbolos nacionais.



Cada um dos países que visitamos nesta viagem tem as dimensões aproximadas de um pequeno estado do Brasil: por isso que foi possível viajar de ônibus entre as suas cidades.
O centro de Pristina é bem ocidentalizado, mas o interior do país ainda apresenta traços evidentes da influência turca no país devido aos séculos em que a região esteve sob domínio otomano. Uma grande catedral católica grande foi construída nas proximidades do centro de Pristina, bem na esquina das avenidas Bill Clinton e George Bush!



O apoio dado pelos EUA à independência de Kosovo em oposição às posições da Sérvia e da Rússia, parece que fez a população local encarar com maior simpatia a imagem dos Estados Unidos, o que pela nossa experiência não acontece em muitas outras regiões do mundo. Numa das praças da cidade de Pristina existe até uma estátua do próprio Bill Clinton!
A Universidade de Pristina (Kosovo) está localizada próxima ao centro da cidade e tem uma pequena galeria de arte. Visitamos a Faculdade de Matemática e Ciências Naturais desta universidade que estava vazia devido às férias de verão.



A Biblioteca da Universidade apresenta uma arquitetura singular e única: só vendo, mesmo, para entender!



No centro de Pristina há um calçadão bem largo no qual é agradável caminhar descompromissadamente para admirar as muitas esculturas existentes.




De noite, a atração deste calçadão são os shows musicais e as fontes de água iluminadas com diferentes cores, algo bastante aprazível no calor do verão.



Este calçadão é denominado Boulevard Madre Teresa (Madre é Nena, em albanês) e nele há uma estátua em homenagem a ela.




Ficamos hospedados em um hotel bem localizado, perto da Academia de Ciência e de Artes de Kosovo e, também, perto do calçadão central da cidade.
Atrás da Casa da Independência de Kosovo, há o restaurante Tiffany que não tem cardápio, apresenta pratos típicos e vale a pena ser visitado: você fala sobre o que você gosta ou quer comer para o garçom e ele providencia a comida adequada para você; o preço pago foi bem razoável para a qualidade dos pratos servidos.




MACEDÔNIA

Finalmente, para terminar a viagem fizemos uma viagem curta de ônibus (cerca de 87 km) entre Pristina e Skopje, a capital da Macedônia, cheia de belas praças.



Para nós brasileiros é, de certo modo, impressionante: a distância entre duas capitais europeias é menor que a distância entre as cidades de São Paulo e Campinas.
A cidade de Skopje é atravessada pelo rio Vardar e a visão que se tem de suas pontes é magnífica.




A Macedônia é o país do famoso Alexandre, o Grande, que foi um grande conquistador da antiguidade e, pode-se dizer que realizou a primeira tentativa de globalização que se tem notícia; ele primeiro conquistou as cidades da Grécia que fica ao sul da Macedônia e a partir de então disseminou a cultura grega pelo mundo. É importante lembrar que Alexandre foi aluno, nada mais, nada menos, de Aristóteles um dos maiores sábios da Grécia antiga. O idioma falado no país é o macedônico, o alfabeto usado é o cirílico e a moeda é o dinar macedônico. Os preços na Macedônia também nos pareceram mais baratos que os do Brasil. A população da Macedônia é de pouco mais que 2 milhões de habitantes.
Skopje nos surpreendeu pela sua beleza e nos encantou!



Aliás, ela está atualmente cheia de obras e de construções de prédios, possivelmente para ficar ainda mais bela.




O seu centro é verdadeiramente magnífico, cheio de esculturas históricas e belas praças.



Possivelmente foi a mais bela cidade que visitamos nesta viagem. A praça Macedônia (no coração da cidade) tem no seu centro uma gigantesca estatua de um guerreiro macedônico – representando Alexandre, o Grande.



Ele está em um cavalo, da mesma forma que ocorre em uma cena do famoso filme hollywoodiano sobre Alexandre, com o cavalo somente sobre as patas de trás, na cena em que ele enfrenta os indianos e fica em frente a um guerreiro indiano sobre um elefante também apoiado somente sobre as duas patas de trás, com o cavalo e o elefante em frente um ao outro.



Perto da Praça Macedônia há um arco triunfal como o de Paris, denominado Porta Macedônia.




Ha um imenso número de estátuas perto da ponte de pedra (“stone bridge”), dos dois lados do rio Vardar e sobre outras duas pontes próximas.




Na margem do rio há uma série de prédios de arquitetura clássica.




O bom de viajar no verão é que as praças ficam cheias de flores e embelezam a cidade!



Há muitas fontes espalhadas pela cidade com belas esculturas, o que fica muito agradável no verão.




O Museu da Luta Macedônica (o melhor museu da cidade) fica próximo ao rio e conta a história da luta pela independência do país, desde o século XIX até os dias de hoje, passando pela ocupação fascista durante a Segunda Guerra Mundial e pelas lutas pela liberdade, durante o período comunista após a Segunda Guerra Mundial, quando a Macedônia pertenceu a Iugoslávia; fizemos uma visita guiada por este museu, que foi muito interessante e educativa.




O vitral no teto deste museu é magnífico.



Ao lado deste museu, fica o belo prédio do teatro nacional da Macedônia cercado de estátuas fazendo referências às artes cênicas e à música.



A estátua de Felipe II (com o punho cerrado), pai de Alexandre, está situada na entrada do bairro histórico Carsija.




Já o Museu da Macedônia precisa seguramente de verbas para ser reestruturado, mas os dois funcionários que nos receberam foram atenciosos conosco: aparentemente fomos os únicos turistas visitando-o naquele dia. A cidade estava belíssima, mas ainda não foi descoberta pela indústria de turismo.
De noite fomos assistir ao filme Hércules, aparentemente no país certo, pois ao sair do filme, andamos pelas ruas da cidade que tem edifícios com inspiração grega e muito semelhantes aos do filme. O local onde ficamos hospedados em Skopje era bem perto da bela catedral ortodoxa existente nesta cidade.




Pudemos visitá-la por dentro e foi um espetáculo!




Madre Teresa de Calcutá nasceu em Skopje e há um museu memorial em homenagem a ela que dedicou boa parte de seu trabalho a pessoas pobres na Índia e por isso recebeu o premio Nobel da Paz.




Subimos de teleférico até o topo do monte Vodno, onde está a gigantesca Cruz do Milênio.



De lá foi possível admirar toda a cidade e as suas redondezas.



Tivemos sorte pois a o tempo estava bom e aberto e deu para ver diferentes paisagens lá do alto.



Outro passeio bonito que fizemos em uma manhã, foi ir até o lago artificial Matka, na verdade uma represa artificial bem longa e formada após a construção de uma usina hidroelétrica que fica a cerca de 20 km da cidade de Skopje, aproximadamente 45 minutos de ônibus. Há uma bonita trilha esculpida na pedra que avança rio acima pela margem do canyon, após o local do represamento.



Valeu a pena também conhecer a Fortaleza Tvrdina Kaler (feita pelos bizantinos no século VI e que posteriormente se tornou otomana) e o Museu de Arte Contemporânea situado atrás da Fortaleza.



Outro local imperdível é o Museu Memorial do Holocausto.



Ele tem 3 andares de uma exposição muito bem estruturada com mapas e textos em inglês sobre o holocausto de judeus dos Balcãs durante a segunda guerra mundial. Logo na entrada aparecem muitas fotos sobre vítimas do holocausto e em alguns casos com espelhos que nos fazem refletir se não poderíamos ter sido nós as vítimas deste genocídio.



O massacre foi provocado diretamente pela Alemanha nazista, mas também contou com a colaboração de governos fascistas de países da região que eram aliados da Alemanha, como foi o caso da Bulgária e da Croácia; aliás, durante a segunda guerra mundial, os governos fascistas destes dois países ocuparam partes da Macedônia mas depois se retiraram. Do mesmo modo fez a Grécia, mas neste caso as consequências desta ocupação ainda permanecem: até hoje, parcelas do norte da Grécia são consideradas pelos macedônios como território macedônico ocupado ilegitimamente.
O Aeroporto Internacional da Macedônia perto de Skopje se chama “Aeroporto Alexandre o Grande”, nome este que aparece escrito em letras cirílicas garrafais na sua entrada, mostrando o orgulho que eles sentem do seu compatriota mais conhecido no exterior. Será que vocês conseguem ler as palavras "Aeroporto" e "Alexandre" em cirílico na foto abaixo?



TURQUIA

Na volta de avião para o Brasil, fizemos escala em Istambul e apenas dormimos na cidade, como tínhamos feito no início da viagem. Já conhecíamos a Turquia de uma viagem que fizemos no inverno, mas no verão Istambul parece bem mais acolhedora, pelo pouquíssimo que vimos de noite no caminho entre o aeroporto e o hotel! A Turquia usa o alfabeto latino, mas com muito mais acentos; aliás, eles além do cê cedilha, eles usam também o esse cedilha, algo muito interessante, vejam na foto abaixo!



Chegamos em Istambul (em conexão) de noite e saímos na manhã seguinte; como o período de tempo na cidade perfazia (um pouco) mais de 10 horas, a Turkish Airlines tinha a obrigação legal de nos pagar a estadia em um hotel na cidade, como ocorreu no início da viagem. Mas não sei por qual motivo, eles nos colocaram na categoria executiva (business) no avião de volta e coerentemente nos hospedaram em um dos hotéis mais chiques da cidade, o Hotel Renaissance (com diária de 450 euros, cerca de 1500 reais!). Vivemos uma noite de reis, com um café da manhã magnífico. Foi muito bonito ver, pelas janelas do nosso quarto no 21º andar do hotel, o nascer do sol sobre o mar, ao redor de Istambul.



Às vezes, a sorte sorri para a gente! As quase doze horas do voo de Istambul até São Paulo fizemos na classe executiva do avião, que realmente é muito mais confortável que as poltronas da classe econômica (sempre viajamos na classe econômica e esta foi a nossa primeira experiência na classe executiva).



A minha teoria é que deve ter dado “overbooking” (uma prática desleal de muitas companhias aéreas) no voo para o Brasil, ou seja, eles venderam mais tickets na classe econômica do que o número de poltronas nesta classe e como existiam poltronas da classe executiva vazios, eles tiveram que deslocar alguns passageiros para estas poltronas; para nossa sorte, os escolhidos fomos justamente nós!



Monolitos e um homem que flutua: 
viajando pelo Reino Unido e pela Irlanda


GRÃ-BRETANHA


Fim de dezembro de 2013: decidimos ir viajar pelas ilhas da Grã-Bretanha e da Irlanda. Chegamos de avião ao aeroporto de Londres (chamado Heathrow), um dos maiores do mundo. Londres é a capital do Reino Unido, compostos de quatro partes: Inglaterra, Gales, Escócia e Irlanda do Norte (os três primeiros estados estão na ilha da Grã-Bretanha). A Inglaterra é, na verdade, o coração do Reino Unido e é quem tem de fato o poder. O Reino Unido pertence à União Europeia, mas não pertence à Zona do Euro (as duas entidades não são a mesma coisa como muitos pensam) e por isso não adota o euro como moeda, mantendo o pound (ou libra esterlina, como falamos em português) como moeda. A Inglaterra teve no século XIX o mesmo papel imperial que, guardadas as devidas proporções, os EUA têm hoje no mundo. O pound tinha a mesma força que o dólar norte-americano tem hoje. A City londrina - região financeira no centro da cidade de Londres - foi a Wall Street da sua época, o coração financeiro do mundo! O sentimento exclusivista dos ingleses com relação ao resto da Europa, somado às suas ligações históricas com os EUA (antes de domínio, e atualmente meio que de submissão), a um sentimento de nostalgia com o império colonial que eles já tiveram e à geografia que os isola em uma ilha isolada a certa distancia da Europa Continental, faz com que exista um forte “euroceticismo” na Grã-Bretanha, ou seja, uma oposição a medidas que objetivem integrar os países da Europa; daí a não adoção do euro e também até uma oposição à própria participação na União Europeia. Há uma sensação de que uma parte considerável dos ingleses se acham “melhores” que os cidadãos do resto da Europa...
Chegando em Londres aprendemos rapidinho algo MUITO interessante: os museus nacionais e as galerias de arte de todo o Reino Unido são todos gratuitos desde o último governo trabalhista. Esta descoberta que fizemos (fantástica para quem gosta muito de cultura, ciência e arte) foi maravilhosa: conhecemos pelo menos umas duas dezenas de museus gratuitamente somente nesta viagem de três semanas, pois o governo da Irlanda também adotou uma política parecida.
Uma dica preciosa: a primeira coisa que você deve fazer ao chegar ao aeroporto de Londres é comprar um adaptador para as tomadas de eletricidade daqui que são de 3 "pinos" retangulares (pagamos cerca de 5 libras por um numa loja do aeroporto) e totalmente diferentes das brasileiras; estes adaptadores são fundamentais para conseguir carregar celulares e máquinas fotográficas.



A partir de Londres fizemos duas viagens de trem em dois dias diferentes para as duas cidades com as mais importantes universidades britânicas: Oxford e Cambridge. Em cada caso foi uma viagem de trem de cerca de 1 hora e meia ou 2 horas a partir de Londres em direções diferentes. Elas são basicamente duas cidades universitárias, pois vivem da glória e do conhecimento que são produzidos nelas. Elas estão entre as universidades mais antigas da Inglaterra e foram fundadas no meio da Idade Media. Primeiro surgiu a universidade de Oxford que se desenvolveu a partir de 1167 quando professores clericais foram expulsos da universidade de Sorbonne em Paris. Depois, a partir de um grupo de professores dissidentes da universidade de Oxford, foi fundada a universidade de Cambridge em 1284.
Cambridge é conhecida mundialmente pela força que tem na área científica: 87 ganhadores do prêmio Nobel passaram por ela, mais do que qualquer outra instituição do mundo. Esta é a universidade de Isaac Newton e de Stephen Hawking para ficar em apenas dois nomes conhecidos da física.



Aliás, foi um ex-estudante de Cambridge chamado John Harvard que, após emigrar para os EUA, fundou prestigiada Universidade de Harvard no século XVII na cidadezinha de Cambridge no estado de Massachussetts (cidade que tem este nome em homenagem justamente a sua homônima da Inglaterra) que está na região metropolitana de Boston; aliás, nesta mesma cidade norte-americana está outra das mais importantes instituições universitárias dos EUA, o MIT (Instituto de Tecnologia de Massachussetts) que serviu de exemplo para a criação do ITA no Brasil. Portanto, não confunda as duas cidades de Cambridge, a do Reino Unido e a dos EUA. É possível perceber, portanto, que universidades são muitas vezes fundadas a partir de dissidências e de intelectuais originários de outras universidades. Com a própria USP também foi assim, pois ela se estabeleceu nos anos 1930, a partir de muitos acadêmicos europeus que vinham para o Brasil devido aos problemas políticos e econômicos existentes naquela época em suas pátrias. Cambridge conta com 31 colleges e belos prédios, mas talvez o mais bonito deles seja a King’s College Chapel (Capela).


 
Valeu a pena também conhecer o Trinity College, o maior College (que em português significa Faculdade e não Colégio – é um chamado falso cognato) da cidade.


 
Cambridge tem também um museu de arqueologia e antropologia com muita coisa interessante!



Para quem gosta de física, existe na cidade de Cambridge a chamada ponte matemática que é feita de madeira e tem uma estrutura muito harmoniosa.


 
Terminamos este dia conhecendo o tranquilo prédio-museu existente no Kettle`s Yard (Jardim de Kettle), antes de voltarmos para Londres.
Oxford é uma outra maravilha! Seu prédio mais conhecido, a Christ Church (Igreja de Cristo), ficou mais conhecido pelas gravações do filme Harry Potter, o que acaba por trazer multidões de turistas sem muitos interesses acadêmicos... Mas muito mais importantes foram os intelectuais que aqui estudaram, como John Locke e Lewis Carroll. Visitamos a bela Igreja Universitária de Santa Maria, a Virgem: é isso mesmo, "University Church", ou seja, “Igreja Universitária”, pois é importante lembrar que a universidade nasceu como um braço da igreja na idade média – a contraposição que fazemos hoje entre religião e ciência é meio datada, pois na sua gênese a ciência nasceu a partir de instituições e universidades religiosas que eram quem detinham o conhecimento na idade média.


 
A visita guiada ao prédio da Bodleian Library (Biblioteca) é um dos melhores passeios de Oxford!


 
No fim do dia, fomos ao excelente Museu Pitt Rivers, sonho de todo antropólogo, devido à imensa variedade de objetos produzidos por seres humanos em diferentes períodos históricos e provenientes de todas as partes do mundo.


 
Em Londres, o Museu de História Natural, o Museu de Ciência e o Museu Vitória e Albert (todos gratuitos como já foi dito) são três museus que ficam próximos entre si e são todos os três magníficos. Mas para ser sincero somente o Museu de História Natural necessita de um dia inteiro para começar a conhecê-lo minimamente. O seu prédio já em si um trabalho de arte maravilhoso e a entrada dele (uma das entradas) já nos faz imaginar o que vem pela frente com várias esculturas gregas fazendo alusão ao conhecimento científico e uma escada rolante “entrando” num planeta em chamas!


 
Os seus fósseis de dinossauros, alguns com mais de uma centena de milhão de anos, que estão expostos em diversas salas são a sua grande atração: as crianças (e muitos adultos como nós) deliram.


 
Há até réplicas de dinossauros performáticos em tamanho natural que se movem (por meio de uma estrutura mecânica interna): é uma experiência deliciosa para gente de qualquer idade. Como escreveu Stephen Jay Gould em seu livro "Viva o brontossauro", os dinossauros (em museus como estes) podem ser uma excelente isca para atrair crianças e jovens para se encantar pela Ciência e para estudar Ciência!


 
As lojinhas destes museus também são fantásticas. Por falar nisto, a gente visitou durante a viagem uma quantidade grande de museus (tanto no Reino Unido, quanto na Irlanda) com esqueletos de dinossauros expostos. Viva os dinossauros!!! Ou melhor ainda, todo “o poder” aos dinossauros!!! E eu não estou falando em benefício próprio, para quem está maldosamente fazendo uma analogia com o meu pouco envolvimento com ferramentas tecnológicas! Eu estou falando dos dinossauros mesmo, ou melhor, do que eles simbolizam no imaginário das pessoas de modo a potencializar a aprendizagem e o interesse por temas científicos.
Já o Museu de Ciência de Londres também é maravilhoso e vale um outro dia! Só a lojinha deste museu também já vale a visita: imagine então ele inteiro...


 
Ele apresenta uma secção excelente sobre Matemática, História da Matemática e História da Computação que é interessantíssima.


 
Há diversas garrafas de Klein expostas, uma “garrafa” que tem um lado (o lado de dentro é o lado de fora e vice-versa) só e é estudada por um ramo da matemática denominado Topologia!


 
Por falar em Matemática, justamente no momento em que estávamos lá no Reino Unido, soubemos que o grande matemático inglês Alan Turing foi perdoado pela Coroa Britânica 59 anos após a sua morte. Turing, um dos pioneiros da área de inteligência artificial teve um papel fundamental no esforço inglês durante a Segunda Guerra Mundial para decifrar os códigos da máquina alemão "Enigma" que codificava as mensagens do alto comando do exército nazista e as enviava aos comandados. Logo após a guerra ele foi condecorado como herói de guerra pelo governo inglês. Entretanto, nos anos 50 ele foi preso pois era homossexual, o que na época era crime na Inglaterra. Foi obrigado a tomar hormônios para poder sair da prisão, um tratamento medieval e degradante da época que provocou deformações em seu corpo. Turing acabou se suicidando (ao que tudo indica) comendo uma maçã envenenada, em 1954. E agora, após mais de meio século, o governo do Reino Unido assume o seu erro nesta condenação absurda. Antes tarde do que nunca. E um pouco mais rapidamente do que o Vaticano que demorou três séculos para somente no fim do século XX assumir que estava errado ao condenar o físico Galileu Galilei a prisão domiciliar por defender que a Terra não estava no centro do universo e que ela se movia em torno do Sol! Soubemos até que em 2014 vai ser produzido um filme sobre a vida de Turing, chamado "The imitation game".  
Em Londres ficamos hospedados em um hotel perto da estação de trem Paddington, uma das várias estações de trem da cidade.


 
É importante lembrar que a revolução industrial começou na Inglaterra no século XVIII e a força do vapor foi utilizada para desenvolver o transporte ferroviário do país que foi o primeiro a contar com uma malha ferroviária extensa. Se locomover com o conforto e a rapidez dos trens foi algo revolucionário, sobretudo tendo em vista a comparação com o transporte por carruagens movidas pela força de tração de cavalos e que existia anteriormente.
O sistema de metrô de Londres é extremamente amplo atingindo todos os pontos da cidade: tomara que tenhamos um dia esta abrangência no metrô de São Paulo. Mas ele custa caro, muito caro. Se você não tiver o chamado cartão Oyster, e for comprar um bilhete para uma viagem avulsa ela custará a você 4,50 libras, ou seja, a fortuna de cerca de 18 reais!!! Mesmo com o cartão Oyster, a viagem de metrô mais barata custará 2,10 libras ou seja 8,40 reais! Estamos usando um fator de conversão de 1 libra ou pound valendo cerca de 4 reais o que é mais ou menos a realidade atual. É claro que para quem usa muito os transportes públicos é possível pagar uma tarifa única pelo dia todo ou mesmo pelo mês todo de modo a ficar mais em conta, como quer o prefeito Haddad em São Paulo com o seu bilhete único mensal. Mas o fato é que a tarifa mínima para fazer uma viagem única é de no mínimo 8 reais no metrô de Londres, uma verdadeira fortuna se comparada com a tarifa de 3 reais do metrô de São Paulo (é claro que a comparação precisa também levar em consideração o poder aquisitivo maior dos ingleses). Por outro lado, o valor do litro de gasolina na Inglaterra era durante a nossa viagem pelos postos que observamos de cerca de 1,35 libras e na Irlanda era de cerca de 1,55 euros: fazendo a conversão de moedas, em ambos os casos, o litro de gasolina nestes países custa mais que 5 reais! Dizem que o Brasil está caro, mas pelo menos no que diz respeito aos transportes e comparando com países europeus, o Brasil não está tão caro assim. Mas é claro que há outros setores (produtos eletrônicos, por exemplo) em que realmente o Brasil está muito caro, o que acaba com a nossa indústria, pois impede que ela exporte e faz com que os importados entrem no Brasil e matem as indústrias que fabricam os produtos concorrentes em solo brasileiro. Saber se o real está caro ou barato portanto não é uma coisa trivial. Achar a taxa de câmbio ideal e de equilíbrio não é fácil, pois depende do setor da economia que se analisa. Talvez o ideal é o real se desvalorizar um pouco ainda mais (quem viaja para o exterior não vai gostar desta nossa opinião, pois o interesse pessoal destes indivíduos é que o Brasil tenha um real valorizado de modo a que consigam comprar mais coisas no exterior com a mesma quantidade de reais) para tornar a nossa indústria mais competitiva, mas o quanto ele deve desvalorizar é difícil determinar, pois uma desvalorização muito grande por outro lado provoca inflação, processo que atinge principalmente os mais pobres. Moral da história: quando não temos a responsabilidade pelas consequências da gestão de uma instituição (desde uma escola ou um condomínio até um estado ou um país), fica fácil palpitar e ser pedra, mas quando colocamos a mão na massa, os limites aparecem de modo bem claro, como aprendeu duramente na prática o grupo político que comanda o Brasil desde 2003. Ser pedra é fácil, o duro é ser vidraça!
Portanto, esta é uma dica importantíssima para quem vai viajar para Londres: compre um cartão Oyster por 5 libras (este cartão é reembolsável no final da viagem) logo na chegada e carregue-o com uma certa quantia de dinheiro (nas máquinas automáticas que existem em todas as estações de metrô) de modo a ir debitando o crédito conforme se vai usando o cartão nas viagens sucessivas pelo transporte público: ele vale no metrô e nos ônibus circulares de dois andares que cruzam a cidade. Outra dica: em Londres é bom, se possível, não andar só de metrô, mas pegar pelo menos uma vez um dos ônibus vermelhos de dois andares e viajar no andar de cima para ter uma visão panorâmica da cidade: é um “city tour” alternativo, barato e bem legal, mas é necessário para isto saber como funcionam os ônibus e quais os caminhos percorridos por eles.


 
O metrô de Londres é um lugar muito interessante e apresenta uns cartazes de propaganda divertidos, como o de um gorila com cara de muito bravo e com a legenda dizendo que esta é a cara do seu companheiro (namorado, marido, etc) se você fizer com que ele perca a contagem regressiva da virada de fim de ano (devido ao fato de ter bebido demais).


 
Em Londres, a maior concentração de turistas fica mesmo na região do Rio Tâmisa que tem de um lado o Big Bem (um dos símbolos desta cidade) e o Parlamento e do outro a roda gigante imensa chamada de “Olho de Londres” (London Eye).


 
Vimos nesta viagem muitos (mas muitos mesmo) estudantes brasileiros do programa Ciência sem Fronteiras (CsF) estudando em universidades daqui. Este programa pretende enviar 100 mil brasileiros para estudar no exterior até o final de 2014, priorizando 20 áreas de conhecimento científicas e tecnológicas que são as áreas em que o Brasil tem mais carência de profissionais com boa formação e ao mesmo tempo são áreas que permitem criar muita riqueza e permitir um desenvolvimento mais amplo e de melhor qualidade para nosso país, como acontece com os EUA, o Canadá, os países europeus e diversos países do extremo oriente; para saber mais sobre este programa consulte o site www.cienciasemfronteiras.gov.br. A propósito, este programa foi uma das melhores ações implementadas pela presidenta Dilma, em nossa opinião. E ela não inventou a roda, por assim dizer, pois vimos aqui, por exemplo, uma quantidade gigantesca de estudantes chineses estudando em universidades europeias, e isto ocorre há muito tempo. Mas a iniciativa de efetivar o programa Ciência sem Fronteiras no Brasil foi sem sombra de dúvida um mérito da Dilma e fazemos questão de elogiar esta decisão política que segundo alguns dados envolve recursos de 3 bilhões de reais que não podem ser considerados gastos, mas investimento no futuro acadêmico das novas gerações de brasileiros. Como dizia Carl Sagan, para quem argumentava que educação de qualidade custa muito: experimente a ignorância, para ver como o custo para o indivíduo e para o país é muito maior.
Conhecemos, por exemplo, uma estudante brasileira de engenharia da UFBA que ficará um ano na Irlanda estudando disciplinas que comporão o seu currículo. Segundo ela, o programa Ciência sem Fronteiras (mantido pelo governo federal) cobre todos os gastos dos alunos com as universidades estrangeiras e a bolsa que recebem para os seu gastos pessoais (comer, se locomover, etc) permite viver razoavelmente se o estudante não for esbanjar. Com o dinheiro que ela recebe ela nos disse que até consegue economizar para fazer algumas viagens pra conhecer outras capitais europeias, por meio de empresas aéreas de baixo custo como a Easyjet e a Ryanair, dentre outras.
Ela disse que além do aprendizado em si nas disciplinas estudadas, da ampliação do universo cultural e da criação de laços com grupos de pesquisa do exterior, um ganho importantíssimo do programa, para ela, foi ajudar a criar método de estudo, sobretudo com a convivência com bons professores e com estudantes de outros países nos grupos de estudos que são constituídos nas diferentes disciplinas; quem é professor sabe o quanto muitas vezes os alunos aprendem com seus colegas, sobretudo com aqueles de melhor desempenho. Ela relatou que, por exemplo, em um destes grupos existe um estudante alemão que é bastante metódico e que ensinou bastante a ela como se organizar para elaborar um projeto ou para enfrentar um problema em termos acadêmicos.
Estes estudantes do programa Ciência sem Fronteiras representam o nosso pais e, portanto, eles têm que ter o melhor desempenho possível, como eu tive a ocasião de “alertar” pessoalmente para muitos deles durante esta viagem. E parece que isto está acontecendo, pois existem muitos depoimentos de professores e autoridades de outros países relatando que muitos destes alunos brasileiros estão se saindo muito bem em termos acadêmicos, inclusive na comparação com os alunos “regulares” destas universidades.
No dia 25 de dezembro (e também no dia 1 de janeiro) TUDO para em Londres (na verdade em todo Reino Unido), incluindo o metrô, os ônibus e os trens para outras cidades, algo bem diferente do Brasil, por exemplo. É uma coisa de louco! Se você não tem carro, somente pode contar com os seus pés ou com os táxis que custam caro. E o dia 26 de dezembro é também uma espécie de feriado, chamado “Boxing Day”, em que muitas coisas estão fachadas na cidade (como, por exemplo, é o caso dos museus). No dia 25 de dezembro, aproveitamos para visitar as três maiores igrejas da cidade que estavam celebrando missas de natal. Cruzamos a cidade inteira a pé de oeste para leste (e depois voltamos a pé também – aliás, caminhar é uma forma muito boa de conhecer a cidade real e não somente os pontos turísticos), para ir à catedral de Westminster, à abadia de Westminster e a catedral de St. Paul e as visitar gratuitamente (para entrar nas duas últimas normalmente é necessário pagar!). Após a missa na catedral de St. Paul, pudemos dar uma passeadinha pelo seu interior que é realmente magnífico.


 
Havia em Londres uma campanha para que as pessoas não deem filhotes de animais (sobretudo de cachorros) de presente de natal. Quando começam a crescer, os animaizinhos passam a demonstrar que têm necessidades, apresentam um custo e precisam ser bem cuidados e ter carinho. E a pessoa que deu o “presente” muitas vezes não tem ideia das condições que têm a pessoa que recebeu o “presente” de cuidar bem dele! Várias organizações têm dados que mostram que nos meses seguintes (janeiro, fevereiro, março, etc) há uma quantidade imensa de animais de estimação (principalmente cachorros) que são abandonados nas ruas pelos seus donos: uma crueldade! Animal não é brinquedo! Não compre animal de estimação! Se desejar, adote um animalzinho (cachorro, gato, etc) conscientemente!
O dia 25 de dezembro é um bom dia também para bater pernas pelos parques de Londres. Por isso aproveitamos para conhecer dois parques vizinhos entre si: Kensington Gardens e Hyde Park. Neste último vimos uma bela dança do acasalamento entre dois cisnes um espetáculo a parte (não sei se para os cisnes que estavam tendo a sua “intimidade” meio que violada...)!


 
No lago Serpentine que passe pelos dois parques, na manhã do dia 25 de dezembro, há uma tradição seguida por uns “malucos” que pulam nas suas águas geladas (com temperaturas próximas de 0oC) e atravessam-no a nado. Jamais conseguiríamos fazer isto, levando em consideração que estamos acostumados com as águas tépidas (quentinhas) do litoral norte de São Paulo no mês de janeiro.
Passeamos também pela frente do Palácio de Buckingham onde vive a rainha. Na frente deste palácio há um monumento à rainha Vitoria. A subida de alguns lances de escada até a base deste monumento é ladeada por duas grandes esculturas. De um lado, uma de uma mulher camponesa (ao lado de um leão) segurando uma foice.


 
Do outro lado, um homem operário (ao lado de outro leão) segurando um grande martelo. Eu acho que eu já vi estes dois símbolos em algum outro lugar (rsrsrsrsrs...). Mas não imaginaria obviamente vê-los bem na frente do palácio da rainha da Inglaterra! Ou será que eu estou vendo pelo em ovo?


  
Passeando por todo o Reino Unido percebemos muitos monumentos fazendo referência à luta contra a tentativa de invasão nazista e aos sofrimento provocado pelos famosos bombardeios da aviação alemã sobretudo sobre Londres: a conhecida Batalha da Grã-Bretanha.

 
O Museu Britânico (o famoso British Museum) é um outro lugar imperdível! A sua principal atração é a pedra de Rosetta que permitiu que fossem decifrados os hieróglifos, a escrita do Egito antigo.


 
Mas ha muitos tesouros arqueológicos neste museu. Esculturas, colunas, sarcófagos e outros objetos artísticos e históricos foram trazidos da Grécia, da Turquia, do Egito, do Iraque (antiga Mesopotâmia), da China, etc.


 
Mas até hoje estas peças e estes objetos são reivindicados para serem devolvidos por muitos destes países, já que foram obtidas na maioria das vezes por meio de um verdadeiro saque e roubo em larga escala executado pelos ingleses quando estes países estavam sob domínio inglês.


 
Para se ter ideia foram trazidos até templos inteiros para a Inglaterra que foram remontados dentro do Museu Britânico! Se isto não é saque, eu não sei o que seria...


 
Em Londres na frente da biblioteca britânica há uma interessante estátua do Isaac Newton com um compasso no chão e fazendo cálculos: há aqui toda uma simbologia rica sobre o papel desempenhado pela ciência na sociedade a partir da revolução científica do século XVII que teve em Newton com certeza o seu apogeu!


 
O Reino Unido é um país com muitos imigrantes do mundo todo que ajudaram a construir a sua força, juntamente com as riquezas retiradas das colônias espalhadas também pelo mundo inteiro, afinal o império inglês era aquele sobre o qual se dizia que o sol nunca se punha. Mas atualmente há um sentimento “anti-imigrante” muito forte disseminado por parte da população em geral e reforçado, sobretudo, por políticos e partidos de direita. Vimos uma reportagem muito boa sobre este assunto na BBC. Ficou claro como aqui no Reino Unido (assim como em outros países da Europa, como a França e a Grécia, por exemplo) partidos de extrema direita vem se fortalecendo e ampliando posições, sobretudo com um discurso xenófobo e racista, aliás, exatamente como ocorreu nos anos 1930 após a crise de 1929 (um triste paralelo).
No início do nosso guia “Lonely Planet” (a “bíblia dos velhos mochileiros) da "Great Britain" (Grã-Bretanha), aparecem as “25 Top Experiences” (25 Melhores Experiências) recomendadas para os viajantes a esta ilha. A primeira delas é Stonehenge que fica a cerca de 150 km de Londres e pode ser conhecido em um tour de um dia organizado pelas agencias de turismo da capital da Inglaterra. E valeu MUITO a pena conhecer este sítio arqueológico que é constituído de pedras imensas (megalitos) de até 50 toneladas trazidas de muitos quilômetros de distancia ha cerca de 5 mil anos e dispostas de modo a formar um círculo.


 
É realmente uma experiência única conhecer este local! A quantidade de turistas visitando o sítio (que foi remodelado recentemente para oferecer um melhor acolhimento aos visitantes) é imensa, mas mesmo assim há toda uma aura de mistério envolvendo estes monolitos. É um local com certeza muito “místico”! Qual era o seu propósito? Um centro de observações astronômicas? Um local para cultos religiosos aos deuses destes povos? Um local para curar os doentes? Ha ainda muitas dúvidas entre os pesquisadores... De qualquer fora, acho que com certeza o Stanley Kubrick esteve aqui e se baseou no que viu para fazer a cena inicial do filme "2001 - Uma odisseia no espaço", quando os primatas nossos ancestrais de 4 milhões de anos atrás (os australopitecos) começam a tocar maravilhados no monolito negro e vertical deixado pelos extraterrestres para iniciar o processo de aquisição de inteligência e a evolução que viria a criar os seres humanos. É claro que há uma diferença enorme entre 5 mil anos e 4 milhões de anos (e entre os seres humanos do neolítico e os australopitecos), mas o paralelo que me veio à cabeça faz algum sentido, vocês não acham?


 
Fomos também conhecer Bath, cidade parte da elite inglesa costuma ir passear, uma espécie de Campos do Jordão daqui. Mas Bath foi fundada pelos romanos por causa das suas águas termais naturais, as "termas" a que se referem o nome da cidade, “banho” em português. É possível até mesmo conhecer as estruturas dos antigos banhos romanos. Muitas celebridades (inclusive estrangeiros) têm casa de férias aqui; é o caso de Matt Damon e Johnny Depp, por exemplo. Hoje há inclusive um moderno Spa na cidade que usa as famosas águas termais da região. Os passeios de um dia (a partir de Londres), como estes que estamos descrevendo, podem ser adquiridos na recepção da maioria dos hotéis em que se está hospedado.


 
O Castelo de Windsor fica na periferia de Londres e é um dos castelos da família real inglesa, dizem que o mais preferido por parte da rainha Elizabeth. Por falar nisto, é incompreensível como um pais que é tão desenvolvido em diversos aspectos, mantenha algo tão arcaico e atrasado como uma monarquia em pleno século XXI e, ao que parece, com apoio de uma parte considerável da população.


 
Fizemos também uma viagem de um dia (de trem) para Cardiff. Cardiff é a capital do pais de Gales (Wales, em inglês), uma das quatro unidades do Reino Unido e a mais “obediente” (e ligada) à Inglaterra, por assim dizer. Conhecemos o seu belo palácio por dentro.


 
Visitamos também o Museu Nacional de Cardiff (na região central da cidade) que tem uma seção de história natural com réplicas perfeitas de mamutes que se movem; como dizia a criançada maravilhada que estava por ali: "cool" ("legal").


 
Depois disto, descemos o rio Taff de barco até a região da baia Cardiff que foi reurbanizada. Nesta região, se sobressai o belo prédio com tijolos vermelhos do Pierhead além de outras construções modernas como o prédio do Parlamento e o Museu “Doctor Who Experience” sobre a famosa série de ficção-científica produzida pela BBC.


 
A viagem de Londres (na Inglaterra) a Glasgow (na Escócia) de trem (atravessando do sul ao norte da ilha da Grã-Bretanha) demorou cerca de 5 horas e foi agradável. É muito gostoso viajar de trem, pelo menos em nossa opinião. É uma pena que a malha ferroviária brasileira tenha sido sucateada, principalmente durante a ditadura militar, o que se mostrou ser do interesse das empresas multinacionais montadoras de automóveis que estavam se instalando no Brasil, mas que também era contrário aos interesses dos cidadãos brasileiros. Esperamos que o governo federal consiga aos poucos reverter este processo (algo que não é fácil de fazer), por exemplo, começando com implantar uma linha ferroviária de qualidade e com trens de alta velocidade entre São Paulo e Rio, as duas maiores cidades do país, de modo a competir de fato com o transporte aeroviário.
Em Glasgow primeiro fomos conhecer os belos prédios da “Universidade de Glasgow” (onde trabalhou por mais de 50 anos o importante físico Kelvin).


 
Depois visitamos o novo Riverside Museum, um moderno museu sobre meios de transporte e que fica ao lado do rio.


 
Fomos também à Galeria de Arte Moderna e à Catedral da cidade (um belo exemplo de arquitetura gótica).


 
A visita ao Museu e Galeria de Arte Kelvingrove (um belo prédio vitoriano dedicado à cultura e à ciência, com uma coleção de mais de um milhão de objetos) teve um sabor especial, pois tivemos a sorte de chegar justo quando estava começando um magnífico concerto de órgão! Estas pequenas surpresas imprevistas são parte importante de qualquer viagem.


 
Em Glasgow, visitamos um bar (pub) que funcionava em uma igreja (o Òran Mór), uma dica que nos tinha sido dada por um amigo (vejam a foto abaixo: dá para imaginar que é um pub?).



Por dentro, este "pub-igreja" é muito interessante!





Em Glasgow vale a pena também conhecer a casa do Mackintosh (caracterizada pelo gênio artístico do maior designer e arquiteto da historia de Glasgow), as "Willow Tearooms" ("salas de chá" também produzidas pelo Mackintosh) e a importante Escola de Arte de Glasgow. Glasgow sediará em 2014 os importantes jogos da Commonwealth (composta por países que foram colonizados pela Inglaterra e que mantêm vínculos entre si até hoje): é um evento que vai sacudir a cidade!
Os escoceses mais tradicionalistas ainda usam o kilt (a saia escocesa para homens) pelo menos em ocasiões especiais, como reparamos.
As duas melhores viradas de ano do Reino Unido ou UK (a sigla em inglês para United Kingdom) são as de Londres (nas margens do rio Tâmisa perto do prédio do Big Ben) e de Edimburgo (nas redondezas do seu castelo). Deu para notar pela TV uma saudável competição entre as duas cidades, para ver quem faz o espetáculo mais bonito, com mais fogos de artifício e por mais tempo!
Em Glasgow fomos ao cinema (sempre fazemos isto durante as viagens, pois além de viajantes, também somos cinéfilos) ver dois filmes. O primeiro que vimos foi “Walking with dinosaurs” (Caminhando com dinossauros), uma produção da BBC voltada, sobretudo, para as crianças e adolescentes; ele conta uma história de ponto de vista de um jovem dinossauro (na época em que eles dominavam o planeta). Mas este filme tem um caráter didático e educacional que supera, mas não anula, o lazer e o prazer de assisti-lo. Depois vimos “All is lost” (Quando tudo está perdido), com Robert Redford, um filme sobre um velejador solitário cujo barco afunda no meio do oceano Índico e que tem que tentar sobreviver a diversos infortúnios: é um filme muito bom e sem nenhum diálogo, obviamente, mas que nos deixa com o coração na boca, uma verdadeira metáfora da luta pela vida e com um final no mínimo ambíguo (mais eu não falo para não estragar).
Edimburgo é a capital da Escócia e sua mais importante atração é o seu belo Castelo. Ele é o típico castelo medieval situado bem no alto para a sua própria defesa. O Castelo de Edimburgo está no alto de uma montanha em forma de uma grande rocha.


 
O mais difícil nesta viagem foi o clima. Não nevava, mas fazia muito frio e chovia (as vezes era mais chuvisco, mas incomodava) todos os dias, junto com o pior: um vento fortíssimo e que gelava até a alma. Tristeza para uns (como os turistas como nós), mas alegria para outros: nos primeiros dias do ano, com estes ventos que chegaram a ter 120 km/h, a geração de energia elétrica eólica bateu um recorde, ultrapassando inclusive a geração de energia elétrica pela queima de gás segundo os jornais. Na viagem de ônibus que fizemos atravessando a Escócia (e mesmo do alto do avião, por incrível que pareça), vimos diversos geradores eólicos girando com alta velocidade.
Perguntamos para um taxista em Edimburgo qual a opinião dele sobre o plebiscito que ocorrerá em setembro de 2014 para decidir pela independência ou não da Escócia em relação ao Reino Unido. Ele disse de modo empolgado que votará pela independência, pois está na hora, na opinião dele, de se livrar do domínio inglês na Escócia que já dura sete séculos! E ele pareceu bastante determinado em sua opinião. Mas as pesquisas por enquanto indicam que a posição a favor da independência não ganhará este plebiscito! Entretanto, mesmo que não ganhe, os analistas afirmam que uma das consequências deste processo será uma maior autonomia para a Escócia (dentro do Reino Unido) em diversos sentidos, algo que já está em curso, diga-se de passagem. Uma coisa interessante que percebemos é que aqui na Escócia as notas de dinheiro (o pound ou libra) são diferentes das notas de dinheiro que vigoram na Inglaterra, apesar de obviamente terem o mesmo valor; observamos isto com as notas de 5, de 10 e de 20 pounds. Elas são emitidas na própria Escócia, pelo Banco local, são bem coloridas e não apresentam o rosto da rainha Elizabeth (como ocorre com as notas inglesas). Observamos o mesmo na Irlanda do Norte. O valor destas notas é o mesmo em todo o Reino Unido, mas na Escócia nos disseram que se levássemos notas escocesas para a Inglaterra, muitos comerciantes de lá não aceitariam ou fariam cara feia ao receberem tais notas.
Edimburgo tem o maior museu escocês: o Museu Nacional da Escócia. O seu prédio é belíssimo e foi inteiramente renovado muito recentemente; ele também conta com uma parte dedicada à História Natural e na qual, novamente, estão presentes os fósseis de esqueletos de dinossauros.


 
Quando visitamos este Museu Nacional da Escócia no dia 1 de janeiro, ocorreu um evento divertido dentro dele em um grande espaço aberto, com música e danças escocesas. Uma banda tocava algumas típicas músicas escocesas (que lembram um pouco as músicas country norte-americanas que com certeza foram influenciadas por elas), enquanto uma moça vestida para a ocasião organizava os vários tipos de danças (como num tipo de dança de quadrilha) que eram bastante democráticas, pois na prática faziam todo mundo dançar com todo mundo, numa espécie de rodízio.


 
Edimburgo no seu centro tem também a grande Galeria Nacional Escocesa, uma perdição para todo aquele que aprecia arte. Nela vimos um interessante quadro de Jan Steen chamado “A school for boys and girls” (Uma escola para meninos e meninas): uma verdadeira "bagunça" na sala de aula!


 
Perto de onde estamos hospedados, um pouco mais distantes do centro, existe uma outra galeria, a Galeria Nacional Escocesa de Arte Moderna, com dois prédios separados por uma rua. Num deles o banheiro era uma atração por si mesmo, com seus azulejos de múltiplas cores.


 
Edimburgo também sedia o parlamento da Escócia e visitar o seu prédio vale a pena. Perto do Parlamento há também o “Our Dynamic Earth” (Nossa Terra Dinâmica), um espaço destinado à ciência e que tinha na frente uma rocha com a inscrição “The past is the key to the future” (O passado é a chave para o futuro).


 
A BBC é a televisão pública inglesa e tem não somente um canal, mas vários canais de TV (somente com o nome BBC há pelo menos 4 canais na TV aberta, mas existem outros) e de rádio, todos excelentes! A BBC é com certeza uma das TV’s de melhor qualidade do mundo, colaborando com a cultura e a educação dos ingleses e com a construção de valores comunitários, como o senso de solidariedade e de respeito ao próximo, ao meio ambiente e aos espaços públicos. E proporcionando lazer de modo saudável, pois ninguém é de ferro! O evento mais comentado da TV britânica neste final de 2013/início de 2014 foi o lançamento da terceira temporada da excelente série inglesa (produzida pela BBC) sobre Sherlock Holmes (não confunda com a série norte-americana que não chega nem perto em qualidade). Cada uma das temporadas anteriores tiveram somente três episódios e os métodos de dedução de Sherlock muitas vezes envolvem diretamente temas científicos. Uma informação importante: estes episódios estão disponíveis para serem baixados gratuitamente no site omelhordatelona.biz.
O modelo de televisão do Reino Unido é fortemente baseado em canais de TV públicos, com uma presença mais reduzida de canais privados pelo que notamos, ou seja, exatamente o oposto do Brasil, onde grupos privados televisivos (e na mídia em geral) tem uma força descomunal, defendendo frequentemente interesses particulares que muitas vezes são contrários aos da nossa nação; um destes grupos televisivos brasileiros (a Globo) forma um verdadeiro oligopólio e controla praticamente as informações que são veiculadas (de modo muitas vezes tendencioso) para ainda uma grande parte da população brasileira (apesar de que a internet vem fazendo gradualmente com que ela perca poder). Não dá para um grupo privado ter tanto poder assim nos “corações e mentes” dos brasileiros. Na Inglaterra (uma das democracias mais antigas existentes), existe toda uma legislação que regulamenta a mídia (inclusive garantindo direito de resposta efetivo em caso de calúnias veiculadas por órgãos de informação), mas toda vez que se tenta efetivar uma regulamentação da mídia tupiniquim exatamente como ocorre na Inglaterra, alguns “pitbulls” (pagos pelos donos destes meios de comunicação para defendê-los) vem com a lenga-lenga de que isto é uma tentativa de censurar e controlar os meios de comunicação. A Liberdade pressupõe a Responsabilidade! Com certeza para a cultura, a educação e mesmo o lazer saudável, o modelo inglês de televisão fortemente pública e regulamentada pelo estado, é muito mais adequado para a construção de um país melhor.
Perto de nosso hotel Britannia em Edimburgo, havia o chamado “Belford Hostel”, um albergue da juventude (ou hostel) que funciona no prédio de uma igreja que, portanto, já não é mais oficialmente uma “igreja” (vejam a foto abaixo).


 
Em Glasgow, já tínhamos visto um bar que também funcionava em uma igreja. Ambos ocupam igrejas antigas e arquitetonicamente belíssimas. Foi uma descoberta bastante interessante. 
Ouvimos também muito em todos os lugares a famosa gaita escocesa (com sua bela melodia), sobretudo tocando a famosa música "Scotland the brave", uma espécie de hino não-oficial da Escócia e que todo mundo já escutou alguma vez na vida. Uma versão bonita desta música está disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=PSH0eRKq1lE. Mas legal foi  ver esta música sendo tocada por uma banda de crianças!



 
O almoço mais comum no Reino Unido é o “fish and chips” (peixe frito a milanesa, acompanhado com batatas fritas), o que faz sentido para uma ilha. Mas o que mais observamos é o café da manhã que é quase um pequeno almoço (como falam os portugueses): é extremamente calórico e vem com ovos mexidos, bacon, linguiça, carne de porco, pão, manteiga, geleia e o café ou o chá. As duas principais redes de Supermercados no Reino Unido, pelo que vimos, são Tesco e Sainsbury`s, ambas espalhadas por todas as cidades e úteis para comprar coisas necessárias para o dia-a-dia da viagem, de forma a não estourar o orçamento.
Na TV observamos uma propaganda muito divertida no Reino Unido, sobre a importância do turismo. Era uma propaganda de cerca de um minuto que contava uma historinha (como se fosse uma lenda) e que tinha até nome: “Simon, o ogro”. Veja em: http://www.youtube.com/watch?v=kEEV2VN4UTs. Ela inicia mostrando o cotidiano de um ogro horrível (parecendo o corcunda de Notre Dame) na convivência familiar com sua bela esposa e com sua filhinha. Então eles decidem viajar de férias para uma linda praia tropical, como há aos montes no Brasil (o grande sonho de consumo dos europeus são as nossas praias). O ogro chega então todo desengonçado na praia e vai correndo de forma maio atrapalhada em direção ao mar; ele então pula e mergulha na água de modo desajeitado e ao tirar a cabeça da água, o seu rosto se transforma na face de um belo homem que é então abraçado pela esposa e pela filha em um final feliz. Moral da historia: boas férias com belas viagens podem transformar as pessoas! Durante a viagem, soubemos de uma pesquisa que foi feita com dezenas de milhares de pessoas (acho que 60 mil) no mundo todo sobre onde gostariam de viver se não fosse no próprio país: o Brasil foi um dos países mais escolhidos por cidadãos de todas as nacionalidades, até por argentinos! É claro que o Brasil tem muitas mazelas, mas muitas vezes viajando pelo exterior vemos que damos muito mais ênfase aos aspectos negativos do que aos aspectos positivos de nosso país, numa visão um pouco desequilibrada, que não é compartilhada por cidadãos de outras partes do mundo. Uma das razões em viajar está em poder perceber melhor onde se vive, o local onde estão as nossas raízes. Viajando pela Inglaterra, por exemplo vemos o quanto precisamos ainda nos desenvolver (não só economicamente, mas também socialmente, educacionalmente, culturalmente), mas viajando pela Índia, por exemplo, vemos o quanto já nos desenvolvemos! E mesmo ao viajar pela Inglaterra, vemos também que em algumas questões somos até privilegiados. Como dizia o Tom Jobim (estou trocando uma palavra de baixo calão): Morar no estrangeiro é muito bom, mas é uma droga, enquanto que morar no Brasil é uma droga, mas é muito bom! (e olha que ele disse isto há muito tempo, numa conjuntura de governo ditatorial, inflação altíssima, desemprego imenso e grande exclusão social).
Para irmos de Edimburgo (na ilha da Grã-Bretanha) para Belfast (na ilha da Irlanda) compramos um bilhete combinando ônibus/ferry boat/ônibus por 32 libras para cada um: bastante cômodo e adequado. A travessia pelo mar no imenso ferry boat (barco que transporta passageiros e veículos) foi tranquila e durou pouco mais de 2 horas. Este ferry boat tinha 10 andares e era imenso!

IRLANDA


Chegamos em Belfast no dia 4 de janeiro de 2014 (na ilha da Irlanda, mas capital da Irlanda do Norte ou Ulster, um dos quatro estados membros do Reino Unido, mas para muitos irlandeses um remanescente do passado colonial da Inglaterra em solo irlandês) e ficamos hospedados num hotel (o Etap) na frente de um grande cinema; portanto, aproveitamos e fomos ver o filme “The secret life of Walter Mitty” (A vida secreta de Walter Mitty); esta comédia do Ben Stiler conta a historia de um cara "cinzento", tímido e meio burocrático, um tipo que sempre se recusou a realizar seus desejos/sonhos e que ao ser confrontado com uma situação específica desestabilizadora, resolve mandar tudo para o espaço e passa a viver uma vida “secreta” cheia de aventuras; vale a pena assistir, até porque não é aquele tipo de comédia escrachada e voltado para um público mais adolescente típica deste ator. Vimos também no cinema o excelente filme “Mandela - Long walk to freedom” (Mandela – Uma longa caminhada até a liberdade), baseado no livro autobiográfico do próprio Mandela e que coincidentemente foi lançado no dia da morte do grande líder sul-africano no final de 2013; o filme conta a vida dele desde o momento em que tomou consciência política e se politizou nos anos 1940 até a sua eleição nos anos 1990 e a sua posse como o primeiro presidente negro da África do Sul; mas o foco maior é a sua prisão por 27 anos devido ao fato de ele fazer parte de um grupo armado contra o regime do apartheid.
A partir de Belfast fizemos um tour de um dia para conhecer o famoso "Giants causeway" (caminho ou ponte de gigantes) considerado patrimônio da humanidade, um fenômeno geológico fantástico localizado na costa do norte da ilha da Irlanda.


 
A maneira como se constituíram as pedras em forma de prismas hexagonais lembra muito as estruturas feitas pelas abelhas nas suas colmeias; estas rochas se formaram ha cerca de 62 milhões de anos!


 
São formações naturais interessantíssimas e que despertam o interesse de quem gosta de matemática!



 
Mas há uma lenda que diz que elas surgiram devido ao desentendimento entre dois gigantes, um que viviam na Irlanda e o outroque vivia na Escócia do outro lado do mar (daí o “giants” do seu nome). Para quem quiser saber mais, veja o excelente documentário "History of Mathematics" (da BBC) produzido pelo matemático inglês Marcus du Sautoy (os quatro episódios estão disponíveis legendados para serem baixados gratuitamente no excelente site http://entendaumpouco.blogspot.com.br/2010/04/bbc-historia-da-matematica.html), autor do livro de divulgação científica “A música dos números primos”. No caminho paramos em uma parte da costa cheia de escarpas, penhascos e precipícios, incluindo um belo arco-íris ao fundo.


 
Chovia e ventava muito e nos passamos pela aventura (em Carrick-a-Rede) de atravessar uma ponte de corda (“rope bridge”) que balançava muito sobre o mar agitado uns 20 metros lá embaixo...


 
O passeio foi todo pela estrada costeira “Antrim”, cheia de belas paisagens e cenários naturais. Visitamos também uma antiga destilaria de uísque, a Bushmills Destilary; descobrimos que há uma rivalidade entre escoceses e irlandeses no que diz respeito à produção do melhor uísque, mas como não gostamos muito de uísque não procuramos solucionar esta questão na prática.


 
Na borda de um penhasco a beira mar, avistamos também as ruínas de um outro castelo medieval em que uma parte ruiu e caiu lá de cima dentro do mar: é o Dunluce Castle. Na volta tomamos uma cerveja Guinness deliciosa (escura e forte) para relaxar do longo passeio.
Alias, é impressionante como durante as chuvas fortes que caíram nos últimos dias, ocorreram enchentes com cenas dramáticas (transmitidas pela televisão) pelo Reino Unido inteiro, atingindo ruas, casas, o comércio e serviços públicos (veja a cena de uma destas enchentes abaixo).


 
Enchentes não ocorrem somente no Brasil! De qualquer forma, seja aqui no Brasil ou em qualquer parte do mundo, os governos devem planejar ações (e aprimorá-las anos a ano) para minorar ao máximo as consequências e os danos provocados por enchentes.
O novo Museu do Ulster (nome dado para a Irlanda do Norte) é amplo e completo, além de gratuito: tem salas sobre história natural, uma exposição sobre os problemas políticos na região nas décadas de 1970 e 1980, anos conhecidos como "troubles" ou problemáticos, uma referência aos conflitos entre católicos/republicanos e protestantes/monarquistas e também uma luta pelos irlandeses contra o domínio colonial da Inglaterra sobre uma parte da ilha da Irlanda.


 
Estas lutas encabeçadas, sobretudo pelo IRA (sigla em inglês do grupo denominado Exército Republicano Irlandês – “Irish Republican Army”), culminaram com a célebre greve de fome de Bobby Sands e de outros militantes que lutavam contra o domínio colonial inglês na Irlanda do Norte e que estavam nas prisões; ela levou à morte de uma dezena deles: um filme bom, forte e contundente sobre este tema é "Hunger" ou "Fome". Mas quem quiser assistir um filme realmente emocionante sobre o assunto, assista "Em nome do pai", filme com o ator Daniel Day-Lewis e que eu assisti há muito tempo no cinema juntamente com minha mãe! Mas hoje os conflitos refluíram. Na Irlanda do Norte, há cerca de uma década, vigora a paz que foi assinada pelas diversas partes em conflito, sobretudo o IRA e o governo do Reino Unido.
A parte de história natural do Museu do Ulster também tinha salas sobre dinossauros!


 
Aliás, foi muito divertido ver como as crianças prestavam muita atenção e se fascinavam com o que viam ao redor: elas ficavam simplesmente encantadas com estes répteis gigantes!


 
Na mesma região deste que é o maior museu de Belfast estão os prédios belíssimos da Queen`s University, a mais importante universidade da Irlanda do Norte.


 
Um passeio a pé muito legal de ser feito é caminhar pela Falls Road na região dos murais com belos grafites políticos.


 
Se destacavam, sobretudo, aqueles ligados à luta dos republicanos e do IRA, grupo que era considerado por uns como sendo a vanguarda da luta contra o colonialismo inglês na Irlanda, enquanto que para outros este era um grupo terrorista! Em um dos murais, por exemplo, aparece uma referência às manifestações contra a ocupação britânica na Irlanda do Norte em 1970 com a frase “Oppression breeds resistance – Resistance brings freedom” (A opressão gera a resistência – A resistência traz a liberdade).


 
O Mandela também era considerado um terrorista pelo governo racista da África do Sul na época do apartheid, assim como a Arafat (liderança importante dos palestinos) foi considerado um terrorista pelo governo Israelense no século XX. A propósito, é impressionante como há sites e grupos conservadores no Brasil que ainda chamam a presidente Dilma de terrorista pelo fato de ela ter participado da luta armada contra o regime militar! Pode-se perceber que pelo menos ela está em boa companhia!
Em um dos murais, estava escrita uma referência às mudanças climáticas pelas quais o planeta está passando devido ao denominado efeito estufa: “Climate change affects everyone... but not equally” (Mudanças climáticas afetam a todos ... mas não de modo igual”, com um desenho mostrando como os países em desenvolvimento vão sofrer muito mais com as suas consequências!


 
Tiramos várias fotos de murais interessantíssimos ligados a muitas lutas de libertação pelo mundo afora (desde a questão dos palestinos até a prisão do Mandela) no chamado Muro da Solidariedade. Um dos murais por exemplo fazia referência aos milhares de prisioneiros políticos palestinos em prisões israelenses.


 
Um mural fazia uma referência à vida do Mandela: “In my country we go to prison first and then become president” (Em meu país nós vamos para a prisão primeiro e só então nos tornamos presidente)


 
Outro belo mural colocava uma frase dos ex-presidente argentino Salvador Allende, deposto por um dos golpes militares mais violentos de toda a América Latina: “La historia es nuestra y La hacen los pueblos” (A história é nossa e quem a faz são os povos). Esta foi uma parte do seu último discurso transmitido pelo rádio antes de morrer no dia do golpe militar encabeçado pelo Pinochet.


 
Um outro mural fazia referência aos irlandeses que foram lutar contra o fascismo nas brigadas internacionais durante a guerra civil espanhola entre 1936-1939.


 
Há murais espalhados por outras regiões da cidade, como este abaixo que mistura grafite e escultura de modo muito criativo. 



Mas há também murais com outros temas, como por exemplo, um mural científico que pergunta: "How can quantum gravity help explain the origin of the universe?" (Ou seja: “Como a gravidade quântica pode ajudar a explicar a origem do universo?”).
Recentemente em Belfast foi inaugurado na região do porto (que está sendo reurbanizada) um grande museu tendo como tema o Titanic (e também a forma dele), barco que foi construído nos estaleiros da cidade de Belfast que eram famosos no começo do século XX (o local chama-se "Titanic Belfast"). Belfast é uma cidade conhecida historicamente pelo seu porto e estaleiros, uma cidade de trabalhadores portuários e estivadores. Belfast teve também uma grande importância na segunda guerra mundial pela produção de navios, pelo fato ter sido uma cidade chave para receber soldados norte-americanos antes de eles serem enviados para a Europa continental e finalmente por ter sido fortemente bombardeada pela aviação nazista.


 
Fizemos também um passeio gratuito pelo interior do belo prédio do City Hall (prefeitura) da cidade de Belfast onde vestimos inclusive os robes usados pelos representantes eleitos pelos cidadãos.


 
Quando estávamos em Belfast, soubemos pela televisão que o governo conservador britânico do primeiro ministro David Cameron começou mal (em nossa opinião) o ano de 2014, propondo um corte de gastos governamentais de 25 bilhões de libras, sobretudo em benefícios sociais aos mais pobres, seguindo o receituário neoliberal de austeridade nas contas públicas que na prática sempre significa uma aperto nas condições de vida dos mais pobres, como ocorria no Brasil frequentemente nos anos 90 para quem tem um pouco de memória histórica. Como são os mais pobres que dependem mais das ações governamentais (educação pública, saúde pública, assistência social, previdência pública, etc) “corte nos gastos dos governos” quase sempre significa piora nas condições de vida dos setores mais pobres da população. Muitas vezes quando a mídia informa que um determinado governo vai cortar os seus gastos nãos é informado que isto significa cortar gastos com serviços públicos, como educação, saúde e assistência social (se passa a ideia que vai se cortar os gastos com salários de políticos, por exemplo), de modo que a maioria dos prejudicados (os mais pobres) são levados a pensar que se trata de uma “boa” medida e que atende aos seus interesses quando na verdade eles vão ser brutalmente prejudicados por estas medidas! Um artigo recente apresenta dados segundo os quais há cerca de 13 milhões de pessoas na pobreza no Reino Unido e que tem que utilizado cada vez mais dos 400 “bancos de alimentos” espalhados pelo país para obter a comida que é distribuída, mas se calcula que sejam necessários mais 300 destes bancos de alimentos, pelo menos; a procura por estes bancos de distribuição de alimentos triplicou desde 2011. A ajuda governamental aos mais pobres (uma espécie de bolsa família de lá) vem caindo e muitos não têm como ligar a calefação no inverno que é congelante! Para quem quiser saber mais, leia o artigo no link:
Os hotéis em que ficamos hospedados nesta viagem foram bastante razoáveis: Easyhotel de Paddington (em Londres), Glasgow House (em Glasgow), Britannia (em Edimburgo), Etap (em Belfast) e Anchor Guesthouse (em Dublin). Reservamos o primeiro deles, o Easyhotel de Londres, antes de sairmos do Brasil (este foi o hotel com o menor quarto que já pegamos e olha que escolhemos o “standard room” e não o “small room” que nem imaginamos como consegue ser ainda menor!). Como não sabíamos quanto tempo ficaríamos em cada cidade, íamos reservando o hotel da cidade seguinte, à medida que decidíamos quantos dias ficaríamos na cidade em que estávamos! Deu tudo certo, mas não sei se daria tão certo assim na alta temporada (férias de verão do hemisfério norte, ou seja, junho/julho/agosto). O melhor lugar para reservar hotéis em nossa opinião é o site booking.com: dá para ver notas e comentários honestos de outros hóspedes, ver a localização no mapa incluindo a melhor forma de chegar no hotel por meio de transporte público e conta com a possibilidade de aplicar filtros, como por exemplo apresentar os hotéis da cidade em ordem de preços crescentes para um casal de hóspedes. O site tripadvisor.com também é uma excelente fonte para pesquisar a respeito das principais atrações de cada cidade e sobre as opiniões, comentários e notas dos usuários sobre hotéis (de modo análogo ao excelente site imdb.com no que diz respeito a filmes). E continuamos usando os guias “Lonely Planet” (em inglês, pois não tivemos sorte com alguns traduzidos para o português que usamos) em nossas viagens.
De ônibus, a viagem entre Belfast e Dublin é rápida, cerca de 2,5 horas, e custa 13 libras por pessoa. Passamos pela fronteira ente os dois países (Reino Unido e Irlanda) sem o ônibus ao menos parar, pois ambas as nações pertencem à União Europeia, apesar de o Reino Unido não usar o euro como moeda como já dissemos – ao contrario da Irlanda – pois não está na chamada zona do euro.
Na Irlanda muito poucos falam o irlandês, um idioma que como o escocês é considerado gaélico e tem origens ancestrais ligadas aos celtas que aqui habitaram há milênios. Mas a TV da Irlanda tenta preservar culturalmente a existência do irlandês como idioma, com programas e canais falados nesta língua. Muitas das placas de sinalização no país, também estão escritas nos dois idiomas, o inglês e o irlandês.


 
Mas a língua irlandesa na verdade tem alguma significância apenas em algumas poucas regiões rurais do país. Entretanto desde a independência da Irlanda nos anos 1920, existe uma política de valorização do irlandês, língua que as crianças aprendem na escola e que para muitos acaba sendo um segundo idioma, pois a língua falada por quase todos é definitivamente o inglês.
Pelo que percebemos a TV na Irlanda tem uma forte presença de canais públicos, seguindo o modelo britânico e em oposição ao que ocorre no Brasil. Esperamos que a TV pública criada pelo governo federal brasileiro em 2007 (TV Brasil) e que pertence à EBC (Empresa Brasil de Comunicação), cresça, melhore em qualidade e aumente de influência, de modo a servir ao país em termos de cultura, educação, ciência e arte, como ocorre, por exemplo, com a BBC no Reino Unido.
Em Dublin (a capital da Irlanda), o primeiro lugar que fomos conhecer foi o belo Trinity College (a famosa Universidade de Dublin). Visitamos vários dos seus prédios, mas o ponto alto foi entrar na sua famosa “old library” (velha biblioteca), uma coisa simplesmente maravilhosa: a sua "long room" tem 65 metros com estantes com livros e bustos de grandes personalidades da história em ambos os lados!


 
Nesta biblioteca está exposto o famoso Book of Kells, na verdade quatro livros correspondendo aos quatro evangelhos e que foram escritos (copiados) de modo magnificamente decorado por monges de mosteiros da Irlanda por volta do ano 800. Ha também no Trinity College uma pequena Galeria de Ciência, onde alunos entusiasmados estavam apresentando diversos experimentos científicos que inclusive foram intensamente divulgados pela TV Irlandesa como tivemos a oportunidade de assistir antes de visitar esta Galeria. Finalmente, nos jardins desta universidade está exposta uma interessante escultura dourada denominada “Sphere within a sphere” (Esfera dentro de uma esfera).


 
O Museu Nacional da Irlanda também é uma beleza e é também gratuito. Na verdade ele corresponde a quatro museus “filiais” cada um sobre um assunto diferente e em diversos prédios em locais diferentes da cidade de Dublin. O principal é o museu de arqueologia que tem uma exposição ampla sobre a pré-história da Irlanda, a época em que os celtas dominaram a ilha e as invasões de vikings e de ingleses na idade média. Outras instituições interessantes de serem conhecidas em Dublin são a Biblioteca Nacional (que tinha uma exposição muito boa sobre o poeta irlandês Yeats), o prédio do Banco da Irlanda (ao lado do Trinity College) e a Galeria Nacional com belos quadros de Caravaggio, Picasso e Rembrandt.


 
Chove quase todo dia durante esta nossa viagem em dezembro e em janeiro, nas ilhas da Grã-Bretanha e da Irlanda (uma combinação de chuva com muito frio), às vezes uns chuviscos com fortes ventos que incomodavam; por isso a dica é levar blusa impermeável ou capa e guardas-chuvas que vão gradualmente estragando devido à força dos ventos.
Uma dica mais geral, para os viajantes de primeira viagem. Para planejar uma boa viagem que possa permitir conhecer minimamente uma certa região do planeta, deve-se levar em conta a quantidade de tempo que se tem disponível para a viagem que obviamente é um fator que deve ser ponderado de modo crucial. A primeira coisa a fazer então é escolher o ponto de partida (a cidade onde se chega a partir do Brasil de avião, por exemplo) e a cidade que será o ponto final da viagem (a partir da qual se voltará para o Brasil); o percurso entre estas duas cidades durante a viagem pode ser feito com vários tipos de meios de transporte (ônibus, trem, carro, barco, avião, etc) e deve ser muito bem planejado com extensas pesquisas a internet e a guias de viagens. Nesta nossa viagem, escolhemos Londres (no sul da ilha da Grã-Bretanha) como ponto de partida e Dublin (no sudeste da ilha da Irlanda) como ponto de retorno para o Brasil. Desta forma, durante a viagem, a partir de Londres fomos de trem para o norte, ou seja, para a Escócia (Glasgow e Edimburgo). Da Escócia atravessamos o estreito de mar de Ferryboat até Belfast na Irlanda do Norte e de Belfast fomos para o sul de ônibus até Dublin. Tempo total de viagem: 3 semanas. Razoável para os nossos objetivos!
É importante contar um pouco sobre a história da Irlanda. Os celtas chegaram na ilha em levas por séculos muito antes de Cristo. O cristianismo foi introduzido na ilha nos anos 400 e a figura que se sobressai nesta tarefa foi a de São Patrício, o padroeiro da Irlanda. Por isso a comemoração do chamado dia de São Patrício (Saint Patrick’s Day) em 17 de março costuma congregar as comunidades de emigrantes irlandeses espalhados pelo mundo todo. Na primeira metade da Idade Média ocorreram as invasões de vikings, sobretudo interessados em saquear as riquezas dos monastérios da Irlanda. Após sucessivas ondas de pilhagens, estupros e retiradas, eles acabaram por se estabelecerem na ilha se miscigenando com os povos locais, como ocorreu de certo modo com os portugueses no Brasil: os cabelos ruivos e as sardas de muitos irlandeses têm esta origem. Finalmente vieram os ingleses, a partir do século XII, que invadiram e ficaram como senhores colonizadores da ilha por cerca de oito séculos, exercendo o domínio com mão de ferro e muita brutalidade. A Inglaterra continua tendo muita influência na Irlanda, como ocorre em outras das suas ex-colônias. É um pouco uma relação de amor e de ódio, pois apesar de os ingleses parecerem atualmente bem gentis, polidos e "bonzinhos", eles foram extremamente violentos e cruéis no domínio que exerceram sobre suas colônias, como de fato ocorre com toda potência imperial.
A Irlanda sempre foi conhecida pela sua pobreza que levou a muitas ondas de imigração, sobretudo para os EUA, de modo a fugir da miséria - muitos dos passageiros pobres da segunda classe do navio Titanic (que partiu de Belfast), como era o caso do personagem de Leonardo diCaprio no famoso filme homônimo, estavam nesta condição. Diversos casos de fome extrema ocorreram ao longo da história e o uso da batata foi uma das formas de combatê-la. O caso mais extremo foi a grande fome que ocorreu entre 1845 e 1851 que resultou de uma doença infecciosa que atingiu as plantações de batatas: como resultado 3 milhões de irlandeses morreram ou tiveram que emigrar, sobretudo para os EUA! Como resultado se calcula que hoje cerca de 40 milhões de norte-americanos sejam descendentes de irlandeses. Mas de modo vergonhoso, a produção de alimentos da Irlanda nesta época (excetuando-se a batata) era suficiente para alimentar todos os irlandeses, mas a Irlanda era forçada a exportar muitos dos seus produtos agrícolas e pecuários (inclusive carne) para a Inglaterra e outros países! Para se ter uma ideia, a população da ilha que chegou a ser de 8 milhões de habitantes em 1840 se reduziu à metade (4 milhões) no momento da independência na década de 1920. Hoje a população da República da Irlanda é de cerca de 4 milhões de habitantes (aproximadamente a da zona leste da cidade de São Paulo) e a da Irlanda do Norte é de cerca de 2 milhões de habitantes, com um total de cerca de 6 milhões da habitantes na ilha da Irlanda inteira.
No século XIX e início do século XX ocorreram na Irlanda várias rebeliões contra o domínio britânico. A maior rebelião ocorreu na páscoa de 1916; os ingleses executaram 15 lideres deste levante o que acirrou os ânimos e colocou a população maciçamente a favor dos revolucionários que reivindicavam a independência da Irlanda. Em 1922, após uma brava luta, foi assinado um acordo entre as lideranças revolucionárias irlandesas e o governo do Reino Unido e se conseguiu finalmente um estado irlandês independente, mas não controlando toda a ilha da Irlanda, pois os 6 condados da província do Ulster (Irlanda do Norte) que atualmente compõe cerca de um terço da população da ilha continuaram sob domínio britânico. Isto causou uma divisão entre os revolucionários que provocou uma guerra civil terrível, no ano seguinte da independência, entre aqueles que achavam que este acordo com os britânicos era o possível de ser feito na ocasião e aqueles que achavam que este acordo com o Reino Unido na prática abria mão do Ulster (Irlanda do Norte) e era uma traição a causa da independência total da ilha. Quem quiser assistir a um bom filme sobre estes anos da luta pela independência da Irlanda, veja o filme "Michael Collins" sobre um dos mais conhecidos revolucionários irlandeses deste período. A Irlanda é uma república (ao contrário do Reino Unido que é uma monarquia) de maioria católica (ao contrário do Reino Unido que tem maioria protestante). Estas são duas das características que marcam o estado irlandês em oposição ao colonizador britânico: ser uma república e ser de maioria católica. Muitas vezes parece que os conflitos na Irlanda do Norte foram apenas religiosos (católicos contra protestantes), mas na verdade eles tinham um caráter social que é mais importante, pois os católicos na Irlanda do Norte estavam, sobretudo nas classes mais empobrecidas e eram muitas vezes desconsiderados nas políticas públicas, sendo vistos até com preconceito por parte daqueles que detinham e ainda detêm o poder no Ulster. Havia, como argumentam muitos, uma espécie de “apartheid” com a discriminação contra católicos na Irlanda do Norte.
Com a sua entrada na União Europeia em 1972 e com a posterior adoção do euro, a Irlanda se desenvolveu bastante combinando crescimento econômico e distribuição de renda: é fundamental crescer para ter condições políticas para distribuir renda de modo a não exacerbar ressentimentos por parte, sobretudo, de setores de classe média, mas nem sempre a distribuição da renda acompanha o crescimento econômico, como pode ser exemplificado pelo Brasil do milagre econômico, durante a ditadura militar: nos anos 70 o Brasil crescia, mas a desigualdade aumentava, ao contrário do que vem acontecendo na última década no Brasil (o Brasil vem crescendo e a desigualdade vem diminuindo), é importante sempre relembrar! A entrada da Irlanda na União Europeia nos anos 70 foi, portanto, o começo do processo de superação da condição de miséria na ilha em um processo de erradicação da pobreza extrema análogo ao que vem passando o Brasil na última década. Talvez seja por isso que nos países periféricos da Europa (incluindo Portugal e Grécia), mesmo com toda a austeridade terrível que foi implantada pelos seus governos após 2008 (atingindo brutalmente as condições de vida dos setores mais empobrecidos), tenha sido impraticável convencer a maioria dos eleitores de que uma solução viável da crise seria sair da zona do euro: para estes países, entrar na União Europeia e posteriormente na Zona do Euro significou no passado um enriquecimento muito intenso destes países por vários anos e muitos têm um receio muito grande de que abrir mão do euro como moeda possa significar um retrocesso, mesmo que a manutenção desta mesma moeda esteja tendo um custo social brutal (estou tentando fazer uma análise fria dos acontecimentos). É um dilema para as populações destes países, pois eles se opõem as políticas de arrocho impostas pela União Europeia (sobretudo pela Alemanha que é quem tem mais poder), mas também não querem abrir mão do euro ou de estar na União Europeia. É como querer ficar casado e solteiro ao mesmo tempo, “guardadas as devidas proporções”! Mesmo assim a crise dos anos 80 que atingiu os países em desenvolvimento levou a novas ondas de emigração para fora da Irlanda. Mas os anos 1990 e parte dos anos 2000 ficaram conhecidos como os anos do dragão celta (em analogia aos dragões asiáticos, como a Coreia do Sul, por exemplo), como a República da Irlanda era conhecida devido às suas taxas consideráveis de crescimento econômico. Muitas empresas estrangeiras se estabeleceram no país e houve uma valorização muito grande de setores ligados à tecnologia da informação. Na cidade de Galway, por exemplo, no oeste da ilha, conhecemos um Instituto de Tecnologia local que procura funcionar nos moldes do MIT ou do Caltech e que parece ser um dos orgulhos educacionais do país. Não é por acaso que há muitos universitários brasileiros do programa Ciência sem Fronteiras estudando em universidades irlandesas. A crise econômica que ocorreu em 2008 com a falência de bancos foi precedida pela crise na Irlanda, ainda em 2007. A Irlanda foi o primeiro pais europeu a entrar em recessão, juntamente com a Islândia, nesta crise econômica colossal que somente tem paralelo com a crise de 1929; entretanto, já no ano de 2013 a Irlanda parece ter sido o primeiro dos países em crise a sair da recessão, ao contrário da Grécia, por exemplo.
A Irlanda é um país de grandes escritores (apesar de sua reduzida população) como, por exemplo, Yeats (A torre), James Joyce (Ulysses), Bernard Shaw (Pigmalião), Becket (Procurando Godot), Swift (As viagens de Gulliver) e Oscar Wilde (O retrato de Dorian Gray), apenas para citar alguns dos mais conhecidos! Perto de onde estávamos hospedados havia uma estátua do James Joyce de chapéu!


 
A maior beleza natural da Irlanda fica no oeste da ilha, na costa do oceano Atlântico. São os precipícios ou “cliffs” (uma espécie de falésias altíssimas) de Moher, penhascos que chegam a ter 200 metros de altura e que desafiam, como uma barreira, as ondas do oceano na eterna luta entre o rochedo e o mar. Fizemos, a partir de Dublin, um passeio de um dia para vê-los. Num certo momento passou a chover frio, mas o vento era tão forte que tinha chuva que vinha de baixo! Era a água do oceano que era levada pelo vento lá de baixo para cima do penhasco e atingia os pontos de visitação em que estávamos! Não havia guarda-chuva que ajudasse...


 
No caminho para estes cliffs, paramos em um sítio arqueológico no qual em tempos imemoriais se enterravam seres humanos e que conta com uma estrutura em pedras verticais sustentando uma grande pedra horizontal. Este monumento ancestral, uma espécie de antigo túmulo, é conhecido como Poulnabrone Dolmen (ou também como "Portal Tomb") e tem mais de 5 mil anos pela datação de radiocarbono dos 16 corpos encontrados enterrados ali.


 
Nos trams (bondes) de Dublin (que em alguns trajetos substituem convenientemente os ônibus), a tarifa para uma viagem é de 2,10 euros, ou seja, de cerca de 7 reais. Novamente é bem mais caro que, por exemplo, o metrô de São Paulo (3 reais). Agora, para ser justo na comparação há grandes cidades como Buenos Aires, em que, pelo menos na última vez que lá estivemos, a tarifa de metrô custava menos de 1 real, (após ser feita a conversão de moedas), ou seja, bem mais barato que no Brasil (é importante sempre salientar que esta conversão não é algo simples, pois pressupõe fatores numéricos de conversão que no caso do euro, da libra e mesmo do real são razoavelmente bem definidos, mas que no caso de certas moedas, como o peso argentino, por diversos motivos, os fatores de conversão não são tão bem definidos matematicamente assim).
A Irlanda é conhecida como um dos países mais intensamente católicos da Europa juntamente com a Espanha e a Polônia, mas a influência do catolicismo vem perdendo importância nas últimas décadas: muitos jovens se contrapõem intensamente às orientações da igreja católica em assuntos como aborto, homossexualidade, divórcio e métodos de contracepção. Nós estivemos presentes em algumas missas católicas quando visitávamos as belas igrejas e catedrais do país e é impressionante como quase não vimos nenhum jovem presente. Será que o novo papa Francisco vai reverter este processo? Talvez ele tenha sido escolhido justamente para esta missão... O quanto ele vai querer (ou poder) avançar neste processo, ainda está em aberto. Mas as suas declarações nos levam a ter uma simpatia por ele, independentemente da religião professada. Foi assim com a declaração dele de que não se ofendia com a acusação de ser marxista, pois apesar de não sê-lo, tinha conhecido muitos marxistas que eram pessoas boas! Ou mesmo a sua declaração afirmando que se uma pessoa era gay, quem era ele para julgá-la! Ele com certeza conquistou mentes, corações e espíritos de muitos cristãos e mesmo não-cristãos, pelo menos no campo das intenções, mas talvez isto não seja de muita valia dentro da luta política interna da igreja católica!
Um dos passeios mais populares de Dublin é ir no "Museu" da Cervejaria Guinness. Aprendemos um pouco sobre como com quatro ingredientes básicos – cevada (malte), lúpulo, levedura (fermento) e água – e algumas receitas meio secretas é possível fazer esta deliciosa cerveja forte, encorpada, escura e cremosa.


 
No final, o ingresso ao museu (que obviamente não era gratuito) dava o direito de cada um degustar um "pint" (copo grande) da Ginness, uma cerveja que tem cerca de dois séculos e meio de história.


 
A propósito, o famoso teste estatístico chamado de “t de student” (quem foi meu aluno de estatística sabe disso...) foi criado em 1908 pelo químico William Gosset que trabalhava justamente na cervejaria Guinness de Dublin e desejava monitorar a qualidade da cerveja produzida. Ele foi forçado a publicar sua pesquisa utilizando o pseudônimo “student” por questões relacionadas ao segredo industrial da descoberta. Por isso é tão importante ter universidades e instituições públicas fazendo pesquisas científicas e mesmo tecnológicas e que tornem públicas as suas descobertas, já que elas foram financiadas com dinheiro público; nas instituições privadas (indústrias, por exemplo), quando fazem algumas descobertas, estas não são tornadas públicas em detalhes por razões de segredo comercial e de direitos de patente que são importantes e têm que ser considerados, mas que também têm que ser relativizados, pois muitas vezes se tornam um obstáculo ao desenvolvimento tecnológico e científico. O direito de patente não pode ser absoluto, como mostra a necessária quebra de patentes de remédios contra a AIDS por países africanos e inclusive pelo Brasil!
Dublin é cheia de belas catedrais e igrejas (como a Catedral de St. Patrick e a Catedral Christ Chuch) devido à importância do catolicismo na sua história.
Para passear em Dublin num dia ensolarado (como foi do começo ao fim, finalmente, o último dia de nossa viagem), há no centro da cidade a bela praça Merrion que tem uma estátua divertida do Oscar Wilde em um tom bem debochado, típico da sua personalidade.


 
Há também o St. Stephen`s Green, um parque central em Dublin com belos cisnes na beira de seu lago.
Numa rua para pedestres no nosso último dia em Dublin, vimos uma “figuraça”: um senhor com roupas místicas e "boiando" no ar a mais de meio metro do chão, sentado na posição oriental de lótus! É impressionante como este homem flutuando no ar atraia a atenção das pessoas (inclusive a nossa)!


 
A mágica é muito sedutora e pode ser também usada para atrair jovens para se interessarem por assuntos científicos. Na verdade, o truque é que ele estava usando a chamada levitação magnética explicada pela física (pela teoria do eletromagnetismo) e que inclusive é utilizada por muitos trens de alta velocidade. A bateria de carro (que deveria estar alimentando um eletroímã debaixo de uma espécie de tapete verde no chão), um pouco atrás dele deixava isto claro; ele deveria ter outro imã possivelmente por dentro das suas calças folgadas de místico oriental, abaixo dos quadris e das coxas. Como o equilíbrio é instável, ele usa a bengala para não sair da posição de equilíbrio (a bengala não é usada para ele se sustentar como é possível observar nitidamente pela foto). E ele ganhou muitas moedas de gorjeta (“tip” em inglês), pelo que percebemos. Após eu tirar uma foto ao lado daquela figuraça e dar a minha moedinha (é claro!), ele me deu um papelzinho onde estava escrito: “Smile, be happy” (Sorria, seja feliz). Gostei e me diverti! Em nossas viagens, já vimos muita gente nas ruas ganhando dinheiro com arte (tocando música, pintando quadros, etc), mas nunca tínhamos visto antes alguém nas ruas ganhando dinheiro com ciência. Achamos muito legal, obviamente!


 
A roupa que ele usava lembrava as roupas laranjas que os monges budistas usam!




Realmente ele chamava muito a atenção: não é toda hora que se vê um homem flutuando no meio da rua! Segundo o grande escritor de ficção-científica Arthur C. Clarke: "Qualquer tecnologia suficientemente avançada é indistinguível da magia". Parece que sim, não é mesmo!!!





Os sindicatos e as lutas dos trabalhadores tiveram um papel importantíssimo na história da Irlanda e da superação da sua pobreza. O movimento grevista de 1913 liderado pelo sindicalista Larkin e que afetou milhares de trabalhadores por vários meses foi um dos mais importantes momentos da história da cidade e teve uma oposição ferrenha de um grande industrial (Murphy) que controlava os três maiores jornais da cidade e que utilizou-os para tentar quebrar a espinha do movimento. Há até uma estátua em homenagem a este importante líder trabalhista, em Dublin.


 
No centro de Dublin, um prédio inteiro apresenta um grande grafite fazendo referência a estas lutas.


 
Do outro lado deste prédio a referência é sobre a importância da solidariedade no mundo.


 
Em um dos nossos momentos mais bacanas na “noite” de Dublin, fomos jantar e ver um show de música e dança irlandesa (com o seu típico sapateado), uma tradição cultural belíssima da Irlanda - o espetáculo "Celtic Nights" ocorre todas as noites no restaurante do hotel Arlington e apesar de ser meio “turístico”, vale muito a pena!


 
Na noite seguinte, fomos conhecer o IFI (“Irish Film Institute” ou Instituto Irlandês de Cinema) um templo para os cinéfilos daqui. Lá assistimos “12 years a slave” (12 anos de escravidão), um filme baseado em uma historia real incrível sobre um homem negro livre e músico que tocava violino, que vivia com sua família (esposa e filhos) em Nova Iorque e que em 1841 foi sequestrado (após um "boa noite cinderela" da época) e vendido como escravo para um fazendeiro do sul escravagista dos EUA onde padeceu de todo tipo de sofrimento por 12 anos. O filme mostra como a escravidão foi algo brutal e violento e como de certa forma países com os EUA e o Brasil que tiveram um passado de séculos de escravidão têm uma dívida para com a sua população negra! Este filme está concorrendo ao Oscar: tomara que ganhe! A propósito, para quem quiser saber, este filme já está a disposição para ser baixado também no excelente site omelhordatelona.biz.
Para quem gosta de livros a melhor coisa a se fazer é conhecer a Biblioteca Chester Beatty (que fica ao lado do Castelo de Dublin); esta "Library" é na verdade um museu dedicado a história da escrita, dos livros e das religiões. Simplesmente imperdível (além de gratuito)!


 
Dublin tem também um grande Museu de Historia Natural, mas que não dá acesso a todo seu espaço por falta de funcionários (novamente, devido aos cortes de gastos). Nele, o rinoceronte empalhado teve retirado o seu chifre (pela direção do museu que se desculpa disso em um comunicado e que informa que vai colocar um chifre artificial em breve na posição em que estava o chifre natural do rinoceronte empalhado), pois houve tentativas de roubo deste chifre, para ser vendido para alguns “ignorantes” (desculpe a agressividade do termo) que acham que o seu material tem propriedades terapêuticas e/ou afrodisíacas (ainda não sabem que foi inventado o Viagra...).


 
Se tentam fazer isto em um museu importante em plena Europa, imagine o que caçadores armados não fazem com estes rinocerontes no meio da África. É por isso que rinocerontes estão ameaçados de extinção (sobretudo o chamado rinoceronte preto). Uma das maiores emoções de uma viagem que fizemos pela África foi ver uma mãe rinoceronte caminhando pela savana ao lado do seu filhote de forma a protegê-lo. É um animal belíssimo e, por incrível que pareça, muito elegante. Realmente tem gente que não consegue estabelecer uma compreensão mínima e razoável do mundo. Mal comparando, é o caso daqueles que acham que ao fazer campanha contra a realização da Copa no Brasil estão ajudando o nosso pais: para ficar bem claro, a nossa opinião é que quem sabota a Copa está na verdade sabotando o Brasil. Em outras palavras é um verdadeiro coxinha que vai com, a manada dos “fakeburros” da vida. Mas felizmente nem todos que usam as redes sociais são coxinhas como estes! Ainda bem!
Mas uma das melhores coisas em viajar é voltar para o nosso querido Brasil, sendo recebido por uma festa de lambidas, latidos e gemidos por parte das nossas duas cachorrinhas vira-latas, a Laila e a Vênus.


 
Ser recebido com todo este carinho pelas nossas companheiras caninas realmente não tem preço!


É só alegria!







ESPANHA - ANDALUZIA

Finalzinho de 2012: vindos do Marrocos, atravessamos o estreito de Gibraltar para passar os últimos dias do ano na Andaluzia, a região sul da Espanha que apresenta marcantes características de influência árabe, devido aos séculos em que os muçulmanos ocuparam-na durante a idade média. Como esta ocupação incluiu também Portugal, nós brasileiros apresentamos muita influência da cultura árabe, mesmo não nos dando conta disto! O governador muçulmano de Tanger (atual Marrocos) chegou e ocupou Gibraltar em 711 d.C. e os árabes ocuparam praticamente toda a península ibérica (Espanha+Portugal), continuando a sua expansão até 732 quando foram impedidos de avançar pelo resto da Europa pelos francos. O sul da península ibérica foi denominado pelos árabes de Al-Andalus, origem do termo Andaluzia! Uma das teorias para o surgimento desta denominação é que ela significaria “terra dos vândalos (bárbaros)”, mas há controvérsias. O fato é que durante quase 800 anos de ocupação, na península ibérica conviveram e coexistiram de modo razoavelmente harmônico as três culturas: muçulmanos, judeus e cristãos. Foi exatamente em 1492 (ano também do descobrimento da América) que caiu o emirado de Granada, o último bastião muçulmano na península ibérica. A partir daí, tanto muçulmanos quanto judeus foram perseguidos e expulsos da região pelos reis católicos Fernando e Isabel. Hoje associamos o islamismo ao fundamentalismo religioso, mas é sempre bom ter conhecimento de que no passado um fundamentalismo religioso muito cruel esteve sob responsabilidade cristã: é só lembrar da inquisição e das suas práticas usuais de tortura. Fundamentalismo não é monopólio de nenhuma denominação religiosa!

Bom, a partir de Tangier (ou Tanger), atravessamos o estreito de Gibraltar em um confortável Ferry Boat que estava vazio, sobretudo devido ao inverno.


  
Atracamos na cidade de Algéciras, em pleno continente europeu.


 
Imediatamente pegamos um ônibus para a cidade de Granada. No caminho passamos por Málaga; todo o caminho da estrada que vai parcialmente pelo litoral é belíssimo e vale o passeio! Chegando em Granada, nos hospedamos numa pousadinha surpreendentemente bem decorada: o Hostal Lima, perto da Catedral.


  
Tinha até armaduras medievais na sala onde era servido o café da manhã!

  
Fomos então na manhã seguinte conhecer a joia da cidade de Granada e, na verdade, de toda a Espanha: Alhambra! Um castelo (fortaleza) murado situado no alto de uma montanha. Segundo o nosso guia Lonely Planet da Espanha, a Alhambra é a primeira entre as 28 maiores atrações do país (a Catedral da Sagrada Família em Barcelona é a segunda e a Mezquita de Córdoba é a terceira).

  
A visão fantástica que se tem da cidade de Granada é belíssima.

  
O turista tem que guardar um dia inteiro para visitar todos os aposentos internos e jardins da Alhambra.

  
A estrutura arquitetônica desta construção é maravilhosa.

  
Há esculturas e fontes de água em diversos locais transmitindo uma sensação de harmonia que deve ser ainda mais forte nos quentes dias de verão desta região da Espanha.

  
É necessário chegar cedo para não pegar filas imensas. E uma dica: pague com cartão pelos totens de atendimento automático existentes. Custa um pouco mais caro, mas ganha-se muito no tempo/duração de visita, o que para qualquer viajante é a variável mais fundamental. Bom, os jardins e fontes da Alhambra são uma atração a parte.

  
Uma atração são os belos azulejos existentes, fruto da influência árabe.

  
Os padrões geométricos de repetição instigam a nossa imaginação.

  
Granada tem várias outras belas atrações. Uma das mais belas é a sua catedral. 


Mas uma coisa que incomodou durante a viagem pela Espanha é que em quase toda igreja católica da Espanha é necessário pagar para entrar. Não é somente o caso das grandes igrejas/catedrais, mas de quase todas. Em outros países, com igrejas tão belas, não tínhamos passado por este tipo de situação, como, por exemplo, na Itália e na França. As igrejas são também locais para conforto espiritual e fica estranho quando é necessário pagar para entrar em quase todas elas...
 
Pegamos então um ônibus para Córdoba. Na viagem passamos frequentemente por enormes espaços com plantações de oliveiras, possivelmente o maior produto agrícola desta região. Pelo menos aqui no sul da Espanha, as viagens de ônibus são mais baratas que as de trem, além de existir maior diversidade de opções e horários no caso dos ônibus.

  
A maior atração de Córdoba é a sua impressionante “Mezquita” que foi construída pelos árabes, durante a Idade Média.

  
Dica: bem de manhã, entre 8:30 e (creio que) 10:00, a entrada para visitar a Mezquita é gratuita de segunda a sábado (mas procurem conferir)! E vale a pena conhecer o seu interior e imaginar a riqueza da cultura muçulmana durante os oito séculos de ocupação.

  
Um museu que vale a pena conhecer é o museu da Inquisição que tem uma galeria dedicada aos instrumentos de tortura utilizados pela igreja católica contra hereges, bruxas e todos aqueles que fossem acusados de algum “desvio religioso”. Ainda bem que o mundo deu uma avançadinha nesta questão dos direitos humanos (ou não deu?).

  
Em frente à Mezquita há uma bela ponte romana atravessando o rio Guadalquivir.

  
Como era dia 31 de dezembro de 2012, compramos uma "latinha com uvas" para fazer a “simpatia” segundo a qual comer 12 uvas com as 12 badaladas da meia noite do último ano dá sorte para o ano que se inicia!

  
Fomos para uma praça central de Córdoba e fizemos a contagem regressiva para o ano de 2013: esperamos que ela seja um bom ano para o Brasil, como têm sido os últimos anos, em nossa opinião.

  
No dia seguinte, pegamos o ônibus e fomos para Sevilha, uma outra cidade importante da Andaluzia. Lá, fomos visitar inicialmente o forte de Alcázar, uma antiga residência de reis e califas que foi a resposta de Sevilha para a Alhambra de Granada.

  
No interior do Alcázar, a água também é sempre usada para passar uma sensação de harmonia e tranquilidade.

  
As linhas das construções internas se caracterizam pelos seus padrões de simetria.

  
Na cidade de Sevilha, uma construção moderna que vale a pela ser visitada é conhecida como “Metropol Parasol” ou também “Setas de la encarnación”.

  
Mas a grande atração da cidade é a sua Catedral.

  
No seu interior, os vitrais são um assombro.

  
A Catedral tem uma torre (a Giralda). Do seu alto é possível ver o Pátio das Laranjeiras, anexo ao edifício.

  
De lá deu para ter uma visão ampla de toda a cidade de Sevilha incluindo a sua famosa “Plaza de toros”. Mas com todo respeito à cultura espanhola (que é riquíssima), a prática da tourada, pela sua crueldade, deveria acabar, em nossa opinião.

  
As cidades da Andaluzia são uma mais bonita que a outra! A Espanha se mostrou um país belíssimo e valeu cada dia da viagem. Mas é claro que o que vemos é a Espanha para turistas estrangeiros (como ocorre em qualquer país em que viajarmos). Por trás de toda esta beleza se esconde uma crise econômica terrível, com muito sofrimento e o maior índice de desemprego de toda a Europa (25%)!

Tendo como base Sevilha, fomos também fazer um passeio de um dia na cidade de Cádiz.

  
Cádiz está situada na costa do Atlântico e era daqui que saíram muitas das expedições espanholas que cruzavam o oceano.

  
Finalmente, passeando em Cádiz pela calçada a beira mar encontramos um simpático ser vivo (de quatro patas) com consciência ecológica para pegar a garrafinha de plástico e levar até um local de coleta seletiva.

  
De Cádiz, voltamos para Sevilha e no dia seguinte pegamos um ônibus para Portugal!




PORTUGAL



No início de 2013, entramos em Portugal vindos da Espanha de ônibus pelo sul, mas como o país não é muito grande, no mesmo dia rumamos para o norte chegando no fim da tarde na cidade do Porto, a segunda maior cidade do país.

  
No Porto ficamos hospedados em um Hotel da Rede B&B com a decoração toda tendo como motivação o cinema! É o primeiro hotel desta rede em Portugal e ele ocupa o edifício de um antigo cinema da cidade!  Para nós que somos cinéfilos foi como dar açúcar para formiga!

  
A ponte de Dom Luís I sobre o rio Douro chama a atenção pela sua estrutura.

 
Porto tem uma universidade importante no contexto de Portugal. No belo prédio da reitoria funciona o Museu de Ciência.

  
A estação de trem de Porto é maravilhosa pela sua arquitetura e conta inclusive com uma livraria.

  
Uma outra bela construção do Porto é a da famosa livraria Lello.

  
Numa das igrejas do Porto, pudemos assistir pela primeira vez um inusitado concerto de sinos!

  
Mas, assim como a Espanha, Portugal está sofrendo com a crise econômica: há muito desemprego e muita gente vivendo em condições bem piores do que há alguns anos atrás. Mas mesmo assim, o melhor amigo do homem nunca o abandona!

  
Um passeio legam é ir andar pela região costeira da cidade do Porto e ver o mar quebrar violentamente contra alguns muros de proteção.

  
Para educar os donos de cães, há diversos totens avisando: “Não deixe no nosso chão o que é só do seu cão”!

  
E logo abaixo há um recipiente para retirar o “saco-cão” e não deixar a calçada suja!

  
Para quem não sabe como fazer, há até "instruções". Ninguém pode dizer que não sabe o que deve fazer! Não tem como errar...

  
No parque de Serralves onde está situado o Museu de Arte Contemporânea, a Divina até tentou bancar a superstar!

  
Em seguida, fomos de trem para a cidade de Aveiro onde nos hospedamos em uma pensão na frente da Estação de Trem. A cidade tem alguns canais, como em Veneza.

  
Aveiro tem uma grande população estudantil devido à sua grande universidade, mas a cidade estava meio vazia devido ao recesso escolar do final de dezembro/início de janeiro.

  
Nesta universidade, a Divina se encontrou com a professora Liliana Sousa para trocar algumas ideias sobre o seu trabalho de pesquisa.

  
Na universidade de Aveiro há também uma enigmática e intrincada escultura: trata-se de um nó?

  
De Aveiro fomos para Coimbra, onde está situada a mais famosa, mais antiga e melhor universidade de Portugal.

  
Como a Universidade está situada no alto de um morro é possível de lá avistar toda a cidade de Coimbra.

  
A Biblioteca da Universidade de Coimbra é um edifício magnífico.


  
Num dos prédios da universidade (onde está situado o departamento de matemática), há na sua parte interna há um mural na entrada relatando um pouco de toda a história da ciência. Na sua parte inferior é possível notar um Albert Einstein com os cabelos brancos.

  
Na parte externa da entrada dos dois lados também há painéis que fazem referência a grandes momentos da história da ciência. No painel da esquerda dá para ver o teorema de Pitágoras.



  
No painel do lado direito, é possível notar a presença de Isaac Newton e a sua lei da gravitação universal.

  
Lá dentro encontramos em exposição uma interessante “estrutura matemática”. E aí: você consegue adivinhar para que ela serve?

  
Há cada vez mais alunos brasileiros estudando em Coimbra e em Portugal, como um todo (assim como em outros países europeus). O principal responsável por isto é o programa “Ciência sem Fronteiras”, que foi criado pelo governo da presidenta Dilma e que pretende enviar 100 mil alunos de cursos científicos e tecnológicos para estudar no exterior. Este é um programa importantíssimo em nossa opinião para o desenvolvimento de nosso país e que esperamos que seja fortalecido.

Numa das noites em Coimbra, fomos assistir a um show de fado que acabou com a degustação de um bom vinho do porto!

  
Uma das grandes atrações de Coimbra (nas dependências da sua Universidade) é o Museu da Ciência com sua entrada imponente na qual pode se ler “Laboratorio Chimico”

  
De fato, lá dentro foi possível ver uma velha tabela periódica em exposição.

  
Uma das salas do museu conserva ainda as bancadas onde ficavam os alunos assistindo as aulas com demonstrações experimentais.

  
Porém, é claro que o que mais nos chamou a atenção foi a interessante exposição “Imaginary – Matemática e Natureza”

  
Ficamos curtindo tudo que estava exposto até o museu fechar!

  
O mais legal desta exposição foram os pôsteres com belas superfícies geradas por equações que apareciam embaixo de cada superfície. Vamos colocar abaixo uma sequência de fotos destas coloridas superfícies, algumas que evocam objetos existentes na natureza: coração, maçã, vírus, etc.






















  
Finalmente, fomos passar os últimos dias da nossa viagem em Lisboa, a capital de Portugal, cidade que está belíssima, mesmo com toda a crise!



Na frente da Praça do Comércio, pode-se caminhar até a beira do Rio Tejo.


Ali por perto, no ViniPortugal, fizemos uma deliciosa degustação de vinhos portugueses!

Subimos andando até o Castelo de São Jorge onde encontramos um amigo felino bastante fotogênico.

Lá de cima, deu para ter uma bela visão da cidade de Lisboa.

No caminho de volta para o centro da cidade, o som harmonioso de um músico que tocava um exótico instrumento de cordas nos atraiu.

Uma das construções mais belas da cidade, bem ao lado do rio Tejo, é a Torre Vasco da Gama (parecida com o famoso prédio de Dubai) que lembra uma vela de caravela ao vento!

Lá por perto, visitamos o Oceanário com aquários para apreciar seres estranhos – ou será que são eles que nos acham esquisitos?

Agora, a maior joia de Lisboa possivelmente é o Mosteiro dos Jerônimos.



O interior do Mosteiro é maravilhoso!




Ele é conhecido também pela arquitetura delicada dos seus claustros.

    
Além de Luis de Camões e Vasco da Gama, Fernando Pessoa também está sepultado no Mosteiro dos Jerônimos. Lá há uma placa com um verso de Álvaro de Campos, um dos heterônimos do poeta lusitano.

Há também outro belo verso de Alberto Caieiro, outro de seus heterônimos.

Bem na frente do Mosteiro há o famoso monumento “Padrão dos descobrimentos”.

Na estrutura em forma de barco, as personagens esculpidas nos fazem perceber o esforço coletivo intelectual e o empreendimento econômico que foram as grandes navegações que levaram o homem europeu à América: elas para a época de cinco séculos atrás equivaleram, de certo modo, às expedições espaciais de cinco décadas atrás que acabaram levando o homem à Lua!

Finalmente, beirando mais um pouco o Rio Tejo em direção ao oceano Atlântico, chegamos à Torre de Belém (ela parece uma torre branca de jogo de xadrez) que foi construída em 1515 para proteger o porto de Lisboa.

Nosso conselho: até para conhecer melhor a nós mesmos brasileiros e à nossa história, viajar e passear por Portugal é algo que todo mundo que pode, deveria procurar fazer!




FRANÇA

Janeiro de 2008: após viajarmos pelo Oriente Médio, como a nossa passagem era da Air France, resolvemos parar um pouco em Paris para curtir a cidade Luz! A Torre Eiffel é um dos ícones desta que é uma das mais belas cidades do mundo. Sempre é bom passear por perto dela...


 
Paris é um museu a céu aberto e uma das mais marcantes construções da cidade é a famosa Catedral de Notre Dame, uma das mais antigas catedrais góticas francesas. Ela foi construída para homenagear Maria, a mãe de Jesus, e daí vem seu nome.


 
A catedral de Notre Dame fica localizada numa ilha no meio do rio Sena, a “Île de La Cité”.


 
O terceiro ponto turístico que é um ícone de Paris é o Museu do Louvre que tem uma pirâmide de vidro na frente. Este é um dos maiores e mais respeitados museus do mundo! Vale sempre a pena revisitá-lo se você é um amante da cultura, das artes e da história.


 
Vejam o prédio branco arredondado abaixo: não parece com algum prédio de Brasília? Pois é, trata-se de uma obra do nosso grande arquiteto Oscar Niemeyer na sede do Partido Comunista Francês em Paris e que lembra muito um dos dois “pratos” do prédio do congresso brasileiro no Distrito Federal.


 
Fomos também ao Museu de Artes e Medidas, um dos melhores museus de História da Ciência do mundo.


 
Em uma de suas salas, conhecemos em detalhes os equipamentos do Laboratório de Lavoisier.


 
Um dos grandes centros de atividades culturais de Paris e que tem uma grande biblioteca pública é o Centro Pompidou, que tem uma arquitetura modernosa característica.


 
Passear por Paris é um encanto: toda a região em torno do Forum Les Halles, por exemplo, é maravilhosa!


 
Fomos também visitar a casa de Victor Hugo, que é hoje um museu sobre a vida do grande escritor de “Os miseráveis”.


 
Em janeiro de 2009, voltando de nossa viagem pela Índia, de novo pela Air France, tivemos uma nova oportunidade de permanecer alguns dias na França. Imediatamente após desembarcarmos no país, rumamos para o noroeste do país, onde fica a abadia de Monte Saint Michel que fica numa montanha que é envolvida inteiramente pelo mar na maré alta e vira, momentaneamente, uma ilha!


 
Para conhecer Monte Saint Michel, ficamos hospedados na cidade medieval de Saint Malo que é murada como muitas outras cidades daquela época.


 
Estivemos também na cidade de Tours, onde vimos as exibições de um concurso de tocadores de tuba que foi algo inusitado, porém muito divertido. Viajar tem disso: muitas vezes, surgem coisas interessantíssimas para fazer e que não estavam no roteiro (script) turístico planejado antes da viagem. Aí, meu irmão, deve-se ter o senso de oportunidade para pegar o bonde quando ele está passando!


 
Em Tours também fomos ao cinema assistir ao filme “Che, o argentino” feito pelo cineasta Steven Soderbergh, sobre a vida do revolucionário latino-americano Ernesto Che Guevara. Um filme muito bom. E a platéia francesa presente no cinema assistiu bem à “francesa”, ou seja, de modo bem comportado, esperando terminar todos os créditos para sair da sala e inclusive chamando a nossa atenção por conversarmos durante a exibição quando tentamos cochichar alguma coisa um para o outro! Francês é mesmo muito chique, mas um pouquinho metido (os franceses que estiverem lendo isto, não fiquem bravos, por favor... levem na esportiva)!
Bom, os prédios de Tours são belíssimos, sobretudo o “Hôtel de Ville” que iluminado de noite fica inesquecível!


 
Fomos visitar também o castelo de Chambord que devido ao frio do inverno que fazia tinha poucos turistas, mas que com certeza valeu a visita. Ele é o maior palácio do Vale do Loire e se caracteriza pela sua arquitetura em estilo renascentista francês.


 
Dentro do Castelo de Chambord há uma interessante escada em forma de dupla espiral (como a estrutura do DNA) que segundo alguns pesquisadores foi projetada por Leonardo da Vinci! As duas escadas da dupla espiral sobem sem nunca se encontrar.


 
Finalmente, antes de voltarmos para Paris, fomos até a cidade de Chartres conhecer a sua famosa catedral que é uma das mais belas catedrais góticas de toda a Europa. A catedral de Chartres é considerada pela Unesco como um patrimônio da humanidade!


 
Por dentro da Catedral de Chartres, o que mais chama a atenção são as janelas com coloridos e maravilhosos vitrais que utilizam a luz externa para diminuir um pouco a escuridão interna do edifício!


 
Voltando a Paris, passamos um dia inteiro no imenso museu de ciência e de tecnologia “La Villette”, um dos melhores museus científicos do mundo.


 
Dentro dele estavam ocorrendo várias exposições científicas, mas a mais interessante era sobre epidemias. As crianças, os jovens e todos os curiosos por ciência simplesmente “deliram” em um museu como este que consegue atrair muitos meninos e meninas para carreiras científicas e consegue também tornar a ciência mais acessível para os cidadãos em geral! Tomara que floresçam muitos museus de ciência como este no Brasil, para que estimulem a vontade de aprender em nossos jovens!



ITÁLIA

+ CROÁCIA + ESLOVÊNIA + GRÉCIA

No final de dezembro do ano 2000 resolvemos ir visitar a minha irmã, Renata, que estava em Roma realizando parte da sua pesquisa de doutorado sobre grafites de banheiro (na área de psicologia). E aproveitamos por passear por toda a Itália, conhecendo diversas cidades deste belo país europeu. Aproveitamos também para conhecer a Croácia e a Eslovênia. E ao voarmos De Roma para o Cairo (no Egito, norte da África), fizemos uma parada noturna de algumas horas em Atenas, na Grécia, onde deu até para passear um pouco!
Algumas fotos desta viagem estão abaixo da descrição dos locais em que elas foram tiradas.

Castelo de Santo Ângelo em Roma (Itália).



Ricardo, Divina, Renata e sua filhinha, Letícia, na Itália!



Boca da verdade!



Ricardo mostrando como segurar a Letícia com delicadeza!...



Passeando pela Itália, foto tipo capa de disco...



Virada do ano (réveillon) de 2000 para 2001 em Roma, com muitos fogos de artifício muito barulhentos.



Frascati.



Viterbo.



Siena.



Galeria Vittorio Emanuele, em Milão.



Catedral de Milão, cidade situada no norte da Itália e centro financeiro do país.



Museu Nacional de Ciência e Tecnologia Leonardo da Vinci, em Milão.



Ferrara.



Ponte de Firenze (ou Florença, em português): Ponte Vecchio (Ponte Velha).




Esculturas em Firenze, cidade importantíssima na história do renascimento italiano que iniciou-se no final da Idade Média.



Museu de História da Ciência em Firenze.



Basílica de Santa Maria Del Fiore, em Firenze.



Gênova.



Ravenna.



Torre inclinada de Pisa.



Pádua. O grande físico Galileu trabalhou e viveu em Pádua.



Estátua de Galileu e Milton. 



Estátua de Giuseppe Garibaldi que teve importância política no Brasil (na Revolução Farroupilha) e na Itália, onde colaborou com a unificação do país no final do século XIX. Por isso recebeu a denominação de "herói de dois mundos"!



Vale d’Aosta.



Trieste.



Basílica de São Francisco na cidade de Assis.



Nápolis, cidade no sul da Itália.



Entrando na gruta de Capri: conforme o nível da água oscila, subindo e descendo, a pequena entrada para os barcos abre e fecha!  



Gruta de Capri: um azul belíssimo.



Costa Amalfitana no litoral do mar Mediterrâneo do sul Itália.



Igreja de São Marcos em Zagreb, capital da Croácia



Visão do centro de Zagreb.



Placa em homenagem ao físico Nikola Tesla, nascido em território croata (mas de pais sérvios).



Cidade de Liubliana, capital da Eslovênia.



Escultura em praça de Liubliana.



Troca da guarda, de noite, em Atenas, capital da Grécia.







UM GIRO PELA EUROPA

Em julho de 1997 fizemos uma viagem belíssima para a Europa, sobretudo porque era verão naquele continente. A Europa é bela em qualquer época do ano, mas no verão muitas de suas cidades ficam ainda mais bonitas. Viajamos pela Espanha, França, Inglaterra, Holanda, Alemanha, Áustria, Suíça, Itália e Grécia!
Mostramos aqui algumas fotos desta viagem logo abaixo da descrição dizendo em que lugar cada uma foi tirada.

Parque em Madri, capital da Espanha.



Porta de Alcalá em Madri.



Torre Eiffel, em Paris, capital da França (faltava 906 dias para o ano 2000).



Arco do Triunfo, construído por Napoleão em Paris há cerca de dois séculos.



“Arc de La Defense”, em Paris (construído pelo presidente Miterrand, no final do século XX): arco imenso em formato de uma projeção de um hipercubo (um cubo de 4 dimensões) nas nossas 3 dimensões usuais.



Estátua “O pensador” no jardim do Museu Rodin, em Paris.



Foguete exposto no Museu de Ciência “La Villette” em Paris, um dos melhores museus de ciência existentes no mundo!



Museu do Louvre, em Paris: o mais conhecido museu de arte do mundo.



Memorial em homenagem aos deportados e aos perseguidos pelos nazistas na Segunda Guerra Mundial, em Paris.



Catedral La Chapelle, em Paris.



Palácio de Versailles, situado na “periferia” de Paris: uma lembrança do passado monárquico suntuoso francês, antes da revolução francesa que proclamou o regime republicano na França.



Parlamento e Big Ben, em Londres (Inglaterra).



Estátua de Eros no Picadilly Circus, centro de Londres.



Estátua saqueada do Egito pelos ingleses no período colonial: atualmente está situada no Museu Britânico, em Londres.



Tower Bridge (Ponte da Torre), em Londres, sobre o rio Tâmisa.



Esqueleto fóssil de um dinossauro no Museu de História Natural de Londres.



Canais e bicicletas em Amsterdam, na Holanda.



Museu de Anne Frank, no esconderijo (casa) onde a menina de origem judia ficou escondida junto com seus familiares (ajudados por amigos) durante quase todo o período de ocupação nazista nesta cidade. Mas desafortunadamente, os nazistas descobriram o esconderijo e a enviaram, juntamente com seus familiares, para campos nazistas de extermínio (os "campos de concentração"), onde Anne Frank morreu. O diário que ela escreveu durante o período em que ficou escondida se tornou um importante livro que já virou filme e peça de teatro: “O diário de Anne Frank”.



Tropenmuseum (Museu Tropical), em Amsterdam, com exposição sobre massacre dos sem-terra no Brasil.



Museu sobre a tortura e a inquisição, em Amsterdam.



Igreja da Memória, em Berlim (Alemanha): parcialmente destruída durante a Segunda Guerra Mundial, ela propositalmente não foi reconstruída, para lembrar a todos o horror que foi o nazismo e a guerra.



Portão de Brademburgo, um símbolo da cidade de Berlim.



Museu Check-Point Charlie, com parte do Muro de Berlim.



Torre da antiga Berlim Oriental, vista a partir do alto da catedral de Berlim.



Estátua da dupla Marx e Engels (importantes pensadores alemães que estudaram as bases do capitalismo), em Berlim.



Prédio inteiro (!) de um altar, saqueado da antiga cidade grega de Pergamon, no Museu Pergamon, em Berlim. Até hoje o seu país de origem reivindica a sua devolução, sem até hoje ter tido sucesso! Por favor, nos desculpem, mas, com sinceridade, o argumento (na verdade do colonizador) de que aqui ele está melhor preservado é de uma pobreza de espírito e de muita subserviência diante do poder militar imperial do lado mais forte!



Praça de Leipzig, cidade da antiga Alemanha Oriental.



Estátua do músico Johann Sebastian Bach, em Leipzig.

Centro da cidade de Munique, capital da Bavária, região do sul da Alemanha.





Escultura na parte externa do antigo campo de extermínio nazista de Dachau (localizado nas proximidades de Munique): ele procura lembrar todo o sofrimento das vítimas do regime nazista na Alemanha, entre 1933 e 1945. Em uma das partes deste imenso museu estava escrito a famosa frase de Heinrich Heine: “Onde se queima livros, acaba-se queimando pessoas”. Uma das ações mais violentas e de intolerância por parte dos nazistas foi a queima de livros escritos por judeus, comunistas e outros inimigos do regime nazista, autores como Freud, Marx, Einstein, Brecht, Thomas Mann, Walter Benjamin e outros.



“Nunca mais” escrito em várias línguas na parte externa do campo de Dachau que hoje é um imenso museu de história sobre o nazismo e a segunda guerra mundial. Durante a nossa visita vimos professores levando os seus alunos adolescentes pelas dependências deste museu, para que conheçam concretamente a realidade do que foi o nazismo.



Fornos crematórios, usados para queimar os corpos dos prisioneiros mortos do campo de Dachau na Alemanha.



Na exposição do museu de Dachau, uma placa mostra os símbolos usados para identificar as diversas vítimas do nazismo: judeus, comunistas, homossexuais, etc.



Interlaken, na Suíça, ao pé de pico Jungfraujoch, com 3571 metros de altitude e situado nos Alpes Suíços.



Subimos até o alto do pico Jungfraujoch (com um “bondinho”) e lá no alto no meio da neve e da neblina, pudemos avistar alguns dos bravos, corajosos e intrépidos cães de trenó disponíveis para os turistas que quisessem fazer passeios com trenós.



Museu de gelo, no alto do pico Jungfraujoch.



Cidade de Salzburgo (na Áustria), vista do alto.



Estátua de Mozart, grande músico com origem em Salzburgo.



Arena da cidade de Verona, na Itália.



Concerto ao ar livre em Verona.



Estátua de Julieta em Verona (referência ao casal Romeu e Julieta, da obra de Shakespeare). Dizem que dá sorte pegar no peito da Julieta, digo, da estátua da Julieta, pelo menos se o Romeu não estiver olhando... Tanta gente faz isto que o peito direito da estátua está dourado!



Canal de Veneza, na Itália.



Basílica de São Marcos, em Veneza.



Torre da cidade de Bologna, na Itália.



Painel-monumento em homenagem aos mártires da luta antifascista, em Bologna.



Rua de Pompéia, antiga cidade do império romano que foi soterrada há dois milênios pelas cinzas e lavas do vulcão Vesúvio. As ruínas soterradas desta cidade foram descobertas há um século por um arqueólogo e com as escavações ela foi tendo aos poucos seus antigos prédios recuperados! Pompéia é hoje um grande e imperdível museu a céu aberto, situado no sul da Itália, nas proximidades de Nápolis.



Anfiteatro de Pompéia.



Arena de Pompéia: o Pink Floyd gravou um disco aqui!



Fórum de Pompéia.



Coliseu de Roma (na Itália) ao fundo, visto do seu exterior.



Visão interna do Coliseu Romano.



Entrada de uma catacumba, local nos subterrâneos de Roma em que os cristãos se escondiam na época em que eram perseguidos pelo governo romano. Depois que com o imperador Constantino, o cristianismo tornou-se a religião oficial de Roma, os cristãos passaram de perseguidos para perseguidores, mas isto é outra história!



Fontana di Trevi, umas das mais belas famosas das fontes situadas nas diversas praças de Roma.



Mapa com extensão máxima que teve o império romano.


Monumento Vittorio Emanuele II, em Roma.



Praça de São Pedro, na frente do Vaticano, em Roma.



Colunas imensas situadas ao redor da praça de São Pedro e na entrada da Basílica de São Pedro, a maior catedral católica do mundo. Estou colocando calça por cima da bermuda porque não pode entrar na Basílica de bermuda. Fazia muito calor! A minha insatisfação já indicava que muitos anos depois eu seria um “militante aguerrido” do movimento chamado “bermudismo”, defendendo inclusive o direito de lecionar e ministrar aulas de bermuda... 



Museu do Vaticano: estátua com uma "folhinha" cobrindo as "partes íntimas"...






Partenon, prédio construído no auge do período clássico da civilização grega, há cerca de 2400 anos, em Atenas, na Grécia. O Partenon está situado numa montanha central da cidade conhecida como Acrópole.



Visão da cidade de Atenas, a partir do alto a Acrópole.










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